segunda-feira, 22 de junho de 2015

E3 2015: Quem ganhou? (Spoilers: Sony)


O maior evento de jogos do mundo, a E3 2015, foi realizada nos últimos dias 16 e 18 de junho em Los Angeles, apresentando alguns dos jogos e anúncios mais esperados do ano. Talvez pela primeira vez em anos, eu passei o evento saudável, cobrindo-o no TechTudo como de costume. Ao fim do evento resta a pergunta: Quem ganhou a E3 2015? Sony, Nintendo ou Microsoft? (Spoilers, foi a Sony).

Diferente da E3 2014, que foi bastante entediante, Sony e Microsoft trouxeram boas armas para a disputa. A Microsoft seguiu por uma direção um pouco ruim, a qual falaremos daqui a pouco, enquanto a Sony conseguiu surpreender com bombas nucleares, megatons, de tal forma que talvez não vejamos mais por muitos anos. Esta E3 pode ter sido uma das melhores de todos os tempos.

Até mesmo a E3, que vinha perdendo espaço em relevância, se recuperou bastante e foi palco para grandes anúncios como deveria ser. A única que realmente demonstrou uma forte queda de qualidade em relação à E3 2014 foi a Nintendo, a qual se mostrou muito desconectada da realidade, jogando a toalha esse ano.

Vamos analisar as três grandes e uma surpresa.

Microsoft

Mais uma vez, entre as três grandes, a conferência da Microsoft foi quem abriu a E3. Não foi uma conferência particularmente empolgante e as coisas que não estavam presentes nela diziam mais do que as que realmente estavam.

A conferência teve Rise of the Romb Raider, Forza 6, Halo 5, Plants Vs. Zombies 2, um novo Gears of War e um remake do primeiro, coisas bastante previsíveis e em alguns casos franquias até um pouco cansadas. Mas onde estava Call of Duty? A principal série cuja exclusividade a Microsoft pagava não estava na conferência.

Retrocompatbilidade é vantajoso, mas não era a hora certa para o Xbox One

As coisas começaram a ficar interessante quando Phil Spencer anunciou que o Xbox One receberia retrocompatibilidade com o Xbox 360. Após uma geração tão longa quanto a do Xbox 360 e PlayStation 3, foi muito chato os novos consoles não terem suporte aos jogos antigos. Porém, valem algumas ressalvas.

No momento do anúncio é como se fosse uma retrocompatbilidade total. Depois é anunciado que será para apenas alguns jogos e então chegamos a apenas umas duas dúzias. Este é o jeito tradicional da Microsoft fazer as coisas. O Xbox 360 tinha retrocompatibilidade com o Xbox original também, mas ela era restrita e nem sempre funcionava bem.

Apesar de uma boa notícia, não é algo exatamente positivo. A Microsoft está perdendo feio para o PlayStation 4 e sua E3 deveria ser mais focada no que ela vai fazer daqui para frente, não em rodar jogos antigos de quando ela era líder do mercado. Seria ótimo se ambos tivessem retrocompatiblidade, mas essa janela já se fechou.

Vale também mencionar que essa é mais uma mudança na filosofia do console que antes já exigia conexão permanente com a internet, não permitia venda de jogos usados nem trocas com amigos e só funcionava com o Kinect conectado. Podem parecer mudanças para melhor, mas no fundo indicam o que a Microsoft realmente quer fazer com seu console.

Mas nem tudo foi negativo sobre a retrocompatibilidade, pois ela ajudou a trazer Rare Replay, uma coletânea comemorativa da Rare que traz alguns dos jogos mais legais da empresa para o Xbox One. São 30 jogos por US$ 30 e por volta da metade são ótimos títulos.

Com mais jogos esta coletânea poderia ter sido perfeita

A coleção traz Nomes como Banjo-Kazooie, Conker's Bad Fur Day, Viva Piñata, Perfect Dark, Blast Corps e Battletoads. Há a ausência monstruosa de Goldeneye 007, e sem dúvida a maioria dos melhores títulos é da época do Nintendo 64, mas ainda parece um ótimo negócio. Se a coletânea fosse um pouco melhor, eu compraria um Xbox One só por ela.

Alguns jogos indie bem charmosos foram mostrado, como Unravel e Cuphead, porém Unravel sairá também para PlayStation 4 e Cuphead decepciona um pouco pois apesar de ser muito bonito, aparenta trazer apenas luta contra chefes, sem fases. Poucos dos outros jogos originais da Microsoft empolgaram, não vi potencial em Recore, por exemplo.

A série Gears of War apareceu no show com dois títulos. O primeiro é um remake (não remaster) do primeiro Gears of War, um bom jogo que sem dúvida pode usar a camada extra de tinta, mas que perde o sentido devido ao segundo título. O segundo é Gears of War 4, um novo jogo de uma série que não precisava realmente de mais capítulos.

Tanto Halo quanto Gears of War já estão se estendendo demais, ultrapassando seus arcos originalmente planejados em nome da popularidade das franquias. O mesmo provavelmente pode ser dito também de Uncharted 4. As empresas precisam investir em criar novas séries.

O show terminou com o HoloLens, um óculos de realidade aumentada da Microsoft, demonstrado com Minecraft. Muitas pessoas ficaram impressionadas com a tecnologia, mas se você se lembra do Kinect, sabe que não há muito motivo para isso. A Microsoft costuma demonstrar a tecnologia e não realizar o seu potencial.

O HoloLens não traz uma experiência muito diferente da Realidade Virtual

Um dos problemas do HoloLens é que, diferente do Oculus Rift ou Morpheus, ele possui hardware próprio para rodar os jogos, não faz apenas stream. Isso irá encarecê-lo bastante, ao ponto de ninguém cogitar a compra. Muito menos por um "God Mode" de Minecraf como mostrado no vídeo.

Sony

Apesar de alguns altos e baixos na conferência da Microsoft, a impressão geral da apresentação havia sido bem positiva, melhor que todas as de 2014, com certeza. A retrocompatibilidade parecia um fator determinante que a Sony precisaria responder em sua conferência e havia uma boa chance de não haver uma resposta satisfatória, como não houve.

No entanto, os rumores da conferência da Sony estavam muito fortes. Assim que a conferência começou vimos a concretização do primeiro deles, The Last Guardian estava vivo, respirando e seria lançado no próximo ano. Exigiu culhões da Sony colocar um jogo tão antigo logo no início.

Sony apostou alto ao abrir a conferência com The Last Guardian

The Last Guardian não faz o meu estilo, é o tipo de jogo artístico demais como o Team ICO costuma fazer, mas é importante para uma empresa ter um certo nível de compromisso. Quem viu esse jogo ser revelado, agora terá como jogá-lo. Independente de atender ou não as expectativas, isso demonstra respeito.

Em seguida veio uma surpresa bem agradável. Horizon: Zero Dawn, novo jogo da Guerrilla Games, criadora de Killzone. Apesar de alguns vazamentos anteriores, ele surpreendeu bastante com um jogo promissor onde você caça grandes criaturas mecânicas usando vários artifícios inteligentes, com dano de partes e armas que reduzem a mobilidade do inimigo. É difícil acreditar que a mesma empresa que cria Killzone tenha tato para desenvolver isso na direção certa, mas podemos pagar para ver.

O novo Hitman também vazou antes do show e não teve um grande impacto. Hitman Absolution foi bacana, mas não o suficiente para nos empolgarmos com uma sequência, um pouco como em Deus Ex. Enquanto isso, Street Fighter 5 não estava apresentando nada muito impressionante.

Horizon é bastante promissor, mas precisa crescer na direção certa

Voltamos então para outro grande promissor título do PlayStation 4 e PC, No Man's Sky, que oferece um universo gigantesco com vários planetas gerados aleatoriamente. Ainda há muito pouca informação sobre o que fazer no jogo e quando finalmente vamos jogá-lo, e a produtora perdeu mais uma oportunidade de nos empolgar com isso. É promissor, mas está distante demais.

A Media Molecule, criadores de LittleBigPlanet, trouxe Dreams, um jogo onde você pode criar sonhos. Lembra um pouco um antigo jogo do PlayStation One chamado LSD: Dream Simulator e a impressão é realmente de que os produtores usaram LSD. Definitivamente a E3 não é o lugar certo para esse tipo de jogo ser apresentado.

A E3 não é o lugar para ficar mostrando jogos experimentais de nicho

Destiny teve um pouco de espaço para falar de seu novo DLC. The Taken King, o que não é muito interessante para nós, mas tem lá seu público norte-americano. Falando em DLCs, mais tarde Call of Duty: Black Ops 3 afirmou que a nova casa da série era o PlayStation 4. Este foi um golpe pesado na Microsoft, que pagou por exclusividade temporário pelos DLCs por muitos anos.

A maior surpresa no entanto, viria logo depois. Adam Boyes, vice-presidente da Sony América, confirmou um remake de Final Fantasy 7 para o PlayStation 4. (revelaram também um jogo chamado World of Final Fantasy que pareceu bonitinho porém ordinário, deixemos de lado por ora).

Não chegou a aparecer quase nada do remake de Final Fantasy 7, mas é um anúncio que fãs estão esperando há umas duas gerações. Por incrível que pareça, esse era um jogo que eu já esperava que fosse aparecer. Porém, nada poderia me preparar para a próxima surpresa.

Yu Suzuki, uma das antigas mentes da Sega aparece para anunciar Shenmue 3. Para jogadores mais jovens, Shenmue é uma franquia de RPG complexa que começou no Dreamcast, passou pelo Xbox e ficou incompleta desde então. Shenmue 3 supostamente irá encerrar essa trilogia que imaginava-se que ficaria em aberto para sempre.

Shenmue 3 tirou lágrimas de alguns jornalistas no local

Há vários problemas sobre o anúncio de Shenmue 3. O que foi anunciado não era o jogo em desenvolvimento, mas uma campanha de financiamento coletivo no site Kickstarter. Ele foi financiado rapidamente, porém levantou várias questões se uma empresa deveria anunciar um Kickstarter, ainda mais na E3.

Apesar de tudo, assim como The Last Guardian, não importa a qualidade que Shenmue 3 possa ficar, pois se trata de um sonho realizado para os fãs. Mesmo que daqui para frente várias empresas comecem a abusar do Kickstarter, a Sony o usou como uma boa ferramenta no exato momento em que ele está no seu ápice.

Alguns jogos foram apresentados em vídeo e se tem uma coisa que acontece todos os anos é que a Sony sabe montar melhor vídeos para excitar os fãs. Jogos para o PS Vita foram mostrados, porém no exato momento em que eles estavam sendo exibidos, a câmera se afastou, tornando impossível identificá-los. Acredito que esse vídeo oficial mostre alguns deles. A Devolver Digital também apresentou títulos bem legais, mas foi difícil diferenciá-los uns dos outros devido a estilos gráficos semelhantes.

Sony deixou o PS Vita de lado durante a apresentação, como de costume

A apresentação se encerrou com Uncharted 4: A Thieve's End, porém não sem imprevistos. Na hora que a demo começou a ser apresentada, o personagem não se movia na tela e precisou ser reiniciada. No início pensei ser um problema técnico causado por wireless, pois a Nintendo já teve muitos desses, mas foi apenas confusão de bastidores.

Os gráficos de Uncharted 4 estão bonitos e deverão agradar um pouco os fãs, mas assim como Halo, é uma franquia que está se estendendo desnecessariamente porque não surgiu ainda uma opção melhor. Apesar disso, as surpresas da apresentação da Sony surpreenderam a ponto de torná-la uma das melhores de todos os tempos.

Nintendo

A conferência da Microsoft havia sido agradável e no mesmo dia a Sony havia batido um Home Run para fora do estádio. A Nintendo... o que falar da Nintendo... Há alguns anos a empresa não tem mais uma conferência física na E3. Eles estão lá, oferecem demos para jornalistas, fazem campeonatos, mas não há apresentação, é soltado apenas um vídeo na internet, uma Nintendo Direct especial.

Alguns jogadores ficaram animados com o Nintendo World Championship, uma antiga competição que a Nintendo realizava e resolveu trazer de volta durante essa E3 2015. Ouvi coisas positivas sobre a competição, mas não me agradou, pois não me parece algo que combine com a cultura da Nintendo atualmente. Me soa falso apelar para valores que atualmente ela não pratica.

No dia seguinte às conferências da Microsoft e Sony, a Nintendo soltou o seu evento digital e foi simplesmente "meh". A falta de contato com o público está deixando a empresa isolada em um mundo a parte onde tudo está bem para ela. Um dos principais pontos da E3 é que sua conferência pode ser ajustada para contra-atacar adversários se necessário. Com o evento digital da Nintendo isso não é possível.

De todas as coisas mostradas na E3 da Nintendo, eu compraria esses bonecos

Enquanto as outras empresas têm executivos que vem ao palco para dar a cara a tapa, o evento da Nintendo começou com fantoches, tipo Muppets, do Presidente da empresa, Satoru Iwata, o game designer Shigeru Miyamoto e o presidente da filial americana, Reginald Fils-Aime. Nada contra os bonecos, até gostei, mas quem eles acreditam ser o público para isso?

Star Fox finalmente foi revelado para o Wii U e apesar de até parecer interessante, com transformações dos veículos, é difícil encarar os gráficos mostrados e a baixa velocidade da Arwing. Mais tarde saberíamos que a Platinum Games está envolvida na produção.

Parece haver muitos elementos do clássico Star Fox 2 cancelado que não encaixam realmente com a série. Corneria foi mostrado no trailer, mas outros vídeos de áreas disponíveis para jogar na E3 apresentam um jogo muito diferente do que se esperaria da série, e muito monótono em vários momentos.

Uma parceria sem sal com a Activision foi anunciada para colocar novos amiibos de Donkey Kong e Bowser como personagens especias da série Skylanders. Considerando como a Nintendo não está conseguindo produzir amiibos suficientes, parece má ideia continuar anunciando novos.

Um jogo inesperado foi anunciado depois, The Legend of Zelda: Triforce Heroes, uma espécie de "Four Swords" porém apenas com 3 pessoas. Apesar da boa intenção, a série Zelda já está sendo explorada demais e um novo jogo multiplayer com um mundo voltado para moda sem dúvida não ajudará a torná-la mais relevante.

Agora além de ter nome de menina, o Zelda também usa vestido

Felizmente logo depois tivemos Hyrule Warriors Legends, uma conversão do jogo Hyrule Warriors do Wii U para o Nintendo 3DS. Ainda resta ver quão bem o 3DS vai encarar as hordas de inimigos, mas é um jogo que eu estou verdadeiramente animado. É um jogo que eu gostaria de ter no Wii U, mas que não compraria o videogame apenas para isso.

Voltando a jogos irrelevantes e que mais insultam suas franquias do que ajudam, temos Metroid Prime Federation Force, um jogo multiplayer que traz elementos esportivos e... ah deixa pra lá. É raro eu ver um título para videogames e pensar que a empresa ficaria melhor sem lançá-lo. Federation Force invoca essa rara ocasião. A recepção foi tão negativa que o trailer do jogo tem 10 vezes mais dislikes do que likes no YouTube (mais de 60 mil dislikes no momento que escrevo).

Xenoblade Chronicles X apareceu com uma data um pouco decepcionante para dezembro, mas pelo menos sai esse ano. Por outro lado, o novo Animal Crossing: Amiibo Festival me fez perguntar "Por que?", transformando a franquia em uma coletânea de minigames, um deles sendo uma espécie de tabuleiro como Mario Party.

Yoshi Woolly World é o tipo de jogo que não empolga, assim como o antigo Kirby Epic Yarn. São jogos onde o objetivo é apenas olhar para os gráficos e interagir com objetos enquanto pensa: "Que bonitinho os personagens feitos de lã", "Olha ele se transformando porque é feito de lã" e "Haha! Essa interação com o cenário é diferente porque ele é feito de lã".

Uma fase incrivelmente chata do novo Star Fox para Wii U

Yo-Kai Watch é uma aposta arriscada da Nintendo para o 3DS. No Japão a série ficou muito popular, acompanhando um anime, assim como Pokémon. No entanto, se você achava que acusações populistas de que alguns desenhos animados japoneses são satânicos era algo comum, espere até Yo-Kai Watch ficar popular e as pessoas descobrirem que youkais são como demônios no Japão.

Mario & Luigi: Paper Jam foi uma surpresa agradável, por mesclar os mundos de dois RPGs da série Mario, por um lado a cômica Mario & Luigi e por outro a mais criativa Paper Mario. Apesar de um potencial interessante, ambas as séries tiveram capítulos bem fracos recentemente, então há de se manter um pé atrás.

O final da apresentação veio com Super Mario Maker, um software de criação e edição de fases para Super Mario comemorando os 30 anos do mascote. Como sempre falamos aqui no blog, foco em conteúdo criado pelos usuários só significa falta de conteúdo criado por profissionais. As possibilidade podem parecer incríveis, mas na prática não é divertido.

Bethesda

A grande surpresa dessa E3 2015 foi a presença da Bethesda com uma conferência. Enquanto a maioria das empresas está tentando escapar de fazer uma apresentação, a Bethesda entrou no circuito e mostrou que veio para brigar. Seus principais jogos foram Fallout 4 e o reboot da série Doom.

Aqui vemos a Minecraftização de Fallout 4

Fallout 4 aparenta ser tudo que os fãs poderiam querer, um pouco mais do mesmo em relação a Fallout 3, mas também com algumas novidades significativas, como a possibilidade de criar sua própria casa montando-a nos mínimos detalhes. Houve ainda outros anúncios interessantes, como uma edição especial com um Pip-Boy real e o lançamento de Fallout Shelter, um minigame para iOS (e futuramente Android).

Doom me decepcionou um pouco, pois apesar de ter sido anunciado como gameplay, não me pareceu ser uma pessoa jogando de verdade. A empresa mostrou também Dishonored 2, que deverá agradar aos fãs do primeiro jogo, e o menos relevante Battlecry, um jogo multiplayer online gratuito. Fallout 4 roubou o show com uma apresentação extensa e interessante com lançamento já no final do ano.

Conclusão

Caso as conferências da Microsoft, Sony e Nintendo tivessem sido tão fracas quanto as da E3 2014, não seria difícil imaginar a Bethesda levando a vitória, um baita azarão. Porém a E3 2015 se recuperou bem, voltando a se tornar relevante para novos anúncios e exibição de gameplay de verdade, ao invés de apenas trailers.

Não há dúvidas que a vitoriosa esse ano foi a Sony devido a uma convergência de fatores que tornou essa uma das melhores conferências da E3 em muitos anos. A trindade formada por The Last Guardian, o remake de Final Fantasy 7 e Shenmue 3 foi grandiosa, porque eram grandes títulos que sumiram há anos e ninguém esperava mais vê-los. Trazê-los de volta foi algo grande e ganhou tantos pontos com os fãs quanto um MMORPG de Pokémon ganharia.

Claro, essas grandes bombas que foram mostradas na conferência da Sony são para 2016 e até mesmo 2017, e ainda vão aparecer em futuras E3, o que normalmente tira um pouco o impacto desse tipo de anúncio. No entanto, eles eram exatamente o que o público queria e precisava, promessas e esperanças para o futuro do console.

Diferente de consoles Nintendo, que quando um The Legend of Zelda sofre atraso não há nada mais para compensar, tanto PlayStation 4 quanto Xbox One receberão muitos jogos ainda esse ano, como Batman: Arkham Knight, Fallout 4, Star Wars: Battlefront 3, Just Cause 3, além dos tradicionais Call of Duty e Assassin's Creed. Ninguém ficará sem jogar esse ano apenas porque os maiores anúncios da conferência são para o ano que vem.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

I Am Bread faz paródia de Um Maluco no Pedaço

A Bossa Studios, mesmos caras por trás de Surgeon Simulator, anunciaram que seu novo jogo I Am Bread, o qual já está disponível para PC, será lançado agora também para PlayStation 4. Porém, para anunciar com estilo, eles fizeram uma paródia da música tema de Um Maluco no Pedaço (The Fresh Prince of Belair)


Em I Am Bread você controla uma fatia de pão de forma que deseja com todas as suas forças se tornar uma torrada. Em cada fase você precisa descobrir como fazer para torrá-la e atravessar um cenário com extrema dificuldade, usando um método de controle bizarro e impreciso. Há uma boa variedade de fases e você pode desbloquear também uma baguete.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

LEGO Worlds vs. Minecraft


LEGO Worlds é um novo jogo que aparenta ser uma aposta da Warner Bros. para desbancar Minecraft, com desenvolvimento da mesma equipe de todos os outros jogos da série LEGO, a Traveller's Tales. Ele está sendo vendido atualmente por R$ 27,99 no serviço Early Acces da loja digital Steam, o que garante que você possa jogar enquanto ele ainda está incompleto.

Porém, será que LEGO Worlds tem o que é preciso para desbancar Minecraft? A resposta é um decepcionante "Não". É decepcionante para nós também, pois queremos ver a evolução de Minecraft, queremos ver um jogo melhor, e LEGO Worlds tinha realmente potencial para realizar isso, mas se perdeu pelo caminho.


Ação e Simulação

Minecraft é primariamente um jogo de ação, onde você precisa se esforçar para sobreviver. Você não cria sua primeira casa porque é divertido, você a cria porque há criaturas lá fora tentando matar você. Seus primeiros dias em Minecraft são gastos obtendo recursos básicos como comida, madeira e pedra.

O mundo de Minecraft é hostil, ele tentará te matar o tempo todo e aos poucos conforme você angaria recursos e passa a construir estruturas, você começa a conquistá-lo. Essa jornada é grande parte do prazer de se jogar Minecraft e ela aparenta estar completamente ausente em LEGO Worlds.



A proposta de LEGO Worlds aparenta ser mais como um jogo de simulação, onde construir é a diversão, o seu foco, mas não uma necessidade. A possibilidade de construir sets de LEGO inteiros com facilidade ajudará a criar grandes cenários, como cidades, mas você nunca terá realmente necessidade de criar uma base só sua, basta escolher um dos sets predeterminados.

Os inimigos não parecem oferecer qualquer risco, como em um jogo de lego tradicional, o que faz parecer que o título é voltado para crianças. Um grande erro, pois crianças não precisam de tanta facilidade assim e Minecraft também não a dava. Como o foco do jogo está em construir, é bem pouco provável também que haja um tipo de inimigo essencial, o que destrua suas construções, como o Creeper em Minecraft.

Jogabilidade

A interface, por sua vez, está completamente errada, é complexa demais e poderosa demais. Ela permite que você altere todos os blocos a sua volta rapidamente, sem custos, sem consequências. A capacidade de alterar tanto, com tantas ferramentas, se torna opressora, pois o medo de errar ou de ter que aprender muito antes de mexer, afasta o jogador.


Não temos mais a mecância de construção bloco por bloco de Minecraft. Com certeza ela estará presente em LEGO Worlds, mas não a veremos ser tão usada para criar casas, no máximo para criar veículos. Isso deixa o jogo muito mais semelhante a Banjo-Kazooie: Nuts & Bolts do Xbox 360.

Uma vez que você possa construir veículos, novamente estão dando poder demais ao jogador. Em Minecraft nos esforçamos para conseguir cavalos ou colocar trilhos que tornem a locomoção mais rápida. Em GTA 5, tentamos conseguir carros bonitos, velozes, fortes e depois tentamos conseguir aeronaves para ver a cidade de cima.

Porém, se jogarmos Minecraft no modo criativo ou usarmos Cheats para conseguir veículos facilmente em GTA 5, tarefas que antes nos levariam em divertidas e prazerosas jornadas, se tornam resultados instantâneos. E como todo tipo de gratificação instantânea, nos desinteressamos rápido.


Eu adoro a ideia de construir veículos, gostaria que ela estivesse presente em Minecraft, porém é preciso que haja um grande esforço relacionado a criá-los, ou então você não tem motivos para se esforçar. Basta sair voando logo no início de uma partida e automaticamente você irá se desinteressar pelo jogo nos primeiros minutos.

Poder do Bloco

Nunca duvide do poder do bloco. Alguns dos jogos mais populares de todos os tempos usam blocos, como Super Mario, Tetris, e Minecraft também não é diferente. O bloco como menor unidade de medida, seja ele quadrado ou cubo, é algo com o qual todos conseguimos nos conectar, talvez remetendo aos nossos primeiros brinquedos educativos de blocos.

Minecraft é como o gráfico de um jogo do Nintendo 8 Bits (NES). Cada bloco constitui um pedaço daquela imagem e remover um único bloco alteraria bastante o resultado. Imagine como seria o Mario clássico sem alguns quadrados, como os que constituem seu bigode, ou mesmo a primeira fase de Super Mario Bros. com alguns blocos faltando ou fora do lugar.


Neste caso o posicionamento de cada bloco é importante, como sempre foi durante a era 8 Bits. Já LEGO Worlds é como se fosse um mundo 16 Bits. A menor unidade de medida é muito menor do que a de Minecraft com seus grandes blocos, então a alteração de cada bloco individualmente não faz tanta diferença assim.

Enquanto em Minecraft conseguimos enxergar os blocos e facilmente reproduzir ideias com eles, em LEGO Worlds será necessário pensar minuciosamente em cada coisa que desejamos construir e pensar em quais as menores peças que teremos que utilizar para obter as formas desejadas. Enquanto qualquer um consegue copiar um Mario 8 Bits, pouca gente teria paciência de fazer o mesmo com Mario em 16 Bits como em Super Mario World.


Licenciamento

Vale lembrar que até agora os únicos jogos de LEGO que realmente deram certo, devem seu sucesso ao licenciamento envolvido. LEGO Star Wars, LEGO Indiana Jones, LEGO Harry Potter, LEGO Marvel, LEGO Batman, entre tantos outros. Os jogos de LEGO sem licenciamento, como LEGO City Undercover e LEGO Ninjago, não foram bem aceitos.

LEGO Dimensions aparentemente vai tentar pegar licenciamento e botar em um mundo neutro para que você possa misturar várias coisas, mas eu também não estou exatamente animado por ele. LEGO Worlds nem mesmo isso tem, ele não aparenta ter licenciamento nenhum além da própria LEGO, já que alguns sets aparecem no jogo.


Conclusão

Eu gostaria de ter um prognóstico melhor para LEGO Worlds, de verdade. Quando os rumores do jogo começaram eu estava ansioso por um jogo que poderia evoluir onde Minecraft começou a ficar preguiçoso desde a compra pela Microsoft e saída de seu criador, Markus "Notch" Person.

Porém, vejo em LEGO Worlds os mesmos defeitos que condenaram antigos jogos da série LEGO onde era possível construir livremente. Se torna algo relativamente sem objetivo, pois não há nada a fazer além de construir e observar com orgulho o que você construiu. Existe esse fator no modo criativo de Minecraft, porém não foi ele o responsável pelo sucesso do jogo.

Falta exatamente o outro fator que é responsável pelo sucesso de LEGO como um brinquedo, a parte onde você realmente brinca com o que você criou. LEGO Worlds não parece ter intenção de oferecer um universo adequado para essa parte tão importante.