sábado, 25 de janeiro de 2014

Analisando Mighty No.9 em 3 Fotos


Mighty No. 9 é um jogo que está sendo desenvolvido por Keiji Inafune, o criador de Mega Man, após arrecadar uma grande quantia de dinheiro em uma campanha Kickstarter. Já que a Capcom, empresa que publica Mega Man, esqueceu do robozinho azul, é muito legal que Inafune tenha retomado os conceitos, criando assim a ideia de Mighty No. 9.

Esse é o tipo de projeto que eu gostaria que desse certo, que eu gostaria de não agourar, mas... que não adianta tanto assim fechar os olhos. Há várias coisas erradas acontecendo em Mighty No. 9 e a revelação das primeiras imagens do jogo, já indica isso.

O problema de Mighty No. 9 começa bem antes de ele começar a ser projetado, começa no desenvolvimento de Mega Man Legends 3 para o Nintendo 3DS, um jogo que acabou sendo cancelado pela Capcom.

Mega Man Legends 3 foi o último projeto de Keiji Inafune antes de sair da Capcom e havia uma peculiaridade nele que pode ser vista também em Mighty No. 9, participação dos fãs. Na época, jogadores podiam escolher vários dos elementos do jogo e até participar de concursos para criar designs que seriam usados na versão final, assim como ocorreu em Mighty No. 9.

Criar um jogo é muito difícil, você está tentando criar algo com uma finalidade, algo que passe uma mensagem, uma sensação, um certo prazer. Ter os fãs atuando diretamente na criação é como imaginar um cozinheiro tentando fazer uma sopa enquanto todos a sua volta decidem colocar os seus ingredientes favoritos nela.

Vejam por exemplo as imagens da versão Alpha do jogo.


Eu vou falar basicamente apenas da primeira imagem, à esquerda. Isso é da versão alpha do jogo, quer dizer que ainda estão só testando a engine, fazendo o jogo funcionar antes de qualquer coisa, como colocar cenários.

Como podemos ver, o visual do jogo tem uma pegada bem Mega Man Maverick Hunter X e talvez até mesmo Mega Man Powered Up, ambos jogos de PSP. E aqui começa o problema dele, esses jogos apesar de considerados muito bons tecnicamente, ótimos remakes com extras, não tiveram um bom resultado.

No inglês existe a expressão "Something is off", que significa mais ou menos "algo não está certo", "algo está fora do lugar" ou "algo está fora de sintonia".


O primeiro erro a ser percebido em Mighty No. 9 é um erro de principiante, a posição do personagem na tela. Jogos de ação são baseados em reflexo, mas reflexos dependem de várias outras coisas. Além de que, se você quiser que seu projeto seja jogável por um número razoável de pessoas, não poderá ter como público-alvo apenas aqueles que têm os melhores reflexos, como se estivéssemos nos anos 80.

A posição do personagem no centro da tela cria uma grande área morta atrás dele onde pouca coisa acontece, e diminui a área de percepção e surpresa, as que estão à frente do personagem. Relembre Mega Man X e pense em quantas vezes você tomou aquele míssil na cara na primeira fase.

Nossos olhos levam um tempo para entender tudo que está acontecendo e nossos reflexos para reagirem, assim como a coordenação olho-mão varia de pessoa para pessoa.


Na Área Morta quase nada acontece. Às vezes um ou outro inimigo aparece por lá ou escapa da Área de Percepção, mas é pelo menos 50% menos usada que a área da frente. A Área de Percepção é onde os seus olhos estão focados e onde eles identificam coisas que acabaram de passar da Área de Surpresa. Nesta última por sua vez, seus olhos não identificam nada.


Visualmente, levamos em média 190 milissegundos, 0,19 segundos, para perceber o que está na nossa frente. Para identificar algo em detalhes, este tempo sobe para 2 segundos. Se você está em um jogo, andando para frente, qualquer coisa que surja na Área de Surpresa só será identificado quando já estiver na Área de Percepção.

Olhando a área que sobrou, dá para ver que não há muito espaço para os reflexos agirem. Isso normalmente resolve-se aumentando a Área de Percepção e diminuindo a Área Morta.


Outro ponto que afeta os reflexos e a percepção: o contraste. Se pegarmos o Mega Man original, veremos aquele extremo contraste de cores que apenas os jogos da época do Atari e dos consoles 8 Bits podiam proporcionar. Uma vez discutia com meu amigo Lucas Brum como os gráficos simplórios de Wario Ware eram importantes para que identificássemos tudo rapidamente em seus minigames de 5 segundos.

A partir dos 16 Bits os cenários ficaram mais elaborados e passaram a mesclar-se mais aos elementos, exigindo mais do olho do jogador. Ainda assim nos 16 Bits estávamos anos-luz à frente do que temos hoje em dia. Utilizar cenários escuros como fundo, sejam eles 2D ou 3D, criando pouco contraste com os elementos do jogo.


Reparem que todos esses pontos demonstram um pouco de inexperiência da equipe especificamente no gênero "Ação", que é o gênero de Mega Man, um jogo onde saímos atirando em tudo e tentamos sobreviver. Apesar de termos que de vez em quando cronometrar pulos, ele não é de "Plataforma", o foco é todo no combate, em guardar vidas para quando precisamos e muitas vezes pulos errados têm punições como perder vidas ou energia.

É estranho. Por que a produtora Comcept, de Keiji Inafune, teria pessoas inexperientes no gênero ação? Há ainda parceria com a Inti Creates, as mentes por trás de Mega Man Zero, ótima série de jogos de ação. Porém, se pensarmos bem, a própria Inti Creates já havia dado umas escorregadas com a série Mega Man ZX e ZX Advent no Nintendo DS, exatamente quando tirou o foco da ação para exploração.

Vamos olhar de novo esta foto.


Vocês conseguem reparar algo estranho nessa foto? Em um jogo de ação ou plataforma, você pula e, ou você consegue pular, ou não consegue. "Do or do not. There is no try". Por que o personagem está se agarrando nessa plataforma interrompendo o ritmo da ação, o fluxo de eventos natural? Isso não acontece em um jogo de ação ou de plataforma. Mario não se agarra a plataformas, nem Sonic e muito menos Mega Man.

Se pensarmos em jogos da série Metroid, notaremos que esse movimento é tradicional de jogos com exploração, onde o importante é conseguir acessar novas áreas. Esse é um elemento de jogos de Aventura, mas Mega Man não é um jogo de Aventura, é um jogo de Ação. Sabe quem é um jogo de Aventura? Mega Man Legends.

Foi então que eu me dei conta de uma coisa. Mghty No. 9 tem mais a ver com um Mega Man Legends do que com o Mega Man original. Se tem uma coisa da qual eu entendo é de Mega Man Legends, ainda mais considerando as versões 2D que eu e meu bróder Godzilla pensamos em fazer. Confira as fotos abaixo e me diga se não há uma extrema semelhança.


Que fique bem claro que eu não acho que Mighty No. 9 será um jogo ruim, porém eu acredito sim que ele será mediano, o que deverá desapontar um pouco os fãs que vão esperar esse tempo todo por ele. Eu não paro de ver defeitos no desenvolvimento e com certeza isso irá afetar o produto final.

Porém, há gente talentosa trabalhando lá, como Keiji Inafune, os quais podem criar um bom conteúdo. Como comento em meu livro, o conteúdo é como uma sopa, a qualidade da sopa determina a qualidade necessária para a colher, a jogabilidade.

Se for uma sopa sem graça, um belíssimo talher de prata não melhorará o seu gosto, se for uma sopa deliciosa, você tentará comê-la até mesmo com um garfo.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Nintendo revisa previsões e espera prejuízo por 3º ano seguido

"Eu pensei que era o escolhido" / "É cara... eu também"

Esta última sexta-feira, dia 17 de janeiro de 2014, a Nintendo revisou suas previsões de venda para o ano fiscal de 2013, o qual se encerra em março de 2014. O presidente da Companhia, Satoru Iwata, anunciou com grande pesar que as vendas, tanto do Nintendo 3DS quanto do Wii U, falharam em atingir suas metas.

Isso levou a empresa a revisar suas expectativas. O Nintendo 3DS que deveria vender 18 milhões, agora acredita-se que venderá apenas 13,5 milhões e o Wii U, de 9 milhões, foi reajustado para 2,8 milhões. Isso fez com que a previsão de lucro da Nintendo fosse reduzida em 94%, de um lucro de ¥55 bilhões para um prejuízo de ¥36,4 bilhões, algo em torno de US$ 340 milhões, variando com a cotação da moeda japonesa.

Este é o terceiro ano em que a Nintendo terá prejuízo operacional, e normalmente no terceiro strike um presidente está fora. Porém, o CEO Satoru Iwata, apesar de se responsabilizar pelas perdas, disse que não irá sair. Devido aos prejuízos, investidores da Nintendo não receberão dividendos pelas suas ações.

Segundo a Nintendo, o único lugar onde o 3DS vendeu bem foi na França (talvez porque Pokémon X & Y estava cheio de cultura francesa) e em outras países ela falhou em alcançar suas metas por largas margens. O número de 13,5 milhões do Nintendo 3DS é ainda menor quando pensamos que o Nintendo DS, sem suporte, ainda vende 10 milhoes por ano.

Este foi o ano de Luigi's Mansion: Dark Moon, Fire Emblem: Awakening, Monster Huner 4 (no Japão), Animal Crossing, Donkey Kong Country Returns 3D, Pokémon X & Y e o ótimo The Legend of Zelda: A Link Between Worlds. Nada disso ajudou o Nintendo 3DS a vender mais do que no ano passado. Nem mesmo o fenômeno Pokémon e o Nintendo 2DS.

A Nintendo espera 36% menos vendas do 3DS e Wii U e esperam que as vendas de jogos do Nintendo 3DS tenham caído 15% esse ano. Para 2014 a empresa espera reformular seus modelos de negócios (eu não acredito) e, sem surpresa alguma, vão investir ainda mais em marketing, ¥8 bilhões, e m pesquisa e desenvolvimento ¥15 bilhões.

Talvez vocês se lembrem do artigo "Nintendo e a Espiral da Morte" e finalmente estejam começando a ver algumas semelhanças:

Passo 3 - Investidores esperavam que a empresa crescesse mais do que cresceu e ficam impacientes;
Passo 4 - A empresa promete maior crescimento ao gastar mais dinheiro em investimentos, como se quanto mais dinheiro for gasto, maior será o lucro;
Passo 5 - Os investimentos não têm o retorno esperado. Volte ao passo 3 e repita.

Até os melhores CEOs têm dificuldade de fugir da Espiral da Morte. Quando a empresa não alcança o crescimento esperado, a única coisa que um CEO pode fazer para brecar maior desvalorização é prometer que vai consertar isso investindo mais dinheiro.

E novamente reitero, a Nintendo está fazendo furos em seu barco bem no meio do dilúvio. Não é só uma estratégia ruim, é estúpida.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Qual o segredo de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds?

Nas últimas semanas eu estava jogando The Legend of Zelda: A Link Between Worlds para o Nintendo 3DS, até terminar o jogo, fazer uma review para o site TechTudo (recomendo ler se quiser saber mais sobre) e então pegar alguns extras também. Para minha surpresa, o jogo é ótimo, mas como isso é possível?

Os últimos dois capítulos na série The Legend of Zelda foram os piores de todos os tempos: The Legend of Zelda: Skyward Sword para o Wii e The Legend of Zelda: Spirit Tracks para o Nintendo DS.

Então quando Um novo Zelda foi anunciado para o Nintendo 3DS, a nossa primeira reação no blog foi: "Por que The Legend of Zelda: A Link Between Worlds vai falhar?". Mas havia um ponto importante que ainda estava indefinido.


Quem vem estragando a franquia The Legend of Zelda ultimamente é o diretor Eiji Aonuma, escolhido pelo criador da série, Shigeru Miyamoto (péssima escolha). E qual o principal problema de Aonuma? Ele caiu na armadilha de ego, é obcecado por controle, pela sua visão, e nós que reclamamos que os jogos estão ruins estamos atrapalhando sua genialidade.

Se Eiji Aonuma tivesse participado ativamente da produção de A Link Between Worlds, seria possível prever que o jogo seria ruim, como de costume. Porém, eu pensei comigo mesmo... por que alguém tão egocêntrico se esforçaria em uma sequência de A Link to the Past, quando poderia se dedicar ao remake de sua própria "obra-prima", The Legend of Zelda: Wind Waker HD.

Em outras palavras, enquanto Aonuma estava distraído se excitando com o remake de seu próprio jogo, outra pessoa estava tocando o projeto de A Link Between Worlds. Essa pessoa, bem mais competente, é praticamente um herói e transformou o jogo no que ele virou hoje.

Uma vez que você pega o jogo, começa a jogar e não o larga mais. Os primeiros minutos e os primeiros dungeons são agradáveis, rapidamente você pega uma espada e um arco, se ocupando em enfrentar inimigos assim como no The Legend of Zelda original.

Dá pra ver vários toques de Eiji Aonuma no jogo, mas a sensação é de que você invadiu a casa dele quando ele não estava, ao invés de escutá-lo fazendo um discurso, como Skyward Sword parecia. Há NPCs ridículos, NPCs com diálogos desnecessários e nos primeiros minutos Link parece um office boy glorificado, como ele sempre parece em jogos do Aonuma.


Mas é tudo muito rápido, muito portátil, muito Minish Cap. Eu não passei mais do que 5 minutos com baboseiras do Aonuma, como pegar um item, levar a algum lugar e conversar, e logo depois já estava de volta aos combates. E a melhor parte, sem um coadjuvante dizendo "TALVEZ ALGO VÁ ACONTECER SE ATINGIRMOS ESSAS ESFERAS BRILHANTES SEM MOTIVO ALGUM!".

Então eu pensei, quando chegar a LoLrule as coisas devem ficar piores, com essa história de virar um desenho na parede, mas não.  Chegar em LoLrule foi como entrar no Nether em Minecraft. Monstros começaram a chutar meu traseiro e a interação com NPCs caiu para praticamente zero.

Eles simplesmente te dão sete dungeons para conquistar, além dos dois iniciais (mais do que nos The Legend of Zeldas recentes) e é sua escolha em qual ordem enfrentá-los. Eu tentei entrar em um certo dungeon e os monstros me deram uma canseira, eu precisei sair antes que me matassem, conseguir mais corações, potes para guardar fadas, armadura e espada melhores, para então voltar.

Há momentos ruins no jogo, mas eles não duram muito. A maior parte é uma delícia, especialmente nas horas finais, enfrentando dungeon após dungeon. Eram 4 da manhã e eu ainda pensava em enfrentar mais um dungeon antes de ir dormir. Em momento algum passava pela minha cabeça largar um pouco o jogo.

The Legend of Zelda: A Link Between Worlds foi um acidente incrivelmente feliz nessa era de trevas sob o comando de Eiji Aonuma, e é um ótimo motivo para comprar um péssimo portátil.

Calcinhas de Pokémon

Uma artista canadense criou calcinhas baseadas no desenho / jogos da franquia Pokémon e elas são incrivelmente de bom gosto e super efetivas.

O nome dela é Sarah Seymour e ela vende as calcinhas na sua loja Maker's Way através do Etsy. Ou vendia, já que os produtos estão esgotados devido a alta demanda e não sei se ela pretende produzir mais, mas espero que sim.

Eu vou apenas deixar isso aqui...


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Review de Pokémon X & Y

Estamos naquela época de novo, o lançamento de um novo jogo da série Pokémon, o qual por falta de cores agora se chama Pokémon X e Y para o Nintendo 3DS (Preparem-se para Pokémon Ponto & Vírgula daqui a alguns anos). Já estamos na contagem de mais de 700 monstros e uma das máximas continua: Bom mesmo era na época dos 151.

Professor Caco Barcellos coloca uma equipe
de treinadores novatos para fazer seu trabalho
A história

Pokémon X começa como a sua tradicional aventura Pokémon. Você é um treinador novato escolhido por um professor para ajudar a completar a Pokédex, viajando por esse mundo onde existem criaturas chamadas Pokémon. Toda a sociedade gira ao redor deles, sendo usados para tarefas domésticas e até para batalhas (PETA disapproves).

A primeira novidade é que há mais coadjuvantes do que nunca. Quatro outras crianças irão acompanhar você durante a jornada. Uma delas será sua rival, enquanto as outras parecem um pouco inúteis, como se só estivessem lá para esfregar na sua cara o PODER DA AMIZADE.

Todos os personagens são bastante estereotipados, o que poderíamos considerar como incapacidade de criar coadjuvantes interessantes, mas também poderíamos perdoar pelo jogo ter um foco maior no público infantil. De qualquer forma não são personagens muito agradáveis de se acompanhar se você tem mais de 12 anos.

No meio da sua jornada eventualmente você encontrará a organização do mal da vez, o Team Flare, que deseja destruir o mundo por motivos razoavelmente bons. Há uma história periférica sobre um Rei, que poderia trazer um pouco mais de profundidade ao enredo, mas apenas é mencionada superficialmente, apesar de ser relativamente importante.

Gráficos e som

Pela primeira vez Pokémon realmente embarcou nos gráficos 3D, tanto no mapa a se explorar quanto nas batalhas, e inicialmente isso gerou grande expectativa. Porém, muito do que a Nintendo mostrou acabou se provando propaganda enganosa. Apesar dos gráficos 3D, Pokémon continua tão bidimensional quanto sempre foi.

Promessa
Realidade
Pokémon finalmente vira uma aventura 3D... NOT

Há muito tempo os jogadores estão pedindo por um jogo de Pokémon totalmente em 3D. Porém, esse pedido pela transição do 2D pro 3D é mais do que o pedido de uma transição gráfica, é um pedido por transição de filosofia. Elas querem que Pokémon se aproxime mais do que é no desenho, mais do que é na imaginação deles.

Os jogos que começaram a febre, Pokémon Red & Blue e Pokémon Gold & Silver, para o primeiro GameBoy, captaram a imaginação dos jogadores e a levaram muito além do que eles esperavam. Porém, desde então a série saiu de sintonia com o que esses jogadores esperavam, não vem captando a imaginação deles.

Nesse sentido, Pokémon X & Y ainda não é o jogo 3D de Pokémon que as pessoas queriam. A visão aérea permanece, dando a impressão de gráficos 2D mesmo em 3D. Você nunca tem a impressão de que há um grande mundo a ser explorado a sua frente. Não fossem por pouquíssimas transições de câmera e umas duas ocasiões onde os gráficos se sobressaem, nem haveria necessidade de ser 3D.

Nas batalhas os gráficos em 3D impressionam nos monstros, mas os cenários deixam um pouco a desejar. Há detalhes interessantes, como o vento correndo pela grama, mas boa parte do cenário de fundo é apenas algo 2D pintado como se fosse o cenário de E O Vento Levou. Os efeitos dos golpes começam como algo impressionante, mas logo ficam genéricos demais.

Ligue o efeito 3D e o jogo fica mais lento que os slides das férias do seu tio

Esse tempo todo em que a produtora GameFreak evitou lidar com gráficos 3D aparentemente também era incompetência, pois o jogo possui algumas quedas de FPS (taxa de quadros) inexplicáveis. Quase sempre que o jogo exibe dois Pokémons ao mesmo tempo na tela, tudo fica lento. Se você tentar ligar o efeito 3D, fica ainda mais lento.

O som é o que estamos acostumados a receber da franquia. Sons distorcidos para as "vozes" dos Pokémons, músicas um pouco esquecíveis com exceção das clássicas remasterizadas e nada de dublagem.

Jogabilidade

A aventura em si está um pouco fraca, em parte porque as situações apresentadas não são excitantes e em parte porque os personagens que acompanham são chatos. As batalhas também estão fáceis demais, o que tira um pouco a graça. Passar por todos os oito ginásios e a Elite Four não foi desafio algum. Até passei boa parte de um ginásio de Planta com um Pokémon de Água.

Os Líderes de Ginásio não oferecem desafio e nem contam com muito carisma

A seleção de monstros que podem virar membros da sua equipe é boa, contando com muitos retornos clássicos e uma boa seleção de novos Pokémons. Nem todos os novos Pokémons são bons, mas há um bom equilíbrio com os antigos, mantendo um ambiente agradável para tipos diferentes de fãs que possam ter abandonado a franquia e retornado.

Aparentemente, fãs que retornam são um grande ponto do jogo. Finalmente alguém na GameFreak parece estar pensando que precisam lidar com o gigantesco êxodo de público que a franquia Pokémon tem. Às vezes até parece que Pokémon X & Y pedem desculpas por não ser Red & Blue.

Em vários momentos eu vi menções a pontos marcantes de Red & Blue, chegando até a um nível desconfortável. Quando monstros antigos figuram em certos locais, tudo bem. Quando me mandaram escolher entre um Bulbasaur, Charmander e Squirtle como segundo pokémon inicial, eu já achei um pouco forçado.

Pokémon X & Y apela para a nostalgia ao adicionar Andy Panda no elenco

Mas quando um Snorlax apareceu dormindo no meio do caminho e foi preciso usar a PokéFlauta para acordá-lo, eu senti como se os desenvolvedores estivessem esfregando o jogo na minha cara e gritando "Lembra do Snorlax? Lembra? LEMBRA?!".

Conclusão

Todas as novidades que Pokémon X & Y tenta apresentar, como Mega Evoluções, o novo tipo Fada, batalhas aéreas, acabam sendo adições vazias que em nada mudam realmente o jogo. Com certeza é algo que os entusiastas irão pirar, mas eles piram em qualquer coisa.

Vi pela internet muitos comentários de jogadores dizendo que não há muito o que fazer no jogo após terminá-lo, mas não foi bem isso que eu vi. Após finalizar minha aventura ainda havia uma boa parcela de coisas pendentes para fazer. Porém, capturar todos os Pokémons com certeza não era uma delas.

A fórmula de sucesso de Pokémon garante que X & Y sejam jogos sólidos, porém sólido não garante mais do que essa nota. Pokémon X & Y caem em uma certa mesmice. São jogos bons o bastante para que você não durma enquanto joga, mas não bons o suficiente para evitar que você boceje.

Nota: 7/10

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Top 25 Jogos de PS Vita

Recentemente o site de jogos IGN fez um Top 25 de jogos do PS Vita e tenho que dizer que fiquei impressionado com as más escolhas da lista. Fiquei tão chocado que resolvi fazer o meu próprio Top. Confira as 25 posições, com direito a um extra no final e algumas ausências justificadas.

Veja também: Top 25 Jogos de PS Vita - Parte 2


25- PlayStation All-Stars Battle Royale



Uma clara cópia barata de Super Smash Bros. com um elenco muito menos carismático e uma mecânica menos funcional. PlayStation All-Stars Battle Royale tinha tudo pra dar errado e realmente deu, virando jogo da cestinha de barganhas. Não significa no entanto que não dê para se divertir um pouco com Kratos, Drake e figuras clássicas como Parappa. O fato de receber personagens extras depois de pronto também foi legal, já vendê-los, não.

24- Big Sky Infinity


Pouco conhecido jogo de nave, Big Sky Infinity te apresenta um percurso aleatório a cada nova partida com zonas diferentes e até chefes. Independente do caminho que você faz, ganha dinheiro para melhorar sua nave e cada vez tentar durar mais. Seria bem menos atraente se não tivesse gráficos tão agradáveis e boa música, além de narração, que às vezes solta piadas como "Não universo... VOCÊ bote suas mãos pra cima".

23- Guacamelee!


Muitos provavelmente colocariam Guacamelee! em uma posição mais alta, mas apesar de gostar do jogo, fico feliz que tenha comprado em promoção. Guacamelee! é o seu tradicional "Metroidvania", onde a cada nova área completada você ganha um novo poder que te ajuda a acessar vários outros locais. O jogo é divertido, competente, tem uma boa temática mexicana de luchadores e dia de los muertos, mas em nenhum momento surpreende.

22- Killzone Mercenary


Apesar de gostar bastante de FPS, eu não gosto muito dos FPS tradicionais. Eu troco facilmente um Call of Duty, Battlefield ou Killzone por Goldeneye 007 do Nintendo 64. Porém, Killzone Mercenary me surpreendeu bastante, por justamente me agradar. É um jogo bastante divertido e bem produzido considerando que foi feito para um portátil, contando ainda com um bom modo online. É definitivamente o FPS do PS Vita, para qualquer um que goste do gênero.

21- Plants vs. Zombies



Não importa em qual plataforma eu esteja, eu jogarei Plants vs. Zombies. É um dos melhores jogos dos últimos tempos e sempre dá pra começar uma nova partida. Eu zerei nos smartphones, no DSi Ware, no Nintendo DS (versão mais completa), no Chrome, no Xbox 360 e onde mais surgisse eu jogaria. A versão do PS Vita une alguns dos melhores elementos, com gráficos em alta resolução porém com portabilidade e boa tela de toque. Isso tudo com extras das outras versões.

20- Jet Set Radio



Um clássico do Dreamcast refeito para a atual geração. Você pode jogar Jet Set Radio no Xbox 360, PlayStation 3 e PC, mas no PS Vita há a vantagem da portabilidade. O jogo é sobre uma gangue de patins pichando a cidade por dominância e acaba escalando para uma aventura ainda mais louca. Algumas coisas ficaram datadas, mas o jogo ainda é muito bom e merece atenção.

19- New Little King's Story



Quando eu comprei New Little King's Story eu pensei que era um novo jogo da série, uma sequência até, mas ele é na verdade uma releitura de The Little King's Story do Nintendo Wii, o que me decepcionou um pouco. Ainda é um ótimo jogo, pois já era bom no Wii. Consertaram algumas coisas óbvias, outras não, mas refizeram um pouco o visual, o que me incomodou um pouco. Mas novamente, ainda é um ótimo jogo.

18- Retro City Rampage


Retro City começou como uma versão de GTA 3 para Nintendo 8 bits e virou algo um pouco diferente. O jogo manteve a ideia de andar pela cidade e tocar o terror, mas adicionou muitas missões e estágios alternativos, cheios de referências à cultura pop e jogos clássicos. Está disponível em outras plataformas também, mas se encaixa melhor no PS Vita.

17- Zero Escape: Virtue's Last Reward



Eu não sou um grande fã de Visual Novels, então era pouco provável que eu comprasse Zero Escape com meu próprio dinheiro, mas ele acabou vindo na PS Plus e se provou agradável. Sequência indireta do jogo 999, Zero Escape mistura grandes pedaços de diálogo com puzzles do tipo "saia dessa sala". Conforme a história evolui ela começa a ficar bem interessante e os puzzles começam a exigir FAQs para preservar seus cabelos. Está disponível também para Nintendo 3DS.

16- Spy Hunter


Outra incrível surpresa foi Spy Hunter, disponível no PS Vita e 3DS. Baseado em um clássico de outrora, Spy Hunter coloca você no controle de um super carro espião, daqueles tipos que caem na água e viram um barco (literalmente). O jogo é extremamente divertido e traz o tipo de diversão Arcade, rápida e intuitiva, que se espera de um portátil.

15- Ultimate Marvel vs. Capcom 3


Um dos jogos que não podia faltar no meu PSP era Marvel vs. Capcom, o problema é que na época ele era emulado do fliperama, já que não tinha o jogo pro portátil. No PS Vita isso foi resolvido fácil. Ultimate Marvel vs. Capcom 3 foi um dos meus primeiros jogos e não saiu do aparelho por muito tempo. A jogabilidade frenética e rápida aliada àquela linda tela OLED é um casamento perfeito.

14- Army Corps of Hell


Poucas pessoas conheceram esse jogo, mas a Square Enix achou que ele era bom o bastante para trazê-lo para o ocidente. Army Corps of Hell te coloca no papel do próprio Satã, comandando um exércio de demônios tentando retormar sua coroa no inferno e lutar contra o céu. A atmosfera do jogo é incrível e é regada por Heavy Metal japonês que combina muito bem com a temática.

13- Spelunky


Spelunky é uma mistura de divertido e cruel que no início irrita um pouco, mas se torna um bom desafio com o tempo. Seu objetivo é passar por várias fases e pegar um tesouro, mas há tantas coisas pra darem errado no meio da aventura que é pouco provável que a maioria sequer consiga. A questão é que há também muitas coisas que podem dar certo e ninguém sabe como uma partida de Spelunky vai se desenrolar, sempre incentivando jogar uma partida a mais, é viciante.

12- Gravity Rush


Gravity Rush é o tipo de jogo que é uma agradável surpresa e um dos poucos com estrutura de console no PS Vita. Nele você tem uma heroína que controla a gravidade, Kat, com mecânicas interessantes de combate, exploração e dimensões paralelas. Pra variar um pouco, a personagem tem uma boa personalidade e se envolve em situações interessantes. A única parte ruim é que a história levanta um grande mistério mas deixa a conclusão pra sequência, que já recebeu um teaser recente.

11- Sonic & All-Stars Racing Transformed


Mario Kart sempre teve seus clones, mas nunca muito relevantes. Porém, enquanto Mario Kart culminou no Wii e DS, o apressado Mario Kart 7 no 3DS escorregou feio, deixando um vácuo. A sumo Digital aproveitou bem esse espaço com Sonic & All-Stars Racing Transformed. Enquanto o conceito de carros que se transformam foi bem chupinhado do jogo da Nintendo, a ideia de que as pistas também se transformassem foi uma bem-vinda e interessante inovação, que faria muito bem se fosse copiada por Mario Kart.

10- Muramasa Rebirth


Muramasa era um ótimo jogo no Nintendo Wii, não por causa de seus belos gráficos 2D desenhados, marca registrada da Vanillaware, mas por ter uma ótima jogabilidade no combate. Outras partes do jogo têm seus defeitos, mas o forte combate sempre o manteve em alta. Os controles do PS Vita são bem melhores para jogá-lo do que os do Wii e a portabilidade incentiva sessões curtas que ajudam muito a amenizar os outros problemas e alcançar o número de horas necessário para conseguir todas as espadas e fazer todos os finais. O jogo também recebeu alguns DLCs com conteúdo extra, nada muito legal, mas adições sobre o original.

09- Lumines Electronic Symphony


A série Lumines já era bastante divertida no PSP e só ficou melhor no PS Vita. Em Lumines, quadrados coloridos estão sempre caindo na tela, compostos por 4 peças, sempre de 2 cores. ao formar quadrados, ou formas maiores, de 4 peças ou mais de uma mesma cor, eles são eliminados da tela. Porém, o que torna a experiência realmente viva são as músicas, bem escolhidas e que alteram o ritmo da própria jogabilidade, tornando mais fácil ou mais difícil eliminar os quadrados.

08- Ragnarok Odyssey


Já na onda de clones de Monster Hunter, Ragnarok Odyssey tentou usar o nome do popular MMORPG para criar seu próprio jogo. Porém, enquanto Monster Hunter é lento e calculado, Odyssey é frenético e divertido, trazendo um sentimento que lembra muito mais o clássico Phantasy Star Online do Dreamcast. E ainda é uma ótima pedida mesmo para jogadores que pretendam ficar offline, diferente da série da Capcom.

07- The Walking Dead


The Walking Dead já está disponível em outras plataformas, mas não há dúvida de que é um dos melhores jogos da geração. No PS Vita por um preço extremamente acessível você leva todos os episódios da série e ainda o episódio especial 400 Days. O nível de escrita do jogo é algo superior a tudo na indústria atualmente, e torna-se mais impactante por acatar as escolhas do jogador em uma linda experiência conjunta.

06- Soul Sacrifice


Outro clone de Monster Hunter que acabou se tornando algo bem além, Soul Sacrifice convida jogadores a criarem um personagem mago cuja evolução depende do que ele escolhe salvar ou sacrificar. É possível sacrificar vidas de inimigos ou partes do seu corpo para criar magias, ao custo de deformidades físicas permanentes. Diferente de Ragnarok Odyssey, este fica bem melhor online, mas ainda é bom o bastante offline.

05- Uncharted: Golden Abyss


Não sou um grande fã da série Uncharted e a demo de Golden Abyss passava a impressão que o jogo era horrível. Porém, ao recebê-lo de graça na PS Plus, ele acabou se provando uma boa opção no portátil. Os tiroteios não são muito agradáveis, mas a aventura como um todo é incrivelmente prazerosa. Também é um dos jogos que traz os melhores gráficos do PS Vita.

04- Earth Defense Force 2017 Portable


O que dizer da série Earth Defense Force, que já conheço há tanto tempo e considero pra caramba? Originalmente lançado para o Xbox 360, essa versão portátil traz tudo que tornou o jogo popular, como batalhas com insetos gigantes, armas devastadoras e cidades a serem transformadas em pó. Tudo isso na palma da sua mão, com um personagem extra que realmente muda o jogo todo e a adição de um modo online? Facilmente uma das melhores opções no aparelho.

03- Touch My Katamari



Já há algum tempo a franquia Katamari chegou a um ponto onde não consegue seguir em frente, após a saída do criador da série, Keita Takahashi, da Namco Bandai. Touch My Katamari foi a primeira tentativa de realmente fazer algo novo com a série e funcionou. Usando a tela de toque do PS Vita é possível agora mudar a forma da sua Katamari, adicionando novas mecânicas de jogabilidade. O conceito principal continua o mesmo e funciona bem no PS Vita.

02- Need for Speed: Most Wanted



A Criterion e a Electronic Arts foram das mais ambiciosas produtoras no PS Vita, como quando anunciaram que Need for Speed: Most Wanted seria lançado para o portátil no mesmo formato dos consoles. Most Wanted foi um dos melhores Need for Speed dos últimos anos e sua estrutura de pequenas missões e exploração de mundo aberto caíram como uma luva para um videogame portátil. Apesar de a tela ser pequena a emoção das corridas é grande, tornando-o um jogo que eu não larguei até terminar.

01- Mortal Kombat




Street Fighter 4 pode ter ressuscitado o gênero de luta 3D e tem seus méritos, mas sem dúvida foi o novo Mortal Kombat que trouxe o melhor pacote para jogadores. Além de um jogo de luta divertido, ele ainda encaixa um modo história que engloba toda a mitologia de Mortal Kombat, com origens de personagens e cenários, como nunca antes na franquia. Há ainda uma torre (duas no Vita) com missões que caem bem para um portátil. A versão PS Vita peca severamente nos gráficos, mas compensa em conteúdo extra e por incluir personagens extras como Kratos, Freddy Krueger, e outros vendidos por DLC.

Grand Master - Ninja Gaiden Sigma 2 Plus


Simplesmente não tem nada tão bom quanto Ninja Gaiden 2 em qualquer plataforma. A versão PS Vita tem alguns problemas em relação à do Xbox 360, mas particularmente acabou sendo a minha preferida, pois a do Xbox 360 por sua vez tinha outros problemas. O combate de Ninja Gaiden 2 é como passar uma faca quente na manteiga, só que uma manteiga com garras que tenta te matar de vez em quando. É facilmente o melhor jogo de ação da geração, convertido para um portátil e com extras. O único defeito é que não há um sucessor à altura para depois de terminá-lo.

Ausências justificadas

Assassin's Creed 3: Liberation - Não sou fã da série, mas parece um ótimo jogo
Dragon's Crown - Ainda não joguei, pegarei quando houver promoção. É da mesma produtora de Muramasa Rebirth
Hotline Miami - Ainda não joguei, sai em outubro na PS Plus
Jogos da série LEGO - Ao invés de serem ports dos consoles, são ports melhorados do 3DS
Persona 4 Golden - Não acho que a série Persona seja para qualquer um
Sly Cooper: Thieves in Time - Não conheço a série (cadê um Sly Cooper Collection?)

Acha que mais algum jogo deveria estar na lista? Deixe nos comentários.

domingo, 1 de setembro de 2013

Nintendo 2DS? Aí cê casa bem


Durante o dia eu estava trabalhando quando apareceu na minha caixa de notícias: "Nintendo anuncia novo portátil Nintendo 2DS". Eu parei um instante... tentei lembrar em que mês estamos, conferi o relógio duas vezes, e vi que realmente não era primeiro de abril. Repeti todo o processo e pensei: "Está cedo para o Dia de Los Santos Inocentes também".

Faz tanto tempo que a Nintendo não faz algo certo que eu me assustei quando soube do Nintendo 2DS. A partir de 12 de outubro (junto com Pokémon X & Y) eles estarão lançando uma versão do Nintendo 3DS que não possui efeito 3D e custará US$ 130 ao invés dos US$ 170 do 3DS atual e US$ 200 do 3DS XL.

Esse era o melhor movimento que a empresa poderia fazer para cortar custos, lançar um 3DS sem 3D, com um preço de entrada mais acessível e que ainda assim deverá dar lucro. Estamos em uma crise econômica, é hora dos videogames ficarem mais baratos do que nunca para sobreviverem.

Nesses tempos em que queremos gastar menos dinheiro, fica cada vez mais difícil relevar erros nos produtos. Por que eu vou comprar um videogame que me obriga a levar uma função que claramente é cara, mas que eu não desejo? Por que comprar um 3DS se eu não quero 3D? Por que comprar um Wii U se eu não quero um controle tablet? Por que comprar o Xbox One se eu não quero Kinect?


Todo esse potencial de pessoas não comprando (Tier 2) ficam na espreita, esperando o momento em que o preço caia até o patamar que elas estão esperando pagar, ou seja, o preço que acham justo pelo produto subtraindo-se suas excentricidades. O 2DS vai dar certo porque é exatamente a escolha para quem não quer pagar por um efeito 3D que não pretende usar.

Isso não significa no entanto que a Nintendo despertou do seu coma onde ela imagina estar no país das maravilhas. Ela acertou sem querer. Para eles a função do 2DS é apenas aumentar as vendas de Pokémon X & Y entre crianças abaixo de 7 anos, que não podem usar o efeito 3D de qualquer jeito. Por isso a horrenda escolha de design da Fisher Price.

Inicialmente o Nintendo 2DS venderá para esse público, pois seu lançamento será de precisão cirúrgica, no mesmo dia de Pokémon X & Y, na época de festas, quando pais querem comprar algo legal para seus filhos, especialmente algo que eles já vêm pedindo há algum tempo e não cabia nas contas antes.

Porém, as altas vendas desse modelo manterão estoques deles nas lojas e algo acontecerá. Logo a Nintendo perceberá que ele não está vendendo apenas para crianças abaixo de 7 anos, mas para um público que ela não esperava, gente que queria comprar um 3DS mas não queria pagar pelo efeito 3D, passando por cima até de coisas como o design horrendo e a péssima disposição dos botões.


O real problema no entanto, continua. O Nintendo 3DS ainda partilha da falida filosofia do GameCube, assim como os jogos que a Nintendo está produzindo. Até a empresa perceber a mudança de público e imaginando que ela começasse a produzir jogos de acordo, já terá se passado mais de um ano, é tempo demais.

O que o Nintendo 2DS realmente pode fazer é melhorar as finanças da Nintendo. A empresa já postou dois anos seguidos de prejuízo e um terceiro ano poderia ser fatal para o atual presidente, Satoru Iwata, então eles precisam inflar os números com urgência para postar um resultado positivo em março de 2014.

Infelizmente não foi possível ver como o mercado reagiu ao Nintendo 2DS, pois a Nintendo mordeu e assoprou. Ao mesmo tempo em que anunciou um novo modelo mais rentável de seu portátil, prometeu um corte de preço de US$ 50 para o Wii U. Isso aumentará o prejuízo da empresa consideravelmente e derrubou suas ações logo em seguida.

Reginald Fils-Aime, presidente da Nintendo da América, também disse que a empresa não está se afastando de todo o conceito do 3D, e não é difícil imaginar a Nintendo em negação, já que é tudo que ela tem feito ultimamente. Para vender Pokémon eles acham que precisam de um portátil mais barato e sem 3D, mas no geral, pretendem manter o 3DS.

O Nintendo 2DS é um passo incrivelmente acertado em uma empresa que só tem dado passos errados, mas não significa uma total mudança de pensamento, nem uma arrancada da vitória. O Nintendo 3DS irá vender mais, assim como o GameBoy Advance quando resolveu seus problemas no GameBoy Advance SP, mas ele ainda ficará longe do que o Nintendo DS foi.

Com o Nintendo 2DS aí cê casa bem.