quinta-feira, 19 de junho de 2014

E3 2014: Quem ganhou?


A E3 2014, a maior feira de jogos do mundo, aconteceu nos últimos dias 10 a 12 de junho em Los Angeles, apresentando as novidades do mercado de videogames. Como de costume, eu passei o evento ausente aqui do blog, doente e trabalhando, cobrindo tudo no TechTudo. Mas afinal, quem ganhou a E3 2014? Sony, Nintendo ou Microsoft?

No fim das contas a real pergunta seria, quem foi menos pior? Nenhuma das empresas ganhou nada, com certeza as três perderam com apresentações aquém do esperado. Esse ano de transição entre plataformas da Sony e da Microsoft e a forte queda da Nintendo fizeram o show ficar aguado.

Para não mencionar que a própria E3 vem a cada ano ficando menos relevante. Os grandes anúncios acabam não vindo mais da feira e um dos maiores mercados do mundo, o de smartphones e tablets, não comparece em peso no evento. Apenas as três grandes, que têm toda a atenção da imprensa, ainda ganham vantagem.

Vamos começar a analisar cada uma das três grandes.

Microsoft

A Microsoft foi a primeira a se apresentar e a conferência da empresa foi apenas constituído por apresentações de jogos, um atrás do outro. Alguns poderiam dizer que isso é uma coisa boa e em certas situações talvez até fosse. Porém, a situação da Microsoft não era boa.

Quando o Xbox One foi concebido ele era um console que ficaria conectado 24 horas, daria o pontapé inicial para um videogame quase que 100% digital, cheio de limitações, mas com um caminho claro a seguir. Desde então a Microsoft voltou atrás em todas as decisões que tornavam o videogame o que ele era.

Aqui vemos o principal personagem da série, o Halo

A mais recente escolha desfeita dela foi o Kinect, que deveria ser um diferencial do Xbox One e agora nem mesmo será mais vendido na caixa com ele. Acabou para a Microsoft, ela está feito uma barata tonta, sem filosofia, com um console equipado com snorkel, boia e pé de pato para competir em um rally no deserto.

A conferência da Microsoft não optou por mostrar só jogos. A verdade é que a Microsoft não podia mostrar mais nada. Quando não se apoia seus produtos ou suas filosofias, você fica fraco, pois seus clientes param de confiar em você. Como a Sega que perdeu vários clientes futuros ao abandonar acessório após acessórios, console após console.

O que a Microsoft poderia apresentar sem que as pessoas pensassem "Será que ela vai mudar de ideia sobre isso também?".

Nintendo

Uma coisa ridícula sobre a Nintendo é que, desde que ela começou a cortar os seus laços com a realidade, ela não tem mais uma conferência na E3, apenas um evento digital pré-gravado que é transmitido ao vivo em uma hora predeterminada. A questão aqui é ter o máximo de controle possível, sem aplausos e sem vaias.

Quando The Legend of Zelda: Twilight Princess foi revelado na E3, mostrando um Zelda adulto e realista, o público vibrou pelo retorno de uma direção mais madura para a série, após o Zelda criança e cartunizado de The Wind Waker. Não havia ninguém para vaiar o Zelda cartunizado de The Legend of Zelda anunciado para o Wii U.

O garoto Zelda além de nome de mulher fica cada vez mais afeminado

De todas as empresas, a Nintendo apresentou alguns bons jogos, porém como era de se esperar, todos para 2015. Até mesmo títulos que ela confirmou para 2014, como Xenoblade Chronicles X, foram jogados para 2015. Vale lembrar ainda que não sabemos se a Nintendo quer trazê-lo para o ocidente, já que até agora ele continua sendo apresentado em japonês nas conferências.

Já havia falado com um amigo no Twitter o quanto duvidava que Xenoblade Chronicles X, na época apenas X, seria lançado em 2014. A Monolith Soft demora para produzir, a Nintendo demora para traduzir e o interesse de levar a série para o ocidente é mínimo, como aconteceu com o primeiro Xenoblade Chronicles, que quase não foi lançado.

Eu já esperava que a Nintendo apresentasse jogos distantes de seu lançamento, algo que vai contra a nova política da empresa. Isso porque ela precisa convencer as pessoas de que vai dar apoio ao Wii U, mesmo que pra isso tenha que mostrar até coisas que não vão sair tão cedo, o que inclui o novo Star Fox, que nem saiu de um conceito ainda e ainda deve levar 2 anos para ficar pronto, isso se for lançado.

A Nintendo usa o primeiro ano de uma plataforma para lançar ideias, o segundo para lançar seus maiores projetos e o terceiro para projetos atrasados e remakes, já diminuindo o suporte e deixando espaço para empresas terceirizadas. Podemos ver isso com o 3DS que esse ano recebeu/receberá Kirby, Yoshi e Super Smash Bros., contra um ano bem mais agitado em 2013.


Foram mostrados alguns dos melhores jogos do Wii U em 2015 para convencer você a comprar o console, mas e depois? É bem possível que haja uma seca, como houve com o Wii depois de 2009, mais uma vez fazendo o consumidor de otário.

As figuras Amiibo mostradas pela Nintendo são um conceito interessante, mas não foram mostradas com um bom jogo para acompanhá-las. No momento a Nintendo já está comendo poeira de Skylanders e Disney Infinity antes mesmo de lançar. Não é algo do feitio da Nintendo, simplesmente ir atrás e fazer o que todos estão fazendo.

Sony

A conferência da Sony foi a mais chata, pois foi muito sem ritmo, como nos velhos tempos da empresa. A da Microsoft pode não ter sido excitante, mas pelo menos foi ágil. Na verdade, Sony e Microsoft parecem ter trocado de lugar nessa feira. Antes a Sony costumava mostrar mais jogos e a Microsoft mais serviços e firulas.

Apesar de alguns anúncios interessantes, como Dead Island 2, a Sony também mostrou poucos jogos exclusivos ou relevantes. Não acho que precise explicar por que LittleBigPlanet 3 não é grande coisa. O PlayStation 4 continua seguindo como um ótimo console, sem nenhuma opção de bons jogos.

Enquanto isso, o Uncharted continua dormindo

Houve certos pontos na apresentação da Sony que foram pontos positivos, porém mal apresentados, o que acaba deixando a situação ruim para a conferência da empresa, mas traz um quadro geral interessante. Vou falar mais sobre eles abaixo na conclusão para não me repetir.

Conclusão

Nenhuma das 3 empresas apresentou bons jogos, ou títulos interessantes que pelo menos tivessem uma data de lançamento definida. Os três maiores exclusivos das empresas: Halo 5, The Legend of Zelda e Uncharted 4, foram reduzidos a teasers de poucos segundos que estarão de volta na E3 2015, o que chega a ser patético ao acontecer com as três ao mesmo tempo.

Ninguém ganhou realmente quando o assunto são jogos, todas as três empataram em mediocridade. Porém, a Sony foi a única que apresentou mais do que jogos, o que demonstra o DNA da própria empresa, que não é unicamente uma empresa de videogames como a Nintendo.

Durante sua conferência na E3 a Sony apresentou, muito mal, três produtos/serviços: PlayStation Now, PlayStation TV e o Project Morpheus. Cada um deles é disruptor de sua própria maneira. Ser disruptor significa mudar valores e puxar tapetes e empresas. A Sony conseguiu fazer isso com todos esses 3 produtos.

A PlayStation Now é a de que menos podemos falar, pois depende apenas da tecnologia. Assim como o Netflix foi um disruptor do modelo da Blockbuster, podemos ter de volta conceitos como alugar um jogo no final de semana e terminá-lo, ao invés de ter que comprar todos os lançamentos. Isso é algo que me excita, mas apenas se funcionar bem.

Project Morpheus pode não ser a resposta, mas ninguém vem fazendo as perguntas

A PlayStation TV é um hardware de US$ 99 que roda alguns jogos de PSOne, PSP e PS Vita e ainda serve para funções como assistir Netflix. É um concorrente atrasado para o Chromecast e Apple TV, mas também é um ótimo produto para países emergentes como o Brasil, passando uma rasteira na Nintendo que pretende fazer um console voltado para esse público.

Por último o Project Morpheus, que pegou o vácuo do Oculus Rift e pode chegar ao mercado antes do mesmo. O Morpheus tem uma base melhor por se escorar no PlayStation 4, enquanto o Oculus Rift depende do PC. Isso significa que o Morpheus terá mais jogos que o utilizem de maneira interessante, enquanto o Oculust Rift terá mais projetos bizarros.

Realidade virtual não é realmente o caminho pelo qual deveríamos estar indo, já que o jogo deveria estar saindo da TV e não o jogador entrando nela. Porém, pode ser algo grande devido à falta de tecnologia para tirar o jogo da tela.

A Sony mostrou várias ideias disruptoras que podem dar em alguma coisa, mesmo que tenham sido mal apresentadas. São direções interessantes, que mesmo não sendo as direções certas, mesmo podendo não dar em nada, podem nos levar a destinos prazerosos. Isso a torna a menos pior da E3, mas definitivamente não houve vencedores.