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sábado, 19 de outubro de 2019

Review de Monkey King: Hero is Back


Monkey King: Hero is Back é um jogo de PlayStation 4 e PC baseado no filme de animação chinês de mesmo nome que acredito que não passará nos cinemas do Brasil, mas ainda assim tem legendas em português. Esse jogo é parte de uma empreitada da Sony de tentar emplacar seu console na China, onde a animação sobre o famoso conto oriental foi a terceira mais lucrativa de todos os tempos.

O jogo em si parece um jogo de filme, decente sem ser excepcional e acho que vale a pena lembrar que está tudo bem com isso. Diferente da maioria dos lançamentos, Monkey King: Hero is Back chega por um preço bem mais baixo de R$ 149,90 e é um preço justo pela experiência que oferece, porém não sem alguns defeitos chatos.

Tanto o jogo quanto o filme são baseados no clássico conto do Rei Macaco "Sun Wukong" de "Jornada ao Oeste", um macaco que domina o kung fu, tem uma nuvem voadora e um bastão mágico com os quais desafia os céus e acaba preso por Buda para aprender um pouco de humildade. É uma história que inspirou diversas outras semelhantes e talvez a mais conhecida seja a de Goku em Dragon Ball.

O enredo começa a se separar um pouco do conto pois não é um monge indo para o oeste que encontra o Rei Macaco e sim um garoto chamado Liuer, aprendiz de monge, que está fugindo de monstros que estão raptando todas as outras crianças. A história do jogo sofre um pouco por demorar a apresentar o vilão Hundun e por um tempo deixar o jogador sem senso de perigo ou urgência, mas no geral é uma boa jornada de redenção.


O jogador controla o próprio Rei Macaco, chamado aqui de Dasheng, o que acredito que significa "Grande Sábio" em chinês. Devido a sua punição ele está sem seus poderes e precisa fazer o bem para recuperá-los. O personagem é bem reclamão e não está nem um pouco a fim de ajudar ninguém, o que é fácil de se aturar em um filme mas se arrasta um pouco no jogo.

A atmosfera geral lembra muito a de jogos de filmes de antigamente, como se fosse um jogo de Kung Fu Panda com outro personagem. Esse tipo de jogo era uma boa porta de entrada para jogadores menos experientes e hoje em dia eles parecem ter desaparecido em meio às franquias multimilionárias. Ele também parece voltado para crianças, um jeitinho meio de Knack, apesar de ter momentos com saltos de dificuldade.

O jogo em si é de aventura com ação, andando por um percursos e ocasionalmente lutando contra inimigos que aparecem pelo caminho. O caminho costuma se dividir e chega a ser confuso às vezes pois o sistema de mapa não é muito bom e por isso alguns colecionáveis são fáceis de perder. Há também a opção de trilhar um caminho com menos inimigos para evitar dores de cabeça.

Pelo caminho é possível encontrar uma grande variedade de itens como flores e insetos os quais podem ser usados em uma lojinha para trocar por itens. É estranho, mas o jogo não usa dinheiro e cada tipo de item obtido é usado para comprar outros tipos de itens, como flores por itens de cura. É como carregar diversas moedas diferentes das quais cada uma só compra certas coisas. Chega a parecer um sistema de crafting que acabou simplificado durante o jogo.

O combate é uma mistura de várias ideias que não se aprofundam muito. Parece ser um jogo voltado para crianças, mas veja quantas facetas do combate eu vou listar a seguir e me interrompa quando achar que está complicado demais. O jogador começa com seu sistema básico com um ataque fraco e um forte, porém apenas o fraco desfere um combo.


Então entra uma mecânica essencial para o resto do jogo, o contra-ataque. Ao apertar um botão no exato momento em que um inimigo começar a atacar, o rei macaco desfere um contra-ataque quase mortal. Não são todos os golpes que são contra-atacáveis e decorar o tempo pode ser um pouco complicado, porém há uma magia que permite ver o momento certo de contra-atacar com um ícone.

Em outros momentos se o jogador apertar o botão de golpe fraco na hora que for atacado, ele interrompe o combate tradicional e entra então o combate "Um Contra Um" que nada mais é que um esmaga botão contra apenas esse inimigo. Aperte o botão bem rápido e você o derrota automaticamente. Não é algo muito necessário, mas tem animações legais.

Quanto mais o jogador avança e completa partes da história, o rei macaco vai desbloqueando seus poderes e ganha magias com vários efeitos. Um problema é que elas são ativadas através de um menu pouco intuitivo e muitas vezes dá pra esquecê-las. Há magias úteis que permitem ver coisas invisíveis, magias de ataque como pelos transformados em dardos e furacões de fogo, entre outras. As magias por sua vez podem receber upgrades com algo semelhante a pontos de experiência.

Você pode usar certos objetos do cenário como arma e na primeira vez que eu vi o personagem pegar um banquinho e usá-lo de improviso para lutar, como se fosse Jackie Chan (que a propósito dubla o rei macaco no filme em inglês), fiquei bem animado. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que ele praticamente só usa bancos. Mais tarde ele até ganha um feitiço com o poder de invocar bancos... isso não parece certo.


Pelo caminho é possível encontrar em locais escondidos Deuses da Terra, os quais se o jogador coletar pode então usar para aumentar seus status como vida, magia e número de golpes nos combos. Eles não são tão fáceis de se encontrar para um olho destreinado e acho que um jogador menos experiente que não tenha feito a maior parte dos upgrades possíveis pode ter problemas ao progredir no jogo.

Há uma pitada de stealth na qual é possível eliminar inimigos ao se aproximar sorrateiramente deles, porém a velocidade do rei andando com cuidado é muito lenta para isso. E há também um modo de fúria onde ele desfere golpes mais poderosos por um tempo limitado. Ocasionalmente eliminar inimigos com stealth ativa o modo de fúria, o que também não parece certo. Na maior parte das vezes o jogador ganha a fúria quando não há mais inimigos para enfrentar.

Os inimigos em si são em sua maioria trolls e variantes. Todos os inimigos são bem repetitivos e aparecem várias vezes durante o jogo com leves variações. Acredito que há uns dez modelos de inimigos diferentes em toda a aventura. Alguns deles são objetos inanimados trazidos à vida por talismãs, como armaduras de samurai ou aglomerados de pedra.

Explorar o mapa é uma coisa que poderia ser mais prazerosa, mas sofre de dois problemas. Primeiro, você recebe um mapa para se guiar, mas ele é bem ruim e não fica na tela, é preciso parar a ação para consultá-lo. Segundo, cada local tem sua exploração limitada por paredes invisíveis e divisões em áreas de uma maneira muito estranha e pouco otimizada, com loadings.


Por exemplo, às vezes você anda até um certo ponto, há uma linha pontilhada e uma parede invisível na qual ao apertar um botão você vai para a próxima área. Não é um jogo com mapas enormes e nem que requer muito do console, então isso pareceu uma falta de otimização um pouco desapontadora. Muitas vezes a outra área até mesmo está em cena e mal dá pra entender por que precisa de loading. Alguns interiores também podem ser explorados e também exigem loadings, apesar de curtos.

Algo que vale a pena dizer é que perto do final do jogo ele chega a flertar com elementos de plataforma, mesmo que muito brevemente e me fez imaginar como ele poderia ter sido mais interessante se investisse mais nisso. Pois assim como jogos de filmes, jogos de plataforma 3D são raros hoje em dia. Muito do jogo poderia ser melhor se o personagem fosse mais rápido e pulasse melhor.

Visualmente o jogo não impressiona muito, com um visual simples mas que cumpre seu trabalho. Já havia mencionado no post sobre a China Joy que não gostei muito do design do personagem, mas isso não era algo que o jogo poderia mudar em relação ao filme. As animações ao menos são boas e o rei macaco dá bons golpes. Há uma ou duas cenas tiradas diretamente do filme, mas o resto do tempo a história é contada por uma mistura de cenas estáticas com gráficos do jogo meio sem graça.

No setor sonoro Monkey King sofre um pouco. Enquanto o filme tem algumas canções bem bonitas, elas não estão presentes no jogo, exceto pelos créditos. As músicas são repetitivas e chatinhas na maior parte do tempo, apesar de melhorarem um pouco perto do final. Os efeitos sonoros são ok e a dublagem em inglês também funciona bem no geral, melhor do que normalmente se esperaria de um projeto menor.


Monkey King: Hero is Back é um jogo que realmente me lembra dessa época de jogos de filmes e tal como os jogos dessa época, tem vários defeitos que eu poderia enumerar. No entanto ele faz o suficiente no que deveria fazer, dar a experiência de jogar como o personagem de um filme que alguém gostou de assistir, sem precisar ser um jogo excepcional. É um tipo de jogo-ponte em falta hoje em dia.

A animação em si provavelmente não é tão relevante para o público brasileiro quanto para o público chinês, para o qual o tema é tão querido. Apesar disso, é um filme bem divertido e ganhou um jogo decente, mesmo que ele pudesse ser melhor.

6/10

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Os jogos da Sony na China Joy 2019 para PlayStation 4


Nesta última quinta-feira a Sony esteve no evento China Joy 2019 no qual demonstrou jogos de PlayStation 4 que financia ou ajuda a desenvolver em parceria com pequenas produtoras chinesas. Não é um evento muito grande, mas ocasionalmente saem coisas interessantes de lá e especialmente jogos que são visualmente estimulantes. Um dos maiores casos de sucesso seria o jogo de terror White Day: A Labyrinth Named School do PlayStation 4. Vamos dar uma olhada nos projetos que foram apresentados.

Monkey King: Hero is Back

A história do rei macaco é uma das mais clássicas da China e faz sentido visitá-la com um jogo. Eu gostei de alguns detalhes nas lutas, como o fato de elas acontecerem no ar, porém a jogabilidade parece limitada, aquém de jogos igualmente simples como Malicious do PlayStation 3 e PS Vita. O estilo da arte também não me agradou muito.


ANNO: Mutantionem

Me lembro de ter visto esse no ANNO passado! Hah! Muito boa essa. Em 2018, Anno apareceu um pouco mais tímido, mas já tinha charme e agora esse ano parece ainda mais legal, é um jogo que gostaria de ver no ocidente. A jogabilidade parece promissora, mas acredito que não seja tudo isso já que parece ter muitos momentos de exploração e diálogo para cortar o ritmo.


Undying

Aparentemente, Undying utiliza o tema de zumbis para contar sua tradicional história triste de jogo indie. Acho uma pena, porque o visual do jogo e os sistemas parecem bons para um jogo de sobrevivência, mas não quero jogá-lo como uma história de mãe e filho. Curioso que apesar de o tema ser emoção tenham escolhido não dar rostos aos personagens, causa um certo desconforto.


F.I.S.T.

Em um mundo tomado por robôs, o jogador controlará um coelho humanoide que conta com seu próprio braço mecânico para enfrentar os exércitos inimigos. Apesar dos gráficos em 3D a jogabilidade será toda em 2D com exploração no estilo "metroidvania". A jogabilidade parece interessante, com boas opções de combate, o que me lembra um pouco o reboot de Strider de 2014. A escolha do coelho como protagonista não me agrada muito.


Genshin Impact

Inicialmente seu tradicional RPG de waifus, não dá pra não perceber uma certa inspiração de The Legend of Zelda: Breath of the Wild nos visuais e também algo que aparenta ser próximo dos capítulos recentes da série Tales Of. Sem dúvida um dos jogos mais promissores e ambiciosos exibidos, ele sairá em 2020 no PS4.


Evotinction

Focado em oferecer uma experiência de "stealth", Evotinction é uma junção das palavras "evolução" e "extinção". O jogo se passa em um futuro próximo que questiona o relacionamento da tecnologia com o futuro do ser humano, se o levará a novas alturas ou se irá extingui-lo. Parece se inspirar bastante nas obras de Hideo Kojima mas sem a estrutura pra isso, como Left Alive.


Biped

Aqui temos um jogo até com personagens fofinhos, mas genérico demais para se destacar no meio dos outros. Biped parece ter alguns elementos interessantes de puzzle em dupla, mas seus cenários parecem ter saídos de uns 10 jogos diferentes, poderiam até mesmo ser um protótio de um novo Knack e não daria pra notar a diferença até os protagonistas entrarem em cena.


Romance of the Three Kingdoms XIV

Uma clássica série que acredito que pouca gente já jogou irá receber uma versão ocidental no PS4 em 2020. Há muitos, mas muitos mesmo, jogos da série Romance of the Three Kingdoms, porém a barreira de entrada deles sempre foi muito alta e acredito que nem todos cruzaram os mares para ganharem um lançamento por aqui.


In Nightmare

Este é um game de terror que mistura um visual fofinho com terríveis perigos. Trata-se de um conto de fadas sombrio sobre crescer e sobreviver. O jogador controla uma criança com a cabeça toda enfaixada em um mundo de sonhos enquanto atravessa cenários cheios de ameaças, com um porém. Algumas dessas ameaças são reais, enquanto outras são apenas fruto de sua imaginação. Me lembra bastante os games da série Yomawari só que em 3D.


AI-Limit

Um RPG de ação em terceira pessoa com uma atmosfera que lembra a de Nier: Automata. AI-Limite traz a guerreira Arrisa contra criaturas robóticas com uma jogabilidade de ação bem tradicional. Além da espada mostrada no trailer o jogo promete mais armas e equipamentos que além de alterar atributos mudam também o visua da personagem. Parece ok, talvez falte aquele algo mais para se destacar.


Convallaria

Minha primeira impressão ao ver o mapa do jogo é que ele parecia demais com o de Apex Legends. Convallaria é um jogo de tiro multiplayer online que sofre do mesmo mal de visuais genéricos que Biped. Até não ligaria para isso se a jogabilidade fosse frenética o bastante, mas parece ter elementos de RPG que deixam a ação bem mais tática e monótona.


Apocalypse

Este foi um jogo que apareceu muito pouco e não deu pra entender muito bem como será porque não foi mostrado seu gameplay. A história se passa após um grande terremoto e incluirá tomar escolhas a respeito dos sobreviventes. Não dá pra comentar muito além apenas com esse trailer, mas não parece algo na mesma direção de séries como Disaster Report, talvez algo mais próximo de I Am Alive.


The Oriental Exorcist

Há alguma confusão a respeito do nome desse jogo, com relatos que apontam para "The Eastern Exorcist" e "The East Exorcist", mas vamos ficar com esse por enquanto. Ele é um jogo de ação 2D com gráficos em alta resolução que parece inspirado por games como os da Vanillaware, como Muramasa: The Demon Blade, e isso pode ser uma coisa muito boa.


Broken Dellusion

Por último, da mesma produtora de The Oriental Exorcista, temos Broken Dellusion, um jogo de aventura que apesar de ser chinês está focado em um estilo de arte japonês. Há pouco liberado pela produtora, apenas algumas imagens, mas dá pra notar um estilo de arte que realmente lembra alguns RPGs famosos como Persona ou a série Digimon.


No geral o evento China Joy mostrou uma boa evolução dos jogos em relação ao Anno passado e poderia muito bem significar a entrada da China com estúdios de jogos AAA no ocidente no futuro. No entanto sempre que se fala de China se fala também de grande atrito internacional e cultural, então fatores de política externa podem mudar facilmente qualquer previsão desse tipo.





domingo, 21 de abril de 2019

PlayStation 5, Xbox One SAD e Switch na China


Essa semana teve algumas notícias interessantes, porém com bem menos repercussões do que a maioria esperaria. Ainda assim tenho um pouco a falar sobre. A Sony soltou a configuração técnica do PlayStation 4, a Microsoft anunciou um console sem leitor de discos e a Nintendo licenciou a empresa Tencent para vencer o Nintendo Switch na China. Vamos falar um pouco sobre cada uma dessas notícias.

A revelação do PlayStation 5 foi apenas uma revelação das configurações técnicas, as quais provavelmente a Sony deve dar um up depois. Seria loucura dizer para o público qual é a configuração e permitir que a Microsoft simplesmente jogasse mais dinheiro e superasse esses números com facilidade. Um dos pontos principais que deram vantagem ao PS4 foi a utilização de surpresa de memória RAM GDDR5 no console, por exemplo.

A questão é apenas de botar o nome do videogame na boca das pessoas, dar início ao "buzz". Eu não vou comentar muito sobre o PlayStation 5 até ver de fato o console, porque no momento me falta apenas ver a proposta dele para dar um parecer muito negativo. Atualmente eu acredito que a Sony tem todo o necessário para fazer do PlaySation 5 um fracasso.

Todo o sucesso do PlayStation 4 veio de uma posição de humildade que a Sony estava após apanhar de vara de marmelo com o PlayStation 3. Não só isso, a empresa estava em uma tremenda crise financeira como um todo. Já há alguns anos eu vejo a arrogância da Sony voltando aos poucos, principalmente pela saída de vários dos responsáveis pela criação do PlayStation 4.


A empresa se reestruturou com um plano fantástico, o "One Sony" que inclusive colocou o PlayStation no centro do coração da empresa em uma época que seus celulares, smartphones e laptops iam mal. A Sony percebeu que o PlayStation era uma das melhores coisas que eles faziam e que deveriam fazer direito e dar a atenção devida. Agora que estão estáveis de novo, não acredito que pensem mais assim.

Mas não dá pra dizer ainda "Por que o PlayStation 5 vai falhar" porque a marca ainda é famosa e falta ver o que ela de fato irá apresentar como proposta para o videogame. Se apenas for um console genérico, tem uma grande chance de ser engolido pelo Xbox em uma alternância de poder que o público parece estar pedindo.

É incrível como a memória das pessoas sobre a marca Xbox parece fraca, considerando escândalos muito recentes como o lançamento do Xbox One empurrando conexão 24 horas obrigatória, obrigatoriedade do kinect e bloqueio de jogos usados e emprestados. Isso para não mencionar as três luzes vermelhas da morte no início do Xbox 360 e como eles negaram por muito tempo que fosse um problema.


Sim, vamos falar de Xbox One agora, mais precisamente o Xbox One S All Digital Edition, que já vem com a piada pronta de formar a sigla Xbox One SAD =(. É um modelo de Xbox One S sem disco, que funciona todo digital, uma ideia razoável para cortar custos no final de geração e pegar mais público, porém tem um problema muito sério, ele não é tão mais barato assim.

O novo modelo custa US$ 250 comparado a um modelo com disco por US$ 300 (que muitas vezes sai em promoção) então só de pensar que você poderia economizar mais talvez comprando jogos usados físicos, não vale tanto a pena. É mais como um modelo capado sem um real ganho. O preço ideal para captar um novo público teria sido US$ 200 e a Microsoft simplesmente não conseguiu chegar nele.

Uma questão curiosa é que se ele não tem leitor de disco você provavelmente também não pode utilizar a retrocompatibilidade dos seus jogos do Xbox 360. Apesar de o Xbox One baixar versões digitais compatíveis dos jogos do Xbox 360, ele usa o disco para validar sua "compra". Sem isso você teria que recomprá-los para ter acesso. Não são jogos caros, porém é mais um gasto embutido se os quiser.

Eu vou ter que culpar essa na incompetência da Microsoft. Desde os primeiros anos do Xbox One ela já devia ter percebido que não estava nas graças do público e precisava baratear muito o console. Durante essa geração inteira ela perdeu a oportunidade de lançar um Xbox de baixo custo para pegar mais público. Ok, o Xbox One era um projeto totalmente diferente no início e isso engessou ele por muito tempo, mas depois de cinco anos eles ainda não conseguem fazer uma versão de US$ 200 dele? Não dá pra entender.


Enquanto isso a Nintendo prepara-se para mergulhar em um possível pote de ouro com a entrada da empresa na China em parceria com a Tencent. A China é um mercado muito volátil mas com muito potencial que todas as empresas querem e as ações da Nintendo já subiram bastante com a possibilidade. Há uma série de discussões éticas também que nem todas as empresas deveriam se submeter, como no caso do Google que lançaria um mecanismo de pesquisas censurado. É um bom ambiente para lucrar, mas um pouco anti-ético às vezes.

A Tencent é uma empresa que tem se mostrado extremamente habilidosa e sagaz para fazer a ponte entre públicos, jogos e agora consoles. Eles prometem se tornar uma potência nos próximos anos só lucrando em cima de sucessos criados por outros. Não dizendo isso para desmerecê-la, ela faz um trabalho de adaptação digno de Tec Toy, PUBG Mobile é um exemplo com uma versão mobile que é melhor que o jogo para PC.

Entrar na China não é automaticamente uma garantia de sucesso. Como dito, é um mercado volátil, no qual a menor das coisas pode afetar muito os seus negócios, a política do governo em si pode ser alterada a qualquer momento e o público não está tão acostumado a pagar por jogos. Não estou dizendo que a entrada da Nintendo na China não vai dar certo, mas que pode não ser o passeio que todos esperam.

A Nintendo já tentou entrar na China anteriormente com umas empreitadas de segunda classe, como o console exclusivo iQue Player que basicamente rodava jogos de Nintendo 64 e foi descontinuado com apenas 14 títulos lançados, entre eles Super Mario 64, Mario Kart 64, Paper Mario, Super Smash Bros., The Legend of Zelda: Ocarina ofTime e Animal Crossing (que nos Estados Unidos apenas foi lançado no GameCube, mas no Japão existiu no Nintendo 64 como Doubutsu no Mori).

Recentemente a China demonstrou várias preocupações sobre os jogos como uma forma de vício e vale lembrar que todos os jogos lá são avaliados pelo governo antes de serem aprovados, um dos poucos pontos do regime do país que ainda lembram o comunismo. Assim como aqui no Brasil, é um governo que do dia para a noite pode decidir proibir certos jogos ou até mesmo parar o processo de aprovação por meses como aconteceu recentemente, o que gera um fator especulativo forte.

Ainda assim todo mundo quer entrar na China porque é um mercado enorme que vem descobrindo as vantagens do consumo nos últimos anos e isso cria explosões de interesse por certos produtos. Há desvantagens em corridas do ouro, mas as vantagens costumam ser maiores.

Essa semana de notícias é muito semelhante aos recentes eventos que tivemos sobre Stadia, jogos da Microsoft no Switch e Apple Arcade. Há muitas tendências e incertezas para o futuro, mas cada vez vemos mais empresas querendo entrar no mercado. O que realmente não tenho visto é um respeito aos jogadores como parte essencial da equação e não apenas como consumidores compulsivos.

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