sábado, 15 de setembro de 2012

Wii U e Wii: Urim e Tumim


Depois da conferência Nintendo Direct realizada em 13 de setembro, muitas pessoas vieram ao blog, ou me procuraram diretamente, para saber o que eu acho do Wii U, agora que todas as informações foram reveladas oficialmente. E talvez o mais estranho é que eu acho que nem mesmo preciso falar.

Eu espero que você já tenha visto todas as informações em outros sites, mas caso esteja pegando o bonde agora, sente na janela. O Wii U chega em 18 de novembro, em pacotes de US$ 299 e US$ 349, acompanhando o famigerado controle em formato de tablet.

Tudo que eu já falei sobre o Wii U antes, permanece. Na verdade essas informações novas que foram reveladas na Nintendo Direct não são realmente novas pra mim, pois são exatamente as que eu já havia previsto, preço alto e lançamento em novembro.

A data escolhida, 18 de novembro, faltando 5 dias para a Black Friday, o dia de maiores vendas do comércio americano, foi um artifício bobo. Qualquer problema que o Wii U tenha em vendas, não aparecerá até março de 2013, quando se encerra o ano fiscal de 2012, permitindo que a empresa feche com sucesso para os investidores.

Não é difícil vender todo o seu estoque na Black Friday e dizer que seu produto é um sucesso. Depois envia-se poucas novas unidades para as lojas, vendendo tudo novamente e dizendo que está tendo dificuldades para suprir a enorme demanda do público. E cá entre nós, um console tão complexo deverá ter problemas de produção mesmo.


Poucas pessoas percebem, mas o cargo de Satoru Iwata, atual presidente da Nintendo, está em jogo há algum tempo, pois a empresa tem tido prejuízos e desvalorização consideráveis. Como eles não vão conseguir vender bem e terem bons lucros, eles precisam de todos os artifícios possíveis para fazer parecer que estão bem.

O Wii U tem um grande problema em seu preço, e este problema principal não é nem mesmo que ele seja caro, mas sim que ele pareça caro demais. O controle tablet causa a impressão que ele encarece o produto desnecessariamente, assim como a tela 3D do Nintendo 3DS. Antes mesmo de ver o preço, você sabe que aquilo é caro, pois vem com um tablet, um controle com tela separada, isso parece caro.

Estamos em tempo de crise econômica, com a distribuição digital tomando o mundo de assalto com preços bem mais em conta, e a Nintendo anuncia que os jogos do Wii U passarão a custar US$ 60, o mesmo preço de jogos do Xbox 360 e PlayStation 3, ideia que ela combatia com o Wii e seus jogos de US$ 50.

E os jogos? O Wii U está cheio de conversões do Xbox 360 e PlayStation 3, como Batman: Arkham City, Mass Effect 3, Assassin's Creed 3. A platéia sequer sorriu quando Call of Duty: Black Ops 2 foi anunciado para o Wii U e este é o maior lançamento do ano nos outros consoles.


Se você gostava desse tipo de jogo, provavelmente você já tem um console de alta definição e não precisa do Wii U. Não dá pra imaginar Call of Duty: Black Ops 2 carregando as vendas dele, porque as pessoas vão preferir comprá-lo no Xbox 360, como fizeram com todos os outros capítulos.

Em matéria de exclusivos, cada vez mais a Nintendo vem destruindo suas franquias. As pessoas estão tendo fé em New Super Mario Bros. U como se fosse um novo Super Mario World, mas jogos como New Super Mario Bros. 2 no Nintendo 3DS já demonstram que a Nintendo não está levando seus jogos a sério. E acho que nem preciso comentar que Bayonetta 2 não fará bem nenhum ao console e nem mesmo deveria estar ali.

Com esse posicionamento, o Wii U firma sua posição como um Dreamcast 2, lançando-se como a máquina mais avançada do momento, o topo de uma geração que já está acabando, porém sem condições de competir na próxima. Mesmo que os próximos Xbox e PlayStation sejam hipotéticos, todos já sabem que eles vão superar o Wii U graficamente.


O Wii também não competia em gráficos, porém o Wii tinha uma filosofia. Não é simplesmente uma questão de inovar com o controle, é sobre ser relevante. Qualquer um pode ser original, criar algo que nunca havia sido feito, o difícil é criar algo relevante, algo que as pessoas queiram mesmo quando nem sabiam que queriam antes, pois não existia.

O controle do Wii U e a rede social Miiverse poderiam ter valor excepcional se conseguisse apelar ao público que está atualmente jogando em tablets e no Facebook, mas eles não estão jogando lá porque gostam, estão jogando lá porque não se encontram mais esse tipo de experiência nos videogames.

Jogos para smartphones e jogos sociais fizeram o esforço de captar o público que não estava jogando, o mesmo público que o Wii queria e pegou, mas abandonou a partir de 2009. O Wii U não vai poder pegar esse público, pois já fez tudo errado. Preço alto, duas versões do console (Basic e Deluxe), grande foco em jogos hardcores, entre tantos erros.

E o mais curioso é que quando eu penso no Wii U e no 3DS, ambos os videogames na cor preta, e no Wii e no DS, ambos na cor branca, a primeira coisa que vem a minha mente é: Urim e Tumim, as pedras da luz e da verdade.


São duas pedras de origens bíblicas, uma preta e uma branca, que faziam parte de uma espécie de oráculo israelita. Colocava-se as duas em um saco e fazia-se uma pergunta, retirando então uma das pedras, que era interpretada como a resposta, como se aquela fosse a vontade de Deus.

Em questões de sim ou não, Urim, a pedra preta, costumava significar Sim, porém às vezes os papéis se invertiam, e vamos utilizá-la aqui como Não.

O Wii U vai fazer sucesso? Não
O Wii U será um fenômeno maior que o Wii? Não
O Wii U vai me divertir mais que o Wii? Não
O Wii U irá vencer a próxima geração? Não
O Wii U ficará com esse mesmo preço muito tempo? Não
O 3DS vai continuar vendendo quando a Nintendo parar de injetar dinheiro? Não
O 3DS vai vender mais que o Nintendo DS? Não
Os futuros jogos do Wii U e 3DS vão ser muito legais? Não

Devo manter meu Wii e DS como clássicos atemporais? Sim