domingo, 24 de março de 2019

Nindies Showcase Spring 2019 - O Bom, o Mau e o... Rítmico?

arte de Brian Bear

Nesta última semana a Nintendo apresentou uma de suas "Nindie Showcases", um vídeo de destaque para vários jogos independentes que serão lançados em breve. Houve duas enormes surpresas no início e no final da conferência respectivamente.

A primeira foi a revelação de que Cuphead, outrora exclusivo do Xbox One, seria lançado para o Nintendo Switch. A segunda foi a revelação de Cadence of Hyrule, um jogo rítmico que mistura Crypt of the NecroDancer com The Legend of Zelda. vamos falar um pouco de tudo que foi apresentado.

Cuphead

De longe a maior surpresa da conferência, uma quebra de paradigma no que diz respeito a consoles e seus exclusivos. Cuphead era um exclusivo do Xbox One, do tipo que a Microsoft investiu seu próprio dinheiro nele para garantir que fosse a única capaz de explorá-lo. Ainda assim ela resolveu agora lançá-lo no Nintendo Switch, fruto dessa relação estranha que ela e a Nintendo vêm tendo.


Isso é diferente de Minecraft que já estava disponível em várias plataformas quando a Microsoft comprou a série e nem sabemos se entre as cláusulas do contrato estavam algumas exigências sobre manter o jogo funcionando nas plataformas em que já estava. Isso é realmente uma empresa lançando um de seus exclusivos em outra plataforma. Halo no PlayStation 4! Mario no Xbox! God of War no Switch! Histeria em massa! Cães e gatos vivendo juntos!

Ok, tirando o choque da quebra de exclusividade, que não me entendam errado, é algo enorme, o quanto Cuphead funciona no Switch? Acho que não muito. Cuphead é um jogo que tem uma aparência bonitinha, mas que é também muito difícil, causando uma certa dissonância entre o que as pessoas que o compram esperam e o que recebem.

O problema é que a dificuldade do jogo não será mexida e se tem uma coisa que Cuphead precisava era de um rebalanceamento no desafio. Como o jogo é apenas de lutas contra chefes, se você bater em uma barreira de dificuldade simplesmente não há mais conteúdo a menos que você os supere. Normalmente há mais de um chefe para escolher enfrentar, mas às vezes tudo que está entre você e o resto do jogo é uma batalha que não consegue vencer.


Não que Cuphead não possa ser difícil, mas ele não precisa. A melhor parte dele não é sua dificuldade e ela acaba por excluir muitas pessoas por conta dessa barreira. O jogo tem um modo mais fácil porém claramente recrimina o jogador por usá-lo ao cortar as últimas fases das batalhas e não permitir que o jogo seja terminado nesse modo.

Tecnicamente parece que o jogo será bem convertido para o Switch a 1080p no modo console e 720p no modo portátil, mas sempre rodando a 60 FPS, o que é bem impressionante. O lançamento está marcado já para 18 de abril.

Overland

Estou bem em cima do muro sobre Overland porque vimos pouco do jogo. Eu adorei o visual e adoraria jogar algo naquele estilo, porém a jogabilidade em si parece estranha. Primeiro, é um jogo de estratégia em um mundo pós-apocalíptico, dois temas que não casam muito bem. Segundo, sinto que ele pode cair para algo mais próximo de um puzzle. Vou ficar de olho por enquanto sem um parecer definitivo. Sai no final do ano para Switch, PS4 e Xbox One.


My Friend Pedro

Este promete ser um dos jogos mais divertidos do ano, um jogo de ação que mais parece uma sessão de ação louca do Deadpool. Não é preciso falar sobre o jogo, basta assistir ao trailer e sentir. My Friend Pedro sai em junho para Switch e PC. Eu havia lido sobre uma versão para PS4, mas parece que foi um engano da Kotaku. Ainda assim tem cara que sairá para outras plataformas depois.


Neo Cab

Parece um jogo bem entediante no estilo Indie de foco na história acima de qualquer jogabilidade. Você dirige uma espécie de Uber futurista e interage com diversas reações tentando agradar seus clientes para receber boas notas, porém o foco mesmo com certeza está na história. Nada promissor. Sairá no verão norte-americano, nosso inverno.


The Red Lantern

Visualmente, The Red Lantern é exatamente o que eu adoraria jogar, algo refrescante para os olhos, com um visual belíssimo e uma localidade única. Na prática, eu senti que o jogo parece muito mais focado em uma narrativa e eventos scriptados do que ele deixa transparecer. Aparentemente há elementos de sobrevivência, mas não estou muito convencido.


Este é o primeiro jogo do estúdio e essa história me lembra muito a de Firewatch e como ele acabou saindo um jogo super linear. The Red Lantern sai ainda esse ano para o Nintendo Switch e por enquanto é bem difícil encontrar informações sobre ele, mas apostaria que pelo menos para PC também deve sair.

Darkwood

Darkwood é um jogo meio rogue de terror com visão aérea e bem bacana. Você tem sua base, a fortalece, monta armadilhas e explora o mundo ao seu redor em busca de mais suprimentos. Eu gosto desse estilo de sobrevivência rogue, mas quando vou passar tanto tempo assim em um jogo eu prefiro que ele não seja tão sombrio. Porém sem dúvida há público para isso, como é o caso de The Forest.

Curiosamente Darkwood é o único jogo que não teve o vídeo publicado no canal oficial da Nintendo

Ele sairá em maio para Nintendo Switch, mas já está disponível para PC. Uma coisa legal é que o criador do jogo o colocou de graça a versão para PC para quem não puder pagar em um torrent no Pirate Bay sem DRM (proteção de cópia). Ele apenas pediu que se as pessoas gostarem e puderem pagar que comprem o jogo em uma das lojas oferecidas.

Katana Zero

Há vários jogos nesse estilo particular de Katana Zero como N++, Mark of the Ninja e Not a Hero, uma ação 2D lateral em que você precisa eliminar inimigos rapidamente de certas formas para continuar sobrevivendo. Não sou muito fã desse estilo de jogo, acho que algumas pessoas gostam, mas definitivamente não é uma jogabilidade que eu enalteceria. Sai em 18 de abril no Switch e já está disponível para PC.


Rad

Parece um jogo divertido inicialmente, mas há algo nele que não cheira muito bem. Rad parece que vai ser um jogo leve, com um pouco de ação auto-consciente de sua superficialidade, mas aos poucos cruza perigosamente essa linha que separa o descompromissado do desleixado. Parece ser um jogo de baixo custo que não realizará seu potencial de ser algo simples e divertido. Sai no verão norte-americano, nosso inverno, para Switch e PC. Talvez haja mais plataformas porque não consegui achar informações suficientes sobre ele.


Creature in the Well

Apesar de visualmente até ser promissor, lembrando um pouco Hyper Light Drifter, esse Creature in the Well desaponta um pouco. Seria em teoria um jogo de ação porém com elementos de pinball que funcionam quase como quebra-cabeças. Parece um gimmick para justificar a existiência do jogo e que simplesmente não se sustenta por mais do que alguns minutos. Creature in the Well sai também no verão norte-americano, nosso inverno, para o Switch e PC.


Bloodroots

Mais um que gosto do visual, vejo alguns defeitos, mas diferente dos outros acho que se salvará. O jogador controla um personagem chamado Mr. Wolf que sai por aí matando todos em seu caminho usando o cenário como arma. Sinto que falta um pouco de variedade e espontaneidade para que não vire um quebra-cabeça de matar os inimigos com as armas certas, mas acho que ainda se salva.


A ação é frenética e a forma como o jogador sai matando um inimigo atrás do outro com o que vai encontrando pela frente chega até a me trazer uma vibe de Hotline Miami. Espero que esse realmente vingue. Bloodroots é outro que vai ter lançamento no verão norte-americano, inverno aqui, para Switch e PC.

Pine

Digamos que Pine é um jogo de aventura genérico tentando muito não parecer um jogo de aventura genérico. Sua jogabilidade parece bem fraca, um pouco amadora até, mas o jogo tenta tirar o foco ao dizer que o principal é a aventura, a exploração, facções brigando entre si por comida, etc. Uma dica é que se um jogo não faz bem algo tão simples quanto bater em um inimigo, muito provavelmente seus sistemas mais avançados não são tão bons quanto as promessas sugerem.


Vale a pena dizer que às vezes simplicidade pode passar por genérico, então eu poderia estar enganado. Porém acredito que o menu de itens do jogo é o que realmente o denuncia, algo pouco intuitivo e desnecessariamente complexo que não combinaria com simplicidade. Ele sai em agosto para o Switch e sairá também para PC porém não há uma data ainda no Steam. Pode ser em agosto também e a página apenas estar desatualizada.

Vlambeer Arcade / Nuclear Throne / Super Crate Box

O estúdio Vlambeer teve direito a um pequeno bloco na apresentação para falar de três jogos. Não há tanto o que falar sobre eles, então vamos aos poucos. O único anúncio de um jogo novo foi "Vlambeer Arcade", uma coletânea de minigames que receberá atualizações mas não parece nada promissora. A Vlambeer sabe criar bons conceitos e jogabilidades, mas eu quero vê-los em jogos completos, não minigames. O primeiro dos minigames será "Ultra Bugs" e sai ainda esse ano.


Nuclear Throne é um jogo um pouco antigo de 2015 para PlayStation 4, PS Vita e PC que recebeu um port no dia da conferência para o Switch. Apesar de tão antigo curiosamente eu nunca o joguei, acabei optando por "Enter the Gungeong" (os dois parecem semelhantes), mas ele parece bom. Já Super Crate Box sai em Abril e é basicamente um minigame também, muito divertido, mas que não dura mais do que algumas horas de entretenimento.


Swimsanity!

Há coisas que inicialmente eu até gosto em Swimsanity! como uma jogabilidade de tiro cooperativa, mas há um clima estranho de baixo custo e cara de que o design é bem limitado e deixará o jogo sem graça. O lançamento está marcado para o verão norte-americano, nosso inverno para Switch, com uma versão PC planejada para a primavera norte-americana, porém talvez essa data esteja só desatualizada.


Blaster Master Zero II

Criado pela Inti Creates, que é um bom estúdio, Blaster Master Zero II é um novo jogo na série e não um remake como o primeiro Blaster Master Zero. A jogabilidade provavelmente será ótima e não duvido que ela seja muito divertido, porém o visual do jogo me incomodou um pouco. Ele utiliza gráficos em 8 Bits e acho que era um jogo que realmente se beneficiaria de um upgrade visual. O jogo foi lançado no mesmo dia da conferência para o Switch.


Stranger Things 3: The Game

O jogo baseado na terceira temporada da série Stranger Things já estava anunciado há algum tempo para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One e PC, mas agora foi confirmado que ele chegará em 4 de julho, junto com a série na Netflix. Eu gostei bastante da primeira temporada de Stranger Things e acho que esse jogo tem potencial para ser uma boa companhia para a série. No entanto eu realmente gostaria que lançassem também o anterior, que ironicamente tinha charmosos gráficos em 8 Bits.


Cadence of Hyrule

A última surpresa da Direct, apesar de não ter sido mais chocante que Cuphead, ainda foi bastante inesperada. O início do trailer dá a entender que é um novo jogo da série Crypt of the NecroDancer, o qual eu até gostei apesar de não ser tão bom em administrar ritmo com jogabilidade e surpreendentemente consegui zerar, algo que eu achei que não conseguiria.



Porém depois entram elementos de The Legend of Zelda... e aí eu realmente não gostei muito. Se fosse Crypt of the NecroDancer 2 provavelmente eu compraria, mas Cadence of Hyrule me parece um mau uso da franquia The Legend of Zelda. Os remixes das músicas de Zelda são bons, gosto do visual dos gráficos que me lembram um pouco o GameBoy Advance porém com sprites maiores, mas por que Zelda?

O próprio título dá mais destaque para Cadence, o que dá a impressão que é um Crypt of the NecroDancer com conteúdo especial de Zelda, quando deveria no mínimo ser um jogo original de The Legend of Zelda com a jogabilidade de NecroDancer para ser aceitável. Não é uma questão de semântica. Mesmo que involuntariamente, Cadence é a protagonista do jogo, Link e Zelda são seus ajudantes.


A ideia de aplicar uma jogabilidade já existente na franquia The Legend of Zelda funcionou muito bem em Hyrule Warriors. No entanto como participações especiais é mais fácil Link e Zelda estragarem o equilíbrio da jogabilidade de Crypt of the NecroDancer do que terem a experiência moldada ao seu redor. Cadence é a personagem padrão e se você jogou o original dá pra notar como Link e Zelda são fortes demais em relação a ela.

Definitivamente Cadence of Hyrule foi uma viagem desnecessária ao poço de The Legend of Zelda.

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