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segunda-feira, 18 de março de 2019

No Man's Sky Beyond, Online, Superstar Soccer Deluxe 98 Final Ver.


Já tem algum tempo que eu queria falar sobre No Man's Sky e os mais recentes anúncios parecem uma oportunidade perfeita. Após várias atualizações que mudaram severamente o jogo, ele receberá mais uma chamada No Man's Sky Beyond, a qual será dividida em três partes. A primeira delas é "No Man's Sky Online" que vai introduzir elementos de MMO ao jogo.

Eu sou um grande fã de No Man's Sky... ou ao menos eu era quando ele foi lançado em 2016, antes de ele virar outros jogos. Eu comprei o jogo na pré-venda e apesar de toda a polêmica gostei muito do que ele entregava (com exceção dos crashes). Porém cada atualização para satisfazer o público o transformava em algo diferente, engessado, Tudo que havia de ambicioso no original foi sendo destruído aos poucos. Vamos falar um pouco sobre como foram esses últimos anos.

O Céu de Homem Nenhum

Se você chegou agora e está meio perdido, No Man's Sky é um jogo de exploração espacial com um universo quase infinito gerado proceduralmente. Ele ficou em desenvolvimento por muito tempo, uns três anos, e durante esse período o criador do jogo, Sean Murray, fez muitas promessas sobre o que seria possível fazer no jogo e acabou não entregando.

A questão é que a única promessa que realmente não foi entregue no lançamento é que você poderia ver outros jogadores no universo. É estranho, porque Sean sempre falava que você poderia vê-los mas que seria incrivelmente raro, já que é um universo quase infinito. Então logo nas primeiras semanas jogadores se encontraram online e não se viram, o que gerou muitos comentários negativos.


Claro, era um elemento grande do jogo que estava fora, porém qualquer um que tivesse pensado que No Man's Sky era um jogo multiplayer pra jogar com amigos já estava esperando algo completamente errado do jogo desde o começo. Por fim, o que causou a grande repercussão negativa não era tanto o que o jogo não tinha, mas que aquilo que ele tinha não era tão legal assim para a maioria.

Basicamente, No Man's Sky é um livro de ficção científica de Isaac Asimov em movimento e foi vendido para um público que esperava encontrar Star Wars. Muita coisa no jogo era sobre mistério, sobre reflexão, contemplação, imaginação, não sobre mostrar explicitamente um monstro e deixar que você o matasse para obter loot.

Eu gostava de como No Man's Sky era simples e minimalista, que parecesse ao mesmo tempo um universo vazio mas também cheio de coisas a fazer. Acho que falei bem sobre isso na review que fiz do jogo. Cheguei a ganhar o troféu de Platina nele, marco quando você ganha todos os outros troféus. Porém agora a minha review é totalmente inútil, pois aquele não é mais o jogo.


Nenhum Homem no Céu

As reclamações acabaram com o jogo em seu lançamento, Sean Murray entrou para o hall dos desenvolvedores mentirosos ao lado de Peter Molyneux e ninguém mais queria saber da Hello Games, que estava totalmente calada em suas redes sociais. No final daquele mesmo ano então começaram as atualizações, a começar pelo "Foundation Update" que adicionou a possibilidade de criar bases. Alguns meses depois tivemos o "Path Finder Update" que adicionou veículos.

Além das adições toda a forma de jogar também foi reformulada. Elementos mudaram, a forma de obtê-los mudou, criaram problemas que não existiam antes para que soluções fossem consideradas conteúdo. Ainda parecia o mesmo jogo, um pouco diferente, difícil de se acostumar. A sensação de solidão e contemplação deram lugar a uma casa bonita na praia e um carrão... nada sutil.


Ok, foram boas adições para quem não gostava do jogo como estava antes, mas estragou um pouco para quem gostava. Pior ainda, as pessoas que a Hello Games estava querendo agradar, não queriam gostar de No Man's Sky, sequer estava olhando para o jogo desde toda a polêmica do lançamento. Por que olhariam? Havia outros jogos para se interessar.

Mais alguns meses e então tivemos a atualização "The Atlas Rises" no mês de aniversário do jogo em agosto de 2017. Agora além de coisas para fazer, No Man's Sky tinha também uma campanha de 30 horas com eventos lineares e quests geradas aleatoriamente que transformavam o jogador em um garoto de tarefas glorificado. Aqui foi onde realmente deu pra sentir a perda da alma do jogo.

Tínhamos algo especial com No Man's Sky, algo que estava sendo destruído por completo até que só sobrasse a mesma estrutura cansada de outros jogos, porém aceita. "Vá naquele planeta pegar 3 itens", "Vá naquele outro matar 10 criaturas", "Me traga 100 desse elemento". Não coincidentemente foi aqui que as pessoas começaram a olhar para o jogo e dizer que agora havia coisas para fazer nele, mesmo que no fundo não quisessem fazê-las.


Novamente No Man's Sky mudou, virou algo que não era para agradar quem não lhe dava valor. Todos que reclamavam da falta de uma história linear ou de quests não podiam mais reclamar disso, então qual seria a desculpa deles para não comprar o jogo, simplesmente porque nunca pretenderam comprar? "Onde está o multiplayer?".

Próximo Céu, Nenhum Homem

Até a atualização "The Atlas Rises" eu ainda estava acompanhando No Man's Sky, completando cada novo conteúdo apesar de ele já ter mudado tantas vezes. Então veio outra grande mudança chamada "No Man's Sky Next", a qual coincidiu com o lançamento do jogo também para o Xbox One. Adivinha qual a grande novidade? Multiplayer.

Agora finalmente você podia ver outras pessoas, mas apenas outras três como se fosse Minecraft. Na verdade parecia mesmo Minecraft porque o jogo também recebeu novidades no sistema de construção voltadas justamente para criar construções maiores do que apenas bases. Algumas pessoas até disseram: "Ok, agora vale a pena comprar".


No entanto agora quem não quer jogar sou eu. Não foi apenas adicionado multiplayer ao jogo, toda a estrutura foi remodelada e mais uma vez ficou desnecessariamente complicado. Consegue imaginar como seria se Minecraft um dia atualizasse e você não pegasse mais madeira de árvores? Nem pedras de montanhas? Não criasse gravetos para fazer ferramentas? Esse é o nível da reestruturação de No Man's Sky Next.

Tudo que eu já havia conquistado no jogo até então foi jogado no lixo, marcado como "tecnologia obsoleta" na atualização. Fiquei preso em um planeta porque a Hello Games não pensou que pessoas que já tinham um save não teriam plantas para criar coisas essenciais, como combustível para a nave. Minha base inicialmente foi "apagada" mas semanas depois de muito silêncio foi explicado como resgatá-la.

No Man's Sky conseguiu perder todo o seu charme, todo o seu mistério, pra virar quase um party game. Um jogo que parece querer ser Minecraft no espaço e nem mesmo isso consegue ser porque toda a estrutura por baixo dele não é para um jogo desse tipo. E agora ele me diz que vai fazer isso de novo.


Sem Homem no Céu Além

A expansão No Man's Sky Beyond começará por No Man's Sky Online, atualização que transformará o jogo quase em um MMO, provavelmente será possível ver todas as pessoas no universo e não apenas três. Pode ser uma ótima adição ao jogo e gerar finalmente o estilo de experiência que todos estavam esperando, praticamente uma comunidade online de espaçonaves como no MMO gratuito "EVE Online".

Porém eu duvido muito porque a estrutura básica do No Man's Sky original continua por baixo disso tudo e essa estrutura é marcada por um ponto: uma jogabilidade ruim. Um jogo de ficção científica sobre mistério, reflexão, contemplação, imaginação, não depende tanto de sua jogabilidade, pois a maior parte do trabalho está sendo feito na cabeça do jogador. Agora um jogo de ação, aventura, MMO, significa colocar muito estresse em uma peça que não foi projetada para suportar isso.


Nem mesmo acredito que esse seja o maior problema da coisa. No Man's Sky se tornou insosso porque virou várias coisas e não conseguiu ser apenas uma. No início ele fazia apenas uma coisa muito bem e decepcionava muita gente que não queria essa coisa. Agora ele faz dezenas de coisas de maneira medíocre ou ruim e todos aplaudem essa servitude porém sem se empolgar com o jogo já que ele não tem mais nada de excepcional.

Um produto precisa ter uma mensagem, uma filosofia, querer dizer algo ao jogador. Se a mensagem pode facilmente ser mudada porque o jogo não deu certo quer dizer que ela não era tão importante assim para que merecesse nossa atenção.

No Man's Sky já foi três jogos diferentes e agora promete ser um quarto. Para cada pessoa que gostou dos três jogos anteriores ele pode ter se transformado em algo que logo em seguida não os agrada. Digamos que alguém goste da quarta versão, o que o protegerá da quinta?


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sábado, 29 de setembro de 2018

Crossplay e o vespeiro no vizinho


Crossplay tem sido uma das palavras do momento, uma polêmica que se instaurou mais ou menos no último ano e veio se arrastando a níveis mais controversos. Crossplay é a ideia de unificar multiplayer entre várias plataformas, algo que um dia já pareceu completamente absurdo mas hoje se espera das empresas e elas são cobradas quando não têm. Vamos entender um pouco o que está acontecendo e por que essa questão não é tão simples quanto deixar todo mundo brincar junto.

Pra quem chegou agora, Crossplay é a palavra que estão usando para definir a possibilidade de jogadores enfrentarem ou se unirem a outros usuários online em plataformas diferentes, concorrentes ou não. Porém obviamente quando são concorrentes é ainda mais impactante, pois até alguns anos atrás essa possibilidade nem existia na cabeça das pessoas.

Tudo começou a ganhar tração ironicamente no PlayStation 4 quando Rocket League permitiu crossplay entre jogadores do PS4 e PC. Desde então a popularidade e temática de Rocket League começou a empurrar a bandeira do crossplay, pois afinal era um jogo com apelo tão universal quanto o futebol e fazia realmente sentido que estivesse disponível em todas as plataformas.

O PS4 permite crossplay com PC, o Xbox One permite crossplay com PC, mas apesar de a produtora ter insistido muito, não conseguiu fazer crossplay entre PlayStation 4 e Xbox One. Na época ainda não sabíamos quem estava barrando o que, mas até entendemos, são concorrentes, não faz sentido se darem bem. Curiosamente na época a diferença de vendas entre as duas plataformas não era tão grande e nenhuma das empresas ligou pra isso.


Atualmente Rocket League está disponível até mesmo para o Switch e foi a Nintendo quem mais surpreendeu quando o assunto é crossplay. Apesar de ser muito retrógrada em várias situações, a Nintendo resolveu criar uma ponte de amizade com a Microsoft e permitir crossplay entre o Switch, Xbox One e PC. Esse relacionamento provavelmente começou ainda com as versões de Minecraft para Wii U e Switch.

Quando a Microsoft comprou Minecraft, manter as versões do jogo que já existiam provavelmente era uma obrigação da empresa, porém ela definitivamente não era obrigada a lançar novas versões para consoles que não eram dela como o Switch e o Nintendo 3DS, ainda assim ela o fez. Provavelmente a Nintendo teve que ir atrás da Microsoft para conseguir a versão do 3DS já que ela não aconteceu muito naturalmente.

Agora essa gentileza parece gerar frutos extremamente proveitosos para a Microsoft pois a Nintendo está parecendo sua amiga em propagandas sobre Crossplay. Se tanto Sony quanto Nintendo bloqueassem Crossplay, seria apenas mais uma prática da indústria que ninguém reclamaria, mas quando a Nintendo aceitou e inseriu Crossplay em jogos como Rocket League, Minecraft e Fortnite, obviamente colocou a bola na quadra da Sony e deu a ela automaticamente uma imagem de vilã.

A Sony já domina a geração com quase 80 milhões de PlayStation 4 vendidos contra 20 milhões de Xbox One e até o momento 20 milhões também do Nintendo Switch. Como líder, não era vantajoso para a Sony se abrir às outras plataformas e não é incomum que a Microsoft se pinte como defensora dos interesses do público, quando todos sabemos quais eram as reais intenções da empresa no início da geração.


O antigo CEO da Sony Online Entertainment, John Smedley, comentou que em sua época a razão para não fazerem Crossplay era puramente dinheiro, mas nesse caso não seria bem Crossplay e sim um "CrossMoney". Não é que a empresa não queira que pessoas joguem entre plataformas, eles não querem que as pessoas façam suas compras digitais no Xbox One e depois usem esses mesmos itens no PlayStation 4 sem que a Sony ganhe algo com isso.

A própria Nintendo apesar de permitir Crossplay em Fortnite estava bloqueando moeda virtual V-Buck comprada em outras plataformas. Isso fazia com que mesmo com uma conta unificada o saldo do jogador ficasse espalhado por múltiplas plataformas. Ninguém reclamou a respeito disso, como se todo o alarde e pressão tivessem agendas bem específicas.

Agora a Sony cedeu no quesito Crossplay e eu vou comentar por que não acho isso uma boa ideia. O conceito de todos jogarem juntos é maravilhoso, mas não tem necessariamente um bom lado prático. Não há muitas leis a respeito de crossplay e não sabemos quais são os acordos que as empresas estão firmando nos bastidores. Pode demorar até vermos os primeiros casos polêmicos sobre isso, mas a certeza é que veremos.

Se o seu vizinho tem um vespeiro no quintal, você joga uma pedra nele e acaba severamente ferido pelas picadas das vespas, a culpa é sua que provocou a ação ou do seu vizinho que foi negligente? E quando esse caso é ampliado para o âmbito online? O que acontece se algum dano for causado a uma pessoa em uma plataforma por um usuário que veio de outra rede?


Imagine se um usuário da Xbox Live aliciasse usuários da PSN para um golpe de venda de V-Bucks, se um usuário da Nintendo Online fosse assediado por um usuário da PSN, se jogando Fortnite no Switch o jogo fosse invadido por cheaters do Xbox One. Com as três empresas tão enroladas entre si é de se esperar que o consumidor leve a pior nessa e até tenha que lidar com um jogo de empurra-empurra.

A segurança das outras redes passará a se tornar também um problema de cada empresa individualmente, pois cada falha de segurança nelas poderá ser uma porta de entrada para um problema em outra plataforma. Se algo assim acontecesse, a Nintendo seria responsabilizada por sua clássica segurança frouxa?

Quando o Nintendo Switch foi hackeado, usuários colocaram imagens pornográficas em Super Mario Odyssey, mas e se fosse Rocket League? Em GTA 5 um hacker usando versões alteradas do jogo conseguiu se passar pela Rockstar e enviar uma mensagem de "pré-venda de GTA 6" com um link falso. Legalmente será uma loucura quando essas ocorrências envolverem redes diferentes e rivais pois cada plataforma tem níveis diferentes de segurança e abertura.

Dependendo dos acordos ou de como os tribunais decidirem futuras disputas (o que deve levar uma boa década), algumas empresas poderiam até ser devastadas por indenizações milionárias ou multas previamente estabelecidas. O que para a Microsoft não é problema nenhum, mas tanto Nintendo quanto Sony têm reservas limitadas.

Da forma como é feito atualmente o Crossplay não é uma boa opção para nenhuma das empresas, pelo simples fato que seus serviços online são gargalos para controlar quem entra na jogatina. No PC o multiplayer online é gratuito e praticamente sem moderação, o que abre espaço para uma comunidade bastante tóxica e repletas de cheaters. Muitos jogos são injogáveis no PC devido a trapaceiros.


Isso tudo para não falar de más intenções, pois se tem algo que a indústria não parece ter limites é para más intenções. Não seria impossível para uma empresa pegar seus jogadores conhecidamente cheaters e pareá-los especialmente contra a rede de outro videogame para prejudicar a imagem de um concorrente. Mesmo hipoteticamente é assustador o que podemos ver nos próximos anos.

Mais do que nunca o online está integrado nos consoles, a ponto de nem parecer que era uma grande novidade uma geração atrás. No entanto, quanto mais os jogos dependem da parte online, mais dependemos de uma estrutura igualmente preparada para suportá-los, o que não tem acontecido ultimamente. Problemas de matchmaking, toxicidade e falhas técnicas podem estragar jogos outrora bons.

Ao unificar todas as plataformas em uma só será jogado um holofote em todos esses problemas e ao invés de resolvê-los poderá se tornar um grande jogo de culpar uns aos outros: "Jogadores do PlayStation xingam mais", "Jogadores do Xbox são mais machistas", "Jogadores da Nintendo desconectam mais das partidas", "jogadores do PC trapaceiam mais".

É um admirável mundo novo online que promete ser uma experiência ainda mais conturbada do que as que estávamos vivendo até agora.