quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Qual o segredo de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds?

Nas últimas semanas eu estava jogando The Legend of Zelda: A Link Between Worlds para o Nintendo 3DS, até terminar o jogo, fazer uma review para o site TechTudo (recomendo ler se quiser saber mais sobre) e então pegar alguns extras também. Para minha surpresa, o jogo é ótimo, mas como isso é possível?

Os últimos dois capítulos na série The Legend of Zelda foram os piores de todos os tempos: The Legend of Zelda: Skyward Sword para o Wii e The Legend of Zelda: Spirit Tracks para o Nintendo DS.

Então quando Um novo Zelda foi anunciado para o Nintendo 3DS, a nossa primeira reação no blog foi: "Por que The Legend of Zelda: A Link Between Worlds vai falhar?". Mas havia um ponto importante que ainda estava indefinido.


Quem vem estragando a franquia The Legend of Zelda ultimamente é o diretor Eiji Aonuma, escolhido pelo criador da série, Shigeru Miyamoto (péssima escolha). E qual o principal problema de Aonuma? Ele caiu na armadilha de ego, é obcecado por controle, pela sua visão, e nós que reclamamos que os jogos estão ruins estamos atrapalhando sua genialidade.

Se Eiji Aonuma tivesse participado ativamente da produção de A Link Between Worlds, seria possível prever que o jogo seria ruim, como de costume. Porém, eu pensei comigo mesmo... por que alguém tão egocêntrico se esforçaria em uma sequência de A Link to the Past, quando poderia se dedicar ao remake de sua própria "obra-prima", The Legend of Zelda: Wind Waker HD.

Em outras palavras, enquanto Aonuma estava distraído se excitando com o remake de seu próprio jogo, outra pessoa estava tocando o projeto de A Link Between Worlds. Essa pessoa, bem mais competente, é praticamente um herói e transformou o jogo no que ele virou hoje.

Uma vez que você pega o jogo, começa a jogar e não o larga mais. Os primeiros minutos e os primeiros dungeons são agradáveis, rapidamente você pega uma espada e um arco, se ocupando em enfrentar inimigos assim como no The Legend of Zelda original.

Dá pra ver vários toques de Eiji Aonuma no jogo, mas a sensação é de que você invadiu a casa dele quando ele não estava, ao invés de escutá-lo fazendo um discurso, como Skyward Sword parecia. Há NPCs ridículos, NPCs com diálogos desnecessários e nos primeiros minutos Link parece um office boy glorificado, como ele sempre parece em jogos do Aonuma.


Mas é tudo muito rápido, muito portátil, muito Minish Cap. Eu não passei mais do que 5 minutos com baboseiras do Aonuma, como pegar um item, levar a algum lugar e conversar, e logo depois já estava de volta aos combates. E a melhor parte, sem um coadjuvante dizendo "TALVEZ ALGO VÁ ACONTECER SE ATINGIRMOS ESSAS ESFERAS BRILHANTES SEM MOTIVO ALGUM!".

Então eu pensei, quando chegar a LoLrule as coisas devem ficar piores, com essa história de virar um desenho na parede, mas não.  Chegar em LoLrule foi como entrar no Nether em Minecraft. Monstros começaram a chutar meu traseiro e a interação com NPCs caiu para praticamente zero.

Eles simplesmente te dão sete dungeons para conquistar, além dos dois iniciais (mais do que nos The Legend of Zeldas recentes) e é sua escolha em qual ordem enfrentá-los. Eu tentei entrar em um certo dungeon e os monstros me deram uma canseira, eu precisei sair antes que me matassem, conseguir mais corações, potes para guardar fadas, armadura e espada melhores, para então voltar.

Há momentos ruins no jogo, mas eles não duram muito. A maior parte é uma delícia, especialmente nas horas finais, enfrentando dungeon após dungeon. Eram 4 da manhã e eu ainda pensava em enfrentar mais um dungeon antes de ir dormir. Em momento algum passava pela minha cabeça largar um pouco o jogo.

The Legend of Zelda: A Link Between Worlds foi um acidente incrivelmente feliz nessa era de trevas sob o comando de Eiji Aonuma, e é um ótimo motivo para comprar um péssimo portátil.

Calcinhas de Pokémon

Uma artista canadense criou calcinhas baseadas no desenho / jogos da franquia Pokémon e elas são incrivelmente de bom gosto e super efetivas.

O nome dela é Sarah Seymour e ela vende as calcinhas na sua loja Maker's Way através do Etsy. Ou vendia, já que os produtos estão esgotados devido a alta demanda e não sei se ela pretende produzir mais, mas espero que sim.

Eu vou apenas deixar isso aqui...


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Review de Pokémon X & Y

Estamos naquela época de novo, o lançamento de um novo jogo da série Pokémon, o qual por falta de cores agora se chama Pokémon X e Y para o Nintendo 3DS (Preparem-se para Pokémon Ponto & Vírgula daqui a alguns anos). Já estamos na contagem de mais de 700 monstros e uma das máximas continua: Bom mesmo era na época dos 151.

Professor Caco Barcellos coloca uma equipe
de treinadores novatos para fazer seu trabalho
A história

Pokémon X começa como a sua tradicional aventura Pokémon. Você é um treinador novato escolhido por um professor para ajudar a completar a Pokédex, viajando por esse mundo onde existem criaturas chamadas Pokémon. Toda a sociedade gira ao redor deles, sendo usados para tarefas domésticas e até para batalhas (PETA disapproves).

A primeira novidade é que há mais coadjuvantes do que nunca. Quatro outras crianças irão acompanhar você durante a jornada. Uma delas será sua rival, enquanto as outras parecem um pouco inúteis, como se só estivessem lá para esfregar na sua cara o PODER DA AMIZADE.

Todos os personagens são bastante estereotipados, o que poderíamos considerar como incapacidade de criar coadjuvantes interessantes, mas também poderíamos perdoar pelo jogo ter um foco maior no público infantil. De qualquer forma não são personagens muito agradáveis de se acompanhar se você tem mais de 12 anos.

No meio da sua jornada eventualmente você encontrará a organização do mal da vez, o Team Flare, que deseja destruir o mundo por motivos razoavelmente bons. Há uma história periférica sobre um Rei, que poderia trazer um pouco mais de profundidade ao enredo, mas apenas é mencionada superficialmente, apesar de ser relativamente importante.

Gráficos e som

Pela primeira vez Pokémon realmente embarcou nos gráficos 3D, tanto no mapa a se explorar quanto nas batalhas, e inicialmente isso gerou grande expectativa. Porém, muito do que a Nintendo mostrou acabou se provando propaganda enganosa. Apesar dos gráficos 3D, Pokémon continua tão bidimensional quanto sempre foi.

Promessa
Realidade
Pokémon finalmente vira uma aventura 3D... NOT

Há muito tempo os jogadores estão pedindo por um jogo de Pokémon totalmente em 3D. Porém, esse pedido pela transição do 2D pro 3D é mais do que o pedido de uma transição gráfica, é um pedido por transição de filosofia. Elas querem que Pokémon se aproxime mais do que é no desenho, mais do que é na imaginação deles.

Os jogos que começaram a febre, Pokémon Red & Blue e Pokémon Gold & Silver, para o primeiro GameBoy, captaram a imaginação dos jogadores e a levaram muito além do que eles esperavam. Porém, desde então a série saiu de sintonia com o que esses jogadores esperavam, não vem captando a imaginação deles.

Nesse sentido, Pokémon X & Y ainda não é o jogo 3D de Pokémon que as pessoas queriam. A visão aérea permanece, dando a impressão de gráficos 2D mesmo em 3D. Você nunca tem a impressão de que há um grande mundo a ser explorado a sua frente. Não fossem por pouquíssimas transições de câmera e umas duas ocasiões onde os gráficos se sobressaem, nem haveria necessidade de ser 3D.

Nas batalhas os gráficos em 3D impressionam nos monstros, mas os cenários deixam um pouco a desejar. Há detalhes interessantes, como o vento correndo pela grama, mas boa parte do cenário de fundo é apenas algo 2D pintado como se fosse o cenário de E O Vento Levou. Os efeitos dos golpes começam como algo impressionante, mas logo ficam genéricos demais.

Ligue o efeito 3D e o jogo fica mais lento que os slides das férias do seu tio

Esse tempo todo em que a produtora GameFreak evitou lidar com gráficos 3D aparentemente também era incompetência, pois o jogo possui algumas quedas de FPS (taxa de quadros) inexplicáveis. Quase sempre que o jogo exibe dois Pokémons ao mesmo tempo na tela, tudo fica lento. Se você tentar ligar o efeito 3D, fica ainda mais lento.

O som é o que estamos acostumados a receber da franquia. Sons distorcidos para as "vozes" dos Pokémons, músicas um pouco esquecíveis com exceção das clássicas remasterizadas e nada de dublagem.

Jogabilidade

A aventura em si está um pouco fraca, em parte porque as situações apresentadas não são excitantes e em parte porque os personagens que acompanham são chatos. As batalhas também estão fáceis demais, o que tira um pouco a graça. Passar por todos os oito ginásios e a Elite Four não foi desafio algum. Até passei boa parte de um ginásio de Planta com um Pokémon de Água.

Os Líderes de Ginásio não oferecem desafio e nem contam com muito carisma

A seleção de monstros que podem virar membros da sua equipe é boa, contando com muitos retornos clássicos e uma boa seleção de novos Pokémons. Nem todos os novos Pokémons são bons, mas há um bom equilíbrio com os antigos, mantendo um ambiente agradável para tipos diferentes de fãs que possam ter abandonado a franquia e retornado.

Aparentemente, fãs que retornam são um grande ponto do jogo. Finalmente alguém na GameFreak parece estar pensando que precisam lidar com o gigantesco êxodo de público que a franquia Pokémon tem. Às vezes até parece que Pokémon X & Y pedem desculpas por não ser Red & Blue.

Em vários momentos eu vi menções a pontos marcantes de Red & Blue, chegando até a um nível desconfortável. Quando monstros antigos figuram em certos locais, tudo bem. Quando me mandaram escolher entre um Bulbasaur, Charmander e Squirtle como segundo pokémon inicial, eu já achei um pouco forçado.

Pokémon X & Y apela para a nostalgia ao adicionar Andy Panda no elenco

Mas quando um Snorlax apareceu dormindo no meio do caminho e foi preciso usar a PokéFlauta para acordá-lo, eu senti como se os desenvolvedores estivessem esfregando o jogo na minha cara e gritando "Lembra do Snorlax? Lembra? LEMBRA?!".

Conclusão

Todas as novidades que Pokémon X & Y tenta apresentar, como Mega Evoluções, o novo tipo Fada, batalhas aéreas, acabam sendo adições vazias que em nada mudam realmente o jogo. Com certeza é algo que os entusiastas irão pirar, mas eles piram em qualquer coisa.

Vi pela internet muitos comentários de jogadores dizendo que não há muito o que fazer no jogo após terminá-lo, mas não foi bem isso que eu vi. Após finalizar minha aventura ainda havia uma boa parcela de coisas pendentes para fazer. Porém, capturar todos os Pokémons com certeza não era uma delas.

A fórmula de sucesso de Pokémon garante que X & Y sejam jogos sólidos, porém sólido não garante mais do que essa nota. Pokémon X & Y caem em uma certa mesmice. São jogos bons o bastante para que você não durma enquanto joga, mas não bons o suficiente para evitar que você boceje.

Nota: 7/10

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Top 25 Jogos de PS Vita

Recentemente o site de jogos IGN fez um Top 25 de jogos do PS Vita e tenho que dizer que fiquei impressionado com as más escolhas da lista. Fiquei tão chocado que resolvi fazer o meu próprio Top. Confira as 25 posições, com direito a um extra no final e algumas ausências justificadas.

Veja também: Top 25 Jogos de PS Vita - Parte 2


25- PlayStation All-Stars Battle Royale



Uma clara cópia barata de Super Smash Bros. com um elenco muito menos carismático e uma mecânica menos funcional. PlayStation All-Stars Battle Royale tinha tudo pra dar errado e realmente deu, virando jogo da cestinha de barganhas. Não significa no entanto que não dê para se divertir um pouco com Kratos, Drake e figuras clássicas como Parappa. O fato de receber personagens extras depois de pronto também foi legal, já vendê-los, não.

24- Big Sky Infinity


Pouco conhecido jogo de nave, Big Sky Infinity te apresenta um percurso aleatório a cada nova partida com zonas diferentes e até chefes. Independente do caminho que você faz, ganha dinheiro para melhorar sua nave e cada vez tentar durar mais. Seria bem menos atraente se não tivesse gráficos tão agradáveis e boa música, além de narração, que às vezes solta piadas como "Não universo... VOCÊ bote suas mãos pra cima".

23- Guacamelee!


Muitos provavelmente colocariam Guacamelee! em uma posição mais alta, mas apesar de gostar do jogo, fico feliz que tenha comprado em promoção. Guacamelee! é o seu tradicional "Metroidvania", onde a cada nova área completada você ganha um novo poder que te ajuda a acessar vários outros locais. O jogo é divertido, competente, tem uma boa temática mexicana de luchadores e dia de los muertos, mas em nenhum momento surpreende.

22- Killzone Mercenary


Apesar de gostar bastante de FPS, eu não gosto muito dos FPS tradicionais. Eu troco facilmente um Call of Duty, Battlefield ou Killzone por Goldeneye 007 do Nintendo 64. Porém, Killzone Mercenary me surpreendeu bastante, por justamente me agradar. É um jogo bastante divertido e bem produzido considerando que foi feito para um portátil, contando ainda com um bom modo online. É definitivamente o FPS do PS Vita, para qualquer um que goste do gênero.

21- Plants vs. Zombies



Não importa em qual plataforma eu esteja, eu jogarei Plants vs. Zombies. É um dos melhores jogos dos últimos tempos e sempre dá pra começar uma nova partida. Eu zerei nos smartphones, no DSi Ware, no Nintendo DS (versão mais completa), no Chrome, no Xbox 360 e onde mais surgisse eu jogaria. A versão do PS Vita une alguns dos melhores elementos, com gráficos em alta resolução porém com portabilidade e boa tela de toque. Isso tudo com extras das outras versões.

20- Jet Set Radio



Um clássico do Dreamcast refeito para a atual geração. Você pode jogar Jet Set Radio no Xbox 360, PlayStation 3 e PC, mas no PS Vita há a vantagem da portabilidade. O jogo é sobre uma gangue de patins pichando a cidade por dominância e acaba escalando para uma aventura ainda mais louca. Algumas coisas ficaram datadas, mas o jogo ainda é muito bom e merece atenção.

19- New Little King's Story



Quando eu comprei New Little King's Story eu pensei que era um novo jogo da série, uma sequência até, mas ele é na verdade uma releitura de The Little King's Story do Nintendo Wii, o que me decepcionou um pouco. Ainda é um ótimo jogo, pois já era bom no Wii. Consertaram algumas coisas óbvias, outras não, mas refizeram um pouco o visual, o que me incomodou um pouco. Mas novamente, ainda é um ótimo jogo.

18- Retro City Rampage


Retro City começou como uma versão de GTA 3 para Nintendo 8 bits e virou algo um pouco diferente. O jogo manteve a ideia de andar pela cidade e tocar o terror, mas adicionou muitas missões e estágios alternativos, cheios de referências à cultura pop e jogos clássicos. Está disponível em outras plataformas também, mas se encaixa melhor no PS Vita.

17- Zero Escape: Virtue's Last Reward



Eu não sou um grande fã de Visual Novels, então era pouco provável que eu comprasse Zero Escape com meu próprio dinheiro, mas ele acabou vindo na PS Plus e se provou agradável. Sequência indireta do jogo 999, Zero Escape mistura grandes pedaços de diálogo com puzzles do tipo "saia dessa sala". Conforme a história evolui ela começa a ficar bem interessante e os puzzles começam a exigir FAQs para preservar seus cabelos. Está disponível também para Nintendo 3DS.

16- Spy Hunter


Outra incrível surpresa foi Spy Hunter, disponível no PS Vita e 3DS. Baseado em um clássico de outrora, Spy Hunter coloca você no controle de um super carro espião, daqueles tipos que caem na água e viram um barco (literalmente). O jogo é extremamente divertido e traz o tipo de diversão Arcade, rápida e intuitiva, que se espera de um portátil.

15- Ultimate Marvel vs. Capcom 3


Um dos jogos que não podia faltar no meu PSP era Marvel vs. Capcom, o problema é que na época ele era emulado do fliperama, já que não tinha o jogo pro portátil. No PS Vita isso foi resolvido fácil. Ultimate Marvel vs. Capcom 3 foi um dos meus primeiros jogos e não saiu do aparelho por muito tempo. A jogabilidade frenética e rápida aliada àquela linda tela OLED é um casamento perfeito.

14- Army Corps of Hell


Poucas pessoas conheceram esse jogo, mas a Square Enix achou que ele era bom o bastante para trazê-lo para o ocidente. Army Corps of Hell te coloca no papel do próprio Satã, comandando um exércio de demônios tentando retormar sua coroa no inferno e lutar contra o céu. A atmosfera do jogo é incrível e é regada por Heavy Metal japonês que combina muito bem com a temática.

13- Spelunky


Spelunky é uma mistura de divertido e cruel que no início irrita um pouco, mas se torna um bom desafio com o tempo. Seu objetivo é passar por várias fases e pegar um tesouro, mas há tantas coisas pra darem errado no meio da aventura que é pouco provável que a maioria sequer consiga. A questão é que há também muitas coisas que podem dar certo e ninguém sabe como uma partida de Spelunky vai se desenrolar, sempre incentivando jogar uma partida a mais, é viciante.

12- Gravity Rush


Gravity Rush é o tipo de jogo que é uma agradável surpresa e um dos poucos com estrutura de console no PS Vita. Nele você tem uma heroína que controla a gravidade, Kat, com mecânicas interessantes de combate, exploração e dimensões paralelas. Pra variar um pouco, a personagem tem uma boa personalidade e se envolve em situações interessantes. A única parte ruim é que a história levanta um grande mistério mas deixa a conclusão pra sequência, que já recebeu um teaser recente.

11- Sonic & All-Stars Racing Transformed


Mario Kart sempre teve seus clones, mas nunca muito relevantes. Porém, enquanto Mario Kart culminou no Wii e DS, o apressado Mario Kart 7 no 3DS escorregou feio, deixando um vácuo. A sumo Digital aproveitou bem esse espaço com Sonic & All-Stars Racing Transformed. Enquanto o conceito de carros que se transformam foi bem chupinhado do jogo da Nintendo, a ideia de que as pistas também se transformassem foi uma bem-vinda e interessante inovação, que faria muito bem se fosse copiada por Mario Kart.

10- Muramasa Rebirth


Muramasa era um ótimo jogo no Nintendo Wii, não por causa de seus belos gráficos 2D desenhados, marca registrada da Vanillaware, mas por ter uma ótima jogabilidade no combate. Outras partes do jogo têm seus defeitos, mas o forte combate sempre o manteve em alta. Os controles do PS Vita são bem melhores para jogá-lo do que os do Wii e a portabilidade incentiva sessões curtas que ajudam muito a amenizar os outros problemas e alcançar o número de horas necessário para conseguir todas as espadas e fazer todos os finais. O jogo também recebeu alguns DLCs com conteúdo extra, nada muito legal, mas adições sobre o original.

09- Lumines Electronic Symphony


A série Lumines já era bastante divertida no PSP e só ficou melhor no PS Vita. Em Lumines, quadrados coloridos estão sempre caindo na tela, compostos por 4 peças, sempre de 2 cores. ao formar quadrados, ou formas maiores, de 4 peças ou mais de uma mesma cor, eles são eliminados da tela. Porém, o que torna a experiência realmente viva são as músicas, bem escolhidas e que alteram o ritmo da própria jogabilidade, tornando mais fácil ou mais difícil eliminar os quadrados.

08- Ragnarok Odyssey


Já na onda de clones de Monster Hunter, Ragnarok Odyssey tentou usar o nome do popular MMORPG para criar seu próprio jogo. Porém, enquanto Monster Hunter é lento e calculado, Odyssey é frenético e divertido, trazendo um sentimento que lembra muito mais o clássico Phantasy Star Online do Dreamcast. E ainda é uma ótima pedida mesmo para jogadores que pretendam ficar offline, diferente da série da Capcom.

07- The Walking Dead


The Walking Dead já está disponível em outras plataformas, mas não há dúvida de que é um dos melhores jogos da geração. No PS Vita por um preço extremamente acessível você leva todos os episódios da série e ainda o episódio especial 400 Days. O nível de escrita do jogo é algo superior a tudo na indústria atualmente, e torna-se mais impactante por acatar as escolhas do jogador em uma linda experiência conjunta.

06- Soul Sacrifice


Outro clone de Monster Hunter que acabou se tornando algo bem além, Soul Sacrifice convida jogadores a criarem um personagem mago cuja evolução depende do que ele escolhe salvar ou sacrificar. É possível sacrificar vidas de inimigos ou partes do seu corpo para criar magias, ao custo de deformidades físicas permanentes. Diferente de Ragnarok Odyssey, este fica bem melhor online, mas ainda é bom o bastante offline.

05- Uncharted: Golden Abyss


Não sou um grande fã da série Uncharted e a demo de Golden Abyss passava a impressão que o jogo era horrível. Porém, ao recebê-lo de graça na PS Plus, ele acabou se provando uma boa opção no portátil. Os tiroteios não são muito agradáveis, mas a aventura como um todo é incrivelmente prazerosa. Também é um dos jogos que traz os melhores gráficos do PS Vita.

04- Earth Defense Force 2017 Portable


O que dizer da série Earth Defense Force, que já conheço há tanto tempo e considero pra caramba? Originalmente lançado para o Xbox 360, essa versão portátil traz tudo que tornou o jogo popular, como batalhas com insetos gigantes, armas devastadoras e cidades a serem transformadas em pó. Tudo isso na palma da sua mão, com um personagem extra que realmente muda o jogo todo e a adição de um modo online? Facilmente uma das melhores opções no aparelho.

03- Touch My Katamari



Já há algum tempo a franquia Katamari chegou a um ponto onde não consegue seguir em frente, após a saída do criador da série, Keita Takahashi, da Namco Bandai. Touch My Katamari foi a primeira tentativa de realmente fazer algo novo com a série e funcionou. Usando a tela de toque do PS Vita é possível agora mudar a forma da sua Katamari, adicionando novas mecânicas de jogabilidade. O conceito principal continua o mesmo e funciona bem no PS Vita.

02- Need for Speed: Most Wanted



A Criterion e a Electronic Arts foram das mais ambiciosas produtoras no PS Vita, como quando anunciaram que Need for Speed: Most Wanted seria lançado para o portátil no mesmo formato dos consoles. Most Wanted foi um dos melhores Need for Speed dos últimos anos e sua estrutura de pequenas missões e exploração de mundo aberto caíram como uma luva para um videogame portátil. Apesar de a tela ser pequena a emoção das corridas é grande, tornando-o um jogo que eu não larguei até terminar.

01- Mortal Kombat




Street Fighter 4 pode ter ressuscitado o gênero de luta 3D e tem seus méritos, mas sem dúvida foi o novo Mortal Kombat que trouxe o melhor pacote para jogadores. Além de um jogo de luta divertido, ele ainda encaixa um modo história que engloba toda a mitologia de Mortal Kombat, com origens de personagens e cenários, como nunca antes na franquia. Há ainda uma torre (duas no Vita) com missões que caem bem para um portátil. A versão PS Vita peca severamente nos gráficos, mas compensa em conteúdo extra e por incluir personagens extras como Kratos, Freddy Krueger, e outros vendidos por DLC.

Grand Master - Ninja Gaiden Sigma 2 Plus


Simplesmente não tem nada tão bom quanto Ninja Gaiden 2 em qualquer plataforma. A versão PS Vita tem alguns problemas em relação à do Xbox 360, mas particularmente acabou sendo a minha preferida, pois a do Xbox 360 por sua vez tinha outros problemas. O combate de Ninja Gaiden 2 é como passar uma faca quente na manteiga, só que uma manteiga com garras que tenta te matar de vez em quando. É facilmente o melhor jogo de ação da geração, convertido para um portátil e com extras. O único defeito é que não há um sucessor à altura para depois de terminá-lo.

Ausências justificadas

Assassin's Creed 3: Liberation - Não sou fã da série, mas parece um ótimo jogo
Dragon's Crown - Ainda não joguei, pegarei quando houver promoção. É da mesma produtora de Muramasa Rebirth
Hotline Miami - Ainda não joguei, sai em outubro na PS Plus
Jogos da série LEGO - Ao invés de serem ports dos consoles, são ports melhorados do 3DS
Persona 4 Golden - Não acho que a série Persona seja para qualquer um
Sly Cooper: Thieves in Time - Não conheço a série (cadê um Sly Cooper Collection?)

Acha que mais algum jogo deveria estar na lista? Deixe nos comentários.

domingo, 1 de setembro de 2013

Nintendo 2DS? Aí cê casa bem


Durante o dia eu estava trabalhando quando apareceu na minha caixa de notícias: "Nintendo anuncia novo portátil Nintendo 2DS". Eu parei um instante... tentei lembrar em que mês estamos, conferi o relógio duas vezes, e vi que realmente não era primeiro de abril. Repeti todo o processo e pensei: "Está cedo para o Dia de Los Santos Inocentes também".

Faz tanto tempo que a Nintendo não faz algo certo que eu me assustei quando soube do Nintendo 2DS. A partir de 12 de outubro (junto com Pokémon X & Y) eles estarão lançando uma versão do Nintendo 3DS que não possui efeito 3D e custará US$ 130 ao invés dos US$ 170 do 3DS atual e US$ 200 do 3DS XL.

Esse era o melhor movimento que a empresa poderia fazer para cortar custos, lançar um 3DS sem 3D, com um preço de entrada mais acessível e que ainda assim deverá dar lucro. Estamos em uma crise econômica, é hora dos videogames ficarem mais baratos do que nunca para sobreviverem.

Nesses tempos em que queremos gastar menos dinheiro, fica cada vez mais difícil relevar erros nos produtos. Por que eu vou comprar um videogame que me obriga a levar uma função que claramente é cara, mas que eu não desejo? Por que comprar um 3DS se eu não quero 3D? Por que comprar um Wii U se eu não quero um controle tablet? Por que comprar o Xbox One se eu não quero Kinect?


Todo esse potencial de pessoas não comprando (Tier 2) ficam na espreita, esperando o momento em que o preço caia até o patamar que elas estão esperando pagar, ou seja, o preço que acham justo pelo produto subtraindo-se suas excentricidades. O 2DS vai dar certo porque é exatamente a escolha para quem não quer pagar por um efeito 3D que não pretende usar.

Isso não significa no entanto que a Nintendo despertou do seu coma onde ela imagina estar no país das maravilhas. Ela acertou sem querer. Para eles a função do 2DS é apenas aumentar as vendas de Pokémon X & Y entre crianças abaixo de 7 anos, que não podem usar o efeito 3D de qualquer jeito. Por isso a horrenda escolha de design da Fisher Price.

Inicialmente o Nintendo 2DS venderá para esse público, pois seu lançamento será de precisão cirúrgica, no mesmo dia de Pokémon X & Y, na época de festas, quando pais querem comprar algo legal para seus filhos, especialmente algo que eles já vêm pedindo há algum tempo e não cabia nas contas antes.

Porém, as altas vendas desse modelo manterão estoques deles nas lojas e algo acontecerá. Logo a Nintendo perceberá que ele não está vendendo apenas para crianças abaixo de 7 anos, mas para um público que ela não esperava, gente que queria comprar um 3DS mas não queria pagar pelo efeito 3D, passando por cima até de coisas como o design horrendo e a péssima disposição dos botões.


O real problema no entanto, continua. O Nintendo 3DS ainda partilha da falida filosofia do GameCube, assim como os jogos que a Nintendo está produzindo. Até a empresa perceber a mudança de público e imaginando que ela começasse a produzir jogos de acordo, já terá se passado mais de um ano, é tempo demais.

O que o Nintendo 2DS realmente pode fazer é melhorar as finanças da Nintendo. A empresa já postou dois anos seguidos de prejuízo e um terceiro ano poderia ser fatal para o atual presidente, Satoru Iwata, então eles precisam inflar os números com urgência para postar um resultado positivo em março de 2014.

Infelizmente não foi possível ver como o mercado reagiu ao Nintendo 2DS, pois a Nintendo mordeu e assoprou. Ao mesmo tempo em que anunciou um novo modelo mais rentável de seu portátil, prometeu um corte de preço de US$ 50 para o Wii U. Isso aumentará o prejuízo da empresa consideravelmente e derrubou suas ações logo em seguida.

Reginald Fils-Aime, presidente da Nintendo da América, também disse que a empresa não está se afastando de todo o conceito do 3D, e não é difícil imaginar a Nintendo em negação, já que é tudo que ela tem feito ultimamente. Para vender Pokémon eles acham que precisam de um portátil mais barato e sem 3D, mas no geral, pretendem manter o 3DS.

O Nintendo 2DS é um passo incrivelmente acertado em uma empresa que só tem dado passos errados, mas não significa uma total mudança de pensamento, nem uma arrancada da vitória. O Nintendo 3DS irá vender mais, assim como o GameBoy Advance quando resolveu seus problemas no GameBoy Advance SP, mas ele ainda ficará longe do que o Nintendo DS foi.

Com o Nintendo 2DS aí cê casa bem.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Por que vendas de jogos determinam sua qualidade


As vendas dos jogos determinam a sua qualidade. Esta é uma afirmação que deixa muitos artistas de cabelo em pé, e também muitos jogadores hardcores, o público entusiasta dos videogames. Mas por que? E por que eles estão errados em rejeitar essa ideia?

Há muitos mitos na indústria do entretenimento e quando todo um ramo é regido por mitos, é de se esperar que lhe falte certa experiência prática. O que gera valor em um produto? Se eles soubessem, estariam produzindo produtos de qualidade neste exato momento.

Note que falo da indústria do entretenimento como um todo, pois essa questão não diz respeito apenas a jogos. Filmes, música e quadrinhos são exemplos muito maiores de deterioração do entretenimento pelo mesmo motivo, desrespeito à máxima de que vendas representam a qualidade de seu produto.

Desde que o entretenimento virou uma indústria, muito dinheiro passou a entrar e mudar a forma como os artistas faziam as coisas. Logo, dinheiro ganhou uma imagem de algo ruim, que distorcia valores da arte. Afinal, só o que vende bem ganha sinal verde para ser produzido.

Os artistas desejam liberdade para criar o que quiserem, se consideram gênios, e alguns até são, apesar de isso não isentá-los. Os empresários desejam lucro com baixo risco, investir apenas no que já foi bem testado e evitar tentar coisas novas. Ambos estão errados.

Porém, se o empresário tenta lançar algo original, criativo e artístico, amargará terríveis prejuízos, e às vezes quando um artista é obrigado a produzir algo superficial e banal, consegue grandes resultados nas lojas. Ambos amaldiçoam essas mesmas vendas, o empresário porque não consegue investir em coisas novas e o artista porque não pode fazer o que deseja.


Mas o que são realmente essas vendas? Por incrível que pareça (ou não), esse empresário, esse artista e o público hardcore têm uma visão em comum. Eles acham que vendas são apenas números que representam uma massa de idiotas. Uma massa que não sabe o que é bom para ela, portanto só consome porcaria. Todos os lados acreditam nisso, apesar de abordarem a questão de pontos de vista diferentes.

Não é de se surpreender então que toda a indústria do entretenimento esteja em crise, pois estão tratando seu público como idiotas. Esquecem o que realmente são essas vendas: um inteligente público de eleitores votantes.

Cada venda é uma pessoa votando com um investimento de sua carteira e de seu tempo sobre o que a entretém ou não. Como cada um busca apenas seu próprio entretenimento, seu próprio interesse, em massa se tornam mais inteligentes, como já falamos antes em artigos sobre inteligência coletiva.

Mas é muito difícil para o empresário, o artista e o público hardcore de qualquer mídia aceitarem que essa maioria, essa massa, não é burra. Todos os três apontarão o mesmo problema, a massa não consome material de boa qualidade como eles consomem. Para eles, a massa é como um bando de moscas comendo lixo e eu estaria sugerindo que todos comessem lixo também porque a massa o faz.

Em momento algum eu vou dizer que você deve parar de consumir o que gosta para consumir o que a maioria gosta. Mas vou mostrar como um produto é superior por agradar a massa, como ele se torna sustentável dessa forma e como a massa é mais inteligente como um todo do que você é como indivíduo.

Se você não gosta de algo e a massa gosta, não significa que seja ruim, você é a microescala, é o seu gosto, você sabe (ou deveria saber) o que te agrada. Porém, em macroescala, a massa sabe apontar o que é melhor para a própria massa. Logo, a massa escolhe os melhores produtos para si mesma.


Você pode não gostar desses produtos para massa, mas um mercado não consegue se sustentar agradando apenas a minoria, nichos, pois eles ficam cada vez menores e mais exigentes. São os produtos que apelam à massa que mantém as companhias no mercado, com custos de produção razoáveis e bom lucro. Quanto menos pessoas consomem um certo produto, mais caro ele fica.

Produtos de nicho podem, e devem, ser produzidos para atender sua necessidade como indivíduo, mas eles não podem ser o foco. Elevam-se custos de produção, diminui-se lucro, até se auto-destruírem e levarem as companhias à falência, fenômeno vastamente observado em economia disruptiva. Se você apenas incentiva a criação de produtos de nicho, um dia ficará sem esses produtos, porque sua companhia preferida faliu.

Tirando o ponto de vista tradicional da arrogância de nos acharmos superiores por gostarmos de algo mais seleto, será que empresários, artistas e até nós mesmos estamos certos? A qualidade desses produtos que vendem para a massa é mesmo horrível? Por que eles parecem consumir lixo? Essa é a parte que mais surpreende e é mais difícil de aceitar ainda. Eles são mais inteligentes do que nós.

Consumidores, a massa, compram um produto para realizar um trabalho e julgam sua qualidade por quão bem ele o realiza. Isso significa que eles consomem o entretenimento que melhor lhes entretém. Curiosamente, o público hardcore está disposto a defender, e reverenciar, um produto que não os entretém, não realiza bem seu trabalho, desde que considerem que sua qualidade individual como produto é alta.

Por isso pensa-se que a massa consome apenas porcaria, pois eles não consomem esses produtos de "alta qualidade" que não fazem bem seu trabalho, quando na verdade estão obtendo exatamente o que esperavam e desejavam do seu produto de "baixa qualidade", diferente do "nicho inteligente", que acaba sendo enganado pela indústria, com um produto que não o satisfaz completamente.

A massa liga para valores que o público hardcore não liga. São muito exigentes e se um produto não os agrada em um pequeno detalhe, não consomem. É um público muito mais difícil de capturar do que o hardcore, exatamente o contrário da imagem que a indústria pinta deles.


Então por que um filme com boa história tem pouca bilheteria enquanto os shows de explosões de Michael Bay muitas vezes vendem bem? Não há aí uma clara escolha dessa suposta massa inteligente por um produto de qualidade muito inferior?

Como dito, a massa quer um produto para realizar um trabalho. A questão então é: "Que trabalho é esse?". Quando vai ao cinema, a massa quer ser entretida, e às vezes isso pode ser feito melhor com um filme ruim de ação do que com um ótimo filme de drama. Às vezes vamos em um filme de terror não para sentir medo, mas para fazer piadas com nossos amigos (ou para dar uns amassos).

Isso significa que o meio escolhido pode estar errado. Assim como a melhor história de drama não dá um bom jogo, não necessariamente uma boa história dá um bom filme, não necessariamente vai me entreter mais, vai me fazer sair mais satisfeito do cinema.

Eu não gosto de ir ao cinema para ver filmes alternativos, eu não gosto de dramas em revistas em quadrinhos e não gosto de histórias em jogos, como aquele cara chato que aperta Start nas cenas que contam a história. Automaticamente, eu sou classificado como parte da massa burra, pois o público de nicho me rotula, dizendo que eu não gosto de pensar para me entreter, eu não estou consumindo alta qualidade.

No entanto, eu gosto de ver filmes alternativos no conforto da minha casa, não no cinema. Tenho clássicos, musicais antigos, filmes mudos, filmes em preto e branco. Mesmo não gostando de drama nos quadrinhos, um dos meus livros favoritos é O Caçador de Pipas, e apesar de não gostar de histórias em jogos, eu abro uma exceção para os trabalhos excepcionais do diretor Goichi Suda.

Então não é mais possível me rotular, pois eu estou consumindo "alta qualidade" em alguns meios, em alguns produtos, mas me recuso a consumi-la em outros. Eu estou questionando onde está a real qualidade do produto quando um drama no cinema não faz ninguém se emocionar porque o ambiente não é propício ou uma "boa" história em uma revista em quadrinhos ou videogames não daria nem mesmo um bom filme B.

Cada meio de entretenimento tem uma expectativa que não pode ser subvertida por "alta qualidade". Pessoas esperam histórias profundas em livros, não no cinema, quadrinhos ou jogos. Cada meio tem seu poder: contar, mostrar, interagir, e as pessoas esperam que ele seja explorado.

Isso soa estranho para o público de qualquer uma dessas mídias, pois eles estão acostumados com seus meios sempre tentando alcançar os outros, utilizando isso como medida de sucesso. Por exemplo, quanto mais jogos parecem filmes, mais a indústria os aclama, apesar de perderem assim sua função original e perderem público.

Já há algum tempo, o cinema tenta ficar cada vez mais sério e profundo, e quadrinhos e jogos tentam ficar cada vez mais parecidos com o cinema. Como Sean Malstrom diz: "nos jogos 3D, há uma câmera que mostra o personagem e os game designers pensam que são diretores de cinema".

Para sentir realmente como é contrariar a filosofia, a natureza, de um produto ou meio, imagine o seguinte. Você abre um jornal e há 1/3 de notícias, 1/3 de quadrinhos e 1/3 de um livro. Este jornal não iria muito longe, pois as pessoas compram jornais para se informarem e ele não está realizando bem esse trabalho, independente da alta qualidade dos quadrinhos ou do livro contidos nele. A própria crise dos jornais atualmente é porque eles não oferecerem valor excepcional em relação a informação.

As pessoas vão ao cinema para se entreterem por 1 ou 2 horas, compram livros para apreciarem uma história profunda em seu próprio ritmo e compram jogos para jogar, para obter prazer através de ações diretas, assim como no esporte, que é o motivo pelo qual jogos de esporte fazem tanto sucesso. Essas funções não podem ser subvertidas.

Por volta de 1953, o famoso autor de ficção científica Ray Bradbury, aparentemente tinha tanto medo de uma possível subversão do sentido das coisas por uma massa burra que criou o livro Fahrenheit 451. Era sobre uma sociedade distópica onde as pessoas não mais liam, nem consumiam nada de "alta qualidade", apenas viam TV, que não mostrava nada relevante, mantinha o povo anestesiado.

Neste mundo um personagem chamado Capitão Beatty explica que essa tirania da maioria não foi instaurada por um governo ditatorial ou pela censura. Ele diz que as pessoas pararam de ler simplesmente porque perderam o interesse:

"O mundo se encheu de olhos e cotovelos e bocas. A população duplicou, triplicou, quadruplicou. O cinema e o rádio, as revistas e os livros, tudo isso foi nivelado por baixo. Imagine o quadro. O homem do século XIX com seus cavalos, cachorros, carroças, câmera lenta. Depois no século XX, acelere sua câmera. Livros abreviados. Condensações. Resumos. Tabloides. Tudo subordinado às gags, ao final emocionante.

Clássicos reduzidos para se adaptarem a programas de rádio de quinze minutos, depois reduzidos novamente para uma coluna de livro de dois minutos de leitura, e, por fim, encerrando-se num dicionário, num verbete de dez a doze linhas. Hamlet não passava de um resumo de uma página num livro que proclamava: Agora você finalmente pode ler todos os clássicos; faça como seus vizinhos. Resumos de resumos, resumos de resumos de resumos".

O que Bradbury não percebeu (ou sim, afinal é uma ficção) é que é impossível subverter completamente esses valores. Para tal, seria necessário apagar completamente tudo que a humanidade sabe sobre o que foram livros, filmes, quadrinhos, para só então que não soubéssemos o que eles são, pudéssemos atribuir outros valores a eles.

Para evitar tornar o artigo ainda mais extenso, vamos nos afastar um pouco das vendas das outras mídias e nos focar apenas na venda de jogos. Como cada indústria lida com suas crises de maneiras diferentes, provavelmente retornaremos ao assunto em um artigo futuro.


A DICE, desenvolvedora do jogo Battlefield 3, comentou uma vez que apenas poderia ser julgada pelos críticos de jogos, pois as vendas não podiam dizer com certeza se o produto era bom ou não. Disse isso pois o crítico poderia dar uma nota alta e as vendas serem baixas, assim como dar nota baixa e as vendas serem altas.

Essa situação chega a ser ridícula quando observada com atenção. A indústria se recusa a acreditar que o crítico errou a respeito do que agradaria ao público. Não, quem errou foram as vendas que não foram pro lugar certo, foi o público que foi "burro".

Não parece muito democrático dar poder a uma única pessoa ou pequeno grupo, eleitos ou não pela massa, para representá-la, para avaliar a qualidade de um produto. De que adianta medir apenas as qualidades que importam para o crítico e para os jogadores hardcore, se isso pouco importará no sucesso do jogo, já que a massa é mais numerosa?

Poucas pessoas sabem que o primeiro Just Dance para o Nintendo Wii foi avaliado por um dos maiores sites de jogos, a IGN, e descartado como "shovelware" do console, um título porcaria qualquer. A nota dada pelo site foi 2.0, numa escala de 0 a 10. Just Dance vendeu milhões, contrariando a todos e se tornando um grande sucesso. O site deu então nota 8 para Just Dance 2 e Just Dance 3, que eram iguais ao primeiro.


O crítico não estava errado. Pelos padrões dele e do público hardcore, Just Dance era realmente um jogo nota 2.0. Mas então o que aconteceu? As vendas provaram que era um produto de qualidade, que entretia muito bem, e a crítica não podia provar o contrário. Se olharmos para o passado, veremos coisas como Grand Theft Auto que tirou 6.0 e ainda assim mudou toda a forma de pensar da indústria. Battlefield 3, da DICE, vendeu no total por volta de 11 milhões. Isto é mais ou menos o que Call of Duty: Modern Warfare 3 vende em cada console individualmente, em um total que supera 25 milhões. Não fica óbvio que um produto agradou mais aos consumidores do que o outro? E que esses consumidores escolheram conscientemente o produto superior pra entretê-los?

A maioria dos jogadores hardcore não acredita nisso. Existem exemplos como Enter The Matrix, jogo que foi muito criticado e vendeu muitos milhões, o qual utilizam para dizer que vendas não representam qualidade. No entanto, a massa gostou bastante do jogo, eu gostei do jogo, e até mesmo conheci hardcores que gostaram mas têm vergonha de falar devido à má fama que ele ganhou.

Então existem títulos como Okami, extremamente artísticos, que os jogadores hardcores acham que deveriam vender mais. O jogo tem uma abertura de 30 minutos antes de deixar você começar a jogar, não é surpresa que espante a maioria das pessoas. Segundo o produtor, qual foi a razão do jogo ter vendido mal? A época do lançamento. O público hardcore não se atreve a falar mal de Okami, o veneram como "arte".


Okami ainda foi relançado no Nintendo Wii e PlayStation 3 repetindo suas vendas abaixo do esperado e até ganhou uma sequência no Nintendo DS, o portátil mais vendido de todos os tempos, onde também não vendeu bem. O problema nunca foi a época do lançamento, mas você nunca verá alguém na indústria de jogos admitindo que o problema foi com a qualidade do seu produto.

Não comprar é a forma do público dizer que não gostou de algo, que não quer introduções de trinta minutos, que não quer ter que parar sua diversão para acompanhar uma história cliché, que não quer tirar um gato da árvore antes de poder seguir sua jornada, que não quer buscar os três artefatos do poder espalhados pelas mesmas áreas que você já passou antes.

E quando você para pra pensar nisso, dá pra notar que eles são bem mais exigentes do que você e eu, que aceitamos isso tudo, relevamos. Então temos que nos perguntar... será que a massa é tão burra assim?