terça-feira, 26 de março de 2019

State of Play: uma cópia infeliz da Nintendo


Hoje a Sony realizou uma conferência em vídeo chamada State of Play para mostrar algumas de suas novidades e rapaz, deixe-me te contar como foi fraca. Assim que eles anunciaram a conferência os fãs da Nintendo ficaram um pouco agitados demais dizendo que seria uma cópia da Nintendo Direct, como se a Nintendo tivesse inventado a ideia de fazer vídeos para dar notícias.

Eu imaginei que seria algo mais focado em jogos Indies, como a própria Microsoft anunciou um evento semelhante recentemente. Então qual não foi minha surpresa quando o vídeo começou e realmente era uma cópia descarada da Nintendo Direct, porém com uma seleção bem ruim de anúncios. Foram quase 20 minutos de pura chatice. Eu não esperava nada e ainda assim saí desapontado.

Por algum motivo a Sony decidiu focar 90% do tempo do vídeo em títulos para realidade virtual. Alguns deles são bons e têm bastante apelo, como é o caso de Iron Man VR, porém o público que estava assistindo não era apenas de consumidores de VR ou de pessoas esperando para serem convertidas. Se ela não pretendia anunciar uma versão barata e acessível do PSVR nos moldes do Nintendo Labo: VR Kit, não tinha razão para fazer uma conferência inteira voltada para isso.

Após o vídeo a Sony chegou a soltar um dado que o PSVR já vendeu 4,2 milhões de unidades no total, o que é bastante para um visor de realidade virtual. No momento a Sony é dona da maior empreitada de realidade virtual de sucesso no mercado, mas a vasta maioria de seu público não quer saber disso. Vamos falar um pouco dos anúncios.

Iron Man VR

Assim que a conferência começou com algo sobre o Homem de Ferro muita gente se empolgou pensando que era o projeto d'Os Vingadores da Square Enix que após o anúncio oficial desapareceu. Porém quando foi revelado que seria apenas uma experiência em realidade virtual os ânimos se esfriaram. Parece uma experiência razoável, acredito que tenha um bom apelo comercial, mas fica por aí. Nesse momento o público ainda não estava muito revoltado. O lançamento de Iron Man VR está marcado ainda pra esse ano.


Crash Team Racing Nitro-Fueled

O remake de Crash Team Racing anunciou que Crash, Coco e o Dr. Neo Cortex receberiam skins que deixariam seus visuais semelhantes aos dos modelos clássicos do PlayStation One. São modelos charmosos, mas uma adição meio pequena para o vídeo. Não é como quando revelaram os modelos clássicos de Leon e Claire para o remake de Resident Evil 2 no auge da popularidade do jogo. Segundo a Sony esses modelos serão exclusivos do PS4, mas pode ser exclusividade temporária. Também mostraram um pouquinho do modo multiplayer. O jogo sai em 21 de junho para PS4, Xbox One e Switch.


No Man's Sky

É, de novo No Man's Sky em uma peça promocional da Sony, quem diria. A atualização No Man's Sky Beyond irá adicionar suporte ao PSVR. Anos atás se No Man's Sky tivesse sido o jogo que a maioria do público esperava, o anúncio de suporte ao PSVR seria um grande incentivo para comprar o acessório. Hoje em dia é quase uma piada pronta. Apesar disso ainda é legal ter um jogo de exploração espacial em VR. A atualização deve sair por volta de junho ou depois, no verão norte-americano e vai estar disponível para PC também.


Ready Set Heroes

Este não é para PSVR. Ready Set Heroes é um jogo estilo dungeon crawler bem genérico com personagens fofinhos e jogabilidade medíocre, o qual fica pior por um conceito que não condiz com sua apresentação. Trata-se de uma competição, dois times avançarão pelo mesmo dungeon ao mesmo tempo, competindo sobre quem pega o melhor loot e depois se enfrentam no final para ficar com esse loot. Basicamente, um jogo que poderia ser simples o bastante para jogar com amigos viraria uma competição onde ninguém se divertiria devido à pressão ou derrota. Sai ainda esse ano, por enquanto acho que confirmado só no PS4.


Blood & Truth

Para o PlayStation VR, Blood & Truth é na verdade um jogo de ação bem promissor para realidade virtual. A maioria dos jogos não coloca muita ação para não sobrecarregar o jogador, mas esse parece um bom simulador de filme de ação nos moldes de algo estrelado por Tom Cruise como Missão Impossível ou Jack Reacher. Só me faz pensar como faz falta um PSVR de baixo custo. Sai em 28 de maio no PS4.


Jogos Diversos

O evento então tirou um instante para uma sequência de jogos em VR menores: Mini-Mech Mayhem (18/6), Jupiter & Mars (22/4), Falcon Age (9/4), Trover Saves the Universe (31/5), Everybody's Golf VR (21/5), Table of Tales (16/4) e Vacation Simulator (18/6). Alguns até parecem legais, mas limitados por um único conceito como a maioria dos jogos de VR. Ao menos Vacation Simulator deve ser divertidíssimo como os outros da série.


Observation

Não para o PSVR. Aparentemente é um Indie da Devolver Digital desenvolvido pela NoCode que será lançado em 21 de maio para PS4 e PC, mas os gráficos estão um pouco bons demais para um indie então talvez tenha um dedo da Sony? Não sei dizer. O jogo se passa em uma estação espacial e uma curiosidade é que você não controla nenhum personagem mas sim uma A.I. que ajuda uma cientista a descobrir o que está acontecendo. Infelizmente esse tipo de jogo costuma se focar em contar uma história bem linear ao invés de oferecer uma boa experiência de jogo.


Five Night at Freddy's VR: Help Wanted

Ok, já tem um tempo que a febre de Five Nights at Freddy's passou, mas um jogo de realidade virtual no universo da série ainda é algo que funciona muito bem. Os novos gráficos em 3D fazem muito bem para o jogo e sustos em VR simplesmente é algo que funciona excepcionalmente bem. Sai no verão norte-americano para o PS4, deve sair no PC também.


Concrete Genie

Me parece o típico Indie que será aclamado pelas análises devido ao seu estilo artístico no qual você pinta criaturas nas paredes e elas ganham vida em um mundo mágico e maravilhoso anti-bullying. Pra mim só parece um jogo bem genérico, com visual que me lembra um "Infamous: Second Son" Kids sem maiores atrativos. Sai no final de 2019 para PS4.


Days Gone

Finalmente a Sony resolveu mostrar um jogo mais parrudo, mas... bem, é Days Gone né. Esse é um jogo que vai bombar, as pessoas já estão prontas para odiá-lo, público e crítica, mas eu pelo menos gosto do conceito da jogabilidade dele e estou ansioso mesmo sabendo disso. Talvez você se pergunte, por que tantos trailers desse jogo? Por que ainda não foi lançado? Realmente já foram muitos, mas isso é uma das coisas positivas que eu posso falar a respeito.


A Sony testou o jogo com focus groups/grupos focais e eles não curtiram o protagonista Deacon, acho que ninguém curtiu. Ele tentava demais ser durão e ficava antipático. Desde então eles estão retrabalhando o personagem para torná-lo mais relacionável... o que também não vai fazer uma grande diferença, mas ajuda um pouco o jogo que o seu protagonista não seja detestável, até para que você possa ignorá-lo.

A tarefa de salvar Days Gone do escrachamento que ele sofrerá é difícil, mas acho que se a Sony tivesse um pouco mais de vontade teria colocado um modo multiplayer nele. A Saber Interactive ofereceu toda a estrutura, mas a empresa recusou e acabou virando o jogo oficial de world War Z... o qual também tem cara que vai afundar. Days Gone sai em 26 de abril, esse é exclusivo do PS4.

Mortal Kombat 11

Eu não estou particularmente empolgado por Mortal Kombat 11 depois de Mortal Kombat X porque foi bem fraco, mas uma coisa eu admiro na NetherRealm. A história de MKX foi bem ruim, eles poderiam ter parado e ido em outra direção, ao invés disso eles estão buscando uma história mais próxima do que fez MK9 um sucesso, algo que envolva as raízes de Mortal Kombat, com a ideia de diferentes versões dos personagens através dos tempos. Eu posso não ligar para uma versão de um personagem atual, mas gostaria de ver o que o original tem a dizer sobre ela.



Mortal Kombat 11 sai em 23 de abril para PlayStation 4, Xbox One e PC. O Switch receberá uma versão feita por um estúdio terceirizado e não pela NetherRealm. Não sei se é um estúdio bom, mas até mesmo o PS Vita teve uma boa conversão de Mortal Kombat 9, então espero que façam um trabalho decente no Switch.

Falando rapidamente sobre uma notícia bem legal não relacionada com o State of Play, a NetherRealm recentemente anunciou Shang Tsung para o jogo com um modelo baseado no ator japonês Cary-Hiroyuki Tagawa que interpretou o personagem no primeiro filme de Mortal Kombat. O único problema é que o anunciaram como DLC e... bem, o jogo ainda nem saiu.

Conclusão

Foi um vídeo bem sem graça e a Sony parece ter tido uma ideia errada de que as pessoas assistindo seriam o novo público que ela iria converter para o PSVR. Os desafios da realidade virtual são complexos e exigem uma abordagem diferente. Se ela tivesse anunciado agora um kit PSVR Lite de baixo custo, acho que muitas pessoas teriam saído para comprar empolgados com os jogos apresentados. Se eu já não fosse tão ocupado talvez até comprasse um parcelado.

O que não era de PSVR não teve impacto e não fez valer o tempo que usuários não interessados em VR tiveram que esperar para ver. No geral, um desastre para uma primeira apresentação, era melhor ter focado no básico e mostrado alguns indies promissores.

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segunda-feira, 25 de março de 2019

Aproveite sua Stadia


Essa semana foi realmente recheada de novidades, talvez a maior tenha sido a entrada do Google no mercado de games, ou a expansão pra ser mais exato, com o anúncio de seu novo serviço de streaming "Stadia". Para quem não sabe, streaming significa que seu jogo não roda no seu PC, ele roda nos super PCs do Google e você apenas recebe uma transmissão ao vivo de tudo. Dá pra ver que não é uma coisa muito legal logo de cara.

O problema com streaming de jogos é muito semelhante ao problema que o Kinect e a PS Camera enfrentaram ao tentar bater de frente com o Wii Remote. Uma câmera, por melhor que seja, apenas pode reagir depois que algo acontece. Com o avanço da tecnologia supõe-se que podemos chegar a um atraso tão mínimo de milissegundos que possa se tornar quase imediato e eliminar a estranheza, porém até agora não temos isso.


A tecnologia de streaming local do PS4 para o PS Vita funciona perfeitamente, porque são duas plataformas próximas se comunicando entre si, sem problemas. Tente fazer isso pela internet e nada funciona direito. A tecnologia que a Sony comprou do Gaikai para a PlayStation Now é bastante limitada e constantemente considerada inferior à retrocompatibilidade do Xbox One que simplesmente permite que você baixe os jogos antigos fisicamente e os jogue.

Para alguns jogos streaming não é um problema, jogos que não requeiram reflexos rápidos. Porém pegue um jogo até mesmo simples como Rocket League e um atraso de milésimos de segundo é a diferença entre você acertar uma bola e você acertar uma bola... mas ela logo depois atravessar você como se você nunca tivesse estado na frente dela. Considere alguns dos jogos mais populares hoje em dia como Fortnite, Apex Legends, Call of Duty, todos sofreriam imensamente.

Alguma vez já jogou um jogo antigo e pensou "nossa, eu costumava ser muito melhor nisso"? Descartamos apenas como falta de prática, mas na verdade muitos jogos antigos hoje sofrem delays causados pela emulação e hardware diferente do original. Talvez você não esteja errado, os jogos realmente respondam mais devagar. Por exemplo, um NES Classic ou SNES Classic tem um tempo de resposta muito melhor que uma máquina de emulação caseira montada com base em um Raspberry.


Vamos ser sinceros, se qualquer outra empresa dissesse que vai lançar jogos por stream, ninguém ligaria muito. A Microsoft mesmo anunciou seu xCloud e não houve muito interesse. estamos prestando atenção porque é o Google. Normalmente o Google não brinca com tecnologias e tem poder suficiente para dar o máximo de suporte para o que interessa à empresa.

Por ora o serviço apenas vai ser lançado em alguns países mais ricos e de conexões melhores, o que já significa uma taxa de exclusão para a maior parte do mundo. Porém se funcionasse neles já seria um ponto de partida. O Google pode ter mais servidores, mais potentes e mais próximos do que a maioria das empresas poderia pagar. Se a internet de algum país fosse uma barreira, ele consegue até mesmo melhorar a conexão daquele país se tiver vontade.

Porém digamos que se tratasse apenas de uma questão de força bruta. Que o Google vai botar sua força ao máximo para fazer isso funcionar... faz sucesso onde funciona no mínimo de uma forma decente? No Japão as conexões são bem potentes e acessíveis com grande velocidade na maior parte do país e eles já tiveram experiências com jogos por Stream.


Lá foram lançadas versões de Dragon Quest X para o Nintendo 3DS por Stream, e mais recentemente o Nintendo Switch recebeu versões de Phantasy Star Online 2, Resident Evil 7 e Assassin's Creed Odyssey. Nenhum desses jogos fez sucesso, mesmo Dragon Quest X que é uma série de grande porte no Japão.

Por ora não há nada que sugira que o Stadia será algo excepcional, porém sempre há aquela ponta de mistério quando se fala de uma empresa tão grande quanto o Google. Eles têm portas diretas para 80% dos dispositivos móveis do mundo, como smartphones, e não têm medo de usá-las. não acredito que a tecnologia já tenha atingido um ponto em que possa ser considerada "boa o bastante" para o usuário final, então acredito que o Stadia fracassará a menos que algo mude ou o Google force extremamente a barra.

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domingo, 24 de março de 2019

Nindies Showcase Spring 2019 - O Bom, o Mau e o... Rítmico?

arte de Brian Bear

Nesta última semana a Nintendo apresentou uma de suas "Nindie Showcases", um vídeo de destaque para vários jogos independentes que serão lançados em breve. Houve duas enormes surpresas no início e no final da conferência respectivamente.

A primeira foi a revelação de que Cuphead, outrora exclusivo do Xbox One, seria lançado para o Nintendo Switch. A segunda foi a revelação de Cadence of Hyrule, um jogo rítmico que mistura Crypt of the NecroDancer com The Legend of Zelda. vamos falar um pouco de tudo que foi apresentado.

Cuphead

De longe a maior surpresa da conferência, uma quebra de paradigma no que diz respeito a consoles e seus exclusivos. Cuphead era um exclusivo do Xbox One, do tipo que a Microsoft investiu seu próprio dinheiro nele para garantir que fosse a única capaz de explorá-lo. Ainda assim ela resolveu agora lançá-lo no Nintendo Switch, fruto dessa relação estranha que ela e a Nintendo vêm tendo.


Isso é diferente de Minecraft que já estava disponível em várias plataformas quando a Microsoft comprou a série e nem sabemos se entre as cláusulas do contrato estavam algumas exigências sobre manter o jogo funcionando nas plataformas em que já estava. Isso é realmente uma empresa lançando um de seus exclusivos em outra plataforma. Halo no PlayStation 4! Mario no Xbox! God of War no Switch! Histeria em massa! Cães e gatos vivendo juntos!

Ok, tirando o choque da quebra de exclusividade, que não me entendam errado, é algo enorme, o quanto Cuphead funciona no Switch? Acho que não muito. Cuphead é um jogo que tem uma aparência bonitinha, mas que é também muito difícil, causando uma certa dissonância entre o que as pessoas que o compram esperam e o que recebem.

O problema é que a dificuldade do jogo não será mexida e se tem uma coisa que Cuphead precisava era de um rebalanceamento no desafio. Como o jogo é apenas de lutas contra chefes, se você bater em uma barreira de dificuldade simplesmente não há mais conteúdo a menos que você os supere. Normalmente há mais de um chefe para escolher enfrentar, mas às vezes tudo que está entre você e o resto do jogo é uma batalha que não consegue vencer.


Não que Cuphead não possa ser difícil, mas ele não precisa. A melhor parte dele não é sua dificuldade e ela acaba por excluir muitas pessoas por conta dessa barreira. O jogo tem um modo mais fácil porém claramente recrimina o jogador por usá-lo ao cortar as últimas fases das batalhas e não permitir que o jogo seja terminado nesse modo.

Tecnicamente parece que o jogo será bem convertido para o Switch a 1080p no modo console e 720p no modo portátil, mas sempre rodando a 60 FPS, o que é bem impressionante. O lançamento está marcado já para 18 de abril.

Overland

Estou bem em cima do muro sobre Overland porque vimos pouco do jogo. Eu adorei o visual e adoraria jogar algo naquele estilo, porém a jogabilidade em si parece estranha. Primeiro, é um jogo de estratégia em um mundo pós-apocalíptico, dois temas que não casam muito bem. Segundo, sinto que ele pode cair para algo mais próximo de um puzzle. Vou ficar de olho por enquanto sem um parecer definitivo. Sai no final do ano para Switch, PS4 e Xbox One.


My Friend Pedro

Este promete ser um dos jogos mais divertidos do ano, um jogo de ação que mais parece uma sessão de ação louca do Deadpool. Não é preciso falar sobre o jogo, basta assistir ao trailer e sentir. My Friend Pedro sai em junho para Switch e PC. Eu havia lido sobre uma versão para PS4, mas parece que foi um engano da Kotaku. Ainda assim tem cara que sairá para outras plataformas depois.


Neo Cab

Parece um jogo bem entediante no estilo Indie de foco na história acima de qualquer jogabilidade. Você dirige uma espécie de Uber futurista e interage com diversas reações tentando agradar seus clientes para receber boas notas, porém o foco mesmo com certeza está na história. Nada promissor. Sairá no verão norte-americano, nosso inverno.


The Red Lantern

Visualmente, The Red Lantern é exatamente o que eu adoraria jogar, algo refrescante para os olhos, com um visual belíssimo e uma localidade única. Na prática, eu senti que o jogo parece muito mais focado em uma narrativa e eventos scriptados do que ele deixa transparecer. Aparentemente há elementos de sobrevivência, mas não estou muito convencido.


Este é o primeiro jogo do estúdio e essa história me lembra muito a de Firewatch e como ele acabou saindo um jogo super linear. The Red Lantern sai ainda esse ano para o Nintendo Switch e por enquanto é bem difícil encontrar informações sobre ele, mas apostaria que pelo menos para PC também deve sair.

Darkwood

Darkwood é um jogo meio rogue de terror com visão aérea e bem bacana. Você tem sua base, a fortalece, monta armadilhas e explora o mundo ao seu redor em busca de mais suprimentos. Eu gosto desse estilo de sobrevivência rogue, mas quando vou passar tanto tempo assim em um jogo eu prefiro que ele não seja tão sombrio. Porém sem dúvida há público para isso, como é o caso de The Forest.

Curiosamente Darkwood é o único jogo que não teve o vídeo publicado no canal oficial da Nintendo

Ele sairá em maio para Nintendo Switch, mas já está disponível para PC. Uma coisa legal é que o criador do jogo o colocou de graça a versão para PC para quem não puder pagar em um torrent no Pirate Bay sem DRM (proteção de cópia). Ele apenas pediu que se as pessoas gostarem e puderem pagar que comprem o jogo em uma das lojas oferecidas.

Katana Zero

Há vários jogos nesse estilo particular de Katana Zero como N++, Mark of the Ninja e Not a Hero, uma ação 2D lateral em que você precisa eliminar inimigos rapidamente de certas formas para continuar sobrevivendo. Não sou muito fã desse estilo de jogo, acho que algumas pessoas gostam, mas definitivamente não é uma jogabilidade que eu enalteceria. Sai em 18 de abril no Switch e já está disponível para PC.


Rad

Parece um jogo divertido inicialmente, mas há algo nele que não cheira muito bem. Rad parece que vai ser um jogo leve, com um pouco de ação auto-consciente de sua superficialidade, mas aos poucos cruza perigosamente essa linha que separa o descompromissado do desleixado. Parece ser um jogo de baixo custo que não realizará seu potencial de ser algo simples e divertido. Sai no verão norte-americano, nosso inverno, para Switch e PC. Talvez haja mais plataformas porque não consegui achar informações suficientes sobre ele.


Creature in the Well

Apesar de visualmente até ser promissor, lembrando um pouco Hyper Light Drifter, esse Creature in the Well desaponta um pouco. Seria em teoria um jogo de ação porém com elementos de pinball que funcionam quase como quebra-cabeças. Parece um gimmick para justificar a existiência do jogo e que simplesmente não se sustenta por mais do que alguns minutos. Creature in the Well sai também no verão norte-americano, nosso inverno, para o Switch e PC.


Bloodroots

Mais um que gosto do visual, vejo alguns defeitos, mas diferente dos outros acho que se salvará. O jogador controla um personagem chamado Mr. Wolf que sai por aí matando todos em seu caminho usando o cenário como arma. Sinto que falta um pouco de variedade e espontaneidade para que não vire um quebra-cabeça de matar os inimigos com as armas certas, mas acho que ainda se salva.


A ação é frenética e a forma como o jogador sai matando um inimigo atrás do outro com o que vai encontrando pela frente chega até a me trazer uma vibe de Hotline Miami. Espero que esse realmente vingue. Bloodroots é outro que vai ter lançamento no verão norte-americano, inverno aqui, para Switch e PC.

Pine

Digamos que Pine é um jogo de aventura genérico tentando muito não parecer um jogo de aventura genérico. Sua jogabilidade parece bem fraca, um pouco amadora até, mas o jogo tenta tirar o foco ao dizer que o principal é a aventura, a exploração, facções brigando entre si por comida, etc. Uma dica é que se um jogo não faz bem algo tão simples quanto bater em um inimigo, muito provavelmente seus sistemas mais avançados não são tão bons quanto as promessas sugerem.


Vale a pena dizer que às vezes simplicidade pode passar por genérico, então eu poderia estar enganado. Porém acredito que o menu de itens do jogo é o que realmente o denuncia, algo pouco intuitivo e desnecessariamente complexo que não combinaria com simplicidade. Ele sai em agosto para o Switch e sairá também para PC porém não há uma data ainda no Steam. Pode ser em agosto também e a página apenas estar desatualizada.

Vlambeer Arcade / Nuclear Throne / Super Crate Box

O estúdio Vlambeer teve direito a um pequeno bloco na apresentação para falar de três jogos. Não há tanto o que falar sobre eles, então vamos aos poucos. O único anúncio de um jogo novo foi "Vlambeer Arcade", uma coletânea de minigames que receberá atualizações mas não parece nada promissora. A Vlambeer sabe criar bons conceitos e jogabilidades, mas eu quero vê-los em jogos completos, não minigames. O primeiro dos minigames será "Ultra Bugs" e sai ainda esse ano.


Nuclear Throne é um jogo um pouco antigo de 2015 para PlayStation 4, PS Vita e PC que recebeu um port no dia da conferência para o Switch. Apesar de tão antigo curiosamente eu nunca o joguei, acabei optando por "Enter the Gungeong" (os dois parecem semelhantes), mas ele parece bom. Já Super Crate Box sai em Abril e é basicamente um minigame também, muito divertido, mas que não dura mais do que algumas horas de entretenimento.


Swimsanity!

Há coisas que inicialmente eu até gosto em Swimsanity! como uma jogabilidade de tiro cooperativa, mas há um clima estranho de baixo custo e cara de que o design é bem limitado e deixará o jogo sem graça. O lançamento está marcado para o verão norte-americano, nosso inverno para Switch, com uma versão PC planejada para a primavera norte-americana, porém talvez essa data esteja só desatualizada.


Blaster Master Zero II

Criado pela Inti Creates, que é um bom estúdio, Blaster Master Zero II é um novo jogo na série e não um remake como o primeiro Blaster Master Zero. A jogabilidade provavelmente será ótima e não duvido que ela seja muito divertido, porém o visual do jogo me incomodou um pouco. Ele utiliza gráficos em 8 Bits e acho que era um jogo que realmente se beneficiaria de um upgrade visual. O jogo foi lançado no mesmo dia da conferência para o Switch.


Stranger Things 3: The Game

O jogo baseado na terceira temporada da série Stranger Things já estava anunciado há algum tempo para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One e PC, mas agora foi confirmado que ele chegará em 4 de julho, junto com a série na Netflix. Eu gostei bastante da primeira temporada de Stranger Things e acho que esse jogo tem potencial para ser uma boa companhia para a série. No entanto eu realmente gostaria que lançassem também o anterior, que ironicamente tinha charmosos gráficos em 8 Bits.


Cadence of Hyrule

A última surpresa da Direct, apesar de não ter sido mais chocante que Cuphead, ainda foi bastante inesperada. O início do trailer dá a entender que é um novo jogo da série Crypt of the NecroDancer, o qual eu até gostei apesar de não ser tão bom em administrar ritmo com jogabilidade e surpreendentemente consegui zerar, algo que eu achei que não conseguiria.



Porém depois entram elementos de The Legend of Zelda... e aí eu realmente não gostei muito. Se fosse Crypt of the NecroDancer 2 provavelmente eu compraria, mas Cadence of Hyrule me parece um mau uso da franquia The Legend of Zelda. Os remixes das músicas de Zelda são bons, gosto do visual dos gráficos que me lembram um pouco o GameBoy Advance porém com sprites maiores, mas por que Zelda?

O próprio título dá mais destaque para Cadence, o que dá a impressão que é um Crypt of the NecroDancer com conteúdo especial de Zelda, quando deveria no mínimo ser um jogo original de The Legend of Zelda com a jogabilidade de NecroDancer para ser aceitável. Não é uma questão de semântica. Mesmo que involuntariamente, Cadence é a protagonista do jogo, Link e Zelda são seus ajudantes.


A ideia de aplicar uma jogabilidade já existente na franquia The Legend of Zelda funcionou muito bem em Hyrule Warriors. No entanto como participações especiais é mais fácil Link e Zelda estragarem o equilíbrio da jogabilidade de Crypt of the NecroDancer do que terem a experiência moldada ao seu redor. Cadence é a personagem padrão e se você jogou o original dá pra notar como Link e Zelda são fortes demais em relação a ela.

Definitivamente Cadence of Hyrule foi uma viagem desnecessária ao poço de The Legend of Zelda.

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sábado, 23 de março de 2019

Você pode fazer carinho no cachorro?


Vou recomendar uma conta de humor inusitada no Twitter chamada @CanYouPetTheDog , criada agora em março de 2019 com o intuito de analisar um único elemento em cada jogo existente: "Você pode fazer carinho no cachorro?".

A conta já apresenta algumas dezenas de análises com um parecer muito simples: "Pode" ou "Não pode" e mais de 100 mil seguidores dispostos a acompanhá-los. Ela cobre jogos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Super Mario Odyssey, Grand Theft Auto, entre outros.

Porém ela não se atém apenas a jogos recentes, já confirmou que é possível fazer carinho em cachorros em jogos como Pac-Man 2: The New Adventures, Phantasmagoria e Final Fantasy 8. Em alguns casos como Wolfenstein 3D eles até mencionam que é possível com a ajuda de um Mod. Em outros casos como The Last Guardian dá pra ver que a definição de "Cachorro" da conta talvez seja um pouco mais branda do que deveria.


O estilo de humor me lembra um pouco o do WeRateDogs (@dog_rates) com suas análises perfeitas de cachorros, mas principalmente um antigo caso do Miiverse, o famoso "Water Miiverse Guy". Era uma pessoa que postava no Miiverse apenas análises de água em todos os jogos: "Boa água", "Água bonita", "Incrível água", "Boa água para um jogo de GameBoy" e assim por diante. Um dia até a Nintendo entrou na brincadeira com uma seção "jogos com água maravilhosa" no eShop.

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A Morte e a Morte de PS Vita Berro d'AAA

arte de Synergy14

Eu acho divertido o livro A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água (inclusive o filme é bom se quiserem assistir) mas não dá pra negar que é apenas uma cópia de um sucesso muito mais antigo da Sessão da Tarde que é Um Morto muito Louco. Não é só porque somos todos amigos com Jorginho Amado aqui que também vamos deixar de fazer uma crítica quando ela se faz necessária.

A história do livro é sobre um morto que tem o cadáver carregado pelos amigos para viver uma última noitada em Salvador, Bahia, antes de acabar declarado morto por uma segunda vez quando cai de um barco em uma tempestade. Eu não posso deixar de sentir que há uma grande semelhança aqui com a história do PS Vita que viveu duas mortes.

Vida e vendas

O portátil da Sony lançado em março de 2011 teve sua produção encerrada recentemente, completando praticamente oito anos de vida. Para fins de comparação, isso é quase tanto quanto o Nintendo DS que foi lançado em 2004 e descontinuado em 2013 e quase o dobro do Wii U que foi lançado em 2012 e em 2016 já fechou as portas. O Nintendo 3DS lançado no mesmo ano que o PS Vita teve seus modelos principais com efeito 3D encerrados em 2017, mas permanece no mercado com os modelos 2DS que são a mesma plataforma.

No total ele vendeu por volta de 16 milhões de unidades, o que é muito pouco para qualquer plataforma em geral. Porém muito do que aconteceu com o PS Vita não era culpa apenas do PS Vita, como podemos ver também pelas vendas do Wii U. Não há plataforma mais horrorosa do que o Wii U, porém mesmo as piores plataformas da Nintendo nunca tiveram vendas como as do Wii U.


O Wii U teve vendas totais abaixo do PS Vita, por volta de 14 milhões. Para fins de comparação, o GameCube que foi muito mal também teve mais de 20 milhões e o Nintendo 64 mais de 30. Era óbvio que tanto Wii U quanto PS Vita não venceriam seus concorrentes, porém ninguém poderia esperar vendas tão baixas para plataformas que seriam segundas opções. Era quase como se ninguém as estivesse comprando.

Vale lembrar que o PSP teve um total de 80 milhões em vendas e está no Top 10 de plataformas mais vendidas, colado com o GameBoy Advance e à frente do Nintendo 3DS. Mesmo que o PSP tenha perdido a batalha contra o Nintendo DS ele foi um bom portátil e não imagino que as pessoas que o compraram tenham tido tamanho ressentimento de este ser o motivo para não investirem no PS Vita.

Se tomarmos as vendas do PSP e também considerarmos os 150 milhões de Nintendo DS vendidos, temos um mercado bem grande na geração passada. A mesma coisa se pegarmos o mercado de 85 milhões de Xbox 360, 85 milhões de PS3 e 100 milhões de Wii. Não podemos apenas somar esses números para saber o tamanho do mercado porque não sabemos o quanto essas vendas se sobrepõem, quantas pessoas tinham múltiplas plataformas, porém estamos falando de um mercado bem grande e que encolheu na geração seguinte.

Nos portáteis temos o 3DS com suas quase 80 milhões de vendas e o PS Vita com seus pouco mais de 15 milhões. Nos consoles temos o PS4 com mais de 90 milhões, o Xbox One com mais de 40 e o Wii U com seus quase 15. Se olharmos as plataformas líderes, a diferença é pequena em relação à geração anterior, mas quando olhamos para as segundas opções, a diferença é drástica.

Veja como a crise não afeta os líderes, mas todos em volta sofrem

O que acredito explicar as vendas muito baixas do Wii U, PS Vita e até do Xbox One é que em 2011 e 2012 o mundo sofreu uma forte crise econômica e as pessoas simplesmente estavam com menos dinheiro em mãos. Economia em uma escala global não é minha especialidade, então não poderia ter previsto isso.

Quando as pessoas têm poucos recursos elas escolhem apenas uma plataforma para apoiarem e nesse caso não há espaço para arriscar com um produto que pode não vingar. Rapidamente as pessoas escolheram o PS4 ao invés do Xbox One por uma diferença de US$ 100 e nunca mais o console da Microsoft se recuperou.

Eu esperava que o PS Vita vendesse uns 40 milhões, como o próprio Xbox One fez. Imaginava que ao ser lançado ele dividiria o espaço com o Nintendo 3DS por um tempo e depois ficaria em segundo plano, como se fosse um PSP piorado. Não parecia exagerado imaginar o PS Vita com metade das vendas do PSP e com metade das vendas do líder da geração, na verdade parecia até pessimista.

Portátil ou Plano B?

O que ninguém esperava no entanto é que a estratégia da Sony também fosse extremamente estranha: lançar para não vender. Desde o início quando o PS Vita foi anunciado e lançado havia algo de estranho na atitude da Sony em relação ao portátil, uma falta de vontade, um total descaso, parecia até mesmo que não queria vendê-lo. E aparentemente era exatamente isso.

O bundle do PlayStation 4 com PS Vita saiu de cena rapidinho

Tomando como base toda a estratégia da Sony para o PlayStation 4 foi possível ver que ela não tinha realmente intenção de vender o PS Vita como um portátil, apenas mantê-lo por perto como um Plano B caso o GamePad do Wii U emplacasse com a mesma força que o Wii Remote. Talvez a empresa tenha percebido que não foi lucrativo investir no PSP ou apenas não tinha condição na época para bancar o PS Vita e focou-se apenas no PS4. Vale lembrar que nessa época a empresa estava em crise.

A Sony parecia estar cobrindo todas as suas falhas naquela época com o PlayStation 4. Apostas em realidade virtual, controles de movimento, streaming de jogos, tudo para garantir que ele não ficasse de fora de qualquer disrupção como foi o Wii. Por essa lógica de Plano B dá pra ver uma grande semelhança entre o PS Vita e a PS Camera. Provavelmente a câmera do PS4 foi concebida para combater um possível sucesso do Kinect e assim que o periférico da Microsoft foi esquecido, a PS Camera também com pouco mais de uma dúzia de jogos. O mesmo aconteceu com o PS Vita.

Sem apoio da Sony o PS Vita ainda poderia ter feito sucesso, mas é justamente aqui onde entra o problema da crise econômica, ninguém se arriscaria por ele como se arriscaram pelo PSP. Sem suporte da Sony o PS Vita gritava por AAAs (jogos de alto nível de produção), mas eles não vinham. Essa seca começou a transformar o PS Vita em algo diferente, um cactus que inesperadamente tornava o solo fértil no deserto.

PlayStation Camera, esquecida como o PS Vita

Paraíso dos Indies

Uma coisa que poucas pessoas comentam é que o PS Vita foi um pioneiro entre os jogos Indies, a primeira plataforma completamente aberta para eles. O Xbox 360 deu o pontapé inicial com a Xbox Live Arcade, porém ainda havia muitas barreiras para ter seu jogo publicado e foi assim em vários dos serviços por um tempo. O PS Vita foi o primeiro que simplesmente abriu as portas para quem quisesse lançar seus jogos nele.

Essa ponte entre Indies e Sony se fortaleceu com o PS Vita e se ampliou no PlayStation 4 levando a um bom relacionamento da empresa com desenvolvedores independentes. Nessa mesma época a Nintendo se negou a publicar The Binding of Isaac no Nintendo 3DS devido ao conteúdo religioso do jogo e ele encontrou abrigo no PS4 e PS Vita. Ela ainda tratava Minecraft de uma forma estranha, como se não fosse um "jogo de verdade".


Muito antes do Nintendo Switch hoje ser elogiado como uma casa acolhedora e lucrativa para desenvolvedores Indie, perfeita para jogar esses pequenos jogos de forma "portátil", o PS vita já fazia isso. A diferença é que era o PS Vita, quando você dizia que jogos Indies estavam vendendo mais no PS Vita que em outras plataformas, ninguém ligava. Afinal, era o PS Vita. A narrativa de que ninguém ligava já estava estabelecida.

Consumidores do PS Vita eram bem hardcore e gastavam bastante em jogos, eu incluso. Não é incomum o Attach Rate (relação de jogos comprados por console) de plataformas menos populares ser maior porque os Tier 2 e 3 tendem a comprar menos jogos. O mesmo acontecia com o GameCube que tinha um Attach Rate alto, porém o PS Vita era um fenômeno para os Indies.


Um exemplo disso foi Retro City Rampage, um jogo que vendeu mais no PS Vita do que no PS3 e Nintendo 3DS. Este mesmo desenvolvedor lançou o jogo no Nintendo Wii e lucrou absolutamente 0 dólares, porque na época a Nintendo tinha uma política de exigir vendagem mínima antes de pagar qualquer Indie e o jogo não alcançou essas vendas.

Fenômeno japonês

Se o PS Vita tivesse sido apenas casa de Indies, seria um exagero dizer que ele era um solo fértil, mas muitos estúdios de pequeno e médio porte no Japão encontraram vida onde dizia-se ser um deserto árido. O público do PS Vita parecia ter desenvolvido um gosto peculiar por jogos japoneses, o qual aumentou ainda mais com o tempo conforme cada vez menos estúdios ocidentais queriam trabalhar com ele e uma pequena parcela do público japonês abraçava o portátil.

O PS Vita ajudou várias empresas japonesas a encontrarem um público que não estava em outras plataformas e elas cresceram com ele, assim como suas séries. Empresas como Marvelous, NIS America, Vanillaware, Koei Tecmo, XSeed Games, Idea Factory, Compile Heart, Imageepoch, Nihom Falcom, Nippon Ichi, entre outras.


Por mais que a imagem de fracasso do PS Vita fosse forte, muitas empresas não estavam correndo dele, estavam correndo em direção a ele. É um cenário bem diferente por exemplo do fim da vida do GameCube quando você via que as empresas simplesmente não queriam lançar jogos nele.

Acontecia o contrário com o PS Vita. Ele estava "fracassado", "morto", e ainda assim as empresas queriam lançar o máximo de jogos possível nele. Havia meses em que ele até recebia mais jogos do que o Nintendo 3DS. Para se ter uma ideia, a Xseed Games chegou a lançar 20 jogos na plataforma, mais do que em todos os outros videogames em sua história.

O PS Vita viu o crescimento de séries como Gravity Rush, Hyperdimension Neptunia, Senran Kagura, Yomawari, Ys, a franquia Atelier, a ponto de ganharem muitos capítulos e spin-offs no portátil e até saírem dele para terem jogos mais parrudos nos consoles.


Enquanto muitas pessoas não valorizarão esses jogos no PS Vita, as empresas com certeza valorizavam o portátil da Sony e sentem sua "morte" porque elas não estão conseguindo migrar para outras plataformas. Não encontram esse mesmo público no PS4 ou Switch. Consequentemente essas séries estão se apagando após brilharem no Vita.

Apesar de a produção do PS Vita estar sendo descontinuada, ele ainda recebe muitos jogos. Recentemente acabaram de sair jogos exclusivos de dança baseados em Persona 3 e 5 além de um port de Catherine que não será lançado no ocidente. Vários jogos que saíram no PS4 no último ano tiveram também versões para PS Vita que não saíram por aqui, mas continuam dando sobrevida ao portátil no Japão.


Recentemente a Kotaku fez uma matéria cujo título era "O 3DS está até morrendo melhor que o Vita", sobre o fato de que o 3DS também está saindo de cena lentamente e supostamente estaria fazendo isso melhor que o PS Vita. Então vem logo no segundo parágrafo uma afirmação que claramente contradiz a narrativa: "Desde setembro, 21 jogos saíram para o 3DS. Isso é menos que um jogo por semana. O Vita recebeu 43, incluindo jogos de dança de Persona 3 e Persona 5".

Fracasso?

Definitivamente o PS Vita não é um fracasso. Fracassar exige primeiro um objetivo que você esteja tentando alcançar e a verdade é que o PS Vita nunca tentou alcançar nada. Podemos criticar então a Sony por não ter sido ambiciosa com seu portátil, mas ela era uma empresa muito diferente em 2011, acuada após ferrenhas derrotas e ainda não de volta ao pódio como hoje com o PS4.

Ao tirar a Sony da equação, o que sobra? Apenas um portátil que fez um esforço tremendo para se manter relevante e de alguma forma conseguiu. O PS Vita se tornou uma ótima casa para Indies e jogos japoneses de nicho, não apenas um lugar que os recebia apaticamente mas um solo tão fértil que qualquer coisa que se plantasse crescia. Eu vi empresas se erguerem no PS Vita e hoje não sei o que elas farão sem mais poderem contar com esse público que as apoiou.

Por que elogiar o PS Vita e dizer que ele não fracassou se eu vivo reclamando do Nintendo 3DS e o chamo de fracasso? O Nintendo 3DS não vendeu mais que o quádruplo do PS Vita? Isso não significa obviamente que ele é melhor que seu concorrente? No entanto o PS Vita teve mais sucesso em sua derrota do que o Nintendo 3DS teve em sua vitória.

A filosofia do PlayStation 2 acabou sendo tóxica para o mercado de jogos

A forma como eu falo do PS Vita me lembra muito como eu costumo defender o GameCube frente ao PlayStation 2. Apesar de ter sido um dos consoles menos vendidos da Nintendo e tecnicamente um fracasso, ele tinha uma filosofia que era muito mais saudável que a maturização artificial tóxica do mercado de jogos que o PS2 trouxe. Eventualmente essa filosofia viria ser o embrião do Wii.

Uma analogia que constantemente uso aqui sobre o 3DS e o PS Vita é que se um guerreiro sai da aldeia dizendo que vai matar um leão, leva uma lança, um escudo, armadura e provisões, para depois voltar com um tigre, ele não teve sucesso porque levou recursos para matar um leão. Se você sai da aldeia para colher flores apenas com uma cesta e volta com um javali, você teve um sucesso inesperado e mais louvável que do guerreiro que matou o tigre, independente de que na comparação direta um javali vale menos que um tigre.

Neste ponto tanto o Nintendo 3DS quanto o PSP são fracassos pelo mesmo motivo. Não porque venderam pouco, mas porque levaram recursos da aldeia para matar um portátil que vendeu 150 milhões. Imagine quanto a Sony gastou de subsídio no PSP, na tecnologia do UMD, ou quanto a Nintendo gastou e subsidiou no 3DS para ter aquelas telas de efeito 3D sem óculos.

Na época não era possível tirar prints da tela

Vale lembrar que eu comprei um Nintendo 3DS bem cedo na vida dele e apenas quando fiquei completamente decepcionado com os jogos optei por comprar um PS Vita. Eu queria ver jogos inesperados no 3DS, produções ambiciosas como Resident Evil Revelations, bons Indies, Minecraft, jogos Nintendo de qualidade, jogos japoneses curiosos (como Ouendan no DS), mas nada disso parecia acontecer.

Enquanto no PS Vita muitas empresas queriam lançar seus jogos porque havia um público ansioso para comprá-los, no Nintendo 3DS a maioria das empresas fugia da plataforma porque eles já sabiam que o público do Nintendo 3DS queria comprar jogos da Nintendo.

Quando um jogo japonês era anunciado para o Nintendo 3DS eu já sabia que ele não seria lançado no ocidente, nenhuma empresa se interessava por lançá-lo. Enquanto isso no Vita empresas como a Xseed estavam loucas procurando qualquer coisa para publicar. Foi uma grande surpresa quando eu soube que Earth Defense Force 2 e Corpse Party: Bloody Drive sairiam no ocidente, ou quando a Idea Factory resolveu ir atrás de Sweet Fuse do PSP para traduzi-lo e lançá-lo compatível com o Vita.

Ao falar de solo fértil, é exatamente desse tipo de coisa que estou dizendo. Mesmo reclamando do PS2, uma das minhas séries favoritas Earth Defense Force nasceu nele, porque ele também tinha um solo fértil. EDF é o tipo de jogo que nunca nasceria numa plataforma Nintendo porque ela não dá essa confiança para estúdios experimentarem coisas novas.


O PS Vita permitia, mas agora ele está morto. Não há mais onde plantar... ou será que ainda está vivo? Continuará recebendo jogos? Mais franquias crescerão nele? Bandido! Nos dando susto dizendo que estava morto. Enquanto escrevia, carregava a bateria do meu PS Vita e pode ser o sono, mas no meio da confusão podia jurar que ele disse:

Me enterro como entender
Na hora que resolver.
Podem guardar seu caixão
Pra melhor ocasião

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sexta-feira, 22 de março de 2019

Vídeo sobre a produção de Devil May Cry 5


Esses dias a Capcom divulgou um vídeo que é basicamente um diário de produção com alguns dos desenvolvedores de Devil May Cry 5 como o diretor Hideaki Itsuno, o game designer Yoichiro Ikeda e mais. O vídeo é chamado de "Devil May Cry - Filosofia de Design" mas não vou dizer que vi muita filosofia ali.

Ainda assim tem umas histórias interessantes, como o ator que fez a captura de movimento de Nero que caiu no meio das filmagens e a queda ficou tão boa que acabou parando no jogo ou o fato que Nico originalmente seria uma personagem bem mais séria (os designs iniciais me lembram uma Tron Bonne mais realista) mas que a atriz acabou inserindo um pouco de humor nela.


É também um pouco assustador ver quanto a Capcom está investindo em captura de rostos como em Resident Evil 2 e Devil May Cry 5 com resultados fantásticos. Por ora é algo que apenas as grandes empresas podem bancar. Se isso se tornar o padrão nos próximos anos os jogos de maior valor de produção começarão a se destacar bastante dos outros graficamente.


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