sábado, 11 de fevereiro de 2017

Analisando Super Mario Odyssey em quase 3 minutos


Super Mario Odyssey foi uma das grandes surpresas no trailer de revelação do Nintendo Switch pois contrariou a impressão inicial de que seguiria os moldes de Super Mario 3D Land / 3D World e retornou com o conceito de fases em mundo aberto para explorar, como Super Mario 64, Sunshine e até certo ponto Galaxy.

Como nós já sabemos, Mario em 3D não vende consoles, não é tão popular quanto Mario 2D e isso será um ponto negativo para o Switch. Então como essa parte está muito óbvia, vamos pular diretamente para coisas mais interessantes, sobre o que o trailer de Super Mario Odyssey nos diz com aquela destoante cidade e o que isso significa para Mario.

No Mario's Land

O choque de ver Mario em uma cidade foi muito grande, pois quase sempre o personagem está em um reino de fantasia. Por um lado eu fiquei satisfeito de ver a Nintendo arriscando e quebrando o Status Quo, porém não posso deixar de lamentar que provavelmente esta seja a direção errada para o personagem.

Este é um daqueles momentos em que parece que nada que a Nintendo faz me agrada e eu só reclamo. Se não mexer em Mario, eu reclamo, se mexer em Mario, eu reclamo. Mario está vendado e amarrado na linha do trem, eu não quero que ele fique ali parado esperando ser atropelado, mas não quero também que ele tente sair indo em direção ao trem.

O que temos aqui é uma situação que me lembra muito Super Mario Land 2. Antes de a Nintendo começar a engessar o personagem, ela fez essa versão portátil pelo diretor Hiroji Kiyotake ao invés de Shigeru Miyamoto, que é no mínimo bizarra. Mario tem poderes como orelhas de coelho, visita zonas estranhas como Pumpkin Zone e Space Zone, enfrenta inimigos como vampiros, ratos de esgoto, porcos e assim por diante.

A primeira impressão ao jogar Super Mario Land 2 é de que é um jogo divertido e que distrai, mas ao mesmo tempo que aquele conteúdo não pertence a Super Mario. A sensação é a mesma com Super Mario Odyssey, uma sensação de desconforto em relação ao que é apresentado. Não estou nem falando apenas da cidade, tudo apresentado no jogo até agora parece deslocado para o que se espera de Mario.

Entenda o trailer

Recentemente o canal GameXplain do YouTube postou uma análise sobre o trailer de Super Mario Odyssey com 1h 20m de análise para extrair o máximo de informação possível do vídeo e eles fizeram realmente um trabalho excepcional. Aqui vou tentar explicar um pouco coisas que valem a pena saber do vídeo antes de nos aprofundarmos mais e sem que você precise ficar 1 hora assistindo.


O estilo da cidade parece Nova York porém há uma grande quantidade de elementos que nos lança nas mais diversas direções. Por exemplo, a cidade é um mapa relativamente pequeno, apenas um trecho, com uma rua principal e algumas transversais, recheado com prédios para se subir. Há também andaimes vermelhos de construção, lembre-se deles.

Segundo as propagandas nas ruas a cidade se chama "New Donk City"... Donk, como em Donkey Kong. Coincidência? Nem um pouco. Durante o trailer todos os nomes das ruas e lojas são referêcias a Donkey Kong. Cada uma das ruas tem o nome de um macaco da família de Donkey Kong, como Cranky, algumas referenciam montarias como Expresso e Rambi, e há até uma rua K. Roll, como o vilão de Donkey Kong Country.

Além de Nova York a cidade é bastante semelhante também à antiga Big Ape City, uma cidade dos kongs apresentada em Donkey Kong Land do GameBoy. No entanto é possível ver em New Donk City algo que parece uma versão da Ponte do Brooklyn e até um prédio que aparenta ser uma cópia do Empire State Building.

Recentemente Shigeru Miyamoto disse em uma entrevista que acredita que Pauline, a donzela em perigo de Donkey Kong que Mario tinha que salvar, vive em New Donk City. Não se sabe com quanto de seriedade ele fez esse comentário, mas parece reconhecer que a teoria dos fãs está correta.

New Donk City não seria apenas uma cidade, mas a cidade onde Mario enfrentou Donkey Kong. Por isso há andaimes vermelhos por lá, assim como os que Mario subia para enfrentar o macaco na época. O trailer mostra quatro fases no total, duas identificadas pelos fãs, como Kogwald (floresta) e Mt. Volbono (legumes), porém a mais chocante é realmente New Donk City.

Em todas as fases parece haver uma loja chamada Crazy Cap, a qual aparentemente vende chapéus, os quais devem ser meio malucos para serem tão importantes. É possível que Mario possa adquirir power-ups na forma de chapéus nesse jogo, pois a loja conta com vários tipos de chapéu diferentes na entrada.

O trailer nos mostra também os vilões, quatro coelhos que parecem estar ajudando Bowser a raptar Peach e se casar com ela. Não é preciso ser um gênio para ver uma correlação aqui. Chapéus, coelhos... coelhos saem de chapéus... uma teoria de fã ainda vai mais longe e sugere que o chapéu de Mario, o qual aparece com olhos no trailer, na verdade tem um coelho dentro.

A Lua também parece ter algum tipo de papel no jogo porque ela é representada nas fases sempre em grande destaque, mesmo de dia, de um tamanho muito maior que na Terra. Inclusive, segundo o globo na nave de Mario, este planeta não seria a Terra. No folclore é comum essa correlação entre coelhos morarem na Lua, como em Rabbids Go Home (com os coelhos de Rayman). Outra coincidência estranha é que em Super Mario Land 2, Mario também vai à Lua.


Teorias

Infelizmente não é possível analisar o jogo só com o que já foi lançado. Tudo que sabemos é que se trata de um Mario 3D e que isso deve voltar com o sistema de resolver quebra-cabeças para obter algum colecionável. Porém há alguém novo trabalhando em Mario e está trazendo novas ideias para o jogo, o que significa que não conseguimos prever o que virá a seguir. Apesar de apreciar que eles estejam sendo ousados, eu não gosto tanto dessa nova direção.

Tendo dito isso, há um espaço enorme para teorias sobre outras partes do jogo além da jogabilidade, como seu tema e sua história. Apesar de todos os trailers até agora terem mostrado muito pouca coisa, há detalhes bem curiosos que parecem esconder coisas maiores. Cá entre nós, eu não acho que essas teorias irão de fato estar no jogo, mas acho que há algo nelas que provavelmente chega perto da verdade. Deem só uma olhada.

Alice no País das Maravilhas

Uma coisa que sempre ouvimos falar sobre Super Mario Bros do Nintendo 8 Bits é que o jogo foi inspirado em Alice no País das Maravilhas. A forma como Mario entra em um cano que o leva para um reino mágico onde ele aumenta de tamanho ao comer cogumelos é extremamente baseado no clássico de Lewis Carroll.

Porém será que o criador do personagem, Shigeru Miyamoto, se lembra disso? Como muitas de suas influências iniciais, hoje pouco de Mario ainda lembra o cássico Alice pois o personagem cresceu e se distanciou bastante de suas origens. Mas e se algum dos envolvidos, como o diretor Kenta Motokura ou o produtor Yoshiaki Koizumi, decidisse trazer essas referências de volta ao achar que elas fazem parte do personagem?

Esta é uma teoria, Mario estaria novamente recebendo influências de Alice. O dono da loja Crazy Cap não seria de certa forma um Chapeleiro Maluco? O suposto coelho no chapéu do personagem, poderia ser uma referência ao Coelho Branco da história de Alice que está sempre atrasado? "Siga o Coelho Branco"? Não é isso que Mario está fazendo ao perseguir os vilões?

Wibbly Wobbly Timey Wimey (Viagem no tempo)

Aqui as coisas começam a ficar realmente interessantes porque dá pra ver que eu não estou doido, há alguns elementos que suportam o que eu estou dizendo. O Coelho Branco de Alice no País das Maravilhas está sempre olhando para seu relógio e dizendo que está atrasado. Esta correlação entre coelhos e tempo parece ter ficado marcada desde então como algo sutil.

No filme Donnie Darko vemos uma fantasia de coelho ambulante viajar no tempo, no seriado LOST a Iniciativa Dharma tentava enviar um coelho para o futuro (por que não um rato?) e até mesmo jogos como Rayman Raving Rabbids: Time Travel e Castlevania: Aria of Sorrow, no qual o personagem Chronomage é um coelho capaz de parar o tempo totalmente inspirado no Coelho Branco de Alice.

Seria possível que os coelhos estivessem viajando no tempo e o coelho no chapéu de Mario esteja fazendo o mesmo por ele? Bom, esse é um salto muito grande de lógica, não é? Basta ver um coelho e pensar viagem no tempo. No entanto, basta prestar atenção nas pessoas de New Donk City para perceber que elas estão usando roupas de época.

New Donk City parece uma versão de Nova York, mas não qualquer versão, parece Nova York nos anos 1930. Nessa época a cidade tinha muitas obras e isso explicaria a grande quantidade de andaimes que se encontram por essa suposta versão espelhada de Nova York. Lembram-se de King Kong em 1933 que depois foi a inspiração para Donkey Kong? O período temporal se encaixa.

Outro detalhe estranho é a Lua do jogo. Não sei se isso acontece apenas por motivo estéticos, mas a Lua muda de fase de uma forma que as visitas de Mario à mesma fase em períodos de dia e noite não parecem ocorrer no mesmo dia. Como ele está passando o tempo entre uma visita e outra? Não parece provável que o jogo tenha várias luas para isso.

That's some bad hat Harry

Algo que vemos no trailer é que Bowser destrói o chapéu de Mario antes de jogá-lo para fora de sua nave. Já vimos que chapéus são o grande tema do jogo e sua importância será extrapolada. Então e se ao destruir o chapéu de Mario no passado, Bowser tivesse conseguido anular todas as vitórias do encanador? Desde Donkey Kong, até jogos mais recentes.

Isso explicaria por que Mario está em New Donk City, uma cidade que aparentemente é a mesma de seu primeiro jogo, Donkey Kong de 1981, mas totalmente dominada pelos Kongs. É como se fosse uma realidade paralela na qual Mario nunca venceu Donkey Kong e o macaco trouxe toda a família para morar na cidade.


Mas e as outras fases? O deserto seria Sarasaland de Super Mario Land, o que explicaria por que temos esfinges semelhantes aos inimigos Gaos como montaria. Mt. Volbono, a fase dos legumes poligonais seria Super Mario 2, apesar de não entender por que do visual quadradão, e a floresta Kogwald... a forma como o caminho surge subitamente poderia ser a Forest of Illusion de Super Mario World?

Talvez parte da ideia esteja certa, mas o motivo errado. Quem sabe o motivo da viagem não são chapéus, já que eles têm tanta importância? Cartolas em Nova York, Sombreros no México, chapéu de Chef na terra dos legumes, um chapéu de bruxa na floresta ou um chapéu florido para acompanhar Wiggler?

Nintendo vai falir / A Morte de Mario

Esquecendo um pouco tudo já falado, vamos voltar à New Donk City e uma cena específica do trailer. Primeiro, por que New Donk City parece estar no ano de 1930? Você sabe algo sobre essa época? Logo após a Crise de 29, a grande depressão, as perdas finaceiras eram tantas que impérios eram esmigalhados do dia para a noite... talvez como a Nintendo?


Por que estou dizendo isso? Bom, aqui as coisas ficam um pouco sombrias. Por que a Nintendo escolheu justamente os anos 30 para o jogo? Era um tempo terrível, vidas inteiras eram destruídas em segundos, os parques eram ocupados com pessoas que ficaram sem casas subitamente e principalmente por um motivo: ao perderem tudo muitas pessoas se jogavam dos prédios... exatamente como Mario faz no vídeo.

Não é no mínimo estranho? New Donk City se passa em um estado de superposição quântica no qual tanto Mario foi derrotado por Donkey Kong, o que eu imagino que não fez muito sucesso na época em que o jogo Donkey Kong foi lançado e a Nintendo faliu, como na versão em que Mario vence o macaco e a entrada da Nintendo com Donkey Kong é o início da salvação do mercado de consoles nos anos 80.

Por isso a cena corta e nunca vemos Mario tocar o chão, ele ainda não morreu e a Nintendo ainda não faliu, está tudo no ar. Tá, essa última foi um exagero apenas para ver se vocês ainda estavam prestando atenção. Mas de fato Mario aparece pulando do topo de um prédio no que parecem ser os anos 30... um pouco de falta de tato da Nintendo? Nem vou tocar no fato de que lançaram Super Mario Maker no 11 de Setembro...

8 comentários:

  1. Monteiro, talvez Mario entrando de cabeça na crise de 29 tenha a ver com a tentativa da Nintendo em inovar novamente, tal qual no crash dos videogames de 1983 em que a mesma revolucionou o mercado de consoles.

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  2. Muito boa análise, me preocupa o fato de serem só esses cenários, espero ver mais antes do jogo sair. Mário pula do prédio mas sua nave/chapéu está lá perto pra resgata-lo (eu espero)

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    1. Me parece que é antes de ele obter a nave-chapéu, pois quando ele pula dá pra ver a nave bem distante. Levanta a questão se há dano por queda no jogo

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  3. Não vai voltar nunca mais com a CDJ não? E os jogos que nela habitavam? Você nunca mais vai voltar com eles? Tinha muita coisa boa que só ficou lá.

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    1. Não tem como. A internet mudou muito nesses anos e hoje uma grande quantidade de empresas não permite mais fangames e os servidores nem querem hospedar esse tipo de conteúdo sensível a DMCA.

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  4. Depois dessa E3 deu pra perceber que esse jogo do Mario é mais um daqueles que a Nintendo só fez porque encontrou um gimmick novo. Agora toda a mecânica de itens vai ser substituída por um chapéu que possui coisas, e com isso todos os inimigos deixaram de ser desafios para se tornarem ferramentas para resolver puzzles. Trágico!
    Mas e aí Monteiro, o que achou da Nintendo vender o Hero Mode em DLC no Breath of the Wild?

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    1. Perfeitamente colocado sobre Super Mario Odyssey, caro Anon

      Breath of the Wild teve bastante conteúdo então eu não estou particularmente decepcionado pelos DLCs, é um mundo rico que realmente pode vibrar com expansões, como foi o caso de Dying Light.

      A imagem que temos de DLCs é muito negativa, mas em jogos realmente grandes, como é o caso de GTA 5 por exemplo, eles ajudam a manter o mundo relevante por mais tempo.

      Em outros jogos da Nintendo os DLCs ainda parecem desnecessários e muitas vezes têm cara de material cortado fora do jogo base.

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