domingo, 21 de abril de 2019

PlayStation 5, Xbox One SAD e Switch na China


Essa semana teve algumas notícias interessantes, porém com bem menos repercussões do que a maioria esperaria. Ainda assim tenho um pouco a falar sobre. A Sony soltou a configuração técnica do PlayStation 4, a Microsoft anunciou um console sem leitor de discos e a Nintendo licenciou a empresa Tencent para vencer o Nintendo Switch na China. Vamos falar um pouco sobre cada uma dessas notícias.

A revelação do PlayStation 5 foi apenas uma revelação das configurações técnicas, as quais provavelmente a Sony deve dar um up depois. Seria loucura dizer para o público qual é a configuração e permitir que a Microsoft simplesmente jogasse mais dinheiro e superasse esses números com facilidade. Um dos pontos principais que deram vantagem ao PS4 foi a utilização de surpresa de memória RAM GDDR5 no console, por exemplo.

A questão é apenas de botar o nome do videogame na boca das pessoas, dar início ao "buzz". Eu não vou comentar muito sobre o PlayStation 5 até ver de fato o console, porque no momento me falta apenas ver a proposta dele para dar um parecer muito negativo. Atualmente eu acredito que a Sony tem todo o necessário para fazer do PlaySation 5 um fracasso.

Todo o sucesso do PlayStation 4 veio de uma posição de humildade que a Sony estava após apanhar de vara de marmelo com o PlayStation 3. Não só isso, a empresa estava em uma tremenda crise financeira como um todo. Já há alguns anos eu vejo a arrogância da Sony voltando aos poucos, principalmente pela saída de vários dos responsáveis pela criação do PlayStation 4.


A empresa se reestruturou com um plano fantástico, o "One Sony" que inclusive colocou o PlayStation no centro do coração da empresa em uma época que seus celulares, smartphones e laptops iam mal. A Sony percebeu que o PlayStation era uma das melhores coisas que eles faziam e que deveriam fazer direito e dar a atenção devida. Agora que estão estáveis de novo, não acredito que pensem mais assim.

Mas não dá pra dizer ainda "Por que o PlayStation 5 vai falhar" porque a marca ainda é famosa e falta ver o que ela de fato irá apresentar como proposta para o videogame. Se apenas for um console genérico, tem uma grande chance de ser engolido pelo Xbox em uma alternância de poder que o público parece estar pedindo.

É incrível como a memória das pessoas sobre a marca Xbox parece fraca, considerando escândalos muito recentes como o lançamento do Xbox One empurrando conexão 24 horas obrigatória, obrigatoriedade do kinect e bloqueio de jogos usados e emprestados. Isso para não mencionar as três luzes vermelhas da morte no início do Xbox 360 e como eles negaram por muito tempo que fosse um problema.


Sim, vamos falar de Xbox One agora, mais precisamente o Xbox One S All Digital Edition, que já vem com a piada pronta de formar a sigla Xbox One SAD =(. É um modelo de Xbox One S sem disco, que funciona todo digital, uma ideia razoável para cortar custos no final de geração e pegar mais público, porém tem um problema muito sério, ele não é tão mais barato assim.

O novo modelo custa US$ 250 comparado a um modelo com disco por US$ 300 (que muitas vezes sai em promoção) então só de pensar que você poderia economizar mais talvez comprando jogos usados físicos, não vale tanto a pena. É mais como um modelo capado sem um real ganho. O preço ideal para captar um novo público teria sido US$ 200 e a Microsoft simplesmente não conseguiu chegar nele.

Uma questão curiosa é que se ele não tem leitor de disco você provavelmente também não pode utilizar a retrocompatibilidade dos seus jogos do Xbox 360. Apesar de o Xbox One baixar versões digitais compatíveis dos jogos do Xbox 360, ele usa o disco para validar sua "compra". Sem isso você teria que recomprá-los para ter acesso. Não são jogos caros, porém é mais um gasto embutido se os quiser.

Eu vou ter que culpar essa na incompetência da Microsoft. Desde os primeiros anos do Xbox One ela já devia ter percebido que não estava nas graças do público e precisava baratear muito o console. Durante essa geração inteira ela perdeu a oportunidade de lançar um Xbox de baixo custo para pegar mais público. Ok, o Xbox One era um projeto totalmente diferente no início e isso engessou ele por muito tempo, mas depois de cinco anos eles ainda não conseguem fazer uma versão de US$ 200 dele? Não dá pra entender.


Enquanto isso a Nintendo prepara-se para mergulhar em um possível pote de ouro com a entrada da empresa na China em parceria com a Tencent. A China é um mercado muito volátil mas com muito potencial que todas as empresas querem e as ações da Nintendo já subiram bastante com a possibilidade. Há uma série de discussões éticas também que nem todas as empresas deveriam se submeter, como no caso do Google que lançaria um mecanismo de pesquisas censurado. É um bom ambiente para lucrar, mas um pouco anti-ético às vezes.

A Tencent é uma empresa que tem se mostrado extremamente habilidosa e sagaz para fazer a ponte entre públicos, jogos e agora consoles. Eles prometem se tornar uma potência nos próximos anos só lucrando em cima de sucessos criados por outros. Não dizendo isso para desmerecê-la, ela faz um trabalho de adaptação digno de Tec Toy, PUBG Mobile é um exemplo com uma versão mobile que é melhor que o jogo para PC.

Entrar na China não é automaticamente uma garantia de sucesso. Como dito, é um mercado volátil, no qual a menor das coisas pode afetar muito os seus negócios, a política do governo em si pode ser alterada a qualquer momento e o público não está tão acostumado a pagar por jogos. Não estou dizendo que a entrada da Nintendo na China não vai dar certo, mas que pode não ser o passeio que todos esperam.

A Nintendo já tentou entrar na China anteriormente com umas empreitadas de segunda classe, como o console exclusivo iQue Player que basicamente rodava jogos de Nintendo 64 e foi descontinuado com apenas 14 títulos lançados, entre eles Super Mario 64, Mario Kart 64, Paper Mario, Super Smash Bros., The Legend of Zelda: Ocarina ofTime e Animal Crossing (que nos Estados Unidos apenas foi lançado no GameCube, mas no Japão existiu no Nintendo 64 como Doubutsu no Mori).

Recentemente a China demonstrou várias preocupações sobre os jogos como uma forma de vício e vale lembrar que todos os jogos lá são avaliados pelo governo antes de serem aprovados, um dos poucos pontos do regime do país que ainda lembram o comunismo. Assim como aqui no Brasil, é um governo que do dia para a noite pode decidir proibir certos jogos ou até mesmo parar o processo de aprovação por meses como aconteceu recentemente, o que gera um fator especulativo forte.

Ainda assim todo mundo quer entrar na China porque é um mercado enorme que vem descobrindo as vantagens do consumo nos últimos anos e isso cria explosões de interesse por certos produtos. Há desvantagens em corridas do ouro, mas as vantagens costumam ser maiores.

Essa semana de notícias é muito semelhante aos recentes eventos que tivemos sobre Stadia, jogos da Microsoft no Switch e Apple Arcade. Há muitas tendências e incertezas para o futuro, mas cada vez vemos mais empresas querendo entrar no mercado. O que realmente não tenho visto é um respeito aos jogadores como parte essencial da equação e não apenas como consumidores compulsivos.

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