Mostrando postagens com marcador Nintendo Wii U. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nintendo Wii U. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Análise do Ano Fiscal de 2019 da Nintendo


Recentemente a Nintendo divulgou os resultados de seu ano fiscal de 2020, o qual inclui o período entre março de 2019 até março de 2020, com alguns detalhes interessantes sobre o futuro da companhia... se ainda houver um futuro para o mundo a longo prazo. Como já mencionei no artigo sobre a pandemia, não dá mais pra saber como as coisas ficarão pela frente e muitas previsões podem sair erradas.

Olhando apenas o relatório fiscal do ano completo, poderia-se imaginar que está tudo bem na Nintendo. Os lucros apenas tem crescido ano a ano e a valorização de suas ações está atingindo os velhos ápices da época do Wii. Estas condições, no entanto, já são reflexo da pandemia e altas vendas do Switch e de jogos como Animal Crossing devido a quarentena.

Se retornarmos até janeiro, quando o mundo ainda estava um pouco mais normal, a Nintendo havia divulgado seu relatório de terceiro trimestre do ano com os seguintes fatos: não havia atingido sua meta de lucros de ¥175 milhões de Yens, ficando em ¥168,7 milhões, as ações da companhia caíram 4% devido a investidores insatisfeitos com esse resultado e o novo modelo do Nintendo Switch Lite teve vendas abaixo do esperado.


Apesar de tantas más notícias, este não é um cenário apocalíptico como costumávamos ter na época do Wii U e 3DS. Aquelas duas pedras puxavam muito a Nintendo pra baixo, a ponto da companhia mal ficar no azul. O que são ¥168,7 milhões comparados a uma época em que eles geravam ¥70 a ¥50 milhões. Isso para não mencionar o ano em que a Nintendo teve apenas ¥6 milhões e o fatídico ano de prejuízo causado pelo 3DS.

No entanto, também não é tudo céu azul para o Switch como os fãs da Nintendo gostam de imaginar. Quando fiz minha previsão inicial sobre o Nintendo Switch falei com certeza que ele não era um portátil e que veríamos a Nintendo lançar um portátil de verdade, o que aconteceu com o Switch Lite. O fato de que ambas as plataformas dividem nome e ecossistema, porém, complica muito para analisá-las.

Na minha previsão, o Switch estaria com no máximo 40 milhões de unidades vendidas quando a Nintendo lançasse seu novo portátil e foi isso que aconteceu, com vendas de 36,87 milhões em junho de 2019 e 41,67 em setembro de 2019, já com 1,95 milhões de unidades do Switch Lite. Onde as coisas começam a ficar complexas é que quando previ isso em 2017, estava certo de que uma vez que tivéssemos o portátil de verdade, não haveria mais motivos para comprar o modelo padrão.

Aconteceram no entanto duas coisas complicadas: primeiro, falava que a bateria fraca do Switch era um dos motivos de ele não poder ser tão portátil, mas logo após lançar o Lite a Nintendo lançou um novo modelo padrão do Switch com bateria melhor, sem mudar de nome. Ele é mais capaz de ser portátil que o Switch que tínhamos antes, porém ele ainda tem o mesmo nome do que era menos capaz, o que causa problemas de medição.


E segundo, algo que eu não costumo esperar da Nintendo, o Switch Lite não é bom o bastante. O Switch Lite deveria ser uma porta de entrada de custo menor para o mundo do Switch, na qual você pudesse se comprometer aos poucos. Comprar basicamente o mesmo aparelho, porém sem controles de movimento, sem o dock para conectar na TV e assim por diante.

Você deveria, no entanto, poder aos poucos comprar essas coisas e se comprometer cada vez mais com a plataforma. Você pode comprar Joycons para o Switch Lite, porém ele jamais poderá se conectar à TV pois a Nintendo não deu essa funcionalidade ao videogame. Esse foi um erro extremamente amador da empresa que não é algo que eu costumo esperar dela e acho que eles ainda nem perceberam que cometeram. Vou explicar a seguir qual o grande problema disso.

O Switch não é um portátil, o que significa que seu alcance de vendas é limitado. Mesmo que supostamente ele vendesse como um híbrido, estamos falando de 70% das vendas de um portátil de verdade. O lançamento de um portátil de verdade deveria ser capaz de pegar as vendas limitadas do Switch e levá-las além dos 120 milhões.

Como o Switch é uma plataforma unificada da Nintendo, presume-se que ela não lançará mais um console e um portátil por geração. Porém para que isso faça sentido para ela, essa plataforma única precisa ser bem lucrativa. No pior cenário da Nintendo, a geração do Wii U e do 3DS, console e portátil tinham vendas conjuntas de 75,77 milhões + 13,56 milhões. Isso significa que 90 milhões de Switch + Switch Lite, enquanto pode parecer um número alto, seria equivalente à pior época da Nintendo.


Em algum momento a Nintendo terá que considerar se valeu a pena ter apenas uma única plataforma. Em sua fase de ouro, a empresa vendeu 150 milhões de Nintendo DS + 100 milhões de Nintendo Wii. Seria possível uma plataforma unificada chegar a 250 milhões de unidades? Se não for, por que não lançar duas plataformas separadas e tentar alcançar novamente o topo com ambas? Qual o tamanho do risco de ter apenas uma plataforma caso ela falhe?

O fato do Switch Lite não ser bom o bastante vai criar uma dissonância bizarra nos números, pois vendas que deveriam ser do Switch Lite se converterão em vendas do modelo padrão do Switch. Ambas as plataformas irão se canibalizar e se prejudicar ao invés de ampliar o alcance da forma que um portátil de verdade deveria fazer.

Como o Switch Lite não pode aos poucos ser transformado na experiência padrão do Switch, com conexão à TV, significa que aqueles que escolherem pelo Lite estão abrindo mão dessa função ao comprá-lo. Um "Portátil de verdade" que deveria ser sucesso com os Tiers 2 e 3 do mercado, não tanto com o Tier 1 hardcore que preferirá o "console", acaba por deixar grande parte do seu público para trás porque eles não irão querer abrir mão disso.

Acidentalmente o Nintendo Switch Lite criou uma âncora de valor que faz as pessoas pensarem que gostariam de tê-lo, mas que é melhor pegar o Switch padrão. O Switch padrão, no entanto, exige um compromisso financeiro maior e nem todos irão se converter, muitos ficarão no meio do caminho entre não querer abrir mão das funções do modelo padrão e não terem o dinheiro extra para completarem.


Nos últimos anos quando uma plataforma Nintendo era lançada teria vendas de quase 18 milhões de unidades no ano, mas o Switch Lite teve vendas de apenas 6 milhões. Enquanto o Switch padrão vendeu mais que o Lite, 14 milhões. Ao invés de substituir o modelo padrão, o Lite está fazendo o Switch padrão parecer um negócio melhor e vender mais para algo em torno de 12 milhões de pessoas.

Bom, mas o que importa? Se for tudo Switch, não importa qual modelo fica com as vendas, certo? Não é bem assim. Um "portátil de verdade" teria como função expandir o mercado para jogadores que não são de console. Jogadores que não querem jogos grandes de console para jogar em qualquer lugar, mas querem jogos pequenos para sacar em momentos oportunos. Sem o apelo do Lite, a Nintendo perde essa capacidade de expansão.

Um analista famoso da Niko Partners, o Daniel Ahmad, comentou que a Nintendo atualmente é "completamente dependente do Switch" e que precisaria "focar em como expandir sua plataforma para 2021 e além", algo bastante semelhante ao que eu estou dizendo agora.

A Nintendo ainda não se encontrou nos projetos portáteis. O remake de The Legend of Zelda: Link's Awakening ficou caro demais para o consumidor, lado a lado com The Legend of Zelda: Breath of the Wild como se tivessem o mesmo valor. Pokémon que era um jogo de baixo custo para produzir teve que pular o equivalente a duas gerações e teve um desenvolvimento conturbado com resultados abaixo do nível de qualidade da franquia. No momento não há novos jogos portáteis anunciados para o console, mas isso pode mudar.


Fosse este um ano normal eu continuaria escrevendo sobre mais coisas, mas o que acontecerá com os videogames nos próximos meses tem bem pouca relação com sua qualidade e tudo a ver com coisas mais importantes no resto do mundo.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Super Mario Maker 2: nasce uma nova série?


Recentemente a Nintendo apresentou mais uma de suas conferências Nintendo Direct, dessa vez focada todinha em Super Mario Maker 2, o próximo jogo da série de construir fases do clássico Super Mario Bros.. Eu não sou um grande fã do primeiro jogo mas gostei bastante do que foi apresentado para o segundo, porém o motivo provavelmente surpreenderia a maioria.

Aqui está uma questão: não se pode ter uma série de um jogo só. Super Mario Bros. é uma série, de imenso sucesso inclusive. Então ao lançar Super Mario Maker a Nintendo estava lançado um jogo ligado a série Super Mario Bros., tentando capitalizar em cima de seu sucesso. Como uma forma de explorar Super Mario Bros. eu digo que Super Mario Maker falhou.

A franquia Super Mario Bros. é uma franquia de dezenas de milhões de vendas com um público extremamente diversificado. Super Mario Maker falhou em atingir esse público, vendeu 4 milhões no Wii U, menos de 3 milhões no 3DS e nem sabemos quantas dessas unidades podem ser dos mesmos consumidores comprando ambas as versões. Até New Super Mario Bros. U que é um jogo bem fraco da série vendeu mais que Super Mario Maker no Wii U.

Porém, aí que está a pegada da coisa. Super Mario Maker é comparado com a série Super Mario de onde tenta capitalizar. Super Mario Maker 2 já é o nascimento de sua própria série: "Super Mario Maker", assim como "Mario Kart" ou "Mario Party", que não mais capitalizam em cima do público de Super Mario, mas de si mesmas.


Atualmente ninguém compra Mario Kart porque Super Mario os divertia, o primeiro Mario Kart pegava a credibilidade de Mario emprestada para se vender. Agora quem compra um Mario Kart sabe exatamente o tipo de experiência que pode esperar com base nos jogos anteriores e isso passará a acontecer com Super Mario Maker.

Como uma série própria, vendas de alguns milhões ainda são ótimos resultados para a Nintendo e se algumas séries vendessem tantos milhões quanto Super Mario Maker hoje não estariam na geladeira da empresa. Vale lembrar que apesar de tudo, Super Mario Maker ainda tira água do poço da franquia Mario, mas provavelmente ela aguenta mais essa sem secar o poço.

Falando um pouco das novidades do jogo em si que eu achei ótimas: adição de um modo história e multiplayer cooperativo e competitivo. Só aqui entre nós, esses são modos que já deveriam estar presentes desde o primeiro jogo. Talvez se os fãs da Nintendo não engolissem com tanta facilidade o que a empresa oferece, poderíamos receber jogos com mais conteúdo.


O modo multiplayer parece bem divertido, com modos de corrida entre jogadores para ver quem consegue chegar ao final de uma fase aleatória e também fases de cooperação nas quais o objetivo é todo mundo se esforçar pra passar a fase junto (ou ser o único que consegue). O único defeito que vi aqui é que o modo multiplayer local exige vários Switches e várias cópias do jogo.

A criação de fases é uma questão que permanece com o nosso problema clássico: jogos com conteúdo criado por usuários são jogos sem conteúdo criado por profissionais. Super Mario Maker conserta um pouco isso com seu modo história que traz fases criadas por designers da própria Nintendo. Não parece que essas fases serão muito "Super Mario" e sim mais "Super Mario Maker", mas novamente, quem está comprando essa sequência já não vai mais estar esperando a experiência de Mario original.

Algo que talvez surpreenda a maioria das pessoas após tudo que eu falei de Super Mario Maker é que eu gostei de Super Mario Maker 2 e o acho um produto muito superior ao original. Pode se tornar facilmente uma série de sucesso da Nintendo e nem mesmo ficar atrelada apenas a Mario, com um The Legend of Zelda Maker. Não vou dizer que essa seja uma série ideal para o momento que a empresa vive, nem que fará o Switch vender mais, mas se vender alguns milhões, mal também não vai fazer.


Agora vem uma parte estranha. Eu gostei de Super Mario Maker 2, o Nintendo Switch está vendendo muito melhor que o Wii U, então as vendas de Super Mario Maker 2 deveriam ser muito boas, certo? Se eu tivesse que fazer uma previsão eu diria que sim, afinal eu vejo mais conteúdo nesse jogo e de melhor qualidade que o original.

No entanto tenho uma impressão estranha que me diz que ele pode vender menos que o original. Não seria um atestado sobre sua qualidade, mas como no fenômeno Super Mario Galaxy 1 e 2. Esperaríamos que a sequência de um dos jogos mais vendidos do Wii vendesse pelo menos tanto quanto o original em uma base instalada tão grande, mas estranhamente quase metade dos usuários do primeiro acabaram comprando o segundo na época (hoje o número é maior).

Vale ressaltar que não faço previsões por instinto, então com base apenas nos dados que temos, acho sim que Super Mario Maker 2 vai vender muito. Mas ainda estou com esse Goomba atrás da orelha me dando essa sensação estranha.

Posts relacionados:
- Por que Super Mario Maker falhou?

Amazon

sábado, 28 de abril de 2018

Com quantos triângulos se faz uma Triforce


Recentemente The Legend of Zelda voltou a se tornar uma das franquias de maior respeito do mundo dos games em um fenômeno apenas similar ao grandioso lançamento de Ocarina of Time na época do Nintendo 64. O mais novo título, The Legend of Zelda: Breath of the Wild para Nintendo Switch e Wii U, recolocou a franquia no mapa com um primor raramente visto na indústria.

No entanto, se você acompanha o blog, talvez se lembre de dois pontos específicos: Primeiro, da nossa review de The Legend of Zelda: Skyward Sword, na qual demos um 5/10 para o jogo e criticamos muito a direção da série. Segundo, de como The Legend of Zelda: A Link Between Worlds foi bom e como achamos que isso aconteceu, pela ausência de um certo alguém. Vamos entender um pouco quem é Eiji Aonuma e por que achamos que Zelda fica melhor quando ele não está por perto.

Toda a questão gira em torno dele, Eiji Aonuma, diretor e produtor da série The Legend of Zelda atualmente. A franquia foi originalmente criada por Shigeru Miyamoto, responsável por alguns de seus melhores capítulos como A Link to the Past e Ocarina of Time, pai também de Mario e Donkey Kong. Porém, Miyamoto passou o controle da série para Eiji Aonuma a partir de The Legend of Zelda: Majora's Mask. Desde esse fatídico dia a franquia começou a decair.

Com a exceção do capítulo isolado Twilight Princess que praticamente seguiu os passos de Ocarina of Time e foi bem, Aonuma não coincidentemente foi responsável pelos maiores fracassos em vendas da série: Majora's Mask, Wind Waker, Spirit Tracks e Skyward Sword. Apenas recentemente a série começou a se reerguer com A Link Between Worlds que acabou por nos dar esperanças para Breath of The Wild, ambos títulos que eu digo, foram beneficiados por uma grande ausência de Aonuma.


Assim que o jogo foi anunciado eu fiquei com um pé atrás, porque Aonuma sempre pode estragar um jogo que parece promissor. Quando Breath of the Wild deu certo eu afirmei então que Aonuma não teve muita influência direta no jogo, mesma coisa que afirmei para A Link Between Worlds. Então houve reclamações no artigo que questionavam a nossa capacidade de análise.

Reclamações dizendo que não é possível saber se alguém está mais ou menos envolvido no desenvolvimento de um jogo, que não é possível olhar para algo em um jogo e dizer quem fez ou não fez algo, que um produtor não poderia apenas deixar sua equipe livre para fazer algo e depois ser surpreendido com coisas que ele não pediu para serem feitas. São todas reclamações das quais eu discordo.

Me lembro que eu era muito bom em matemática no colégio e minha professora ocasionalmente lançava desafios valendo nota, os quais eram resolvidos em grupo. Dentro desse grupo eu fazia a lógica, resolvia o problema e sem que ninguém dissesse quem resolveu, a professora olhava e dizia "Esse raciocínio é do Monteiro". Eram apenas números, mas ainda assim era possível notar que eu que os tinha pensado, havia um traço involuntário que me identificava fora do meu controle.

A linguística forense flertou com o conceito de uma impressão digital linguística, a hipótese de que cada pessoa usa a linguagem de uma forma tão diferente que seria o suficiente para ser identificável, uma ciência que ainda engatinha. O FBI já foi mais longe e chegou ao termo "assinatura" para definir modus operandis característicos de serial killers de forma que é possível identificar um assassino apenas pelo seu jeito de realizar um crime.

É tão difícil assim imaginar que exista algo semelhante no mundo dos jogos? Uma assinatura que vem de dentro e nos denuncia? Vídeos como "Aonuma Style" captam perfeitamente a essência do que significa um Zelda de Aonuma. Esses elementos de Aonuma são facilmente identificáveis como sua assinatura. Então vem a questão: por que eles não estão em Breath of the Wild?


Por muito tempo ajudei pessoas com criação de jogos e com o passar dos anos via certos arquétipos se repetindo. Há pessoas que se focam na parte técnica, pessoas que só tem várias ideias uma seguida da outra sem nunca desenvolvê-las ao máximo, pessoas que nunca terminam projetos, pessoas que sempre fazem toda a programação da jogabilidade mas desistem na hora de fazer conteúdo, pessoas que sempre terminam projetos apesar de todas as dificuldades, entre outros. Era possível reconhecer cada um pelo estilo do projeto.

As questões mais recorrentes eram sobre ego, pessoas querendo muito passar algo que consideravam brilhante para serem idolatrados como os grandes gênios do videogame, os Miyamotos e Kojimas da nossa geração. Tinham histórias de dezenas de páginas e nenhuma descrição sobre como seria o jogo ou sua jogabilidade, afinal isso era apenas um empecilho, um detalhe, para sua obra-prima.

Quando vejo Aonuma, é uma dessas pessoas que eu vejo, alguém que quer muito passar algo que acha brilhante para o mundo, quer eles queiram ou não. Esse é o foco dele, ter certeza que sua história será contada corretamente, da maneira mais épica possível. Mas então quem faz o jogo, se não Aonuma? O resto da equipe.


Um produtor tem papel de supervisão e direcionamento, ele não fica em cima do jogo o tempo todo. Hideo Kojima pedia para seus desenvolvedores adicionarem coisas aos jogos e voltava uma a duas semanas depois para verificar como havia ficado. Mas não acreditem em mim, leiam de uma entrevista do próprio Aonuma como o desenvolvimento era livre:

"Nós temos essas metas durante o desenvolvimento. Eu jogo o jogo e faço comentários para a minha equipe, dou conselhos em que direção eles devem ir. Em uma das etapas, o jogo estava fantástico, havia tantos elementos ótimos. Mas na próxima etapa eles haviam sumido". 
"Eu fiz muitos comentários sobre o que eles precisavam adicionar, mas eu nunca falei para eles o que estava bom naquela etapa. Então eles adicionaram coisas que eu havia recomendado, mas eles também adicionaram outros elementos que eles acharam que funcionavam bem - e isso acabou quebrando todas as partes boas da etapa anterior. Eu aprendi que, quando está bom, eu tenho que dizer. Se eu administrasse isso bem, talvez o desenvolvimento não teria se estendido tanto."

Cada parte da equipe trabalhava em diferentes áreas do mapa e em diferentes sistemas, com metas a serem alcançadas. Muitas vezes uma parte nem sabia no que a outra estava trabalhando. Como Aonuma disse, várias coisas eram adicionadas e retiradas sem ordem direta dele, apenas porque a equipe achava que estava bom, pensava que estava ruim ou trocou por outra alternativa.


Ao mesmo tempo que não vemos Aonuma no jogo, é possível ver várias outras influências. Por exemplo, a do diretor Hidemaro Fujibayashi que disse que se inspirou em jogos como Minecraft e Terraria, coisas que podem ser vistas extensamente no sistema de crafting, cozinhar, desgaste das armas. Ele disse: "Eu pude aprender pelo gameplay e as possibilidades que eu encontrei. Eu pude aprender sobre o senso de aventura, exploração e como inspirava curiosidade". Isso é algo que podemos ver de fato no jogo.

Mas como alguém da equipe iria colocar algo sem autorização do produtor? Soa absurdo. No entanto é exatamente o que Aonuma faz, ele engana Shigeru Miyamoto com frequência e faz coisas pelas suas costas. The Legend of Zelda: Majora's Mask deveria ser um mero pacote de expansão para Ocarina of Time, mas Aonuma o transformou em um jogo próprio. The Legend of Zelda: A Link Between Worlds seria um remake de A Link to the Past, mas ele também transformou em um jogo novo. Sempre pelas costas de Miyamoto, sem sua autorização.

Em outras palavras, sempre que Miyamoto pede para Aonuma fazer algo, ele até diz que vai fazer... mas então faz algo diferente de acordo com seus próprios planos. Tudo dá certo pra ele, ele sempre sai do desenvolvimento com o que ele quer. Seria tão estranho assim que seu comportamento passasse adiante para seus empregados? Que eles também fizessem coisas pelas suas costas e ele acabasse deixando por não saber que foi feito ou mesmo aceitando porque o resultado final foi bom?

Uma das maiores reclamações é sobre a existência de um "agente infiltrado" que sugeri que poderia existir na equipe de Aonuma, alguém que realmente sabe sobre o que The Legend of Zelda deveria ser e carrega a série nessa direção quando possível. Isso é algo que muitos consideram ridículo, assim como a possibilidade de um estúdio mercenário ter ajudado o Sonic Team em Sonic Colors. Eu mencionei esse agente no artigo: "Qual o segredo de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds?", no qual eu fiz uma crítica ao jeito de Aonuma de fazer Zeldas e como A Link Between Worlds apenas ficou bom porque ele estava ausente ou distraído, com essas citações:

"Quem vem estragando a franquia The Legend of Zelda ultimamente é o diretor Eiji Aonuma (...) e qual o principal problema de Aonuma? Ele caiu na armadilha de ego, é obcecado por controle, pela sua visão, e nós que reclamamos que os jogos estão ruins estamos atrapalhando sua genialidade"
"Se Eiji Aonuma tivesse participado ativamente da produção de A Link Between Worlds, seria possível prever que o jogo seria ruim, como de costume."
"(...) outra pessoa estava tocando o projeto de A Link Between Worlds. Essa pessoa, bem mais competente, é praticamente um herói e transformou o jogo no que ele virou hoje"
"The Legend of Zelda: A Link Between Worlds foi um acidente incrivelmente feliz nessa era de trevas sob o comando de Eiji Aonuma (...)"

Reclamaram que é absurdo imaginar que Aonuma não participou ativamente de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds e que era mais absurdo ainda achar que tem alguém infiltrado lá que tem uma boa noção do que é Zelda. Então eu investiguei mais a fundo e descobri exatamente isso.

Em uma das entrevistas "Iwata Asks" do site da Nintendo, um dos desenvolvedores de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds, o diretor Hiromasa Shikata, esclarece que após o término do desenvolvimento de The Legend of Zelda: Spirit Tracks, a vasta maioria da equipe foi deslocada para The Legend of Zelda: Skyward Sword.


Como podem se lembrar, The Legend of Zelda: Skyward Sword foi bem criticado aqui no blog e completamente reconhecido como um jogo de Aonuma. Então Aonuma definitivamente teve sua presença sentida em Skyward Sword. Enquanto isso quem estava fazendo A Link Between Worlds? Apenas três pessoas: Shiro Mouri, Hiromasa Shikata e... você adivinhou? Um desenvolvedor desconhecido.

Lembram-se dessa trupe? Talvez se lembre porque eu já os mencionei em outro artigo. Foram eles que criaram também o demo do The Legend of Zelda original com física que viria a se tornar a base para a criação de The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Novamente identificados apenas como: Shiro Mouri, Hiromasa Shikata e um desenvolver desconhecido.

Por duas vezes esse grupo foi citado e esse desenvolvedor desconhecido teve sua identidade ocultada sem um motivo revelado. Na própria entrevista do Iwata Asks temos a presença de Shiro Mouri e Hiromasa Shikata porém essa terceira pessoa é mencionada apenas como "um outro programador". Por que ele não está na entrevista? Por que ele não é creditado como os outros dois? Eles não sabiam o nome dele? Porque em um grupo de três pessoas desenvolvendo um jogo não tem como a parte dele ter sido ignorável.

Vejam bem, Aonuma não gosta do The Legend of Zelda original, ele nunca o conseguiu jogar, é o grande motivo pelo qual ele sempre tentou transformar a franquia em outra coisa. Aonuma nunca faria uma demo que se baseasse no primeiro The Legend of Zelda. Eu não consigo acreditar que os dois melhores Zeldas dos últimos anos tenham tido sua origem em uma equipe de três pessoas das quais uma delas é um programador misterioso apenas por coincidência.

Miyamoto constantemente discute com Aonuma sobre o fato de que ele não entende o que significa o cerne da franquia Zelda. Miyamoto conseguiu convencê-lo recentemente, em março de 2017 após o lançamento de Breath o the Wild a chegar na seguinte definição: "A essência de The Legend of Zelda é um ambiente onde Link evolui e ganha poder, no qual o jogador diretamente irá senti-lo através das ações que ele pode realizar conforme a história progride". Quer dizer que Aonuma nem mesmo tinha essa noção enquanto estava fazendo Breath of the Wild.

Aonuma disse uma vez que Miyamoto costuma fazer uma analogia sobre o teatro japonês Kabuki com ele. "Um mestre Kabuki diria: "para quebrar o molde, você precisa conhecer o molde"", segundo ele. Constantemente quando Aonuma fala com Miyamoto sobre algo em The Legend of Zelda, o criador da série responde: "Você não entende o molde".

domingo, 31 de dezembro de 2017

Horizon vs. Zelda


The Legend of Zelda: Breath of the Wild é o melhor jogo de 2017, provavelmente o melhor jogo em décadas desde Ocarina of Time, não há dúvidas de sua superioridade. No entanto esse ano teve outro jogo muito bom que teve a infelicidade de nascer à sombra da obra-prima da Nintendo e esse jogo foi Horizon: Zero Dawn.

Vejo muitos fãs da Nintendo tirando um sarro de Horizon: Zero Dawn (Horizon: Zero Prêmios é uma das minhas preferidas porque Breath of the Wild levou todos) sem perceberem que eles não têm tanta base para zueira assim. Tudo isso devido à forma que a Nintendo vinha tratando The Legend of Zelda e os seus fãs através dos últimos anos.

Por muito tempo a Nintendo sentou em cima da franquia The Legend of Zelda sem fazer nada digno do seu nome e lançando jogos que não tinham nada a ver com os valores clássicos da série. Eram jogos criados com base no gosto pessoal do produtor Eiji Aonuma, que herdou a série de seu criador original, Shigeru Miyamoto, apesar de nunca ter gostado do que o The Legend of Zelda original era em primeiro lugar.



Durante esse período a Nintendo passou anos servindo pombo no jantar e dizendo que era peru. Sabendo como alguns fãs da Nintendo são, sempre houve os que disseram "Meu Deus eu nunca comi uma coxa de peru tão deliciosa quanto essa". Se dependesse apenas desses fãs, ela continuaria servindo sempre a mesma coisa e as pessoas que se recusassem a comer continuariam com fome.

Uma outra empresa notando essa fome das pessoas resolveu assar seu próprio peru naquele Natal e finalmente essas pessoas teriam exatamente o que queriam comer. Eis que chega a Nintendo com uma ave ainda maior e pigarreando enquanto chama atenção como se fosse o Quico esfregando sua barraca de sucos profissional ao lado da Tienda del Chavo.

Um jogador que gostou de The Legend of Zelda: Skyward Sword não deveria comemorar Breath of the Wild porque não passou fome. A criação de Breath of the Wild foi com base no que o público reclamava de Skyward Sword, reclamações que eu sempre mencionei aqui no blog. Skyward Sword é o ápice da chatice de um Zelda de Aonuma com ilhas no céu ao invés de mundo aberto e side quest de levar papel no banheiro pra alguém.



Breath of the Wild é o anti-Zelda de Aonuma, é tudo que ele nunca quis fazer. Infelizmente ainda tem pessoas que pensam que Breath of the Wild é um jogo de Aonuma, mas é muito claro que ele teve pouca participação direta. Você encontrará a presença dele apenas nas partes que o interessavam, como na história linear. Todo o mundo aberto, seu conteúdo e suas mecânicas foram feitas por outras pessoas bem mais talentosas.

Quem são essas pessoas? Lembram-se quando eu falei sobre The Legend of Zelda: A Link Between Worlds e cogitei que houvesse alguém infiltrado na série? Alguém que parecia saber o que estava fazendo, parecia saber sobre o que era Zelda e estava tentando resgatar seus valores clássicos? A ideia parecia tão improvável que pensaram que eu estava maluco... bom, mais do que de costume.

O site Did You Know Gaming investigou e acabou descobrindo que o conceito de The Legend of Zelda: Breath of the Wild partiu de uma demo criada por três desenvolvedores. Esta demo aplicava física no The Legend of Zelda clássico do Nintendo 8 Bits e dava ao jogador liberdade de criar múltiplas soluções para seus problemas. Essa demo foi criada por Shiro Mouri, Hiromasa Shikata e... um terceiro desenvolvedor desconhecido que eles não conseguiram identificar, o que é bem estranho.



A jornada da Nintendo para voltar Zelda aos seus próprios valores clássicos era uma jornada fácil, confortável, na qual a única pessoa que precisaria ser contrariada era Aonuma. Esse não é o caso de Horizon. A Guerrilla Games só havia até agora cuidado de jogos de tiro FPS com a série Killzone, a qual vamos ser sinceros, é bem medíocre.

Eles foram ousados, provavelmente tiveram que lutar contra muita resistência para provar que podiam fazer uma aventura épica estilo The Legend of Zelda em um mundo onde não havia mais Zelda nos moldes clássicos, onde o povo sentia fome de algo como Breath of the Wild antes mesmo de Breath of the Wild existir.

Em outras palavras, a Guerrilla Games fez tudo que o que sempre pedimos das empresas de jogos, como ser ousada, inovar, investir em franquias novas, dar liberdade ao jogador, descobrir do que as pessoas têm fome e dar isso a elas. E quando o jogo saiu, todos ignoraram porque havia um novo The Legend of Zelda. Quando uma empresa faz tudo certo e o público a rejeita por fatores externos, perdemos o direito de criticá-la. Na prática o público deveria ter jogado ambos, mas não foi o que aconteceu.

No início do ano, pouco após o lançamento de ambos os jogos, Masahiro Sakurai, criador de Super Smash Bros., postou em sua coluna: "Uma semana antes de escrever essa coluna, dois maravilhosos trabalhos excepcionais foram lançados e eu fiquei dividido em como gastar meu tempo. Horizon: Zero Dawn e The Legend of Zelda: Breath of the Wild. De todo jeito, jogo ambos porque são realmente obras-primas".



Ele segue falando sobre Zelda ficar um pouco cansativo, mas não é nada muito importante e eu não concordo muito com o que ele disse: "Horizon é mais sem estresse e Zelda se torna uma rotina cansativa. No entanto se você jogou Zelda, provavelmente entende isso bem: as tarefas de Zelda são a parte mais divertida!".

A questão é que a Nintendo não liga o suficiente para Zelda para merecer a aclamação que Breath of the Wild recebeu. Muito do que eles acertam é acidental ou é conseguido pelas costas de Aonuma, nas frestas onde ele não estava, graças a alguém lá dentro que parece saber o que é Zelda. Se ela não valoriza, também não tem tantos motivos para manter esse estilo.

Você está confiante que o próximo The Legend of Zelda será no mesmo estilo que Breath of the Wild? Pois há uma grande chance de que ele seja bem menos divertido, com Aonuma tentando empurrar suas velhas ideias nele. Porque a própria Nintendo não chegou em Breath of the Wild por aprendizado, mas por acaso, como algo novo que ela tentou dessa vez.

Aonuma disse que Breath of the Wild abriu seus olhos sobre dar liberdade ao jogador e que pretende mantê-la, porém isso não significa necessariamente que ele entenda o que fez certo. Por exemplo, Hideo Kojima disse que entendeu que deveria dar liberdade ao jogador e isso gerou o ótimo Metal Gear Solid 5. Porém vemos em Death Stranding ele voltar com seus velhos hábitos de focar na narrativa para promover seu jogo e mesmo um ano e meio depois do anúncio ainda não vimos a jogabilidade.



Essa ambiguidade entre o que fala e o que faz pode ser bem vista na forma como Aonuma descreve a exploração e os obstáculos: "Uma das coisas que nós definitivamente consideramos é que sempre quisemos ter certeza que o jogador poderia entender qual seu desafio ou obstáculo é. Sempre quisemos ter certeza que o desafio podia ser desafiado. Então sempre quisemos fazer um meio linear de superar um obstáculo".

Temos a palavra liberdade e linear na mesma declaração, o que indica um conflito de pensamentos diferentes, como se fossem pessoas diferentes responsáveis por cada parte. Assim como Breath of The Wild tem partes livres em mundo aberto e tem partes lineares de história, e sabemos muito bem quem é o responsável pelas partes lineares.

Como Aonuma não aprendeu realmente uma lição para chegar em Breath of the Wild, ele pode jogar tudo fora novamente no próximo capítulo, assim como acontece com várias franquias da Nintendo, assim como aconteceu de Wind Waker para Twilight Princess e de volta para Skyward Sword. Enquanto Horizon eu bati palmas desde o início e dei um voto de confiança, com Breath of the Wild tive que ficar com o pé atrás até o último instante porque Aonuma sempre pode fazer algo grande e estragar tudo.



Nós não elogiamos suficiente Horizon: Zero Dawn porque vivemos em um mundo no qual o segundo lugar é apenas o primeiro dos últimos, não há lugar para o segundo melhor jogo de aventura, e assim podemos matar algo que tinha potencial para ser muito maior. Talvez a Guerrilla Games nunca mais faça um jogo de aventura, talvez a Sony nunca mais arrisque nesse tipo de projeto. Alguns fãs da Nintendo podem achar que isso é porque ela esmagou o seu inimigo eficientemente, mas para o grande público é perda de diversidade e reforço da mesmice.

Ambos eram jogos que prometiam demais e é uma pena que eles tenham colidido e um deles acabou completamente eclipsado. Se Horizon: Zero Dawn tivesse se apressado para lançar no final de 2016 teria sido o Jogo do Ano daquele ano e Zelda seria desse, ou vice e versa. The Legend of Zelda: Breath of the Wild é exatamente o Zelda que eu faria se eu estivesse no comando da franquia e Horizon: Zero Dawn o Zelda que eu faria se não estivesse no comando de Zelda.

Artigos relacionados:
- Qual o segredo de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds?
- Breath of the Wild: Uma lenda para chamar de sua
- Review de The Legend of Zelda: Skyward Sword

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Os jogos do primeiro ano do Nintendo Switch


Assim que o Switch foi anunciado e seus jogos de lançamento confirmados eu fiz uma breve análise de todos os títulos, porém... fiquei completamente sem tempo de postá-los =( Então agora estou trazendo essa lista que já tinha feito, mas já sabendo que alguns outros jogos foram confirmados durante esse meio-tempo, como Shovel Knight, Stardew Valley, Wonder Boy, entre outros.

Utilizei também um sistema de asteriscos de 1 a 5 (*****) para classifica meu nível de interesse nos jogos e vermelho para total desinteresse.

Lançamento

The Legend of Zelda: Breath of the Wild *****

Até agora o único jogo que realmente faz valer a pena ter um Nintendo Switch, Breath of the Wild parece fantástico e cada vez que ressurge parece ainda melhor. Algumas preocupações sobre o mundo aberto ser meio vazio têm surgido conforme mais pessoas têm tido acesso a versões do jogo, mas mesmo que isso ocorra eu ainda acredito que outros elementos compensarão o suficiente.


Super Bomberman R *

Há uma boa chance da Konami estragar este retorno de BomberMan, então eu simplesmente não vou botar a menor fé. Para não mencionar que se eu quiser jogá-lo online terei que pagar uma mensalidade do serviço online do Switch, algo que eu provavelmente não faria ao já pagar a PS Plus.

Skylanders Imaginators *

Era bastante esperado, os jogos da série Skylanders vendem bem em plataformas Nintendo que sempre tiveram um certo público infantil, porém não é nada sensacional, já que o jogo já está disponível para outros consoles há mais tempo. Ele levanta uma questão no entanto: onde estão os jogos para usar Amiibos? A Nintendo já esqueceu de seus bonecos?

1, 2, Switch *

Desde Wii Sports e Wii Play a Nintendo sente que precisa botar uma coletânea de minigames com o máximo de conceitos bizarros sobre seu novo controle para vender seu videogame. O que com Wii Sports saía naturalmente, vem sendo forçado com os outros consoles, como Nintendo Land e agora 1, 2, Switch. Seria um software razoável para acompanhar o videogame, mas vendido separadamente não tem público que vá se interessar.


Just Dance 2017 **

A série Just Dance já está um pouco cansada pois a Ubisoft fez viagens demais ao poço, mas ela ainda é divertida mesmo assim. No entanto, Just Dance 2017 já está disponível em outros consoles e sobrou pouco motivo para pegá-lo especificamente no Switch. Vale ressaltar que não se pode expandir público com algo que já expandiu antes, é preciso de novas ideias. Assim como Nintendogs no 3DS não fez sucesso como no DS.

Março

Snipperclips ***

Este é um minigame 2D em que os jogadores controlam personagens de formas bizarras e precisam realizar missões simples em um mundo regido por física. É um jogo bastante divertido, apenas não tem muita cara de Nintendo. Ela basicamente pegou um jogo que já estava em desenvolvimento há 2 anos e entrou para colocá-lo no Switch, provavelmente exclusivo.


Fast RMX **

Em qualquer outro videogame eu acharia legal um jogo de corrida futurista, pois os outros videogames precisam de clones, porque apenas a Nintendo tem F-Zero. Então por que diabos a própria Nintendo continua nos dando esses clones ao invés de ela mesma fazer um novo F-Zero?

Has Been Heroes *

Um jogo indie provavelmente bacaninha, mas que não faz muito o meu estilo. É da mesma equipe de Trine e será lançado também para PlayStation 4, Xbox One e PC, então não tem tanto motivo assim para considerá-lo especificamente no Nintendo Switch. Ele não seria lançado para o Wii U no entanto.

Abril

Mario Kart 8 Deluxe ***

Aqui temos um dos principais problemas do Switch, a Nintendo achar que pode vendê-lo com os mesmos jogos do Wii U. Se Mario Kart 8 não fez do Wii U um sucesso, não tem por que achar que ele vai fazer muito pelo Switch. Aproveitando para colocar um Battle Mode e todos os DLCs para que as pessoas que o compraram no Wii U sintam que ganharam um jogo incompleto.


Primavera 2017

Disgaea 5 Complete ***

A série Disgaea traz jogos de estratégia bem completos, mas extremamente hardcore, então eles acabam sendo direcionados para um tipo muito específico de público. Esse público normalmente gosta de jogar também outras séries japonesas e baseadas em anime que têm mais chance de aparecer no PlayStation 4 que no Switch.

Puyo Puyo Tetris **

Quebra-cabeças podem se sair bem, mas Puyo Puyo não é uma série tão popular no ocidente quanto é no Japão. Uni-la com uma de sucesso universal como Tetris pode no fundo prejudicar o jogo. Como quando a Nintendo uniu os personagens de Dragon Quest com Mario em Fortune Street e todos passaram batidos pelo jogo.

Arms **

Vi muitas pessoas animadas com Arms mas não vejo de fato um público para ele. A mecânica de golpes é legal, mas o modelo de arena é um artifício para lançá-lo rápido. Este é o tipo de jogo que poderia ser bem legal com uma campanha single player se o foco não ficasse em competição.


Rime *

Um jogo indie com uma pegada artística extremamente inspirado em ICO e The Last Guardian. Obviamente a maior parte do público que ele apetece está no PlayStation 4 e mesmo esse público não deve esperar por um jogo que os atenda no mesmo nível que os do Team ICO.

Verão 2017

Splatoon 2 **

Basicamente o mesmo jogo do Wii U, mas agora com o fato que você precisará pagar para jogar online. Ainda não foi explicado se Splatoon 2 é um port do primeiro melhorado ou algo realmente novo, pois enquanto o multiplayer é basicamente a mesma coisa, umas sequência implicaria pode implicar em um novo modo single player ou até na ausência do single de Splatoon 1.


Outono

The Elder Scrolls 5: Skyrim ***

É legal termos Skyrim no Switch para mostrar que a Bethesda está apoiando o console pela primeira vez, mas Skyrim é um concorrente direto de Zelda, para não mencionar que ele vai sair muito tarde, quando todas as outras versões já saíram. Assim como quando Call of Duty: Black Ops 2 foi lançado no Wii U, é preciso relembrar aos fãs, se um Elder Scrolls 6 for anunciado, ele não sairá para o Switch, então não vale a pena fazer do console a sua casa oficial para a série.

Final de ano 2017

Super Mario Odyssey ****

Esse merece um texto dedicado. Por ora, não me parece um jogo de Mario que fará as pessoas quererem comprar o console, como Super Mario 64, Sunshine e Galaxy antes dele.

2017

Xenoblade Chronicles 2 ***

Estou duvidando bastante que a Nintendo lance Xenoblade Chronicles 2 ainda em 2017 e eu suspeito que ela já saiba disso e esteja deixando o jogo na lista para inflar. Foi o que aconteceu com Xenoblade Chronicles X. Aqui entramos no X da questão, se Xenoblade Chronicles X não vendeu o Wii U, por que o 2 venderia o Switch?


Minecraft: Switch Edition **

Apesar de ainda vender bem, a onda de Minecraft já acabou. Talvez um dia fale mais sobre isso, mas Minecraft está morto. Ainda há pesoas que jogam, mas tudo que fez do jogo um sucesso hoje em dia está ausente após ter sido enterrado em toneladas de atualizações fúteis criadas pela Microsoft.

Fifa Soccer / NBA 2K *

Não adianta o Switch ter jogos de esporte em versões genéricas e ficar de fora das versões mais parrudas para PS4 e Xbox One. Ter jogos de esporte é de suma importância para um console, mas sem capacidades multiplataforma devido a hardware mais fraco a Nintendo vai continuar sendo deixada de lado como opção.

Dragon Ball Xenoverse 2 **

É um bom jogo mas sente a cascata: já foi lançado em outros consoles então todo mundo que queria comprar o jogo já o comprou em outras plataformas onde já começaram a estabelecer seus personagens. Quem já joga online já paga um serviço como PSN ou Xbox Live (exceto no PC) então não vai estar a fim de pagar o do Switch. A base instalada será menor, então menos pessoas com quem jogar e seus amigos provavelmente já estão no PS4, Xbox One ou PC.


Syberia 3 *

Um jogo de aventura bem tanto faz, não acho que alguém tenha interesse nele.

Sonic Mania ***

Mais um jogo nostálgico bacana de se ter, Sonic Mania ainda não tem seu destino muito bem estabelecido. Ele ainda pode decepcionar como jogo, então não estou contando-o ainda como um ponto positivo na cartela do Switch. Claro que seria legal ter um Sonic 2D nos moldes clássicos em um novo console da Nintendo.

Ultra Street Fighter 2 **

Apesar de ter certo valor, Ultra Street Fighter 2 parece mais um port com extras de Super Street Fighter II Turbo HD Remix do que um novo jogo. Talvez tecnicamente não seja, não sei com certeza, mas a função dele como jogo é praticamente a mesma. É legal ter um jogo nostálgico assim no Switch, porém mais uma vez a sensação é de chegar atrasado na festa.


I am Setsuna **

Um jogo que já estava disponível no PlayStation 4 e PS Vita, não tem grande apelo para o público da Nintendo, pois antes de sair na plataforma deles provavelmente não ficaram animados pelo jogo e não devem saber que se trata de uma espécie de ode à Chrono Trigger, que muitos idolatram por nostalgia do Super Nintendo.

Steep **

Outro jogo multiplataforma que já está disponível em outras plataformas antes, que exige online que provavelmente pessoas já pagaram em outros consoles. Não me parece nada interessante e ainda me faz lembrar que a Nintendo nunca mais deu atenção à série 1080º.

2018

No More Heroes Switch ****

Me interesso pelo jogo na espera de que ele seja semelhante ao No More Heroes do Nintendo Wii e não a trabalhos mais recentes do diretor Goichi Suda. A demora para o lançamento de Let it Die no PlayStation 4, no entanto, me preocupa que esse jogo, que foi anunciado sem sequer um trailer, possa levar uns 3 anos para sair.


Dragon Quest 11 *****

Definitivamente Dragon Quest 11 está lindo no Switch e qualquer jogo da série Dragon Quest é sucesso no Japão. No fundo é isso que a Nintendo quer, o Japão. No ocidente a série não é tão popular assim. Para piorar, ele sai também no PlayStation 4, onde tem Final Fantasy 15, um jogo que está ausente no Switch e fazendo falta.

Conclusão

Eu estou achando o primeiro ano do Switch bem fraco por enquanto por não ter realmente nada de novo que empolgue. Jogos como Mario, Mario Kart e sequências estão deixando o Switch com muita cara de mesmice, sem grandes jogos que aproveitem o console. Nem mesmo seus controles de movimento parecem bem usados, com exceção de Arms.

Espero ver novos jogos na E3, mas não para 2017 e isso significa que eu posso ficar de boa sem o console por um tempo. Assim que possível eu gostaria de tê-lo para jogar The Legend of Zelda: Breath of the Wild, mas não me imagino comprando nenhum jogo em sequência e isso me faz repensar a compra por apenas um jogo.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Switch Child o' Mine, a Nintendo nunca muda


Recentemente a Nintendo realizou uma transmissão ao vivo no Japão para seu novo videogame, o Nintendo Switch. Foram apresentados mais detalhes sobre o console como data de lançamento para 3 de março e preço de US$ 300. Entretanto, uma coisa muito importante esteve ausente nessa transmissão: mudança. Veja do que eu estou falando.

A palavra "Switch" do inglês pode significar "trocar" e "mudar", mas o que vimos foi a mesma Nintendo de sempre. "Switch" também significa "interruptor", um dispositivo que só funciona em dois estados: ligado ou desligado. Este por sua vez representa o bom senso da Nintendo, que parece não existe em meio termo, apenas em ON e OFF.

Eu não esperava muito do Switch e a Nintendo me entregou exatamente isso, algo razoável mas não impressionante. No entanto muitas pessoas esperavam ser impressionadas pelo Switch e mais uma vez a Nintendo desperdiçou uma oportunidade e a boa-fé de quem ainda esperava que ela pudesse fazer diferente.

Para começo de conversa, o horário da conferência: 2 da tarde no Japão, 2 da manhã no Brasil e em fusos semelhantes para o ocidente. A Nintendo sabe que o interesse no Switch é global, que seus fãs irão querer saber as novidades de seu console o mais cedo possível, e qual horário ela marca? Um que apenas faz sentido para o Japão.

Conferência tão cedo que ainda tava dando Globo Rural

Há muito tempo a Nintendo parece cega para o resto do mundo e pensa apenas no que se passa no Japão, depois fica surpresa com a disparidade entre regiões, como foi a falta de preparo para a demanda do NES Classic. Por que o Switch tenta se vender como portátil? Porque no Japão o público prefere comprar portáteis e não investe mais tanto em consoles.

O papo de híbrido caiu por terra como já estava esperando. O Nintendo Switch não é um híbrido de console de mesa e portátil, ele é o Wii U 2 disfarçado. Durante a apresentação não houve um jogo sequer com natureza portátil, um jogo que poderíamos dizer que poderia ser lançado no Nintendo 3DS.

A única coisa que ele apresentou foi Remote Play, a capacidade de jogar longe da televisão. Porém, com bateria fraca e grande demais para ser um portátil. O forte rumor de uma versão de Pokémon Sun & Moon (fonte confiável) ainda deve se realizar, mas o fato permanece que até agora o Switch só possui jogos de console e o público já está formando sua opinião sobre ele.

Praticamente não há jogos. Os que estão anunciados deixaram uma impressão bem fraca do console. A janela de lançamento está extremamente vazia, pior do que a do Wii U. O único título forte é The Legend of Zelda: Breath of the Wild, um jogo de Wii U atrasado para segurar a barra do Switch. Não pega bem.


Em certo momento da apresentação foi dito que a Nintendo sempre tentou inovar e fala que já havia tentado trazer o conceito de portabilidade como o do Switch com o GameCube, já que ele era fácil de carregar, resistente e tinha uma alça. Então é dito que "parece que era cedo demais".

Sim, esse é o problema do GameCube para a Nintendo, ele chegou cedo demais. Nós que não estávamos ainda preparados para esse brilhante conceito de levar seu videogame com você a qualquer lugar. Nunca é a Nintendo, nunca são os jogos da Nintendo, é sempre outra coisa, como o timing, o marketing, o público que "não entendeu".

Enquanto a Nintendo não admitir os seus erros, como o GameCube, ela está fadada a repeti-los. O Nintendo Switch é o GameCube, pois o Nintendo Switch é também o Wii U e o Wii U também era o GameCube. A Nintendo está repetindo o erro do GameCube há várias gerações porque ela nunca conseguiu admitir que era um erro e que deveria mudar.

Como de costume vimos o Wii ser ignorado completamente no Switch. Não há jogos como os de Wii no Switch, apenas jogos de Wii U. A questão é que os jogos de Wii U não estavam vendendo o Wii U, por que eles venderiam o Switch? Se Xenoblade Chronicle X não vendeu o Wii U, por que Xenoblade Chronicles 2 venderia o Switch? Super Mario Odyssey? Mario Kart 8 e Splatoon?


Para quem é o Nintendo Switch? Não pode ser para o jogador de PlayStation 4, pois não tem jogos de thirds e não tem espaço de armazenamento sem um HD externo. Não pode ser para o jogador de 3DS e PS Vita, porque não é muito portátil, não tem boa bateria e em 32 GB não pode levar tantos jogos (só Zelda é 13 GB). Não pode ser para homens adultos pois o controle é do tamanho de um brinde do McLanche Feliz.

O único público que o Switch consegue atender de fato é, surpresa, surpresa, o do próprio Wii U. Afinal, ambos têm os mesmos tipos de jogos e os títulos que o Switch passará a receber são praticamente os mesmos que estavam em desenvolvimento anteriormente para o Wii U.

Por último temos a cereja no topo, o modo online do console será pago. Oras, se Sony e Microsoft cobram pelas suas redes online, por que não a Nintendo? Porque Sony e Microsoft querem ser sua primeira opção de console e alternam-se na liderança. Um dia foi o Xbox 360, hoje é o PlayStation 4.

Você só paga uma rede pra jogar online no console que você mais gosta, onde mais passa o seu tempo, onde estão seus Call of Duty, Fifa, Rocket League, Overwatch. Já há algum tempo a Nintendo não oferece esse tipo de console, então muitas pessoas ficarão sem modo online no Switch porque já estarão pagando a rede de outro videogame.

As plataformas Nintendo não tem mais tentado brigar pela primeira posição. Desde o Wii a empresa apenas lança ideias novas e torce pelo sucesso, como se o Wii tivesse sido sorte. Isso fez com que os videogames da Nintendo se tornassem plataformas secundárias, boas para jogar um ou outro exclusivo, como era na época do GameCube, porém sem moral para cobrar pelo serviço online, pois não são sua plataforma principal.


Toda essa mentalidade de GameCube irá prender o Nintendo Switch na casa dos 20 a 25 milhões de consoles, com um teto de 40 milhões. As pessoas até curtirão o videogame, acharão legal tê-lo, mas não haverá um grande motivo para comprá-lo. Diferente do Wii U, que não atendia ninguém, a ideia de um console com Remote Play irá agradar a algumas pessoas, mas elas acabarão insatisfeitas com a falta de jogos de qualidade.

Não, o Switch não vai falhar, mas só porque o Wii U foi tão ruim. Quando a Nintendo estabeleceu uma meta de mais de 100 milhões de Wii U, vender 10 milhões foi um fiasco monumental. O Switch não parece ter metas, a Nintendo aparenta apenas querer sair do buraco em que se meteu.

Ele será um console ideal para fãs da Nintendo, obviamente, e irá alcançar um pouco do Tier 2, consumidores latentes, o que dará a impressão que ele não é tão ruim assim. Porém, ele não conseguirá atingir a grande massa, o Tier 3, os consumidores casuais que fizeram o Wii ser um fenômeno.

Tudo porque os consoles mudam, mas a Nintendo continua a mesma.

Posts relacionados
- Por que o Nintendo Switch vai falhar

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Por que o Nintendo Switch vai falhar


Não cara, é brincadeira, não vai falhar. Devia ter visto sua cara. Sim companheiros, após essa geração de trevas com o Wii U e 3DS a Nintendo volta a nos apresentar algo que tem potencial de ser bom. A empresa revelou hoje em um vídeo curto seu novo videogame, o Nintendo Switch, anteriormente chamado pelo seu codinome Nintendo NX.

Infelizmente muitas das informações do Switch vazaram antecipadamente, então não houve realmente grandes surpresas, apenas confirmações. O Nintendo Switch é um console de mesa em formato de tablet que quando plugado em uma base envia jogos para sua TV enquanto você joga no sofá, porém ele também possui a capacidade de virar um portátil ao desplugar as laterais do joystick e plugá-las no console, uma espécie de híbrido como os rumores mencionavam.


Eu gostei bastante do conceito do console híbrido porque é muito mais fácil me convencer a comprar uma plataforma Nintendo para aproveitar os jogos dela do que duas. No entanto, não tenha dúvida, essa é uma estratégia de "terceiro pilar", como no Nintendo DS. Caso o Switch viesse a ser um fracasso, o que eu não acredito que vá acontecer, a Nintendo rapidamente lançaria um novo portátil para fingir que o Switch nunca teve a intenção de substituir esse segmento.

Há muitos pontos positivos a respeito do Switch, como a liberdade de jogar de várias maneiras, tanto como console como portátil, com joysticks tradicionais ou não, a sensação de clicar coisas e transformar seu videogame, entre outras que eu não vou perder muito tempo falando. O Switch parece muito legal, ponto. Essa é impressão que ele passa, ele é "legal" e essa é uma grande mudança para a Nintendo. O Wii U não parecia legal e teve que lidar com má vontade do público por isso.

O que a Nintendo tem com o Switch no entanto, não é uma garantia de sucesso, é potencial, boa-fé das pessoas. O público está novamente prestando atenção na Nintendo, mas ela ainda precisa honrar essa boa-fé, ela ainda tem muitas provações para passar. O que temos no momento é uma ótica positiva sobre os próximos passos que ela irá tomar.


Vamos deixar uma coisa clara, o Switch não é concorrente do PlayStation 4 e Xbox One, porém não da forma como você provavelmente está pensando. O Switch não é como o Nintendo Wii que não era concorrente do PlayStation 3 e Xbox 360, porque o Wii era o console dominante da geração. Pessoas tinham um Wii e depois um PlayStation 3 ou Xbox 360. Jogadores hardcores podem achar que isso era ao contrário, mas não, o Wii era o essencial, os outros dois eram os secundários.

Mesmo que faça sucesso, o Switch não será um sucesso como o Wii, ele não dominará a geração, ele será um segundo console para quem tem um PlayStation 4 e Xbox One, ao oferecer uma experiência diferente desses videogames e de seus sucessores. Não quer dizer que as vendas dele serão baixas, porque no momento não sabemos bem o que o Switch se tornará.

Por enquanto o Switch tem grande apelo com dois Tiers de consumidores, os fãs da Nintendo e jogadores que conhecem a Nintendo e não andavam comprando seus produtos. O terceiro Tier, os usuários que não conhecem a Nintendo ou nunca compraram/pretenderam comprar seus produtos, essencial para o sucesso do Wii, não será fisgado pelo que o Switch mostrou até agora.

Não dá pra saber se o Switch irá de fato se tornar um híbrido, pois a Nintendo em nenhum momento confirmou que está encerrando sua linha de portáteis. Se tivermos mais um jogo da série Pokémon em 2017 ou 2018, onde ele vai sair? No Nintendo 3DS? No Switch? Em ambos? Em outro portátil da Nintendo? Esta pergunta ainda não está respondida e isso significa que estamos um pouco limitados para definir o que de fato será o Nintendo Switch na prática.


Isso significa também que não podemos arriscar números de vendas ainda, sem saber se estamos falando apenas de um console de mesa com uma função curiosa (até aí, mesmo o Wii U também é um híbrido entre console e portátil) ou de algo que irá realmente unificar as plataformas de console e portátil da Nintendo em apenas um aparelho.

Outros dois detalhes essenciais ainda não foram confirmados, mas são prováveis: controles de movimento e tela de toque. Sem esses dois perderíamos tudo que o Wii e DS significaram para a Nintendo, porém sua inclusão não trazem automaticamente a vibe desses videogames. É útil para alguns jogos, mas a Nintendo já queimou a ideia do Wii Remote, seria difícil ressuscitá-la.

A maioria desses problemas não é muito séria e não acabaria realmente com o console. Obviamente o preço precisa ser razoável, ou as pessoas não o comprarão nesse tempo de crise, o que me preocupa, pois em outras ocasiões a Nintendo já se mostrou alheia à crise. Eu vejo apenas um problema realmente sério para o Switch caso ele seja mesmo um videogame que unifica console de mesa e portátil. a filosofia.

É irônico pois trata-se do mesmo problema que levou ao fracasso do PSP frente ao Nintendo DS. Um portátil cuja ideia de bons jogos seja apenas o de jogos de consoles para jogar em uma tela menor, está fadado a fracassar. A experiência que as pessoas procuram em um portátil, o trabalho que ele deve realizar, é completamente diferente do que um jogo para um console de mesa realiza. Caso o Switch tente realizar dois trabalhos, provavelmente deixará a peteca cair em um deles.


Também me preocupa a filosofia dos jogos da Nintendo. O Switch não terá apoio Third Party para jogos multiplataforma após o segundo ano, é assim que funciona em um console Nintendo. Você viu The Elder Scrolls V: Skyrim e pensa que seria legal jogar no Switch. Você compra o console por isso e quanto The Elder Scrolls VI for anunciado, ele não vai sair para o Switch. Simples assim. Imagine as pessoas que compraram um Wii U porque curtiram a ideia de jogar Call of Duty: Black Ops 2 em coop no Game Pad.

Se o Switch fizer algum sucesso, terá jogos Third Parties feitos exclusivamente para ele, o que seria bacaninha, mas é algo que não vemos no mercado desde os tempos do Wii. A maioria dos estúdios sucateou e Capcom, Konami, Namco, não se incomodam mais tanto de fazer algo específico para um console Nintendo. Square Enix com certeza trará spin-offs e Dragon Quest, isso é batata.

Agora o que eu realmente estou preocupado é a filosofia dos jogos da própria Nintendo. Eu não vejo no Switch uma proposta, uma filosofia, algo que inspire os jogos da empresa. Eles deram um passo certíssimo com The Legend of Zelda: Breath of the Wild, mas isso significou realmente uma mudança? Vai ter um remaster de Skyward Sword logo depois? Paper Mario: Color Splash? Pikmin 4?

O Switch não pode ser um sucesso com os mesmos tipos de jogos que o Wii U recebia, pois o Wii U já os tinha e ele foi um tremendo fracasso. Não pode ser como quando a Nintendo tentou portar jogos de GameCube para o Wii, é preciso de jogos novos que aproveitem a nova proposta do videogame... uma proposta essa que aparentemente não existe.


Apesar de serem questões bem preocupantes sobre o Nintendo Switch, como já mencionado a ótica no momento é positiva, todos estão olhando para a Nintendo e esperando que ela faça mais coisas legais. Basta ela não dar nenhum tiro no pé e as coisas provavelmente ficarão bem, com um aparelho que deve vender mais que o Wii U e Nintendo 3DS, mesmo que não seja um fenômeno como o Wii.

Que o Nintendo Switch possa significar mudança para a Nintendo.

Posts relacionados
- Videogames e suas filosofias
- 10 coisas que gostaríamos de ver no Nintendo NX
Wii U: A ponte de Londres está caindo
- Breath of the Wild: Uma lenda para chamar de sua
- Por que não podemos ter Zeldas legais?