terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

To the Moon

To the Moon é um Indie Adventure Game sobre 2 doutores que viajam através das memórias de um homem que está morrendo, para ajudá-lo a realizar seu último desejo: ir para a lua!

Veja o trailer:



Porque ele quer ir para a lua? O que são os coelhos de papel? Isso você descobre comprando o jogo que custa por volta de R$ 23. Se quiser pode experimentar o jogo por 1 hora antes de comprar, mas eu garanto que vale a pena, mesmo com esses gráficos de rpg maker...

A história do jogo mistura muito bem filosofia, drama e humor, e você encontra referencia a vários jogos e filmes da cultura nerd. As músicas do jogo são excelentes (principalmente a música tema) e estão incluídas no Game Music Bundle 2, junto com as trilhas de outros jogos como Aquaria, Sword & Sworcery, Jamestown, Machinarium e outros.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Qual o papel do sangue nos jogos?


Desde que comentei sobre Ninja Gaiden 3, no vídeo de 30 segundos, tenho vontade de falar sobre o papel do sangue nos jogos, e como ele estava usando errado.

Jogos são exercícios de poder, onde assumimos o controle de personagens que podem realizar ações as quais normalmente não podemos, seja por qual motivo for. Desde ele possuir preparo físico que não temos, dispor de poderes sobrenaturais ou mesmo ter acesso a alguma localidade especial.

Encarnamos aventureiros como Mario, heróis como Homem-Aranha e atletas como Tony Hawk, sempre, nos dando poder. Logo, nada quebra mais a experiência do que se sentir menos poderoso.

Às vezes a mágica é quebrada quando o personagem tem um controle ruim, quando há um obstáculo que ele não pode pular, uma parede invisível ou não pode progredir até tirar o gato de alguém de cima de uma árvore.

No caso de um jogo de ação, a forma mais fácil de se quebrar a relação de poder, é quando você não consegue sentir que seus golpes causam impacto. Quando você bate em um personagem e isso não faz com que ele reaja com uma animação de que foi atingido, nem interrompa sua rotina de ataque.

Esse erro é incrivelmente básico, mas alguns ainda o cometem. Ele tem como base o mesmo princípio do mundo acreditável de The Legend of Zelda. Dar um golpe de espada numa placa deve cortá-la, dar um golpe em alguém, deve desnorteá-lo.

Bom, onde entra o sangue nisso? Não seria muito acreditável se a mesma espada cortasse uma pessoa ao invés de uma placa e ela não derramasse uma gota de sangue, causaria um momento de estranheza, apesar de poder ser perdoado por motivos de classificação etária.

Note a perfeita proporção entre tamanho da arma e tamanho do ferimento em Ninja Gaiden 2

Mas no mundo dos jogos adultos, qual o papel do sangue? Tornar o mundo no qual você está inserido, acreditável. Note que não se trata de "realismo", mas de convencimento. Sua mãe diz que você é bonito, mas você só acredita quando isso te rende olhares.

Assim como o game designer pode dizer que você é poderoso, mas você precisa sentir. É parte do motivo pelo qual crianças se sentem atraídas por jogos violentos, por essa sensação de poder.

Em um mundo de jogos adultos, o sangue pode ser utilizado constantemente e de maneira acreditável, como em Ninja Gaiden 2, Fallout 3 ou Grand Theft Auto (o primeiro, do PSOne), ou de maneira esporádica para causar mais impacto.

Assim como um golpe que faz o oponente reagir, passa uma sensação de maior impacto do que um golpe ignorado, um golpe que tira sangue, causa maior impacto que um que não tira.

Assim como quando somos crianças, determinamos a seriedade de um ferimento pelo fato de sangrar ou não. Um exemplo prático que todos devem se identificar é o famoso gancho de Mortal Kombat, que mandava seu adversário voando e fazia o sangue dele jorrar.



No entanto, o que há de errado no trailer de Ninja Gaiden 3? Há sangue demais! O efeito é exatamente o contrário do desejado, ele desacredita a ação do jogador por ser desproporcional. É a linha que se ultrapassada ao extremo, leva ao conhecido trash, o sangue que fica engraçado.



Como o sangue traz poder, um game designer desavisado pode pensar que quanto maior a carnificina, mais poder concede ao jogador. No fundo esta é uma atitude infantil, é como uma criança forçando uma piada, ela perde a graça. Assim como o sangue deixa de fazer seu papel, não por banalização, mas por ser forçado.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Respostas nos comentários

O Blogger adicionou um novo recurso bacana nos blogs que permite respostas dentro dos comentários. Até então qualquer dúvida ou interpretação errada era necessário que se abordasse em um outro artigo, o que nem sempre funcionava porque nem todos que leem um artigo do blog, leram os outros.

Como meu tempo para escrever artigos é bastante escasso, agora estou experimentando o sistema de respostas, já que posso responder de vez em quando durante o dia. A começar pelo mais recente artigo

Não dá pra responder a todos, mas algumas dúvidas mais frequentes e respostas que possam agregar conteúdo deverão ser respondidas sempre que possível

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Nintendo 3DS é um sucesso, só que ao contrário

Algumas coisas me incomodam sobre o comportamento das pessoas, como a falta de vontade que elas demonstram para ver além do óbvio ou aceitar que nem sempre um evento é motivado pela força que a lógica delas presume.


Não há nada demais em errar, como presumir que um objeto mais pesado cairia antes do mais leve, antes de Galileu provar que a força que atuava sobre eles era diferente da qual a lógica propunha, gravidade e não peso. Porém, até hoje é fácil surpreender as pessoas com isso e mesmo que você explique, algumas insistem no erro.

Em termos de disrupção, Christensen chama estas pessoas de homens-pássaro, pois acreditam que para voar, só precisam amarrar asas em seus braços e batê-las rapidamente. Se não der certo, só não as estão batendo rápido o suficiente. Não preciso dizer que o homem somente voou quando abandonou essa ideia e descobriu a aerodinâmica.

Nosso mundo está cheio de homens-pássaro, presumindo várias coisas que os fatos provam contrárias. Pirataria não diminui vendas, as aumenta; deixar um funcionário mais livre não o torna um vagabundo, mas sim mais dedicado e produtivo; competir ferozmente com um concorrente é menos proveitoso do que ignorá-lo; e a lista continua indo longe.

Então quando eu disse que o Nintendo 3DS iria falhar, pois não tinha aerodinâmica, a reação das pessoas foi basicamente: "Você não sabe de nada, olhe para aquelas asas majestosas, claro que vai voar".

Bom, o Nintendo 3DS foi lançado e foi um fracasso total. No Japão, suas vendas eram quase as piores de todos os tempos, apenas vencendo do WonderSwan, um portátil da Bandai, exclusivo do Japão.


As ações da Nintendo atingiram seu patamar mais baixo em décadas, pela primeira vez em sua história, a empresa previu um enorme prejuízo, o presidente da empresa, Satoru Iwata cortou seu próprio salário, junto com o de vários empregados. Um corte de preço drástico veio para o aparelho em agosto, antes de 6 meses no mercado, algo que a companhia nunca havia feito, desculpando-se em uma carta para seus consumidores.


Após o corte de preço e o lançamento de Super Mario 3D Land e Mario Kart 7, as vendas dispararam. E o que eu ouço? "Veja! O Nintendo3DS é um sucesso!". Bom, o que eu vejo é o mesmo homem-pássaro, jogando uma pedra com boias em um lago e dizendo: "Veja! Pedras não afundam!".


Até mesmo o GameCube teve um pico de vendas com Super Mario Sunshine e Mario Kart Double Dash, mas isso não impediu suas vendas totais medíocres. O Nintendo 3DS está com suas vendas infladas pelo corte de preço e pelo lançamento de títulos fortes. Mario Kart 7 é inclusive o tipo de "software certo" ao qual me referi neste artigo, mas depois vi que não bastava software certo, a filosofia do produto estava errada demais.

Agora, as vendas do 3DS tiveram este pico e muitos acreditam que ele é um sucesso. Porém, suas vendas são erráticas. A Nintendo, tentando construir confiança para o portátil, comenta como ele vendeu mais que o Nintendo DS em seu primeiro ano. Como isso pode ser uma coisa boa?


O Nintendo DS não vendeu mais do que o GameBoy Advance em seu primeiro ano. Poderíamos dizer até que "o Nintendo DS não vendeu mais que o Nintendo DS", pois ele não precisou vender mais do que vendeu para ser um sucesso e nem precisou desse tipo de afirmação, não precisou ser defendido. Na verdade, como todo produto disruptivo, o primeiro ano do Nintendo DS, foi o seu pior, enquanto tomava forma.

Enquanto o Nintendo DS foi ganhando volume aos poucos, conforme o fenômeno crescia, ganhando cada vez mais jogos, o Nintendo 3DS irá queimar toda a sua energia no início de sua vida. Já vimos isso com o GameCube que em seus primeiros anos ganhou exclusividade da série Resident Evil só para perdê-la no fim.


E você acha que nos próximos anos, quando o Nintendo 3DS vender menos que o Nintendo DS vendeu no mesmo período, a Nintendo irá comentar isso? Ou pior, acredita que o 3DS será um fenômeno maior que o DS? Eu não preciso convencer as pessoas de que o 3DS é um fracasso, em alguns anos a história mostrará.

Enquanto isso, o PS Vita foi lançado no Japão e suas vendas estão baixas. Curiosamente, de repente estão falando em fracasso, dois pesos e duas medidas? Porém, mesmo vendendo menos, ele está melhor que o Nintendo 3DS, pois está saudável, tem uma filosofia melhor e um objetivo mais modesto.

O PS Vita, herda mais do legado do Nintendo DS do que o próprio 3DS. Também já vimos isso antes, quando o primeiro PlayStation herdou mais do Super Nintendo que o Nintendo 64. Mas a principal diferença está em seus objetivos. O PS Vita só precisa vender para o mesmo público do PSP. Se ele alcançar 60 milhões, ou um pouco mais, já terá cumprido seu objetivo, perigando até a superá-lo. Esta é mais ou menos a realidade de vendas que eu espero para os portáteis:


Enquanto isso, o Nintendo 3DS tinha como objetivo superar o Nintendo DS, segundo o presidente da Nintendo, Satoru Iwata. Um aparelho que tem como objetivo vender mais de 150 milhões e está consumindo recursos como tal, falha miseravelmente se atingir apenas 80.

Uma analogia que já usei bastante, é que se o Nintendo 3DS e o PS Vita fossem trens, o 3DS estaria indo mais rápido, não por ser uma máquina mais eficiente, mas por estar consumindo mais carvão. Este carvão são os recursos que a Nintendo angariou durante o sucesso do Nintendo DS e Wii, sendo gastos no lugar errado.

Mas afinal, venda é venda, certo? Por que desprezar essas vendas do Nintendo 3DS? Primeiro porque a Nintendo está perdendo dinheiro. A empresa anunciou que o prejuízo que previu, será muito maior, porque está subsidiando o portátil, vendendo-o a um preço menor do que custa para produzir. (o que poderia ser mortal para a empresa)

Segundo porque não se pode ter sucesso em um mercado de competição, oceano vermelho, em encolhimento. O mercado de jogos do Japão tornou a encolher, após o crescimento com o DS e Wii. Não se pode ter real crescimento se seu produto não atingir as três camadas do mercado, os 3 tiers.


Pense que há um abismo com uma piscina do seu produto no fundo dele. Haverá aqueles na ponta, dizendo: "Uma piscina cheia de Nintendo 3DS, acho que vou mergulhar nela".Estes são os jogadores harcore. Eles estão perto e só precisam de um empurrãozinho.

Mas quem são os outros dois grupos? São pessoas mais distantes, que pensam: "Será que vale a pena ir ver esse abismo? Será que vale a pena mergulhar?", e um grupo ainda mais distante, que diz : "Que abismo?".


Cada grupo é mais numeroso que o anterior em proporções que desconhecemos. Para manter tudo relativamente simples, vamos atribuir fatias iguais de 50 milhões de pessoas para cada grupo, assim atribuindo um teto de 150 milhões, que são as maiores vendas de videogames já registradas.

O primeiro grupo, os hardcores, irão se mover em direção ao abismo. Independente da velocidade, eles irão. Cedo ou tarde um hardcore acaba comprando um videogame, os esforços da empresa só dizem quando.

O segundo e terceiro grupos no entanto, precisam ser conquistados. O Nintendo DS conquistou todos, chegando quase a 150 milhões de unidades vendidas. O Nintendo Wii tinha o mesmo potencial, mas abandonou a corrida.


Agora, ciente da existência das camadas de mercado, provavelmente você já entendeu por que as vendas do Nintendo 3DS não são um bom sinal. Tudo que a Nintendo fez foi apressar o primeiro grupo, facilmente conquistável com um corte de preço, enquanto continua sem apelar aos outros dois grupos, sobre os quais não tem poder devido à filosofia errada do portátil.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A Nintendo traiu seus valores...de novo!

Antes mesmo do Wii ganhar um nome, muito se sabia sobre ele graças a seu codinome de grande impacto, Revolution. Esse nome foi dado ao projeto em si e não apenas ao console, que mais tarde receberia um nome mais peculiar. A ideia era clara, o próximo vídeo game da Nintendo iria revolucionar o mercado. Como? A Nintendo constantemente em palestras e entrevistas mostrava aos jornalistas , investidores e ao publico quais eram suas novas estratégias para o mercado de jogos eletronicos.



A família viria em primeiro lugar. Os vídeo games não seriam apenas vistos como um passatempo de homens que esqueceram de crescer e sim como algo saudável e divertido. A partir dessa ideia surgiram os controles de movimento, o corpo do Revolution mas não a sua alma. Muitos até hoje acreditam que a revolução anunciada pela Nintendo provem dos sensores, só que o buraco é bem mais em baixo. Vamos voltar no tempo.

1985, ano do lançamento do NES (Nintendo Eletronic System) no ocidente. Que beleza! Seus pais usavam shorts coloridos , cabelos cacheados, ouvindo Blitz e lutando contra a ditadura. Pouco antes do lançamento do NES o mercado de jogos estava afundado no rio Tiete. E mesmo após o sucesso do Atari, a maioria não acreditava mais no mercado de jogos voltado para o grande publico, e que o destino seria os computadores, as verdadeiras evoluções dos vídeo games.



Computadores pessoais começaram a se popularizar no inicio dos anos 80. Não se sabia ainda o que se podia fazer com um computador em casa. As principais caracteriscas usadas para atrair o publico eram aplicativos de auxilio aos estudos e jogos. Olha eles aí de novo! Computadores não apenas rodavam jogos, como também muitas outras coisas como... digitar textos em uma tela escura. Ah e fazia alguns cálculos. Engraçado como essas incríveis maquinas eram tão úteis quanto uma tábua de passar roupa. Eram grandes, caros, pesados e complicados. Eles te auxiliavam no trabalho para ornagizar textos, mas era mais fácil ter um no escritório e não em casa. Os computadores pessoais não se popularizaram como a industria esperava, e alguns fracassos como Commondore e Amiga foram cruciais para muitos questionarem "As pessoas realmente querem um computador?". Enquanto os complicados computadores fracassavam, um computador familiar surgia no Japão e se tornara um sucesso instantâneo. Ele se chamava Famicom.

Menino Chato:"Pérai pérai...eu já ouvi esse nome antes..."

Sim, é o nome dado ao NES no Japão.

Menino Chato:"Ahahahaha qualé, achei que tivesse mudado o assunto pra computadores."

Não mudei. Na escala da evolução os video games vieram antes dos computadores pessoais. Temos que lembrar que video games também são computadores, só que voltados para entretenimento grafico. O Famicom era um computador também, mas ao invez de oferecer ferramentas inuteis, ele oferecia entretenimento. O nome Famicom é uma abreviação também, o nome completo do video game da Nintendo no Japão é Family Computer. Um computador para a familia.

Ao contrario do Commondore e do Amiga, o Famicom era facil de ser instalado, facil de ser usado e muito divertido. A estratégia da Nintendo era quebrar a idéia de que jogos eletronicos deveriam vir em complexas ferramentas, retornando ao principio dos video games como o Atari.

Famicom não vinha com um monitor, eles era conectado na TV pois assim todos poderiam experimentar juntos. Vinha com um controle com poucos botões e bem confortavel. Além dee muitos jogos unicos que eram facilmente instalados.

Uma comparação do Famicom com o Commandore por exemplo, perceba como hoje chega até ser obvio como o Famicom era muito melhor que os concorrentes, mas que na época parecia o contrario. Commondore era mais robusto e tinha multifuncionalidades que o NES nem sonhava em ter(ainda). Só que o publico queria jogar, e para isso o NES era muito superior.

Antes que me chamem de louco ...

Menino Chato: "Louco..."

...em afirmar que os computadores pessoais eram mal vistos pelo publico na decada de 80, o que ocorreu é que simplesmente ninguem via um real valor em um computador pessoal em casa , exceto cientistas e estudiosos em geral. Apenas com a popularização do Windows e o pacote Office a situação mudou, isso já na década de 90.

Agora vamos viajar 20 anos no futuro!

Menino Chato: "McFly é você?"

Err... Em 2005 a Nintendo anuncia o Revolution. Mas ele revolucionaria o que afinal? A propria Nintendo!

Menino Chato: "A idéia não era revolucionar o mercado? Você mesmo disse isso seu maluco!"

Sim, eu disse. E revolucionando a Nintendo ela automaticamente revolucionaria o mercado. A idéia era simples, voltar as origens da empresa. Percebam o paralelo entre Wii e NES. Jogos de esporte, Mario 2D, jogos simples e divertidos como Wii Play. Está tudo ali, de novo! Familia novamente como foco ao invez de adultos crianças.

Agora a grande questão é: O que aconteceu com a Nintendo depois do NES? Ela, junto com a industria, se fechou no circulo vicioso de dar mais e mais pro mesmo publico. Chamo isso de sobrecarregar o consumidor. Imagine que você gosta de café. Derrepente todo mundo começa a focar em produzir café e mais café. Cafés de todos os tipos e sabores, mas ainda é café. O mesmo gosto amargo de sempre, mas com cheiros e cores diferentes. Você tem tantas opções de café que nenhum lhe agrada, não porque você não gosta mais de café, mas simplesmente por que há produtos iguais fingindo serem diferentes. Você compra um e ja tem todos, logo nenhum mais lhe agrada. Pela lógica os produtores deveriam fazer produtos diferentes, não? Errado. Fazer algo diferente é arriscado demais, então continuam com uma corrida por excelencia nos mesmos valores. Jogos com melhores graficos, mais realistas, mais cinematograficos. Sempre mais e mais nos mesmos valores estabelicidos. Não é atoa que volta e meia um novo lançamento recebe o titulo de "jogo mais incrivel de todos os tempos", claro, se baseando nesses valores que eu citei. Parte do publico é negligenciado pelo mercado simplesmente porque os valores que eles exigem não são os valores que a industria acha certo.

Menino Chato :"Ta ta onde o Revolution entra nisso?"

Bom, é evidente. Se a idéia da Nintendo é retomar valores abandonados por ela e por todos os outros desenvolvedores, ela facilmente remaria para mares onde não há a disputa fervorosa. Teria agora outros valores em disputa, mas nessa caso sem nenhum adversario ainda.

Enquanto muitos choramingavam que a Nintendo havia saido dos trilhos, estava envergonhando os seus fãs (grande coisa), ela na verdade estava retomando as origens. Não se deixe enganar, o NES recebeu as mesmas acusações que o Wii. Jogos para crianças, para mamães e velhos. Jogos para quem não sabe jogar de verdade (afinal quem sabia jogar video game tinha que jogar os "divertidos" jogos dos computadores dos anos 80).



O Revolution era a retomada de valores, e não propriamente uma invensão. O Wiiremote nada mais é do que a evolução natural do controle clássico do NES. Dito e feito, o Wii se tornou o console mais vendido da Nintendo, que pertencia, vejam só, ao próprio NES.

Agora a história triste dessa epopéia. A Nintendo está entrando no circulo vicioso da industria de novo. É como se separar do cafageste que te bate e se casar com outro na esperança de que agora será diferente. A Nintendo acredita que ela tem o poder de ditar as regras do mercado agora. Basta inovar e inovar. O novo circulo vicioso da Nintendo é criar novas tendencia, sempre e sempre, mesmo que o publico não queria mais. Mesmo que o publico já esteja satisfeito com o que a Nintendo oferece em termos tecnologicos. O que o publico quer são novos jogos, o que a Nintendo quer são novas tecnologias.



Ela realmente acredita que o sucesso do Wii se deve ao valor tecnologico dos sensores de movimento, e não dos valores dos jogos. Ela acredita que o fracasso do Kinect e do Move se deve pelo fato dela ter entregado a tecnologia muito tempo antes, e não pelos jogos deles serem horriveis.

O 3DS vai fazer sucesso por ser o primeiro com 3D sem oculos, e o WiiU por ter um tablet-controle. Nesse mundo dos sonhos da Nintendo onde ela dita tendencias tecnologicas, os jogos são coadjuvantes. Ela está traindo os seus valores pela segunda vez, e pela segunda vez, vai amargurar um ostracismo de vendas.

Não se engane pelas altas vendas de fim de ano do 3DS. Mario Kart 7 foi o principal responsavel pela essas altas nas vendas, lembrando que até o Game Cube explodiu em vendas com Mario Kart.

Uma pena que o ciclo vicioso da Nintendo voltou, ou talvez nunca tenha saido de fato, apenas tenha diminuido. É como diz o velho ditado: Chegar ao topo é facíl, se manter nele que é difícil.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pirateando Minecraft

Algumas semanas atrás, um dos maiores fenômenos independentes do mundo dos jogos foi lançado. Apesar de estar disponível há anos, Minecraft finalmente saiu de sua versão beta e atingiu um status oficial de completo.

A questão é que, como dito, Minecraft esteve disponível durante todos esses anos e eu o achava um jogo interessante, mas eu não o comprei. Apesar de estar bastante inclinado a fazê-lo, algo me segurava, eu pensava: "Falta objetivo", então para mim não valia a pena comprá-lo.

Se eu achava o jogo interessante, será que deveria pirateá-lo para jogá-lo sem pagar? Nessa época, Minecraft era vendido pela metade do seu preço, eu poderia pagar metade do preço dele e ainda tê-lo legalmente. O que me impeliu a não comprá-lo naquela época, porém pagar o dobro do preço satisfeito agora?



O criador de Minecraft, Markus "Notch" Persson uma vez falou sobre sua postura em relação a pirataria: "Pirataria não é roubo. Não existe venda perdida". O que ele queria dizer com isso é que é fácil se acomodar e acusar os outros de roubarem seu trabalho, ele prefere correr atrás e fazer com que os jogadores queiram pagar.

Isso soa como loucura, certo? Por que alguém pagaria por algo que eles já têm de graça? Um jogador com a versão pirata de um jogo, nunca iria comprar a original, iria? Veja este e-mail enviado para o Blog de Sean Malstrom, traduzido:
"Olá Sean, eu não tenho tipo muito tempo para escrever ultimamente, mas vou abrir uma exceção para Minecraft. (...) Eu joguei a versão pirata de Minecraft já que não gosto muito de já ter pago por jogos que mais tarde me desapontam. Eu achei que Minecraft era legal e tudo, mas como você, eu superei o jogo e senti que faltava objetivo, então não senti que deveria comprá-lo".
"(..) Quando [Notch] anunciou o "Adventure Update", ele me pegou, eu senti a expectativa e comprei, por mais do que eu pagaria na beta, porque eu senti que eu receberia o valor que eu não senti que receberia [antes]. Eu não me desapontei".

É realmente assim que eu me sinto. Não só este jogador pagou por um jogo que ele já possuía em versão pirata, como ele pagou o dobro do que precisaria pagar se tivesse comprado antes. Isso só reforça que pirataria nunca foi uma questão de preço, mas sim de valor.

O que por sua vez é mais ou menos o que diz o chefe executivo da Valve, Gabe Newell. Isso mesmo, a empresa por trás do Steam. "Achamos que há um conceito errado fundamental sobre pirataria. Ela é quase sempre um problema de serviço (valor) e não um problema de preço", diz Gabe.


E continua: "Por exemplo, se um pirata oferece um produto da conveniência do seu computador pessoal, e o vendedor legalizado diz que o produto tem travas de região, chegará ao seu país três meses depois do lançamento americano e só pode ser comprado em uma loja física, então o serviço do pirata é de maior valor".

O Steam é o maior serviço de venda de jogos por PC, não enfrentando problema algum para florescer em meio à pirataria. Ele sofre de outros problemas relativos à distribuição digital, mas isso já não é problema nosso.

Outro desenvolvedor, que realmente parece entender um pouco mais de videogames, é Fork Parker, CEO da Devolver, que é responsável por publicar Serious Sam 3, que comentou: "Serious Sam 3 combate a pirataria ao ser um jogo divertido, frenético e oferecendo uma campanha selvagem cooperativa para até 16 pessoas. Os jogadores pagam pelo que é legal".

Jogadores vão pagar pelo que eles gostarem. Independente de todas as concepções que as grandes empresas fazem a maioria acreditar. Recentemente foi divulgado um estudo sobre a Suíça, onde não é ilegal baixar conteúdo para seu uso próprio (como no Brasil), visando saber se deveriam ou não alterar suas leis de copirraite.

O país decidiu mantê-las quando descobriu que a dita "pirataria", não estava diminuindo as vendas, pois as pessoas mantinham a mesma quantia de sua renda destinada ao entretenimento. O mais incrível no entanto, é que além de não diminuir, ela aumentava as vendas, pois as pessoas experimentavam mais o que era desconhecido.


Juntando tudo, temos o seguinte resumo:

1. "Não existe venda perdida" - Markus "Notch" Persson, CEO Mohjang, criador de Minecraft

2. "Pirataria é um problema de serviço (valor) e não um problema de preço" - Gabe Newell, CEO Valve (Steam)

3. "Os jogadores pagam pelo que é legal" - Fork Parker, CEO Devolver, publicadora de Serious Sam 3

Gostaria de encerrar este artigo com um post do blog pessoal de Notch:

"Grandes partes da cultura nos dias de hoje existem em um mundo onde cópias são de graça. Copiar um livro físico custa dinheiro, mas copiar um filme digital é de graça. Na verdade, mesmo mover um arquivo de um HD para o outro, copia o filme primeiro e então apaga o original. Copiar jogos também é de graça. Recursos não são perdidos, ninguém perde dinheiro e mais pessoas se divertem".
"Para pessoas que querem ser pagas pelo seu trabalho digital, como eu, isso é um problema. Toda a economia da sociedade está baseada em um modelo ultrapassado onde dar algo a alguém privaria o dono original de sua cópia, então todos que quisessem uma cópia tinham que comprar uma de alguém que perderia a própria, e a única fonte de novas cópias era você".
"Nós temos uma incrível e eficiente forma de distribuir cultura que é extremamente benéfica para a humanidade, mas que colide com nossos modelos econômicos atuais. A pirataria irá vencer a longo prazo. Ela tem que vencer. A alternativa é assustadora demais".

E caso estejam se perguntando, eu paguei o maior preço possível por Minecraft, €19,95, o equivalente a uns R$ 50 atualmente, pois eu achei que o jogo merecia. Não só isso, eu comprei camisetas, um chaveiro, um bloco de papel e uma picareta.


Eu gastei aproximadamente dez vezes mais do que se eu simplesmente tivesse comprado o jogo no início, pela metade do preço atual, experimentado e não tivesse gostado.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

The Elder Scrolls V: Skyrim e o medo do Tio Zilla

Video feito por mim para aqueles que, como eu, acham que ler é coisa do século passado. XD

Enjoy!

Por que Fóruns de videogame deixam as pessoas mais burras?


Este é um artigo que estava querendo escrever há algum tempo, pois aponta um dos problemas com os jogadores hardcore e sua incapacidade de perceberem as coisas, o fato de que eles se reunem em grupo, em fóruns de videogame, para discutir. Isso os deixa mais burros. Mas por que?

Como é possível ver em outros artigos, sou um grande defensor da inteligência coletiva, que a massa é mais inteligente do que o indivíduo, porém, para isso ocorrer, é necessário que certas condições sejam cumpridas. Esse processo foi explicado melhor em "A Sabedoria das Multidões", de James Surowiecki (não que eu recomende a leitura).

No livro, encontram-se exemplos de inteligência coletiva e como ela funciona. Pega-se um grupo e dele se extrai respostas para uma pergunta. Une-se todas as respostas e tira-se uma média. Esta média será mais inteligente que a resposta do indivíduo mais inteligente do grupo, ela é a inteligência coletiva.

Um dos exemplos do livro é bem simples, contando de uma exposição de gado em 1906. O cientista britânico Francis Galton analisou a resposta de várias pessoas tentando adivinhar o peso de um boi gordo. Os fazendeiros que entendiam do assunto, erraram o peso por uma margem de erro maior do que a média de respostas das pessoas que não faziam a menor idéia do que estavam fazendo lá.

Mas a exposição de gado era um exemplo muito simples e pouco refinado, então Surowiecki cita outro, o desaparecimento do submarino Scorpion. Em maio de 1968 o veículo desapareceu quando voltava para o porto nos Estados Unidos após um último contato pelo rádio e ninguém sabia seu paradeiro.

As muitas possibilidades do que poderia ter acontecido, traçavam uma área de busca de trinta e sete quilômetros de diâmetro, impossivel de se cobrir por completo. A marinha procuraria então alguns especialistas que dariam uns três ou quatro pontos onde eles deveriam procurar e teriam que ficar satisfeitos com isso.


No entanto, um oficial da marinha tinha um plano diferente. Em Blind's Man Bluff (O Blefe do Homem Cego), John Craven comenta como resolveu essa situação. Chamou uma equipe da marinha e ao invés de pedir que ponderassem e chegassem a uma solução, começou um bolão, com uma garrafa de uísque Chivas Regal para aquele que vencesse.

Cada pessoa apostava no que teria acontecido e onde o submarino estaria, visando acertar por interesse próprio. O resultado final é que, a opinião coletiva do grupo, todos individualmente tentando acertar, apontou o campo de busca para pouco mais de 200 metros de onde o Scorpion estava, apesar de estar trabalhando praticamente sem informação.

Essa inteligência coletiva não só existe, como e valorizada, sendo utilizada no que chamamos de Mercados de Decisão, ou Mercados de Previsão, entre outros. No fundo, é também o que gerencia o mercado de ações, com todos individualmente tentando acertar o valor de uma empresa, temos maior chance de determinar qual o valor correto dela. (Não que o mercado de ações seja perfeito, mas isso não é assunto pra esse artigo)

Os sociólogos Jack B. Soll, que dá aula de Tomada de Decisão Gerencial, e Richard Larrick, que ensina várias disciplinas no ramo de liderança e organização, ambos da Fuqua School of Business, dizem que temos esse hábito errado de caçarmos o especialista.

No experimento de Asch (1955), um grupo de pessoas deve olhar para uma sequência de cartões, cada um contendo três linhas de tamanhos diferentes e dizer qual dessas três tem o mesmo tamanho de uma linha de controle designada no início. Começa parecendo um teste de visão.

Você é colocado em quinto lugar na fila e as pessoas vão fazendo o teste. Você consegue vê-las à sua frente e consegue ver a decisão delas. Todas elas acertam todos os cartões, exceto o último, onde você acha que a segunda linha é a mais semelhante à linha de controle, porém, todos os outros responderam ser a terceira.

O único objeto de estudo ali, é você. Os outros participantes são apenas atores, com ordens para escolher erroneamente a terceira linha. Três de cada quatro pessoas vão contra sua própria opinião para acreditar na opinião do grupo e dizem que a terceira linha é igual, ao invés da resposta correta, que seria a segunda.


Isto é pura evolução humana. Como grupo, somos mais inteligentes para assim garantir a melhor chance de sobrevivência possível. Porém, apenas quando somos individuais, nos tornamos mais inteligentes como grupo, caso contrário, produzimos cascatas de informação errada, como acontece no experimento de Asch e nos fóruns.

Para que um grupo seja realmente inteligente, os indivíduos do grupo não devem estar cientes de que fazem parte de um grupo. Todos dentro deste grupo devem agir individualmente buscando encontrar a melhor solução para que o conjunto de suas idéias seja a resposta mais inteligente para um problema.

Porém, quando um grupo toma ciência de que é um grupo, os indivíduos dentro dele param de buscar soluções e passam a buscar aceitação. Acreditam que é melhor errar com a maioria do que acertar sozinho, fenômeno descrito por John Maynard Keynes em "Teoria Geral do Emprego, do juro e da moeda".

Um indivíduo dentro de um grupo não vai querer impôr uma opinião muito diferente da maioria do grupo, pois será criticado. Por isso em fóruns ao invés de encontrarmos pessoas inteligentes com pontos de vista diferentes, encontramos um inconsciente coletivo do que é considerado o certo, o qual por sua vez é a opinião mais morna que ofenda ao menor número de pessoas possível.

O ser humano é imitador por natureza, e isso pode ser bom, quando aprendemos através dos outros, mas pode também ser ruim, quando somente fazemos o que os outros fazem por aprovação social. Temos medo de ir na direção contrária e sermos ridicularizados ou deduzimos que se ninguém o está fazendo, é porque não vale a pena.

Caso vocês se lembrem do vídeo da Brasil Game Show 2010, talvez tenham reparado em algum momento a fila do evento. Havia duas filas, uma gigantesca que virava a rua e uma com pouco menos de cinquenta pessoas. As pessoas da fila grande, não sabiam por que estavam lá, eu ao invés de entrar nela e esperar, dei a volta e entrei pela outra fila.

Essa imitação é exatamente o mesmo mecanismo de segurança que vemos nas formigas. Quando afastadas da colônia, elas têm uma regra básica de sobrevivência: "Siga a formiga da frente", e isso irá salvar suas vidas na maioria dos casos. Existe porém, um evento onde as formigas se prendem em círculos, cada uma seguindo a outra da frente, em looping, até morrerem de fome. São chamados de Circular Mills.



Fóruns de videogame entram em Circular Mills, onde continuam afirmando a mesma coisa e ridicularizando os pontos opostos, sem nunca considerar o que as pessoas falam. Isso leva a bolhas, como acharem que o Nintendo 3DS será um sucesso. E curiosamente, onde há um grupo de "especialistas", está a pior opinião possível.

Por exemplo, no post "Os primeiros meses do Nintendo 3DS", vemos como as pessoas foram agressivas e irônicas com uma opinião contrária, enquanto afirmavam com certeza que o portátil seria um sucesso, algo que claramente não aconteceu. Na verdade, onde esse artigo foi postado, as pessoas ainda reagem com agressividade e negação.

Em todas as comunidades que eu visitei, por volta de 90% das pessoas discordavam do artigo "Porque o Nintendo 3DS vai falhar", dizendo que ele seria um sucesso. Não precisei ir muito longe porém para achar um grupo mais inteligente.

Aqui mesmo, nos comentários do blog, 50% achavam que ele falharia, sendo que este número nem mesmo é confiável, já que parte dos comentários, vieram das comunidades mencionadas, mas já demonstra uma grande diferença de acerto.

Isso significa que quanto mais longe de um fórum de videogames, mais inteligente era o grupo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os primeiros meses do Nintendo 3DS


Não, esse não é um artigo de "Eu avisei!". Também não é um churrasco de línguas, apesar de parecer. Este é um artigo de referência para um outro futuro artigo que estará no Balada em breve. Por ora, a idéia é só demonstrar os fatos e determinar que o Nintendo 3DS não está nada bem, além de questionar uma coisa bastante óbvia que falarei a seguir.

Às vezes as pessoas subestimam a análise que fizemos no ano passado. Não foi fácil. Como um amigo me falou: "O Nintendo 3DS tinha tudo pra dar certo. A Nintendo vinha do sucesso do Nintendo DS e Wii, vários jogos de peso foram anunciados para ele, toda a opinião da mídia era positiva e havia grande expectativa por parte dos jogadores. Como você previu isso?".

Mas a verdadeira pergunta é "Por que ninguém mais previu?".

Agora, o site Eurogamer fez uma análise dos primeiros seis meses do portátil. Eles são um site mais focado no mercado europeu e isso é bom, pois lá havia uma peculiaridade, outro sinal positivo, o Nintendo 3DS quebrou vários recordes de pré-venda, os quais não se reverteram em vendas reais.

Todos os jornalistas que experimentaram o portátil durante a Electronic Entertainment Expo, E3, disseram que o 3D sem óculos era algo incrível e que seria o futuro. Várias empresas de peso anunciaram jogos de renome para ele.

Porém, Johnny Minkley, que escreveu o artigo, comentou algo sobre mostrar o portátil para sua mãe e ela ter dito: "O 3D é irritante. Qual o objetivo? E eu não gosto de nenhum desses jogos", depois dizendo que o portátil parecia um retrocesso quando comparado ao Nintendo DS.

Esta simples senhora estava mais sintonizada com o pensamento do mercado de jogos do que todos os jornalistas especializados e todos os frequentadores de fóruns de videogame. Não são eles que deveriam entender do assunto?


Após um lançamento até bom, as vendas caíram um bocado. No Japão, o Nintendo 3DS era o segundo pior portátil de todos os tempos em matéria de vendas, perdendo apenas para o WonderSwan, um aparelho da Bandai exclusivo do Japão.

Satoru Iwata afirmou em Março que esperava que o Nintendo 3DS vendesse mais que o Nintendo DS. Eles esperavam que ele atingisse 4 milhões mundialmente no final de março, sendo que ele apenas atingiu 5 milhões recentemente, após o corte de preço e mais devagar do que o PlayStation Portátil.

No eBay o aparelho era vendido abaixo do preço do mercado, isso porque pessoas compraram o portátil para revender e não encontraram demanda. O site de leilões é um ótimo termômetro para produtos. O Nintendo Wii, por exemplo, era vendido lá por um preço maior do que nas lojas.

O corte de preço, enorme corte, diga-se de passagem, veio em menos de seis meses de lançamento, o que a própria Nintendo reconheceu ser algo sem precedentes em sua história. Para compensar quem comprou antes, ela deu jogos de Nintendo 8 Bits e GameBoy Advance e os chamou de Embaixadores, ou seja, otários.

O lançamento de novas cores e o corte de preço aumentou um pouco as vendas, mas não é algo que irá durar. Terá pernas longas, pois como dito, foi um corte muito expressivo. Foi como empurrar várias pessoas que estavam à beira de um abismo de indecisão ao mesmo tempo.

Porém, ainda há muito mais pessoas afastadas do Nintendo 3DS, um público que ele não conseguirá conquistar. Então uma vez que esse novo grupo que o preço ajudou a alcançar, comprá-lo, as vendas voltarão a cair vertiginosamente.

Ainda no Japão, o aparelho está tendo uma dificuldade imensa para se manter à frente do PlayStation Portátil, que é da geração passada e já estaria morto, se a Nintendo não tivesse abandonado o Nintendo DS. As pessoas estão tendo dúvidas ao escolher entre o Nintendo 3DS e o PSP, imagine quando chegar o novo portátil da Sony, o PS Vita.

Algo que eu mencionei na recente análise do Wii U, dizendo que ele iria falhar como o Nintendo 3DS, era sobre a falta de diferenciação entre o Wii e o Wii U, da mesma forma que ocorre com o Nintendo DS e 3DS, um ponto que os jogadores não entendem que atrapalha.


No Reino Unido, lojas estão colando adesivos para diferenciar as caixas do 3DS, pois clientes estão comprando os jogos do novo portátil pensando que funcionarão no seu Nintendo DS. Estas pessoas não são idiotas, como a indústria quer que você pense.

Essas mesmas pessoas disseram que não tem interesse no efeito 3D. Em uma recente pesquisa, 51% das pessoas disseram que se sentiriam incomodadas se o efeito se tornasse padrão nos videogames. Já havíamos dito isso há muito tempo. Agora a Nintendo está se esforçando em demonstrar que o 3D pode ser desligado e mudar o foco do portátil, como indicam algumas propagandas europeias, mas isso não é mais possível.

Notem que a maioria dos sinais de fracasso estão vindo da Europa. O que eu reparei recentemente é que a Nintendo da Europa já notou que o Nintendo 3DS e o Wii U não vão dar certo. Eles prepararam uma versão mais barata do Wii para permanecer no mercado e expandiu sua linha de jogos, com Xenoblade Chronicles, The Last Story e Pandora's Tower, pois sabe que terá que apertar o cinto depois.

O repórter da Eurogamer encerra sua análise cometendo o mesmo erro que todos cometeram no lançamento do Nintendo 3DS, achando que basta esperar Super Mario 3D Land e Mario Kart 7 serem lançados. Assim como antes as pessoas achavam que bastava lançar The Legend of Zelda: Ocarina of Time, ou no tempo do PSP, esperavam Grand Theft Auto.

Mario 64 e Mario Kart 64 não impediram o Nintendo 64 de perder a liderança pro PlayStation, Mario Sunshine e Mario Kart: Double Dash!! não impediram o GameCube de perder a liderança para o PlayStation 2.


O aparelho tem sua própria identidade a qual se reflete nos jogos que serão lançados para ele. E se Super Mario 3D Land e Mario Kart 7 não farão nada por ele, Luigi's Mansion 2 e Kid Icarus também não, nem Tales of the Abyss ou Metal Gear Solid 3D. Nem mesmo Nintendogs+Cats ajudou, pois como vimos, não era para o público expandido.

Eu fui em vários fóruns, comunidades e blogs onde o artigo "Por que o Nintendos 3DS vai falhar" foi postado e colhi os comentários feitos, incluindo aqui no blog. Alterei um pouco e misturei para que as pessoas não pudessem ser identificadas, já que a ideia não é realmente caçoar delas, mas sim demonstrar que a imensa maioria (90%) das pessoas que deveriam ser os "especialistas" apontavam na direção errada.

Aposto que neste exato momento a mãe do repórter está dizendo que o Nintendo 3DS vai falhar, mas ele continua escrevendo coisas positivas sobre ele. Por que a mãe de Johnny parece saber mais sobre o mercado de jogos do que um jornalista de jogos e frequentadores de fóruns de videogame? Isso é assunto para o outro artigo.

Fiquem com a lista de respostas, posts e comentários. A minha preferida é "Vai falhar o sistema de tanto vender".
  • "Mesma declaração da Outerspace sobre o Nintendo DS: "O portátil errado na hora errada""
  • "Nem preciso ler, a Nintendo já fez o nome com o DS, agora vai continuar vendendo"
  • "Sei... lá vamos nós de novo..."
  • "Acredito que o 3DS terá apelo aos jogadores casuais"
  • "Pior coisa que já li nos últimos tempos"
  • "A pessoa tem que se informar antes de falar pra não dizer besteira. Nintendo DS e Wii são os maiores sucessos e 3DS será também"
  • "O achismo não leva a lugar nenhum. Melhor esperar os fatos"
  • "Ah sim! Vai ser um fracasso! Como o Wii e o DS *ironia*"
  • "Só achismo e prepotência"
  • "O cara cria um artigo desses só pra chamar atenção, deve ser Sonysta"
  • "Sou obrigado a ler uma coisas dessas..."
  • "A Nintendo voltará a se focar no público hardcore, sem esquecer o casual! É uma fusão perfeita!"
  • "O preço está um pouco alto, mas será um sucesso"
  • "Argumentos péssimos, o cara é muito mal informado"
  • "A Nintendo não abandonou o público casual"
  • "O preço é alto, mas os jogos estão ótimos!"
  • "Se você é tão bom assim de análise vai ser Presidente da Nintendo"
  • "Ri muito do artigo"
  • "Ah, claro! Vai falhar sim! Espera sentado *ironia*"
  • "Quando o 3DS estourar em vendas vou esfregar esse artigo na sua cara"
  • "Em que mundo você vive?"
  • "Um dos artigos mais idiotas que já li"
  • "Meu Deus, mas quanta bobeira"
  • "Tanta bobagem escrita num texto só..."
  • "Não vai falhar, disseram o mesmo do Wii"
  • "Nem li e já digo que está errado, não vai falhar, só por ser o sucessor do DS"
  • "Nunca houve um portátil da Nintendo que falhou"
  • "Não vai falhar, tem apoio das third parties"
  • "O cara se baseia em teorias universitárias e se esquece da prática. Todos estão apoiando o 3DS, vai ser sucesso"
  • "Às vezes me pergunto se liberdade de expressão é uma coisa boa..."
  • "Nunca li tanta idiotice na minha vida"
  • "O 3DS é a oportunidade perfeita de fundir os públicos hardcore e casual"
  • "Nintendo irá dominar todo o mercado, harcore e casual"
  • "É tão cheio de achismo que chegar a dar vergonha. Você não entende nada de jogos. Guarde sua opinião pra você"
  • "Duvido! No Japão só dá Nintendo!"
  • "O cara lê livro de Oceano Azul ou Oceano Vermelho e acha que é tudo exercício de escola"
  • "Nem preciso ler o texto pra saber que é um lixo"
  • "Nintendo sempre foi e sempre será líder nos portáteis. Agora mais do que nunca"
  • "Em pouco mais de seis meses já vai estar passando até o PSP"
  • "Confio em Shigeru Miyamoto"
  • "Análise prematura, as coisas ainda podem mudar"
  • "3DS será um sucesso! É inovador, tem uma biblioteca para hardcore e casuais e ainda conta com as franquias da Nintendo: Zelda, Mario, Pokémon"
  • "Não vai falhar de jeito nenhum. Não em vendas"
  • "Só falou besteira"
  • "Nintendo continuará expandindo o público. Satoru Iwata já disse isso"
  • "O único problema é o preço"
  • "Se fosse tão ruim não teria apoio de tantas empresas"
  • "3DS não é hardcore, vai ter Nintendogs, Mario Kart, Animal Crossing. Vai fundir hardcore com casual"
  • "O único incômodo do 3DS é a falta de um segundo analógico, só precisam resolver isso"
  • "Quanta besteira, a Nintendo não está abandonando os casuais"
  • "Isso é só medo da novidade, depois passa"
  • "Ah sim, o senhor excelentíssimo dono do blog "Na Balada do Mario Bros" deve saber mais de mercado do que a Nintendo *ironia*"
  • "Tem que ser muito burro pra apostar contra o Nintendo 3DS"
  • "Os jogadores casuais serão atraídos pelo 3D sem óculos"
  • "Viajou muito pra querer pagar de analista"
  • "Já cansei de falar o quanto este artigo está errado. 3DS será o maior lançamento da história dos videogames"
  • "A Nintendo não cometeria um erro desses"
  • "As pessoas diziam a mesma coisa do Nintendo DS"
  • "Não li, não lerei e afirmo que é impossível o 3DS falhar"
  • "Só vai falhar em atender toda a demanda gerada"
  • "3DS faz tudo que o antecessor fazia e ainda tem 3D. Quem escreveu esse artigo deve estar zuando"
  • "o 3DS é disruptivo, venderá muito, assim como o Wii e DS"
  • "Falou a Mãe Dináh"
  • "Claro que não vai falhar. A Nintendo continua no Oceano Azul"
  • "Nintendo domina os portáteis"
  • "Vou rir muito quando o 3DS for um sucesso estrondoso"
  • "Não consigo entender como existem pessoas que apostam contra o 3DS. A Line-Up inicial é uma das melhores que já vi"
  • "Li até a metade e não aguentei de tanta besteira. Em todos meus anos de vida nunca vi tanta aceitação quanto com o 3DS"
  • "Volto pra cobrar depois"
  • "Vai falhar que nem o Nintendo DS... oh wait *ironia*
  • "As mesmas previsões foram feitas contra o Nintendo DS. Não tem como não ser sucesso um aparelho desses"
  • "Vai vender muito mesmo sendo caro, como produtos da Apple"
  • "Só quem vai falhar é você"
  • "Estou muito satisfeito com o que a Nintendo apresentou. Acredito que o portátil será sucesso com o público e ditará tendências"
  • "Só a mãe do cara pra falar bem desse texto"
  • "Essa teoria toda é muito furada"
  • "Besteira, Nintendo não vai abandonar o mercado casual"
  • "Isso é choro de Sonysta"
  • "O DS fez um nome de força, o 3DS explodirá logo no lançamento"
  • "Para de pedir pra sua mãe elogiar o texto"
  • "Nem vou ler. Falavam a mesma coisa do Nintendo DS"
  • "Vai imprimir dinheiro"
  • "HAHAHAHA! Quem escreveu essa baboseira? Claro que o público está doido por 3D sem óculos"
  • "Muito fantasioso e cheio de suposições"
  • "Um portátil que terá The Legend of Zelda: Ocarina of Time não pode falhar"
  • "Só sua família pra dizer que gostou disso"
  • "Muita bobagem, não aguentei ler até o fim. 3DS não vai falhar, tem o nome do DS e tem ótimos jogos"
  • "O cara é vidente *ironia*"
  • "A Nintendo só vai falhar em produzir tanto 3DS. Como o Wii que faltava nas lojas"
  • "Você nem deve ter lido A Estratégia do Oceano Azul, ou se leu, não entendeu. Está muito errada essa análise"
  • "Como diz que um console que nem foi lançado vai falhar ou não?"
  • "Falou bobagem aí, campeão"
  • "Li e digo que o 3DS não vai falhar, tem muitos jogos bons"
  • "Não pode falhar, porque vai ter jogos como The Legend of Zelda, Resident Evil, Star Fox"
  • "Vou lembrar desse artigo quando o 3DS for um sucesso"
  • "Discordo. Não há motivo para se pensar que a Nintendo voltou para o público hardcore"
  • "Vai falhar trazendo uma tecnologia inovadora? Não mesmo"
  • "O cara só quis falar mal de algo que todos falam bem pra ganhar audiência. Depois que o 3DS for um sucesso, ninguém vai mais lembrar dele"
  • "Deviam proibir esse cara de escrever, nunca vi tanta besteira"
  • "Quase me convenceu"
  • "Coisa de Sonysta querendo que o portátil falhe"
  • "Viajou legal hein. O 3D é uma evolução natural"
  • "Analistas nunca acertam nada"
  • "Impossível dar credibilidade pra uma análise dessas. Não vai falhar porque tem The Legend of Zelda: Ocarina of Time"
  • "Diziam o mesmo do Nintendo DS e deu no que deu"
  • "Vai falhar o sistema de tanto vender"

Simples como morder uma maçã


Recentemente a morte de Steve Jobs tomou toda a internet e imprensa. Sabíamos que ele estava muito doente, sofrendo de um câncer no pâncreas, mas como um membro da família, ninguém esperava sua partida tão jovem.

É fácil se derreter em elogios hoje em dia, dizendo que ele era um grande administrador, mas comumente isso o reduz apenas a um gerenciador de sucessos e várias vezes atribui erroneamente suas vitórias apenas ao marketing e à marca. Afinal, o que era especial em Steve Jobs? Ele me lembra um outro grande visionário.

Assim como o Fundador e Presidente da Sony, Akio Morita, o Fundador e Presidente da Apple, Steve Jobs, vinha de uma outra geração de executivos, com grande capacidade de leitura do cliente individual, assim como do mercado como um todo, sagazes e disruptivos.

Pois inovar e ser original, é muito fácil, difícil é fazê-lo na medida certa para o público certo. Steve Jobs acertou strikes suficientes, um atrás do outro, para provar que não contava meramente com a sorte.

O iPod, assim como o Walkman de Akio Morita, atendia algo básico como a vontade de ouvir música a qualquer momento em um mundo onde as pessoas não queriam mais carregar fitas K7, mas sim arquivos MP3.

o iPhone oferecia às pessoas uma alternativa para quem não queria participar da corrida armamentista dos celulares, que a cada semana ficavam ultrapassados por modelos mais "modernos" que não faziam nada de interessante.

o iPad foi um disruptor, oferecendo às pessoas uma tela interativa que elas poderiam levar com elas para fazer qualquer coisa que estivessem acostumadas a fazer em telas, sem mais estarem presos a esses aparelhos.

Todos eles têm algo em comum, que Steve Jobs e Akio Morita percebiam: o público compra um produto para realizar um trabalho.

Eu posso carregar músicas no iPod que antes eu não podia, eu posso manter meu iPhone por mais tempo do que um Nokia e eu posso usar o iPad para fazer coisas que antes eu fazia no meu Netbook ou Laptop.

Por mais que as pessoas pensem que esses produtos vendiam apenas pelas marca da maçã, pois com outros aparelhos era possível fazer tudo que eles faziam e ainda mais, eles eram perfeitos para realizar os trabalhos que lhes eram atribuídos, logo eram a melhor opção para atender a necessidade do seu público. Simples como morder uma maçã.

Infelizmente, poucos executivos hoje em dia têm essa visão e eu duvido que Steve Jobs tenha conseguido explicar isso para seu sucessor na Apple. O mesmo aconteceu na Sony, após a morte de Akio Morita, a empresa nunca mais recuperou seu espírito disruptor.

Hoje em dia, os muitos modelos de iPhone e iPad, como o recentemente anunciado iPhone 4S e o iPad 2, afastam as pessoas, e já são erros que irão alienar a base de usuários da Apple a longo prazo. O mercado de ações será implacável e logo a empresa perderá boa parte de seu valor, enquanto manterá sua forte estrutura tecnológica, como a Sony.

Sem Steve Jobs o destino da Apple é deixar de ser uma grande empresa para se tornar apenas uma empresa grande.