segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Quando Mario enfrentou o capeta no Halloween


Acredito que poucas pessoas conheçam essa história, mas em 1996 a revista oficial Club Nintendo na Alemanha criou uma história em quadrinhos própria para o Halloween, chamada de "Die Nacht des Grauens" (A Noite do Horror), a qual colocava o mascote Mario, além de Kirby e Link, em uma aventura extremamente bizarra contra demônios e figuras clássicas do terror.

Inicie seu contador de absurdos: A história segue o cliché de todo filme de terror ao começar com Mario e Peach tentandodar uns amassos, quando um raio causa uma queda de energia. Mario, Kirby e Link então vão checar os fusíveis do prédio (onde moram todos os personagens Nintendo aparentemente) e lá encontram Wario fazendo um pacto com um demônio chamado "Abigor", um nome verdadeiro que é usado em rituais.

O plano de Wario é utilizar forças do inferno como Jason de Sexta Feira 13, Chucky de O Brinquedo Assassino e Leatherface de O Massacre da Serra-Elétrica para enfrentar Mario. Apesar disso, Peach ainda tem sua alma tragada para o inferno. É, esse é o fim da história.

Aí você se pergunta: "Meu Deus, a Nintendo permitiu um absurdo desses?". Não... só esse não. Ela permitiu esse e uma sequência que ainda foi lançada em 1997, na qual Mario vai até o inferno para resgatar a alma da Peach, onde enfrenta o próprio Abigor. Abaixo eu traduzi os dois volumes para vocês mesmos lerem.

Volume 1



Volume 2




sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Review: No Man's Sky é um sonho para fãs de ficção científica


No Man's Sky era um dos jogos mais esperados da geração com uma promessa fantástica de criar um universo praticamente infinito. Porém, após vários anos de desenvolvimento e muitas promessas, ele acabou se envolvendo em uma grande polêmica por não trazer exatamente o que todos os jogadores esperavam. O que é uma pena, pois debaixo de tanta confusão há um jogo realmente incrível esperando ser desbravado.

Não entre em pânico!

A premissa de No Man's Sky sempre foi incrivelmente ambiciosa: dar ao jogador um número quase infinito de planetas para se explorar. Com o uso de fórmulas matemáticas que geram esses mundos proceduralmente o jogo é capaz de trazer quintilhões de planetas para você visitar, o que significa que nem todos esses locais serão visitados por seres vivos enquanto a humanidade durar.

Uma vez estabelecido esse universo gigantesco, a pergunta na mente dos jogadores é "Ok, como se joga?", e nem todos gostaram da resposta. No Man's Sky é um jogo de ficção científica e este é um gênero que não agrada a todos. Sua ambição acabou por torná-lo atraente para jogadores que normalmente não ficariam animados por esse tipo de jogo e isso causou uma forte onda negativa quando eles tiveram seu primeiro contato e viram do que se tratava.

Passado esse impacto inicial, no entanto, o que é afinal No Man's Sky? É um jogo sobre exploração e descoberta em um grande universo cujo tamanho depende apenas da sua imaginação. Você nunca conseguirá visitar todos os planetas para ter certeza de que aquilo que você imaginou não existe. Essa fagulha de improbabilidade infinita pode povoar esse universo com teorias e histórias sobre as quais o jogo apenas lança insinuações, sem certezas.


No início não havia nada

Não existe um enredo em No Man's Sky per se. Ao começar o jogo você é lançado em um planeta com sua nave quebrada e sem equipamentos, com um objetivo de consertá-la para poder voltar ao espaço e partir em jornadas para saber mais sobre o universo ou chegar ao centro da galáxia.

Chegar ao centro do universo é o principal objetivo e pode levar por volta de 100 horas, uma jornada realmente difícil de se completar. Porém há caminhos alterativos que você pode considerar sua aventura completa, como o "Caminho do Atlas", uma entidade alienígena comprometida ao conhecimento cujo caminho levaria apenas umas 40 horas.

A verdadeira história de No Man's Sky já aconteceu, há milhares ou talvez milhões de anos nessa mesma galáxia. Você pode desvendá-la através de monólitos e ruínas deixados nos planetas. Eles contarão sobre a história de cada uma das três raças alienígenas: os Korvax, os Vy'Keens e os Geks, além de também falar sobre os sentinelas, uma espécie de polícia espacial automatizada que está em toda parte.


Essa forma de apresentar a história é inteligente por ser opcional. Você não é obrigado a acompanhá-la, mas pode descobrir o que aconteceu nesse universo se quiser. Aos poucos é possível ver que nem todos estão satisfeitos com os sentinelas, que algumas raças já estiverem em guerra entre si, outras já foram escravizadas e que houve um grande caminho de transformação até chegar onde elas estão hoje.

Tanto a história quanto os diálogos das interações com alienígenas e ruínas têm uma forte carga de ficção científica em sua escrita, com muitas referências para quem é fã de Isaac Asimov e Douglas Adams. Há especificamente uma grande quantidade de detalhes que apontam para a série O Guia do Mochileiro das Galáxias.

No começo você não entenderá o que os alienígenas falam, precisará aprender cada uma das três línguas antes, mas ainda precisará tomar decisões baseadas no contexto da conversa que estão tendo. Isso gera algumas situações interessantes de adivinhação com base na personalidade de cada raça e resultados inusitados.


Perdidos no espaço

Como dito, assim que o jogo começa você é deixado em um planeta aleatório em algum canto do universo com sua nave quebrada e seu objetivo é consertá-la. O jogo simplesmente começa do nada e você que se vire, o que é bem prazeroso. Um ponto curioso é que como cada pessoa começará em um planeta diferente, sua experiência inicial deve ser bem diferente.

Mesmo assim o jogo não te deixará totalmente perdido. Consertar sua nave e dar seus primeiros passos será uma espécie de tutorial que fica no canto da tela até você entender as mecânicas básicas. Uma vez que as complete você fica por conta própria para explorar essa imensidão da forma que achar melhor, ou mesmo não explorá-la, a decisão é sua.

Em todos os planetas é possível encontrar certos recursos que podem ser extraídos com sua ferramenta. Quebre pedras e você receberá Ferro, destrua árvores e receberá carbono, além de outros elementos espalhados em plantas e concentrações pelo terreno. A coleta de recursos é uma grande parte de No Man's Sky, porém não se trata de um Minecraft no espaço.


Você decidirá o quanto a coleta de recursos ocupará seu tempo com o passar do jogo. No início sua arma será ineficiente e lenta, mas você poderá fazer upgrades nela. Seu inventário será pequeno e você poderá carregar poucas coisas, mas também poderá aumentá-lo. Sua nave terá pouco espaço para estoque, mas você poderá obter uma nave maior e assim por diante.

O inventário é um dos grandes dilemas de No Man's Sky, pois ele é bem limitado no começo. Eventualmente você pode ter até 48 slots em seu traje e nave, sendo que a nave ainda carrega o dobro da quantidade de elementos que seu traje. Porém, upgrades ocupam o mesmo espaço dos itens, então em alguns momentos você terá que decidir entre estar bem equipado ou carregar muitas coisas.

Vale a pena mencionar também um upgrade para sua arma que permite explodir pedaços dos planetas, como chão e paredes, o que te dá total liberdade de locomoção pelos mesmos. Se um recurso estiver subterrâneo você pode "escavar" até ele, se ficar preso em uma caverna pode criar sua própria saída e se atmosferas nocivas tentarem matar você, pode criar um abrigo temporário.

Uma vez equipado com sua nave você poderá começar a explorar o planeta que está, o que inclui: visitar instalações para obter novas tecnologias para seu traje, nave e ferramenta, visitar ruínas para aprender a língua dos alienígenas e sua história, procurar por naves abandonadas ou abatidas para adquiri-las, catalogar formas de vida do planeta ou mesmo buscar por recursos para criar algum upgrade.


Há uma grande quantidade de coisas para fazer e durante as primeiras dezenas de horas você apenas tentará administrar tudo isso para chegar a um bom personagem que pode aguentar algumas brigas, coletar recursos rapidamente e carregar itens sem precisar reorganizar sua mochila toda hora. Para chegar ao máximo seriam necessárias mais algumas dezenas de horas.

Além dessa jornada de auto-melhoramento o jogo ainda oferece 9 desafios específicos em 9 categorias, chamados de "Marcos" ou "Milestones". Cada um deles vai do nível 1 ao 10 e exige que você realize feitos progressivamente mais difíceis, como destruir uma certa quantidade de naves inimigas em batalhas espaciais ou catalogar todas as formas de vida de um planeta.

A lista completa de marcos registra: quanto você já andou, quantos alienígenas conheceu, número de palavras que aprendeu, quanto dinheiro acumulou, quantas naves inimigas destruiu, quantos sentinelas destruiu, quanto tempo já sobreviveu em planetas com condições extremas, quantos saltos de dobra já realizou e em quantos planetas você descobriu todas as espécies.


Estes objetivos são bem desafiadores e dão ao usuário mais um pouco de senso de propósito nesse universo tão esmagador de opções. Eles compõe também o troféu de Platina do jogo, então se você completar todos irá ganhar o troféu, mesmo que não tenha sequer chegado ao centro do universo.

Praticamente inofensivo

Em pouco tempo você terá capacidade também para sair do planeta em que começa, que é quando o jogo decola. Você pode visitar qualquer outro planeta ao seu redor a qualquer momento e com células de dobra pode mudar de sistema e visitar ainda outros planetas. No início tudo é um pouco parecido, pois o jogo utiliza um método de classificação de planetas que inicialmente te deixa preso nos mais sem graça, os G e F.

Planetas tipo G e F são basicamente rochas com pouca vida e sem nada interessante acontecendo neles. Conforme você aprende a construir reatores de dobra melhores começa a poder acessar os K e M, levemente melhores mas ainda sem graça, e finalmente planetas tipo E, bem vivos e com muitos recursos. Por último você terá acesso a planetas tipo B e O que costumam ter condições adversas, perfeitas para viver aventuras.

Pode parecer estranho oferecer os piores planetas de início, mas isso permite que essas primeiras horas de No Man's Sky sejam focadas apenas em você, melhorar o seu personagem através do traje, nave e ferramenta. Uma vez lá fora o universo é perigoso e algumas coisas podem acabar te matando se você não estiver preparado.


O nível de risco em No Man's Sky normalmente é baixo, praticamente inofensivo, pois poucas coisas realmente querem e podem matar você. Um animal selvagem pode ficar invocado e resolver te perseguir por você ter entrado em seu território, mas ele não causará dano suficiente para matar você e não é tão difícil escapar dele, a menos que esteja em um grande bando.

Porém em alguns planetas mais avançados, condições extremas como radição, temperaturas altas/baixas ou toxinas podem impedir que você fique mais do que alguns minutos em sua atmosfera. Esses mundos muitas vezes guardam recursos raros que podem ser usados em upgrades avançados ou coisas que podem ser vendidas a preços altos. Às vezes a força dos Sentinelas nesses locais também é extrema e atacará ao avistar você ou virá persegui-lo se pegar algum item valioso.

Quando você finalmente achar que se deu bem ao encher seu estoque de itens para revender, pode ser atacado por uma frota de piratas no espaço que tentarão pegar sua carga. No entanto, mesmo que você morra, seus itens ficam exatamente no mesmo lugar esperando por você, apenas sua nave sofrerá dano em alguma de suas tecnologias.


É um pouco chato que os piratas apenas existam nas naves, eles não descem aos planetas para te perseguir nem nada do gênero. Os Sentinelas por sua vez, protegem tanto o universo, mas não farão nada para ajudar você. Algumas vezes naves de fugitivos surgem também de repente no espaço e há recompensas por abatê-las.

Gráficos e Som

Visualmente No Man's Sky oscila em seu visual de acordo com o planeta em que você está. Alguns dos mundos mais desinteressantes não são muito bonitos visualmente, parecem apenas grandes áreas de pedras e montanhas. Porém, há outros com vegetação rica, animais exóticos, grama colorida que se agita com tempestades, nuvens de poeira que passam pelo ar, belas cavernas submarinas e assim por diante.

Há momentos em que se você parar e apreciar o pôr do sol irá sentir uma beleza incrível no jogo e há mundos que simplesmente serão prazerosos aos olhos de explorar. Tecnicamente é incrível o que o jogo realiza, com transições entre espaço, estratosfera e solo como se fossem um único mundo. Durante essas transições ocorre um certo "granulado", mas nada que incomode.


O setor musical é estranhamente muito bom, com músicas que combinam com o estilo do jogo, porém elas não tocam por muito tempo. Na maior parte da aventura você terá apenas o silêncio do espaço. Os animais possuem sons próprios, apesar de um pouco repetitivos, mas tudo soa bem futurista e cheio de lasers como seria de se esperar.

O Centro do Universo

Normalmente eu não dou spoilers sobre um jogo, mas aqui está algo que todos precisam saber. O objetivo de No Man's Sky, chegar ao centro do universo, não leva a nada. Uma vez que você chega lá a câmera se distancia, você é removido da galáxia onde estava e colocado em outra, com todos os seus equipamentos quebrados para começar tudo de novo.

É importante que as pessoas saibam disso antes de começar a jogar para decidirem se elas preferem a jornada ou o destino. No Man's Sky não recompensa no destino e jogadores devem estar cientes sobre isso. Para muitos o fato de não haver nada significa que o jogo é uma completa porcaria, para outros, é um ponto de reflexão.


O troféu de platina desse jogo, obtido ao conseguir todos os outros troféus, chama-se "Vórtice da Perspectiva Total". Esse nome vem de um aparelho de tortura da série O Guia do Mochileiro das Galáxias que aniquila a alma das pessoas ao mostrar como elas são pequenas no universo. Muitas pessoas acreditam que é isso que significa chegar ao centro de No Man's Sky, ser lembrado da nossa própria insignificância no universo.

Porém eu tenho outra resposta, também da série de Douglas Adams: "Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável. Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu".

Conclusão

No Man's Sky é um jogo interessante e ambicioso que teve dificuldades para lidar com a própria fama. Apesar de ter lá sua dose de problemas, como bugs no lançamento, não era um jogo que merecia ser tratado como se fosse só mais um capítulo anual de alguma série lançado às pressas. Em seu primeiro mês praticamente todos os bugs foram consertados.

Este é um jogo indie onde o único momento que eu lembro da palavra "indie" é no final dessa review, quando penso como é incrível que um time de 14 pessoas possa ter realizado tal façanha. Em um mundo que aclama jogos em preto e branco que poderiam muito bem ser assistidos no YouTube, No Man's Sky traz algo diferente, uma aventura única para cada jogador.


Para fãs de ficção científica No Man's Sky é um sonho, com um universo acreditável, explorável e com muitas coisas para fazer nele. Sua ambição de não se contentar com o caminho fácil e tentar fazer aquilo que antes parecia impossível não é diferente da mesma ambição que levou o homem ao espaço em primeiro lugar e isso será inspirador para esse tipo de jogador.

Porém, como no dilema de Ícaro, algumas pessoas veem em No Man's Sky apenas soberba e arrogância, uma figura que ousou voar perto demais do Sol e que merece ser punida por isso. Já eu brindo a tal ousadia e espero que no futuro nos lembremos de No Man's Sky pela sua grandeza. Não a grandeza de seu universo, mas a de acreditar que poderiam fazer um jogo impossível que deu asas a nossa imaginação.

Nota: 9/10

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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Por que o Nintendo Switch vai falhar


Não cara, é brincadeira, não vai falhar. Devia ter visto sua cara. Sim companheiros, após essa geração de trevas com o Wii U e 3DS a Nintendo volta a nos apresentar algo que tem potencial de ser bom. A empresa revelou hoje em um vídeo curto seu novo videogame, o Nintendo Switch, anteriormente chamado pelo seu codinome Nintendo NX.

Infelizmente muitas das informações do Switch vazaram antecipadamente, então não houve realmente grandes surpresas, apenas confirmações. O Nintendo Switch é um console de mesa em formato de tablet que quando plugado em uma base envia jogos para sua TV enquanto você joga no sofá, porém ele também possui a capacidade de virar um portátil ao desplugar as laterais do joystick e plugá-las no console, uma espécie de híbrido como os rumores mencionavam.


Eu gostei bastante do conceito do console híbrido porque é muito mais fácil me convencer a comprar uma plataforma Nintendo para aproveitar os jogos dela do que duas. No entanto, não tenha dúvida, essa é uma estratégia de "terceiro pilar", como no Nintendo DS. Caso o Switch viesse a ser um fracasso, o que eu não acredito que vá acontecer, a Nintendo rapidamente lançaria um novo portátil para fingir que o Switch nunca teve a intenção de substituir esse segmento.

Há muitos pontos positivos a respeito do Switch, como a liberdade de jogar de várias maneiras, tanto como console como portátil, com joysticks tradicionais ou não, a sensação de clicar coisas e transformar seu videogame, entre outras que eu não vou perder muito tempo falando. O Switch parece muito legal, ponto. Essa é impressão que ele passa, ele é "legal" e essa é uma grande mudança para a Nintendo. O Wii U não parecia legal e teve que lidar com má vontade do público por isso.

O que a Nintendo tem com o Switch no entanto, não é uma garantia de sucesso, é potencial, boa-fé das pessoas. O público está novamente prestando atenção na Nintendo, mas ela ainda precisa honrar essa boa-fé, ela ainda tem muitas provações para passar. O que temos no momento é uma ótica positiva sobre os próximos passos que ela irá tomar.


Vamos deixar uma coisa clara, o Switch não é concorrente do PlayStation 4 e Xbox One, porém não da forma como você provavelmente está pensando. O Switch não é como o Nintendo Wii que não era concorrente do PlayStation 3 e Xbox 360, porque o Wii era o console dominante da geração. Pessoas tinham um Wii e depois um PlayStation 3 ou Xbox 360. Jogadores hardcores podem achar que isso era ao contrário, mas não, o Wii era o essencial, os outros dois eram os secundários.

Mesmo que faça sucesso, o Switch não será um sucesso como o Wii, ele não dominará a geração, ele será um segundo console para quem tem um PlayStation 4 e Xbox One, ao oferecer uma experiência diferente desses videogames e de seus sucessores. Não quer dizer que as vendas dele serão baixas, porque no momento não sabemos bem o que o Switch se tornará.

Por enquanto o Switch tem grande apelo com dois Tiers de consumidores, os fãs da Nintendo e jogadores que conhecem a Nintendo e não andavam comprando seus produtos. O terceiro Tier, os usuários que não conhecem a Nintendo ou nunca compraram/pretenderam comprar seus produtos, essencial para o sucesso do Wii, não será fisgado pelo que o Switch mostrou até agora.

Não dá pra saber se o Switch irá de fato se tornar um híbrido, pois a Nintendo em nenhum momento confirmou que está encerrando sua linha de portáteis. Se tivermos mais um jogo da série Pokémon em 2017 ou 2018, onde ele vai sair? No Nintendo 3DS? No Switch? Em ambos? Em outro portátil da Nintendo? Esta pergunta ainda não está respondida e isso significa que estamos um pouco limitados para definir o que de fato será o Nintendo Switch na prática.


Isso significa também que não podemos arriscar números de vendas ainda, sem saber se estamos falando apenas de um console de mesa com uma função curiosa (até aí, mesmo o Wii U também é um híbrido entre console e portátil) ou de algo que irá realmente unificar as plataformas de console e portátil da Nintendo em apenas um aparelho.

Outros dois detalhes essenciais ainda não foram confirmados, mas são prováveis: controles de movimento e tela de toque. Sem esses dois perderíamos tudo que o Wii e DS significaram para a Nintendo, porém sua inclusão não trazem automaticamente a vibe desses videogames. É útil para alguns jogos, mas a Nintendo já queimou a ideia do Wii Remote, seria difícil ressuscitá-la.

A maioria desses problemas não é muito séria e não acabaria realmente com o console. Obviamente o preço precisa ser razoável, ou as pessoas não o comprarão nesse tempo de crise, o que me preocupa, pois em outras ocasiões a Nintendo já se mostrou alheia à crise. Eu vejo apenas um problema realmente sério para o Switch caso ele seja mesmo um videogame que unifica console de mesa e portátil. a filosofia.

É irônico pois trata-se do mesmo problema que levou ao fracasso do PSP frente ao Nintendo DS. Um portátil cuja ideia de bons jogos seja apenas o de jogos de consoles para jogar em uma tela menor, está fadado a fracassar. A experiência que as pessoas procuram em um portátil, o trabalho que ele deve realizar, é completamente diferente do que um jogo para um console de mesa realiza. Caso o Switch tente realizar dois trabalhos, provavelmente deixará a peteca cair em um deles.


Também me preocupa a filosofia dos jogos da Nintendo. O Switch não terá apoio Third Party para jogos multiplataforma após o segundo ano, é assim que funciona em um console Nintendo. Você viu The Elder Scrolls V: Skyrim e pensa que seria legal jogar no Switch. Você compra o console por isso e quanto The Elder Scrolls VI for anunciado, ele não vai sair para o Switch. Simples assim. Imagine as pessoas que compraram um Wii U porque curtiram a ideia de jogar Call of Duty: Black Ops 2 em coop no Game Pad.

Se o Switch fizer algum sucesso, terá jogos Third Parties feitos exclusivamente para ele, o que seria bacaninha, mas é algo que não vemos no mercado desde os tempos do Wii. A maioria dos estúdios sucateou e Capcom, Konami, Namco, não se incomodam mais tanto de fazer algo específico para um console Nintendo. Square Enix com certeza trará spin-offs e Dragon Quest, isso é batata.

Agora o que eu realmente estou preocupado é a filosofia dos jogos da própria Nintendo. Eu não vejo no Switch uma proposta, uma filosofia, algo que inspire os jogos da empresa. Eles deram um passo certíssimo com The Legend of Zelda: Breath of the Wild, mas isso significou realmente uma mudança? Vai ter um remaster de Skyward Sword logo depois? Paper Mario: Color Splash? Pikmin 4?

O Switch não pode ser um sucesso com os mesmos tipos de jogos que o Wii U recebia, pois o Wii U já os tinha e ele foi um tremendo fracasso. Não pode ser como quando a Nintendo tentou portar jogos de GameCube para o Wii, é preciso de jogos novos que aproveitem a nova proposta do videogame... uma proposta essa que aparentemente não existe.


Apesar de serem questões bem preocupantes sobre o Nintendo Switch, como já mencionado a ótica no momento é positiva, todos estão olhando para a Nintendo e esperando que ela faça mais coisas legais. Basta ela não dar nenhum tiro no pé e as coisas provavelmente ficarão bem, com um aparelho que deve vender mais que o Wii U e Nintendo 3DS, mesmo que não seja um fenômeno como o Wii.

Que o Nintendo Switch possa significar mudança para a Nintendo.

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