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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Nintendo Direct: Overwatch, Super Nintendo e Terry Bogard


Hoje a Nintendo transmitiu mais uma de suas Nintendo Directs com novidades para o Nintendo Switch. Foram aproximadamente 40 minutos de conferência e os principais foram o anúncio de Overwatch para o Switch, algo que já era um pouco tardio, a chegada de jogos de Super Nintendo para o Nintendo Switch Online que eram muito esperados e o anúncio de Terry Bogard como um novo personagem para Super Smash Bros. Ultimate.


A Direct começou com o trailer de Overwatch, porém o anúncio já havia vazado anteriormente. Overwatch é um jogo que já deveria estar no Switch há pelo menos um ano e agora já está muito mais cansado do que deveria. Acho que seria mais interessante se ela lançasse algum tipo de spin-off exclusivo para a Nintendo ao lado do multiplayer tradicional. Também é estranho que nenhum personagem de Overwatch tenha sido anunciado para Smash hoje. O jogo sai para o Switch em 15 de outubro.

Então entra Shinya Takahashi, gerente da divisão de planejamento da Nintendo, para nos guiar pelo resto da Direct. Algo no jeito dele me lembra um pouco o Iwata, como faz falta  =(

Tivemos um novo gameplay de Luigi's Mansion 3 mas o jogo em si é bem esquecível, eu mesmo já não pensava nele há um tempo. A ideia de explorar hotéis é legal, mas a forma como fizeram locais temáticos tão grandes dentro dos próprios hotéis, como uma pirâmide ou um esconderijo pirata, derrota um pouco o conceito. Uma coisa legal mostrada foi o Scream Park, um modo multiplayer para até 8 pessoas. Não legal para Luigi's Mansion 3 no entanto, mas outros jogos da Nintendo deveria vir com multiplayers tão extensos assim. O jogo sai em 31 de outubro e o Halloween ajuda.


Um novo jogo de Kirby free to play foi anunciado chamado Super Kirby Clash, no qual até quatro pessoas escolhem um "job" como poder para Kirby e se aventuram contra inimigos. É legal que dá pra jogar multiplayer e até tem online, mas depois de ver um pouco me questiono se Kirby sequer é necessário nesse jogo, poderia ser qualquer personagem genérico. Esse foi lançado hoje pro Switch.

Trials of Mana apareceu por um instante e mostrou um pouco de seu combate que agora tem ainda mais ação. Esse é um remake que realmente vale a pena, como outros "of Mana" antes dele. Será lançado em 24 de abril de 2020 para Switch e presumo que será a mesma data para o PlayStation 4 ou PC, a não ser que alguma das versões saia depois.

Um jogo que pegou de surpresa acho que foi Return of the Obra Dinn, um indie de Lucas Pope, criador do jogo "Papers, Pelase". É sobre descobrir o que aconteceu em um navio ao revisitar os momentos da morte de cada um dos corpos que estão lá. O jogo já estava disponível para PC mas o Nintendo Switch será o primeiro console a recebê-lo no final de 2019, a não ser que mais plataformas sejam anunciadas.

Na sequência tivemos um jogo simpático: Little Town Hero da Game Freak, a produtora de Pokémon. Inicialente tive umas vibes de Little King's Story mas ele vai pro lado do RPG. Não deu pra entender bem como é o sistema de batalha, porque foi dito que o herói luta com "ideias". Uma curiosidade é que Toby Fox de Undertale fez as músicas do jogo. Sairá em 16 de outubro e apesar de charmoso não me agrada tanto. Um problema dos jogos originais da Game Freak é que não importa se são legais, nunca vemos sequências deles, como Drill Dozer ou Harmo Knight.


Super Smash Bros. Ultimate apareceu e pelo menos tiveram a sensibilidade de empurrar as informações detalhadas do jogo para um vídeo separado que começava logo após a Direct. Banjo e Kazooie foram lançados de imediato e tivemos o anúncio de um novo lutador que também havia vazado antes: Terry Bogard para novembro de 2019. Não é um grande personagem como Banjo foi, mas a SNK tem um lugar especial nos corações dos brasileiros e também em alguns outros países específicos como China.

Tecnicamente só faltaria mais um lutador por DLC para ser revelado, mas então foi afirmado que mais personagens serão produzidos para o game. No vídeo que se seguiu o criador da série Masahiro Sakurai explicou que ele acha que é improvável que outro Smash reúna tantos personagens assim e que quer continuar esticando para ver até onde esse recorde pode ir.

No vídeo em sequência também revelaram roupas para os lutadores Mii Fighter que permitem ficar com visuais idênticos ao de Goemon da série Mystical Ninja, Protoman de Mega Man, Zero de Mega Man X, Equipe Rocket de Pokémon Red & Blue (os de roupa preta) e pasmem, Sans de Undertale com direito a sua música Megalovania. Cada umc ustará US$ 0.75 e eu acho que podia ser de graça.

Tivemos um momento rápido com o remake de The Legend of Zelda: Link's Awakening mas sem mostrar nada que já não tenha sido mostrado antes. O jogo sai em 20 de setembro. O mesmo pode ser dito pelo trecho que veio logo depois sobre Dragon Quest 11 para 27 de setembro, além de que uma demo já está disponível.


Agora começa uma sequência de surpresas. Tokyo Mirage Sessions #FE Encore, o retorno do crossover entre Fire Emblem e Shin Megami Tensei do Wii U agora para o Switch. Não parecia um jogo que realmente seria portado porque é um pouco menos popular, mas cá estamos com uma nova oportunidade para ele. A versão do Switch ainda terá uma nova música que não estava no original.

Depois? Deadly Premonition 2: A Blessing in Disguise para Switch em 2020, um anúncio totalmente inesperado, tão inesperado que o vi em listas de "com certeza não vai rolar" para essa Direct como piada de tão impossível. Eu não ligo para a série mas sei que ela tem uma legião de seguidores apaixonados que também poderao aproveitar o primeiro jogo como Deadly Premonition Origins no console a partir de hoje. Talvez ele saia para outras plataformas também.

Divinity Original Sin 2 apareceu com um pouco de gameplay para o Switch e confesso que não conheço muito da franquia apesar de parecer legal. Uma coisa que definitivamente é legal é a possibilidade de importar seus saves da nuvem do Steam para jogar no Switch.

Em sequência a Bethesda veio para anunciar um remaster de Doom 64 para o Switch em 22 de novembro. É a primeira vez que ele estará jogável fora do nintendo 64 desde 1997. Essa é meio que uma versão original de Doom, um pouco diferente mas bem vista pelos fãs. Supostamente ela teria sido lançada junto com Doom 1, 2 e 3 recentemente mas algo parece ter travado sua passagem pela ESRB que faz a classificação etária. Por ora não sei se será exclusivo das plataformas Nintendo.

A Hi-Rez Studios revelou um jogo chamado Rogue Company para 2020 que eu não vou mentir, parecia muito fraco. Eles são conhecidos por alguns jogos "eu também quero um pedaço do bolo" como Smite e Paladins que não chegam a fazer nada fora do comum em relação ao gênero, apenas estão lá e lucrando.


Pokémon Sword & Shield teve alguns momentos, mas foi bem fraco no geral. Foram reveladas 4 novidades e nenhuma delas empolgou muito. Primeiro, você poderá personalizar seu treinador, o que não é nada surpreendente. A segunda foi a mais interessante, o Pokémon Camp. Será possível acampar e brincar com seus pokémons na área social e até convidar outros jogadores para interagir.

A terceira novidade é cozinhar Curry. Cozinhar qualquer coisa poderia ser legal, mas só Curry? Isso é bem cultural do Japão. Terá mais de 100 tipos diferentes de Curry. (Tim Curry?). Por último revelaram dois novos pokémons: Polteageist, uma espécie de fantasma que mora dentro de um bule de chá, e Cramorant, um pássaro água e voador que parece um pouco demais com Pelipper. Ao usar Surf ele fica com um peixe na boca e se for atacado nesse estado cospe o peixe como projétil.

Finalmente o serviço Nintendo Switch Online irá dar jogos de Super Nintendo para seus assinantes, quase um ano após sua estreia. De início serão 20 jogos de Super Nintendo a partir de amanhã, com multiplayer online e função Rewind para rebobinar a ação, especialmente útil para alguns dos jogos mais difíceis. A lista traz alguns títulos bem inesperados, como Stunt Race FX que nunca havia sido relançado fora do Super Nintendo.

A lista completa de jogos inclui: Brawl Brothers, Demon's Crest, Joe & Mac 2: Lost in the Tropices, Kirby's Dream Land 3, Star Fox, Super E.D.F. Earth Defense Force, Super Mario Kart, Super Mario World 2: Yoshi's Island, Super Puyo Puyo 2, Super Tennis, Breath of Fire, F-Zero, Kirby's Dream Course, Pilotwings, Stunt Race FX, Super Ghouls'n Ghosts, Super Mario World, Super Metroid, Super Soccer e The Legend of Zelda: A Link to the Past.


Anunciaram também que vão lançar um controle de Super Nintendo exclusivamente para quem é assinante do Nintendo Switch Online por US$ 30. Não entendi muito bem por que não vender nas lojas normalmente, me parece mais negócio pegar um da 8bitdo que é compatível com mais plataformas.

Tetris 99 receberá um novo modo chamado Tetris 99 Invictus para enfrentar apenas os melhores e também terá missões diárias que podem garantir recompensas como temas de Mario e Zelda para o jogo. A parte que eu achei mais interessante é que anunciaram um pacote físico do jogo que inclui um ano de Nintendo Switch Online. Eu adoraria que a PS Plus viesse com um jogo assim, daria mais motivo para assinar por um ano inteiro e diminuiria a dor do momento da renovação de assinatura.

Mario and Sonic at the Olympic Games Tokyo 2020 apareceu por um instante, mostrando um pouco de seus esportes e eventos retrô. O modo história mostra um jogo que faz Mario, Sonic, Bowser e Eggman de prisioneiros e os levará de volta no tempo para os Jogos Olímpicos de Verão de 1964. O jogo sai em 5 de novembro e promete ser o melhor da série até agora. Tivemos nossa chance em 2016, mas estragamos tudo.

Daemon X Machina eu podia jurar que estaria presente com seu trailer de lançamento que até então só está disponível em sua versão japonesa, mas não, apenas mostraram um pouco do jogo. Uma boa surpresa é que ele terá suporte para multiplayer cooperativo para até quatro pessoas, incluindo online, algo que não esperava. O jogo sai em 13 de setembro e está com uma demo cujo progresso pode ser levado para a versão final. Foi um pouco ruim o jogo sair tão em cima com Astral Chain, porque ele também promete ser ótimo, mas acho que vai ficar na sombra da Platinum.


Um jogo clássico inesperado é Jedi Knight 2: Jedi Outcast que será relançado para Switch em 24 de setembro. Fora da Direct fiquei sabendo que o jogo sai também para PS4 e Jedi Knight: Jedi Academy será relançado no início de 2020 para PS4 e Switch.

Falaram rapidinho sobre The Witcher 3 que chega ao console em 15 de outubro e remasters de Assassin's Creed 4: Black Flag e Assassin's Creed Rogue que serão lançados em um pacote único para o Switch. Para completar Dauntless também está vindo para o console, é meio que uma alternativa gratuita a Monster Hunter, o que no Switch pode ser uma boa por não ter Monster Hunter World.

Hora do reel de jogos que sairão pro Switch? Hora do reel de jogos que sairão pro Switch: Just Dance 2020, Grid Autosport, Farming Simulator 2020, Ni no Kuni: Wrath of the White Witch, NBA 2K20, Call of Cthulhu, The Outer Worlds, Devil May Cry 2 e Vampyr.

O penúltimo jogo apresentado acho que foi um dos melhores da conferência: Animal Crossing: New Horizons, que será lançado em 20 de março de 2020 após sofrer um atraso. Entre algumas das novidades temos o Nookphone, um smartphone cheio de apps do Tom Nook, um novo sistema de crafting de ferramentas e mobília e um modo multiplayer para até oito pessoas ao mesmo tempo.


Eu estou dividido nessa questão porque fazer machados para cortar árvores e obter madeira para fazer móveis é muito Minecraft e nada Animal Crossing, acho que a franquia simplesmente não é sobre isso. Porém, definitivamente ela precisava ser sobre alguma coisa, não é? Já há algum tempo precisava-se de algo para fazer no mundo do jogo e talvez isso seja um ótimo passo na direção certa. Sem dúvida me animou mais do que jogos passados.

O último anúncio me surpreendeu, mas confesso que ficou faltando um algo mais. Xenoblade Chronicles será relançado para o Switch em 2020, o mesmo jogo que já foi lançado no Wii e relançado no Nintendo 3DS. Sem dúvida é uma boa plataforma para relançar, mas ainda assim é um jogo bem velho. A todo mundo eu ficava esperando que anunciassem que é um pacote com Xenoblade Chronicles X exclusivo do Wii U, mas não. Xenoblade Chronicles 2 não teve vendas espetaculares para justificar isso.

O saldo da Direct foi bem razoável, minhas expectativas não estavam altas e nenhum jogo ou anúncio foi muito excepcional. Animal Crossing acho que surpreendeu positivamente com algumas novidades e a chegada dos jogos de Super Nintendo chego na hora certa que os fãs já não aguentavam mais jogos de Nintendo 8 Bits no Nintendo Switch Online. Foi estranho não termos ouvido de um novo estilo para Super Mario Maker 2 ou de algo sobre o Nintendo Switch Lite e algum jogo com perfil mais portátil para ele.


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Como seria Donkey Kong Country com o design original


Donkey Kong é um personagem sobre o qual eu gostaria de falar mais a fundo e fazer um estudo um dia, mas na falta de tempo esse vídeo do ano passado encontrou seu caminho até mim. Trata-se de um vídeo criado por um usuário chamado Spacepig22 que imagina como seria Donkey Kong Country se ele tivesse o design original do personagem.

Apesar de ter jogado bastante Donkey Kong Country na minha época, hoje eu vejo mais problemas em como a Rare tomou liberdades com o personagem e sua jogabilidade, mas como muita gente acha a trilogia original incrível há pouco motivo para ficar reclamando. Dito isso, mesmo esse design original estando mais fiel eu não acho que ele caia bem com o mundo criado pela Rare, valendo apenas como curiosidade.

Se alguém tiver alguma curiosidade sobre como esse vídeo foi feito, vou explicar. Meu primeiro palpite seria hackear uma rom original de Donkey Kong Country e apenas trocar os gráficos, mas não foi isso que foi feito. Acredito que seria a forma mais fácil de fazer, mas segundo o criador do vídeo, ele sequer sabe fazer hacks de roms.


Então o que ele fez? Primeiro pegou um gameplay tradicional de DKC, removeu os macacos através de um software de edição de vídeo, o After Effects, e depois colocou seus novos gráficos no vídeo. Em outras palavras, não existe versão jogável disso. Os sprites foram criados com modelos 3D feitos no Maya, um software de modelagem 3D, e animados lá também.

Ele teve o cuidado de usar técnicas que eram comuns em animação 3D dos anos 90 e ao converter as animações limitou as cores no Photoshop para emular a paleta de cores do Super Nintendo. O resultado final ficou realmente bom.


sábado, 28 de abril de 2018

Até mais Kimishima, e obrigado pelos peixes


Em seu último relatório financeiro em 26 de abril a Nintendo não revelou apenas as suas finanças, mas também mudanças que ocorreriam na empresa e a maior delas é a troca de presidente. O atual presidente, Tatsumi Kimishima que entrou após a triste morte de Satoru Iwata em 2015 irá deixar o cargo e em seu lugar entrará Shuntaro Furukawa, um funcionário que está na companhia há poucos anos, mas já esteve em posições importantes.

Sempre soubemos que o papel de Kimishima seria temporário e a estabilidade em vendas da Nintendo atualmente serviu como o palco perfeito para sua saída. Inicialmente eu não gostava de Kimishima, pois ele não tinha muita personalidade, algo difícil de engolir depois do carisma de Iwata. No entanto com o passar do tempo eu comecei a gostar de uma parte dele, uns 50%, e já estava começando a entendê-lo.

O primeiro presidente da Nintendo no ramo dos videogames, Hiroshi Yamauchi, era um homem de negócios com punho de ferro. Satoru Iwata era um desenvolvedor que chegou ao topo e tentava domar o mundo dos negócios como um novo desafio. Kimishima no entanto tinha um estranho background de quase três décadas trabalhando em um banco, quando então foi para a Pokémon Company, apesar de não saber muito sobre pokémons.

Apesar de Yamauchi ser um homem de negócios, videogames eram o seu negócio, e no caso de Iwata eram sua alma, mas Kimishima sempre pareceu vê-los um pouco de fora, o que não permitia que ele os entendesse completamente. Isso não era necessariamente uma coisa ruim para a fase que a Nintendo estava passando, mas felizmente ele nunca precisou criar o conceito de um videogame, provavelmente isso não daria muito certo.


Com o passar do tempo percebi que esse distanciamento de Kimishima o fazia ver os videogames mais como produtos isolados e até mesmo como brinquedos. Isso pode ter sido o ponto decisivo para ele ser o único a ver o problema do Wii U dentro da Nintendo, ele não sabia como as pessoas comprariam algo tão parecido com um produto já lançado.

Eu realmente gosto desse ponto de vista o produto isolado, em que você tem uma caixa, algo dentro e aquilo é o que você recebe, sem que se transforme em outra coisa. Vivemos em uma época em que tudo é atualizado o tempo todo, tudo está em constante evolução e plugado na internet, e apesar de antiquada, a sensação do produto na caixa é agradável, segura e nos permite desacelerar um pouco nossas vidas.

É o caso do NES Classic, um videogame com alguns jogos que você pode plugar e jogar, sem internet, sem comprar mais jogos online, sem atualizações de sistema, o que você vê é o que você recebe. Claro que o NES Classic já vinha desde a época do Iwata, mas com certeza Kimishima deu foco a ele, algo que outro presidente poderia decidir esperar para se focar no Switch.

Um lado ruim é que ao ver os videogames mais como produtos isolados ou brinquedos, Kimishima parece ter limitado um pouco seu alcance, como ao lançar o NES Classic e o SNES Classic com uma ideia maluca de vendê-los apenas por um ano. Isso seria normal para um brinquedo, que apenas pode ser o mais quente daquela temporada no ano em que é lançado, mas um videogame tem pernas longas, a Nintendo pode vender versões Classic de seus videogames para sempre.


Outro problema é que assim como é com o mercado de brinquedos, Kimishima provavelmente quer algo novo todo ano. Nos anos 80 todos os anos Transformers, Tartarugas Ninjas e G.I. Joes teriam uma nova linha de brinquedos para vender, tradição que continua até hoje com Ben 10, Power Rangers e outros.

Provavelmente isso significa mais empreitadas como foi o Nintendo Labo, periféricos, coisas novas que gravitem ao redor do Nintendo Switch, já que grandes cartadas como Mario, Zelda e Mario Kart já foram dadas. Se virmos o surgimento de periféricos no segundo ano do Switch provavelmente será o legado de Kimishima mesmo após sua saída.

Por mais que eu goste dessa visão distanciada e de produto isolado, ela é um pouco antiga e não é exatamente o que a Nintendo precisa para seguir adiante. Estamos fazendo uma transição da época de posse para uso, cada vez mais produtos físicos estão se tornando serviços nos quais não temos, nem desejamos, posse, apenas usufruímos enquanto pagamos como Netflix, Spotify e para alguns até mesmo o Xbox Game Pass.

Nesse sentido o Switch está bem atrás, com cartuchos físicos e pouco espaço de armazenamento, ainda sem muitas informações sobre seu sistema online, o qual já começa muito atrás da PSN e Xbox Live. Nos últimos anos a Sony teve um gigantesco crescimento em sua rede e mais uma vez quando o assunto é online, a Nintendo pega o bonde atrasada.


A saída de Kimishima para botar um "jovem" Shuntaro Furukawa de 46 anos (Iwata tinha uns 42 quando entrou na presidência) pode significar um foco maior em ideias mais modernas. Só devemos começar a ver suas decisões lá pelo terceiro ano do Nintendo Switch, mas diferente de Kimishima que fez uma gestão sobre estabilidade, Furukawa pode realizar algumas loucuras e até quebrar velhos moldes da Nintendo.

Me incomoda um pouco que Furukawa seja tão novo na companhia e já esteja no papel do Presidente, há uma real chance aqui de vermos uma pitada da tradição da Nintendo ser perdida por falta de uma liderança que tenha brotado do coração da empresa. Porém isso é uma preocupação para o futuro.

Ninguém irá sentir falta realmente da gestão morna de Kimishima como sentimos falta de Yamauchi ou Iwata, mas ainda assim ele foi responsável por algumas coisas interessantes na Nintendo pelas quais aparentemente nunca será creditado, até por uma certa humildade. Então vamos apenas agradecê-lo no geral pelo tempo em que foi nosso gentil anfitrião.

domingo, 7 de agosto de 2016

Aladdin vs. Aladdin


A loja digital Good Old Games (GOG) relançou três jogos clássicos de plataforma da Disney para PC: The Liong King (O Rei Leão), The Jungle Book (Mogli - O Menino Lobo) e Aladdin (Aladdin... duh), os quais antes eram incompatíveis com sistemas operacionais mais recentes. Os preços estão salgadíssimos, US$ 9,99 cada ou US$ 29,97 em um pacote com os três.

A maioria das pesssoas jogou esses clássicos na época do Super Nintendo e Mega Drive, os quais eram basicamente os mesmos em ambos consoles... exceto por Aladdin. A versão relançada para PC pelo Good Old Games de Aladdin é a mesma do Mega Drive, não a do Super Nintendo. É uma pena que o GOG não conseguiu... a melhor versão. #Polemik

Talvez vocês não saibam, mas existe uma longa rixa desde os anos 90 entre jogadores do Mega Drive vs Super Nintendo, sobre quem tem a melhor versão de Aladdin. Boa parte dos jogadores defende que a versão do Mega Drive é superior, com seus belos gráficos, enquanto poucos defendem a do Super Nintendo, porém ainda assim a versão do console da Nintendo costuma ser a mais lembrada.

Existe na verdade uma ótima história sobre Game Design para ser contada por trás dessa disputa e é isso que vamos explorar a seguir.


Normalmente a versão do Mega Drive recebe muito elogios porque seus gráficos são realmente ótimos para a época, com direito a animações bastante detalhadas e personagens grandes, um legado de Emirin desde Castle of Illusion. Enquanto no Mega você via bem o rosto de Aladdin, com expressões visíveis, no Super Nintendo até mesmo a cabeça do Abu é maior que a do Aladdin.

Porém, além do fator visual, o que mais essa versão tem para ser considerada melhor? Ela tem mais ação, pois na versão do Mega Drive deram a Aladdin uma espada e isso deu um foco maior para o combate. No entanto, isso é uma certa subversão do personagem, pois Aladdin é mais um acrobata como no Super Nintendo do que um guerreiro como no console da Sega.

É aqui que precisamos esclarecer o primeiro detalhe. Os jogos de Aladdin são de gêneros diferentes. O do Mega Drive é um jogo de ação, no qual importa mais a ação que você realiza, como atacar. Enquanto o do Super Nintendo é de plataforma, em que o foco está nos saltos precisos. Não podemos criticar um por falta de saltos nem o outro por falta de ação.


Isso também significa que não é possível compará-los diretamente um contra o outro, é preciso medir cada um de acordo com as qualidades apresentadas por cada gênero e então decidir qual deles alcançou um patamar maior dentro dele. E obviamente a resposta para isso está no design dos jogos.

A primeira coisa que se sobressai a respeito do Aladdin de Mega Drive é que ele é na verdade um jogo de PC e Amiga desenvolvido pela Virgin Interactive, algo que poucos sabiam na época. Como tal, ele carrega cultura de PC nele, a qual veremos daqui a pouco. Já o Aladdin de Super Nintendo foi criado pela Capcom, uma empresa com muita experiência em fliperamas e cultura Arcade. A diferença entre ambas as empresas e culturas por sua vez é carregada para o jogo.

Agora olhem que coisa legal. Normalmente vocês têm que aturar meus desenhos feitos em guardanapos, mas dessa vez nós temos um game design original da época dos 16 Bits para usar como documento de estudo. Eu alterei um pouco para melhorar a visibilidade e remover setas que eram de acessibilidade, mas que não significavam caminhos alternativos, para deixar setas apenas que simbolizem caminhos que podem ser tomados no jogo.


Ambas as versões de Aladdin são lineares, quase não há caminhos alternativos e tão logo eles se ramificam, voltam a convergir logo depois. Para um jogo de ação isso não é tão problemático quanto em um jogo de plataforma, pois o desafio é ficar vivo contra inimigos, como em Mega Man.

O que é um problema, no entanto, é a falta de alguma forma de "crescimento" no personagem. Aladdin começa e termina com as mesmas habilidades, sem nunca aprender nada novo nem ganhar power-ups durante as fases. Se pensarmos em Mega Man, ele ganhava novas armas e Mega Man X até uma armadura. Mesmo se procurarmos um estilo de jogo mais próximo, como Strider, vamos ver power-ups para a espada, algo que é tradicional da cultura arcade.

Já no Super Nintendo, há poucos caminhos alternativos para um jogo de plataforma, porém ele utiliza ironicamente a técnica Hi-Lo de Sonic the Hedgehog para distribuir bem recompensas entre o caminho de baixo e o do alto, como falamos em "Sonic Mania & os altos e baixos do Level Design". Porém a maior diferença é um pano que Aladdin utiliza para planar, o qual facilita a vida do jogador e permite alcançar alguns lugares. A experiência difere ao ter ou não o pano para ajudar.


O Aladdin de Mega Drive opta por uma abordagem mais agressiva que coloca uma arma na mão de um personagem que não é violento e como é de costume para um jogo da cultura PC, gráficos bem mais bonitos, mas também uma progressão bem mais linear onde só há uma forma de passar pela fase.

Já o Super Nintendo traz uma versão não só mais fiel do personagem como dá ao jogador mais liberdade para escolher o que fazer. No Mega Drive você precisa obrigatoriamente vencer inimigos para passar, mas no Super Nintendo você pode evitá-los, o maior desafio é alcançar locais mais altos para obter maiores recompensas.

A versão de Aladdin do Super Nintendo é um jogo de plataforma melhor do que o Aladdin de Mega Drive é um jogo de ação, porém tratam-se de jogos tão diferentes que eles podem coexistir em paz, diferente dos fãs dos mesmos. Como o Aladdin do Super Nintendo não foi relançado para PC, você pode jogá-lo em emuladores online como Game Oldies, Emulator.online, Nintendo Emulator e tantos outros.

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