domingo, 11 de maio de 2014

Top 25* Jogos de Nintendo 3DS

Há muito tempo eu comecei um Top 25 do Nintendo 3DS, uma lista com os 25 melhores jogos do portátil. Porém, enquanto o Top 25 do PS Vita foi fácil de fazer, a do 3DS acabou se provando muito difícil, pois não encontrava 25 jogos que recomendaria a outros jogadores.

Poucos meses atrás a lista se estagnou com vinte e poucos títulos e eu não vejo mais nenhum lançamento futuro do Nintendo 3DS que possa entrar nela, então estou soltando-a agora, com um pequeno detalhe, um asterisco.

* Deixei separadas a 10ª e 20ª posições para vocês mesmos preencherem. Deixem nos comentários o nome do jogo e um parágrafo de bom tamanho explicando por que vocês acham que esse título merece a posição e eu adicionarei os dois que mais convencerem.

Confira abaixo o Top 25 Jogos de Nintendo 3DS:

25- Project X Zone



Imagine um jogo de estratégia com os principais personagens da Namco, Sega e Capcom, que vá desde séries como Tekken, passando por Virtua Fighter, até chegar em Street Fighter. Project X Zone é isso, uma grande bagunça com um elenco enorme de ilustres dessas três grandes empresas. Há o porém de que o jogo em si não é tão bom, mas com tamanha quantidade de personagens provenientes de franquias diferentes, é um milagre que o jogo tenha vindo para o ocidente.

24- Mario Kart 7



Mario Kart já se tornou um jogo de conforto, pois todos sabemos o que esperar e como nos divertir com ele. Porém, as versões DS e Wii estabeleceram um patamar muito alto, ao qual Mario Kart 7 e 8 não estão fazendo frente. Assim como Super Mario 3D Land, MK7 foi apressado para aumentar vendas do 3DS e dá pra notar isso. Para piorar, é de longe o jogo mais insuportável da franquia em relação a cascos azuis, algo que precisa urgentemente ser consertado na fórmula. Como outros, ele até diverte, mas frustra na mesma medida, senão até mais.

23- Bit.Trip Saga


A verdade é que Bit.Trip Saga é apenas um pacote de bônus para chegar ao genial jogo de corrida infinita rítmico, Bit.Trip Runner. Trata-se de uma série de minigames rítmicos que começou no Wii e acabou indo parar no 3DS por um preço razoável. A maioria dos minigames não entretém tanto assim, deixando Bit.Trip Runner como a estrela. A produtora Gaijin Games acabou percebendo isso e acabou se focando apenas nesse jogo, lançando Bit.Trip Runner 2, ainda melhor, mas infelizmente não para o 3DS.

22- Senran Kagura Burst



Este título é um caso interessante, pois Senran Kagura é uma série que se aproveita de extremo apelo sexual, como colegiais em situações estranhas e com objetos coincidentemente roliços. Por baixo de toda essa safadeza, porém, há um beat'em up divertido sobre sair andando e batendo em todos como nos jogos de antigamente. O principal problema é que o jogo eventualmente fica muito repetitivo, defeito que também pode ser encontrado em títulos semelhantes como Code of Princess.

21- Gunman Clive



Por apenas R$ 2 você pode comprar um dos jogos com melhor game design do eShop, Gunman Clive. Estamos falando de um título sem muita ambição, onde um cowboy vai lutando contra bandidos por várias fases. No entanto, o que torna o jogo fantástico são suas fortes influências de clássicos como Mega Man. É incrível ver o quanto Gunman Clive faz coisas certas e apenas é uma pena que por R$ 2 não dê pra esperar mais do que 1 hora de duração.

20- ??????



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19- VVVVVV



Apesar de o nome parecer entregar todo o jogo de bandeja, VVVVVV é bem mais do que apenas seu título sugere. Trata-se de uma agradável mistura de plataforma indie com alto desafio e uma pitada de aventura tradicional com exploração que lembra clássicos como Metroid. Tudo isso com um visual 8 Bits que não nega as raízes indies.

18- Attack of the Friday Monsters! A Tokyo Tale


Este foi um título bastante inesperado, por fazer parte da série japonesa Guild02. Ele foi feito por Kaz Ayabe, um nome desconhecido no ocidente, criador do jogo Boku no Natsuyasumi, cujas raízes se estendem até Attack of the Friday Monsters!. Trata-se da história de uma criança que se muda para uma cidade onde monstros gigantes (kaijus) atacam toda sextas-feira. O conceito é bem mais legal que a execução, mas ainda é um jogo extremamente charmoso e de uma inocência ímpar.

17- Liberation Maiden


O jogo do excêntrico diretor Goichi Suda para Nintendo 3DS traz mais um de seus bizarros conceitos, como parte da série japonesa Guild01. Imagine que a Presidente do Japão tivesse que pessoalmente entrar em um Mecha e combater inimigos em batalhas aéreas, isso é Liberation Maiden. É um título estiloso, como se espera de Suda, com uma pitada de inspiração de Star Fox. Seu único defeito é ser um pouco curto.

16- Zen Pinball 3D



É difícil imaginar que um jogo de Pinball possa ser tão bom, mas a Zen Studios não conquistou subitamente esse mercado esquecido à toa. Zen Pinball é um ótimo jogo do gênero, extremamente criativo, uma aula de conteúdo, e rapidamente criou várias sequências, trazendo de volta franquias como Star Wars e Marvel para o mundo das bola de metal.

15- Animal Crossing: New Leaf



Conhecida por sua natureza "ame, odeie ou durma enquanto joga", a série Animal Crossing sempre teve um charme especial com seu estilo de jogo pacato e divertido de maneiras antes impensadas. A franquia não tem se renovado suficiente e a novidade deste novo capítulo é que agora você é o prefeito da cidade, o que é legal mas ainda não é a novidade que ela precisa. New Leaf ainda escapa como um ótimo jogo, mas a franquia já está repetitiva demais para outro capítulo.

14- Scribblenauts Unlimited



Desde a criação da série Scribblenauts no Nintendo DS eu afirmo que ela é uma das coisas mais criativas que vimos surgir na nossa geração. A ideia de "crie qualquer coisa, resolva tudo" é genial, dando aos jogadores um caderno mágico que pode criar qualquer objeto e oferecendo ajuda a pessoas com problemas. As mudanças nesse capítulo não foram todas para melhor em relação ao Scribblenauts original e Scribblenauts 2, mas pelo menos o jogo está dublado em português no Nintendo 3DS, com um preço justo.

13- Fire Emblem: Awakening



A série Fire Emblem sempre foi muito tradicional, basicamente o mesmo jogo do Nintendo 8 Bits apenas com novos gráficos e apesar disso, era muito boa. Recentemente no 3DS, Awakening tentou trazer ideias novas. Ainda é Fire Emblem, ainda é um bom jogo de estratégia, mas não dá pra negar que algo se perdeu pelo caminho. Não é tão amargo porque vemos que algo deu errado enquanto tentavam fazer melhor, mas ao mesmo tempo ainda é algo chato de acontecer. Por outro lado, é o capítulo mais fácil pra um novato conhecer a franquia.

12- Pokémon Rumble Blast



Apesar de ser um ótimo conceito, Pokémon Rumble já chegou ao 3DS meio cansado, sendo que não tem cara de jogo completo, mas de minigame vendido no eShop. É muito bom poder finalmente pegar os Pokémons e sair por aí batendo em todo mundo, como se fosse um beat'em up, mas Rumble Blast falha ao não exibir qualquer tipo de evolução sobre as versões do Wii, por exemplo. É uma aventura divertida, mas se torna muito repetitiva com o tempo.

11- Rhythm Thief



Este é um dos jogos mais Nintendo DS do 3DS, algo de que o portátil carece muito. Criado pela Sega, Rhythm Thief coloca os jogadores no papel de um ladrão estiloso que rouba vários tipos de arte e itens valiosos através de minigames rítmicos. No entanto, o jogo é bem volátil e tem momentos incrivelmente excitantes seguidos por outros realmente abismais. É uma experiência que vale muito a pena, mas com defeitos que a diminuem.

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9- Star Fox 64 3D



Uma versão portátil de Star Fox 64 é uma ideia tão boa quanto Flan em tubos, não há como recusar. Um jogo que já era ótimo no Nintendo 64, ganha ainda uma leve demão nos gráficos e de quebra um efeito 3D (que nesse tipo de jogo até funciona bem), se tornando uma escolha perfeita para o portátil. A Nintendo poderia ter feito um mínimo esforço para adicionar um modo multiplayer online ou algum conteúdo extra, mas a campanha single player ainda é de peso.

8- Resident Evil Revelations



De todos os títulos do portátil, Resident Evil é um dos que mais demonstra ter tido investimento e isso realmente se reflete na qualidade do jogo (especialmente no visual). Como sabemos agora, boa parte desse investimento já era pensando em uma versão HD posterior para os consoles de alta definição. Ainda assim, é uma aventura de alta qualidade no Nintendo 3DS com alguns dos melhores gráficos já apresentados no aparelho e uma natureza que combina bem com um portátil.

7- Donkey Kong Country Returns 3D



Quando Donkey Kong Country Returns foi lançado no Wii havia um problema muito simples: controles de movimento obrigatórios em coisas que não faziam sentido. A versão 3DS ao consertar esta simples questão já se torna bastante superior e nos oferece um jogo de plataforma de qualidade em versão portátil, perfeito para qualquer ocasião, com direito a um nível de dificuldade mais brando para jogadores casuais.

6- Sonic Generations



Outra grande surpresa no Nintendo 3DS foi Sonic Generations, um jogo que nem é de todo mal nos consoles, mas que realmente brilha em sua versão portátil. Enquanto nos consoles o jogo fica dividido entre fases do Sonic clássico em 2D e Sonic moderno em 3D, com muitas missões e chateações atrapalhando o ritmo, no 3DS o jogo é todo 2D e flui de uma maneira muito mais prazerosa, consagrando-se como um dos melhores títulos de plataforma do videogame.

5- The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D



Clásssico é clássico, Zelda é Zelda, e vice e versa. No início do Nintendo 3DS era muito difícil encontrar jogos que realmente tivessem uma aventura a ser vivida e The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D foi o primeiro a suprir essa necessidade, apesar de não ser exatamente original. O jogo é um remake um pouco preguiçoso, sem novidades e sem nem mesmo ter evoluído muito nos gráficos, mas ainda é um remake do melhor jogo de todos os tempos e isso conta muito.

4- Super Mario 3D Land



Existe um abismo de diferença entre a franquia Super Mario em 2D e 3D e Super Mario 3D Land tentou fazer uma ponte entre eles. O resultado dessa mistura acabou sendo um novo elemento, pois 3D Land não é Mario 2D nem é Mario 3D, é alguma outra coisa (um pouco questionável). O jogo foi claramente apressado para aumentar as vendas do 3DS e por isso é um pouco curto, porém é um dos títulos mais originais, agradáveis e divertidos do portátil.

3- Tales of the Abyss



Originalmente lançado para o PlayStation 2, Tales of the Abyss é mais um jogo da série de RPG "Tales of" da Namco Bandai. Não é o melhor dos capítulos da franquia, ficando atrás de Tales of Symphonia do GameCube e Tales of Vesperia do Xbox 360, mas ainda é um RPG muito acima da média, se encaixando melhor em um portátil do que um console. Junte uma aventura duradoura e intrigante com um grande mundo cheio de opções a se explorar e sistema de batalha ativo e você tem um fortíssimo candidato.

2- The Legend of Zelda: A Link Between Worlds



Provavelmente a maiori surpresa do Nintendo 3DS, o jogo The Legend of Zelda: A Link Between Worlds, foi um feliz acidente na série, que só vinha decaindo a cada capítulo. Praticamente todos os defeitos anteriores são jogados para o alto e o título traz de volta uma mecânica mais simples, que não apenas funciona como é extremamente prazerosa. O jogo peca um pouco em não ter mais extras, mas permanece sendo obrigatório, facilmente um dos melhores do 3DS.

1- Kid Icarus: Uprising


O renascimento de Kid Icarus no Nintendo 3DS é sem dúvida a aventura mais completa oferecida no portátil. A todo momento a jornada de Pit parece estar chegando ao fim, mas cada vez mais coisas surgem, chegando a um nível ridículo, mas sempre mantendo o jogador com cada vez mais conteúdo. Um jogo que poderia ter simplesmente ficado satisfeito em ter 10 fases sem muita pretensão, traz 25 sem perder o fôlego.

Muitas vezes o 3DS falha em oferecer uma boa jogabilidade, especialmente nas partes terrestres, mas a aventura em si é excitante e frenética, fazendo com que você possa relevar um pouco tudo isso. Um sistema simples de dificuldade ajustável e recompensas de acordo com o desafio ainda te prende a longo prazo, além de oferecer multiplayer online, sendo um dos jogos mais completos do portátil.

Ausências justificadas:

Bravely Default - Não joguei, acho que entraria em uma posição alta da lista
New Super Mario Bros. 2 - Esquecível, não parece um Mario
Pokémon X & Y - Capítulo bem fraco da saga
Paper Mario: Sticker Star - Fraquíssimo, decepcionante, vergonha para a série
Mario & Luigi: Dream Team - Não joguei, mas não parece muito bom
Professor Layton e Phoenix Wright - Ambas as séries já deram o que tinham que dar, estão um pouco cansativas, mas Professor Layton vs. Phoenix Wright provavelmente entraria.
Theatrhythm Final Fantasy - Sofre de um excesso extremo de DLCs
Luigi's Mansion 2 - Sistema de missões repetitivo, só vale para quem não jogou no GameCube

quarta-feira, 5 de março de 2014

Preparem-se: A crise econômica chegou aos jogos


Com o início de uma nova geração de consoles, inicia-se uma nova guerra entre as três grandes empresas, ou assim imaginam os jogadores hardcores, que veem esse ciclo desde o início de suas vidas no mundo dos videogames. Mas e se essa geração fosse diferente de todas as outras?

A guerra ainda é a mesma, mas o cenário mudou. Videogames não são serviços essenciais e nem são a primeira opção de lazer da maioria das pessoas, então eles dependem pesadamente da situação econômica mundial. Pela primeira vez em toda a existência da indústria de jogos, a economia está esfriando ao invés de aquecendo.

Eu esperava que a crise econômica apenas atingisse os videogames por volta do final de 2014, mas ela chegou antes e já está mostrando péssimos sintomas. Os problemas de uma crise econômica já foram listados anteriormente por Satoru Iwata, presidente da Nintendo, na época em que ele ainda fazia sentido.

Digamos que você tenha uma lista dos seus 10 itens mais desejados. Se a economia está boa, você poderá comprar vários produtos dessa lista. Se a economia estiver ruim, no entanto, você não poderá comprá-los ou apenas poderá comprar o primeiro da lista. Imagine se as listas das pessoas estivessem assim.

1. PlayStation 4
2. Xbox One
3. Wii U
ou
1. Tablet
2. Nintendo 3DS
3. PS Vita

Na prática, o que isso significa? Que diferente de todos os cenários que conhecemos até hoje, onde companhias guerreavam pelo mercado, não há espaço para uma guerra nesta nova geração. O campo de batalha está tão destruído, tão infértil, tão devastado, que os sobreviventes só querem que ela acabe.

Isso está afetando pesadamente as vendas dos videogames que não estão liderando. Por exemplo, o Wii U. Tudo bem, o Wii U é um péssimo console, mas podemos dizer que ele é muito pior do que o GameCube? Será que ele merece estar vendendo tão mal? O Wii U está com vendas piores do que as piores vendas que um console ruim poderia ter.

O que estamos vendo aqui é um desejo de acabar a guerra em prol da sobrevivência. Antes mesmo de os lados mostrarem suas armas, os sobreviventes já escolheram quem eles querem que vença basado no que eles acham que será melhor. Isso significa que o vitorioso da próxima geração já foi escolhido.

Mesmo que Wii U ou PS Vita fossem tão ruins quanto o GameCube ou o PSP, como suas vendas estariam tão abaixo desses seus antecessores? Os videogames são basicamente os mesmos, então outra coisa tem que ter mudado. O problema não é preferência por tablets ou smartphones, mas o fato de que não está sobrando dinheiro para videogames.


Quando não podemos mais nos dar ao luxo de errar, nos arriscamos menos, e com isso perdemos algo importante. Na economia atual, para muitas pessoas não é possível comprar mais de um videogame, então qual escolher? Tem que ser aquele que todos acham que vai vencer, pois não podemos correr o risco de jogar dinheiro fora.

Por que o PlayStation 4 está vendendo tão bem e o Xbox One tão mal antes de as armas estarem à mostra? Enquanto a maioria das gerações é marcada por guerras que levam alguns anos para se definirem, esta será marcada por uma vitória apressada. Esta será uma geração vencida nas primeiras impressões.

A impressão de que o PlayStation 4 será o vencedor levará as pessoas a darem preferência ao videogame e consequentemente fazê-lo o vencedor. Isso se chama Efeito Sininho (Tinkerbell Effect), quando a crença de um fato acaba por torná-lo real, e sua presença na indústria de jogos é bem frequente.

Por outro lado, se estamos em uma crise econômica, mais do que nunca o principal fator de vitória não é a quantidade de consoles vendidos, mas a lucratividade deles. Enquanto a Sony estava ocupada vencendo a guerra com o PlayStation 2, e perdendo dinheiro, a Nintendo lucrou muito mais que ela com o GameCube.

Atualmente plataformas como o Wii U e 3DS não estão sendo lucrativas. O Wii U porque não vende nada e o 3DS porque não vende jogos que não sejam da Nintendo, já que seu público é de fãs da Nintendo. Apesar de o 3DS em teoria estar vencendo a guerra, há poucos anúncios de jogos para ele, pois não há dinheiro para outras produtoras.


E por outro lado, há um sinal muito pior da crise. Tanto 3DS quanto PS Vita perderam os jogos baseados em filmes para os sistemas iOS e Android, pois os custos de produção não estão valendo a pena. O novo Robocop é o exemplo mais recente, mas perdemos também outros filmes como Man of Steel.

Todas as empresas estão extremamente despreparadas para uma crise econômica, especialmente a Nintendo, que está queimando dinheiro. A Sony por outro lado, já está em postura defensiva pela sua própria crise interna, mas isso também significa que está com as pernas bambas para enfrentar o balanço das ondas.

As empresas terceirizadas Third Party como Square Enix, Capcom, Konami, Sega, Electronic Arts, Ubisoft e muitas outras, ficarão em péssimos lençóis e não será improvável vermos mais empresas menores fechando, como aconteceu com a THQ, pois os custos de produção dos jogos não param de subir e o mercado não para de encolher, tanto por desinteresse como pela crise financeira.

E só para não perder o hábito, adivinhem quem eram as plataformas anti-crise? Verdadeiros messias que custavam pouco, diminuíram os custos de produção, aumentaram o interesse das pessoas em videogames e derrotaram Hitler na Segunda Guerra Mundial? Eles mesmos, Wii e DS, que foram pesadamente rejeitados pela indústria.

Essa geração será muito diferente das outras e isso pegará muitas empresas no contrapé. Algumas poderão se dar bem mesmo com esses ventos tão negativos, mas o mercado está encolhendo e a culpa não é de ninguém senão delas mesmas. Preparem-se para um longo inverno nos videogames pois ainda vai piorar muito antes de melhorar.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Paródia Nintendo Direct

Há algum tempo a Nintendo passou a dar a maioria das suas informações oficiais e fazer novos anúncios através de vídeos chamados Nintendo Direct.

Agora esses vídeos viraram piada na mão do YoVideogames de uma forma genial. Confira abaixo


sábado, 25 de janeiro de 2014

Analisando Mighty No.9 em 3 Fotos


Mighty No. 9 é um jogo que está sendo desenvolvido por Keiji Inafune, o criador de Mega Man, após arrecadar uma grande quantia de dinheiro em uma campanha Kickstarter. Já que a Capcom, empresa que publica Mega Man, esqueceu do robozinho azul, é muito legal que Inafune tenha retomado os conceitos, criando assim a ideia de Mighty No. 9.

Esse é o tipo de projeto que eu gostaria que desse certo, que eu gostaria de não agourar, mas... que não adianta tanto assim fechar os olhos. Há várias coisas erradas acontecendo em Mighty No. 9 e a revelação das primeiras imagens do jogo, já indica isso.

O problema de Mighty No. 9 começa bem antes de ele começar a ser projetado, começa no desenvolvimento de Mega Man Legends 3 para o Nintendo 3DS, um jogo que acabou sendo cancelado pela Capcom.

Mega Man Legends 3 foi o último projeto de Keiji Inafune antes de sair da Capcom e havia uma peculiaridade nele que pode ser vista também em Mighty No. 9, participação dos fãs. Na época, jogadores podiam escolher vários dos elementos do jogo e até participar de concursos para criar designs que seriam usados na versão final, assim como ocorreu em Mighty No. 9.

Criar um jogo é muito difícil, você está tentando criar algo com uma finalidade, algo que passe uma mensagem, uma sensação, um certo prazer. Ter os fãs atuando diretamente na criação é como imaginar um cozinheiro tentando fazer uma sopa enquanto todos a sua volta decidem colocar os seus ingredientes favoritos nela.

Vejam por exemplo as imagens da versão Alpha do jogo.


Eu vou falar basicamente apenas da primeira imagem, à esquerda. Isso é da versão alpha do jogo, quer dizer que ainda estão só testando a engine, fazendo o jogo funcionar antes de qualquer coisa, como colocar cenários.

Como podemos ver, o visual do jogo tem uma pegada bem Mega Man Maverick Hunter X e talvez até mesmo Mega Man Powered Up, ambos jogos de PSP. E aqui começa o problema dele, esses jogos apesar de considerados muito bons tecnicamente, ótimos remakes com extras, não tiveram um bom resultado.

No inglês existe a expressão "Something is off", que significa mais ou menos "algo não está certo", "algo está fora do lugar" ou "algo está fora de sintonia".


O primeiro erro a ser percebido em Mighty No. 9 é um erro de principiante, a posição do personagem na tela. Jogos de ação são baseados em reflexo, mas reflexos dependem de várias outras coisas. Além de que, se você quiser que seu projeto seja jogável por um número razoável de pessoas, não poderá ter como público-alvo apenas aqueles que têm os melhores reflexos, como se estivéssemos nos anos 80.

A posição do personagem no centro da tela cria uma grande área morta atrás dele onde pouca coisa acontece, e diminui a área de percepção e surpresa, as que estão à frente do personagem. Relembre Mega Man X e pense em quantas vezes você tomou aquele míssil na cara na primeira fase.

Nossos olhos levam um tempo para entender tudo que está acontecendo e nossos reflexos para reagirem, assim como a coordenação olho-mão varia de pessoa para pessoa.


Na Área Morta quase nada acontece. Às vezes um ou outro inimigo aparece por lá ou escapa da Área de Percepção, mas é pelo menos 50% menos usada que a área da frente. A Área de Percepção é onde os seus olhos estão focados e onde eles identificam coisas que acabaram de passar da Área de Surpresa. Nesta última por sua vez, seus olhos não identificam nada.


Visualmente, levamos em média 190 milissegundos, 0,19 segundos, para perceber o que está na nossa frente. Para identificar algo em detalhes, este tempo sobe para 2 segundos. Se você está em um jogo, andando para frente, qualquer coisa que surja na Área de Surpresa só será identificado quando já estiver na Área de Percepção.

Olhando a área que sobrou, dá para ver que não há muito espaço para os reflexos agirem. Isso normalmente resolve-se aumentando a Área de Percepção e diminuindo a Área Morta.


Outro ponto que afeta os reflexos e a percepção: o contraste. Se pegarmos o Mega Man original, veremos aquele extremo contraste de cores que apenas os jogos da época do Atari e dos consoles 8 Bits podiam proporcionar. Uma vez discutia com meu amigo Lucas Brum como os gráficos simplórios de Wario Ware eram importantes para que identificássemos tudo rapidamente em seus minigames de 5 segundos.

A partir dos 16 Bits os cenários ficaram mais elaborados e passaram a mesclar-se mais aos elementos, exigindo mais do olho do jogador. Ainda assim nos 16 Bits estávamos anos-luz à frente do que temos hoje em dia. Utilizar cenários escuros como fundo, sejam eles 2D ou 3D, criando pouco contraste com os elementos do jogo.


Reparem que todos esses pontos demonstram um pouco de inexperiência da equipe especificamente no gênero "Ação", que é o gênero de Mega Man, um jogo onde saímos atirando em tudo e tentamos sobreviver. Apesar de termos que de vez em quando cronometrar pulos, ele não é de "Plataforma", o foco é todo no combate, em guardar vidas para quando precisamos e muitas vezes pulos errados têm punições como perder vidas ou energia.

É estranho. Por que a produtora Comcept, de Keiji Inafune, teria pessoas inexperientes no gênero ação? Há ainda parceria com a Inti Creates, as mentes por trás de Mega Man Zero, ótima série de jogos de ação. Porém, se pensarmos bem, a própria Inti Creates já havia dado umas escorregadas com a série Mega Man ZX e ZX Advent no Nintendo DS, exatamente quando tirou o foco da ação para exploração.

Vamos olhar de novo esta foto.


Vocês conseguem reparar algo estranho nessa foto? Em um jogo de ação ou plataforma, você pula e, ou você consegue pular, ou não consegue. "Do or do not. There is no try". Por que o personagem está se agarrando nessa plataforma interrompendo o ritmo da ação, o fluxo de eventos natural? Isso não acontece em um jogo de ação ou de plataforma. Mario não se agarra a plataformas, nem Sonic e muito menos Mega Man.

Se pensarmos em jogos da série Metroid, notaremos que esse movimento é tradicional de jogos com exploração, onde o importante é conseguir acessar novas áreas. Esse é um elemento de jogos de Aventura, mas Mega Man não é um jogo de Aventura, é um jogo de Ação. Sabe quem é um jogo de Aventura? Mega Man Legends.

Foi então que eu me dei conta de uma coisa. Mghty No. 9 tem mais a ver com um Mega Man Legends do que com o Mega Man original. Se tem uma coisa da qual eu entendo é de Mega Man Legends, ainda mais considerando as versões 2D que eu e meu bróder Godzilla pensamos em fazer. Confira as fotos abaixo e me diga se não há uma extrema semelhança.


Que fique bem claro que eu não acho que Mighty No. 9 será um jogo ruim, porém eu acredito sim que ele será mediano, o que deverá desapontar um pouco os fãs que vão esperar esse tempo todo por ele. Eu não paro de ver defeitos no desenvolvimento e com certeza isso irá afetar o produto final.

Porém, há gente talentosa trabalhando lá, como Keiji Inafune, os quais podem criar um bom conteúdo. Como comento em meu livro, o conteúdo é como uma sopa, a qualidade da sopa determina a qualidade necessária para a colher, a jogabilidade.

Se for uma sopa sem graça, um belíssimo talher de prata não melhorará o seu gosto, se for uma sopa deliciosa, você tentará comê-la até mesmo com um garfo.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Nintendo revisa previsões e espera prejuízo por 3º ano seguido

"Eu pensei que era o escolhido" / "É cara... eu também"

Esta última sexta-feira, dia 17 de janeiro de 2014, a Nintendo revisou suas previsões de venda para o ano fiscal de 2013, o qual se encerra em março de 2014. O presidente da Companhia, Satoru Iwata, anunciou com grande pesar que as vendas, tanto do Nintendo 3DS quanto do Wii U, falharam em atingir suas metas.

Isso levou a empresa a revisar suas expectativas. O Nintendo 3DS que deveria vender 18 milhões, agora acredita-se que venderá apenas 13,5 milhões e o Wii U, de 9 milhões, foi reajustado para 2,8 milhões. Isso fez com que a previsão de lucro da Nintendo fosse reduzida em 94%, de um lucro de ¥55 bilhões para um prejuízo de ¥36,4 bilhões, algo em torno de US$ 340 milhões, variando com a cotação da moeda japonesa.

Este é o terceiro ano em que a Nintendo terá prejuízo operacional, e normalmente no terceiro strike um presidente está fora. Porém, o CEO Satoru Iwata, apesar de se responsabilizar pelas perdas, disse que não irá sair. Devido aos prejuízos, investidores da Nintendo não receberão dividendos pelas suas ações.

Segundo a Nintendo, o único lugar onde o 3DS vendeu bem foi na França (talvez porque Pokémon X & Y estava cheio de cultura francesa) e em outras países ela falhou em alcançar suas metas por largas margens. O número de 13,5 milhões do Nintendo 3DS é ainda menor quando pensamos que o Nintendo DS, sem suporte, ainda vende 10 milhoes por ano.

Este foi o ano de Luigi's Mansion: Dark Moon, Fire Emblem: Awakening, Monster Huner 4 (no Japão), Animal Crossing, Donkey Kong Country Returns 3D, Pokémon X & Y e o ótimo The Legend of Zelda: A Link Between Worlds. Nada disso ajudou o Nintendo 3DS a vender mais do que no ano passado. Nem mesmo o fenômeno Pokémon e o Nintendo 2DS.

A Nintendo espera 36% menos vendas do 3DS e Wii U e esperam que as vendas de jogos do Nintendo 3DS tenham caído 15% esse ano. Para 2014 a empresa espera reformular seus modelos de negócios (eu não acredito) e, sem surpresa alguma, vão investir ainda mais em marketing, ¥8 bilhões, e m pesquisa e desenvolvimento ¥15 bilhões.

Talvez vocês se lembrem do artigo "Nintendo e a Espiral da Morte" e finalmente estejam começando a ver algumas semelhanças:

Passo 3 - Investidores esperavam que a empresa crescesse mais do que cresceu e ficam impacientes;
Passo 4 - A empresa promete maior crescimento ao gastar mais dinheiro em investimentos, como se quanto mais dinheiro for gasto, maior será o lucro;
Passo 5 - Os investimentos não têm o retorno esperado. Volte ao passo 3 e repita.

Até os melhores CEOs têm dificuldade de fugir da Espiral da Morte. Quando a empresa não alcança o crescimento esperado, a única coisa que um CEO pode fazer para brecar maior desvalorização é prometer que vai consertar isso investindo mais dinheiro.

E novamente reitero, a Nintendo está fazendo furos em seu barco bem no meio do dilúvio. Não é só uma estratégia ruim, é estúpida.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Qual o segredo de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds?

Nas últimas semanas eu estava jogando The Legend of Zelda: A Link Between Worlds para o Nintendo 3DS, até terminar o jogo, fazer uma review para o site TechTudo (recomendo ler se quiser saber mais sobre) e então pegar alguns extras também. Para minha surpresa, o jogo é ótimo, mas como isso é possível?

Os últimos dois capítulos na série The Legend of Zelda foram os piores de todos os tempos: The Legend of Zelda: Skyward Sword para o Wii e The Legend of Zelda: Spirit Tracks para o Nintendo DS.

Então quando Um novo Zelda foi anunciado para o Nintendo 3DS, a nossa primeira reação no blog foi: "Por que The Legend of Zelda: A Link Between Worlds vai falhar?". Mas havia um ponto importante que ainda estava indefinido.


Quem vem estragando a franquia The Legend of Zelda ultimamente é o diretor Eiji Aonuma, escolhido pelo criador da série, Shigeru Miyamoto (péssima escolha). E qual o principal problema de Aonuma? Ele caiu na armadilha de ego, é obcecado por controle, pela sua visão, e nós que reclamamos que os jogos estão ruins estamos atrapalhando sua genialidade.

Se Eiji Aonuma tivesse participado ativamente da produção de A Link Between Worlds, seria possível prever que o jogo seria ruim, como de costume. Porém, eu pensei comigo mesmo... por que alguém tão egocêntrico se esforçaria em uma sequência de A Link to the Past, quando poderia se dedicar ao remake de sua própria "obra-prima", The Legend of Zelda: Wind Waker HD.

Em outras palavras, enquanto Aonuma estava distraído se excitando com o remake de seu próprio jogo, outra pessoa estava tocando o projeto de A Link Between Worlds. Essa pessoa, bem mais competente, é praticamente um herói e transformou o jogo no que ele virou hoje.

Uma vez que você pega o jogo, começa a jogar e não o larga mais. Os primeiros minutos e os primeiros dungeons são agradáveis, rapidamente você pega uma espada e um arco, se ocupando em enfrentar inimigos assim como no The Legend of Zelda original.

Dá pra ver vários toques de Eiji Aonuma no jogo, mas a sensação é de que você invadiu a casa dele quando ele não estava, ao invés de escutá-lo fazendo um discurso, como Skyward Sword parecia. Há NPCs ridículos, NPCs com diálogos desnecessários e nos primeiros minutos Link parece um office boy glorificado, como ele sempre parece em jogos do Aonuma.


Mas é tudo muito rápido, muito portátil, muito Minish Cap. Eu não passei mais do que 5 minutos com baboseiras do Aonuma, como pegar um item, levar a algum lugar e conversar, e logo depois já estava de volta aos combates. E a melhor parte, sem um coadjuvante dizendo "TALVEZ ALGO VÁ ACONTECER SE ATINGIRMOS ESSAS ESFERAS BRILHANTES SEM MOTIVO ALGUM!".

Então eu pensei, quando chegar a LoLrule as coisas devem ficar piores, com essa história de virar um desenho na parede, mas não.  Chegar em LoLrule foi como entrar no Nether em Minecraft. Monstros começaram a chutar meu traseiro e a interação com NPCs caiu para praticamente zero.

Eles simplesmente te dão sete dungeons para conquistar, além dos dois iniciais (mais do que nos The Legend of Zeldas recentes) e é sua escolha em qual ordem enfrentá-los. Eu tentei entrar em um certo dungeon e os monstros me deram uma canseira, eu precisei sair antes que me matassem, conseguir mais corações, potes para guardar fadas, armadura e espada melhores, para então voltar.

Há momentos ruins no jogo, mas eles não duram muito. A maior parte é uma delícia, especialmente nas horas finais, enfrentando dungeon após dungeon. Eram 4 da manhã e eu ainda pensava em enfrentar mais um dungeon antes de ir dormir. Em momento algum passava pela minha cabeça largar um pouco o jogo.

The Legend of Zelda: A Link Between Worlds foi um acidente incrivelmente feliz nessa era de trevas sob o comando de Eiji Aonuma, e é um ótimo motivo para comprar um péssimo portátil.

Calcinhas de Pokémon

Uma artista canadense criou calcinhas baseadas no desenho / jogos da franquia Pokémon e elas são incrivelmente de bom gosto e super efetivas.

O nome dela é Sarah Seymour e ela vende as calcinhas na sua loja Maker's Way através do Etsy. Ou vendia, já que os produtos estão esgotados devido a alta demanda e não sei se ela pretende produzir mais, mas espero que sim.

Eu vou apenas deixar isso aqui...


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Review de Pokémon X & Y

Estamos naquela época de novo, o lançamento de um novo jogo da série Pokémon, o qual por falta de cores agora se chama Pokémon X e Y para o Nintendo 3DS (Preparem-se para Pokémon Ponto & Vírgula daqui a alguns anos). Já estamos na contagem de mais de 700 monstros e uma das máximas continua: Bom mesmo era na época dos 151.

Professor Caco Barcellos coloca uma equipe
de treinadores novatos para fazer seu trabalho
A história

Pokémon X começa como a sua tradicional aventura Pokémon. Você é um treinador novato escolhido por um professor para ajudar a completar a Pokédex, viajando por esse mundo onde existem criaturas chamadas Pokémon. Toda a sociedade gira ao redor deles, sendo usados para tarefas domésticas e até para batalhas (PETA disapproves).

A primeira novidade é que há mais coadjuvantes do que nunca. Quatro outras crianças irão acompanhar você durante a jornada. Uma delas será sua rival, enquanto as outras parecem um pouco inúteis, como se só estivessem lá para esfregar na sua cara o PODER DA AMIZADE.

Todos os personagens são bastante estereotipados, o que poderíamos considerar como incapacidade de criar coadjuvantes interessantes, mas também poderíamos perdoar pelo jogo ter um foco maior no público infantil. De qualquer forma não são personagens muito agradáveis de se acompanhar se você tem mais de 12 anos.

No meio da sua jornada eventualmente você encontrará a organização do mal da vez, o Team Flare, que deseja destruir o mundo por motivos razoavelmente bons. Há uma história periférica sobre um Rei, que poderia trazer um pouco mais de profundidade ao enredo, mas apenas é mencionada superficialmente, apesar de ser relativamente importante.

Gráficos e som

Pela primeira vez Pokémon realmente embarcou nos gráficos 3D, tanto no mapa a se explorar quanto nas batalhas, e inicialmente isso gerou grande expectativa. Porém, muito do que a Nintendo mostrou acabou se provando propaganda enganosa. Apesar dos gráficos 3D, Pokémon continua tão bidimensional quanto sempre foi.

Promessa
Realidade
Pokémon finalmente vira uma aventura 3D... NOT

Há muito tempo os jogadores estão pedindo por um jogo de Pokémon totalmente em 3D. Porém, esse pedido pela transição do 2D pro 3D é mais do que o pedido de uma transição gráfica, é um pedido por transição de filosofia. Elas querem que Pokémon se aproxime mais do que é no desenho, mais do que é na imaginação deles.

Os jogos que começaram a febre, Pokémon Red & Blue e Pokémon Gold & Silver, para o primeiro GameBoy, captaram a imaginação dos jogadores e a levaram muito além do que eles esperavam. Porém, desde então a série saiu de sintonia com o que esses jogadores esperavam, não vem captando a imaginação deles.

Nesse sentido, Pokémon X & Y ainda não é o jogo 3D de Pokémon que as pessoas queriam. A visão aérea permanece, dando a impressão de gráficos 2D mesmo em 3D. Você nunca tem a impressão de que há um grande mundo a ser explorado a sua frente. Não fossem por pouquíssimas transições de câmera e umas duas ocasiões onde os gráficos se sobressaem, nem haveria necessidade de ser 3D.

Nas batalhas os gráficos em 3D impressionam nos monstros, mas os cenários deixam um pouco a desejar. Há detalhes interessantes, como o vento correndo pela grama, mas boa parte do cenário de fundo é apenas algo 2D pintado como se fosse o cenário de E O Vento Levou. Os efeitos dos golpes começam como algo impressionante, mas logo ficam genéricos demais.

Ligue o efeito 3D e o jogo fica mais lento que os slides das férias do seu tio

Esse tempo todo em que a produtora GameFreak evitou lidar com gráficos 3D aparentemente também era incompetência, pois o jogo possui algumas quedas de FPS (taxa de quadros) inexplicáveis. Quase sempre que o jogo exibe dois Pokémons ao mesmo tempo na tela, tudo fica lento. Se você tentar ligar o efeito 3D, fica ainda mais lento.

O som é o que estamos acostumados a receber da franquia. Sons distorcidos para as "vozes" dos Pokémons, músicas um pouco esquecíveis com exceção das clássicas remasterizadas e nada de dublagem.

Jogabilidade

A aventura em si está um pouco fraca, em parte porque as situações apresentadas não são excitantes e em parte porque os personagens que acompanham são chatos. As batalhas também estão fáceis demais, o que tira um pouco a graça. Passar por todos os oito ginásios e a Elite Four não foi desafio algum. Até passei boa parte de um ginásio de Planta com um Pokémon de Água.

Os Líderes de Ginásio não oferecem desafio e nem contam com muito carisma

A seleção de monstros que podem virar membros da sua equipe é boa, contando com muitos retornos clássicos e uma boa seleção de novos Pokémons. Nem todos os novos Pokémons são bons, mas há um bom equilíbrio com os antigos, mantendo um ambiente agradável para tipos diferentes de fãs que possam ter abandonado a franquia e retornado.

Aparentemente, fãs que retornam são um grande ponto do jogo. Finalmente alguém na GameFreak parece estar pensando que precisam lidar com o gigantesco êxodo de público que a franquia Pokémon tem. Às vezes até parece que Pokémon X & Y pedem desculpas por não ser Red & Blue.

Em vários momentos eu vi menções a pontos marcantes de Red & Blue, chegando até a um nível desconfortável. Quando monstros antigos figuram em certos locais, tudo bem. Quando me mandaram escolher entre um Bulbasaur, Charmander e Squirtle como segundo pokémon inicial, eu já achei um pouco forçado.

Pokémon X & Y apela para a nostalgia ao adicionar Andy Panda no elenco

Mas quando um Snorlax apareceu dormindo no meio do caminho e foi preciso usar a PokéFlauta para acordá-lo, eu senti como se os desenvolvedores estivessem esfregando o jogo na minha cara e gritando "Lembra do Snorlax? Lembra? LEMBRA?!".

Conclusão

Todas as novidades que Pokémon X & Y tenta apresentar, como Mega Evoluções, o novo tipo Fada, batalhas aéreas, acabam sendo adições vazias que em nada mudam realmente o jogo. Com certeza é algo que os entusiastas irão pirar, mas eles piram em qualquer coisa.

Vi pela internet muitos comentários de jogadores dizendo que não há muito o que fazer no jogo após terminá-lo, mas não foi bem isso que eu vi. Após finalizar minha aventura ainda havia uma boa parcela de coisas pendentes para fazer. Porém, capturar todos os Pokémons com certeza não era uma delas.

A fórmula de sucesso de Pokémon garante que X & Y sejam jogos sólidos, porém sólido não garante mais do que essa nota. Pokémon X & Y caem em uma certa mesmice. São jogos bons o bastante para que você não durma enquanto joga, mas não bons o suficiente para evitar que você boceje.

Nota: 7/10