segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Review de Pokémon X & Y

Estamos naquela época de novo, o lançamento de um novo jogo da série Pokémon, o qual por falta de cores agora se chama Pokémon X e Y para o Nintendo 3DS (Preparem-se para Pokémon Ponto & Vírgula daqui a alguns anos). Já estamos na contagem de mais de 700 monstros e uma das máximas continua: Bom mesmo era na época dos 151.

Professor Caco Barcellos coloca uma equipe
de treinadores novatos para fazer seu trabalho
A história

Pokémon X começa como a sua tradicional aventura Pokémon. Você é um treinador novato escolhido por um professor para ajudar a completar a Pokédex, viajando por esse mundo onde existem criaturas chamadas Pokémon. Toda a sociedade gira ao redor deles, sendo usados para tarefas domésticas e até para batalhas (PETA disapproves).

A primeira novidade é que há mais coadjuvantes do que nunca. Quatro outras crianças irão acompanhar você durante a jornada. Uma delas será sua rival, enquanto as outras parecem um pouco inúteis, como se só estivessem lá para esfregar na sua cara o PODER DA AMIZADE.

Todos os personagens são bastante estereotipados, o que poderíamos considerar como incapacidade de criar coadjuvantes interessantes, mas também poderíamos perdoar pelo jogo ter um foco maior no público infantil. De qualquer forma não são personagens muito agradáveis de se acompanhar se você tem mais de 12 anos.

No meio da sua jornada eventualmente você encontrará a organização do mal da vez, o Team Flare, que deseja destruir o mundo por motivos razoavelmente bons. Há uma história periférica sobre um Rei, que poderia trazer um pouco mais de profundidade ao enredo, mas apenas é mencionada superficialmente, apesar de ser relativamente importante.

Gráficos e som

Pela primeira vez Pokémon realmente embarcou nos gráficos 3D, tanto no mapa a se explorar quanto nas batalhas, e inicialmente isso gerou grande expectativa. Porém, muito do que a Nintendo mostrou acabou se provando propaganda enganosa. Apesar dos gráficos 3D, Pokémon continua tão bidimensional quanto sempre foi.

Promessa
Realidade
Pokémon finalmente vira uma aventura 3D... NOT

Há muito tempo os jogadores estão pedindo por um jogo de Pokémon totalmente em 3D. Porém, esse pedido pela transição do 2D pro 3D é mais do que o pedido de uma transição gráfica, é um pedido por transição de filosofia. Elas querem que Pokémon se aproxime mais do que é no desenho, mais do que é na imaginação deles.

Os jogos que começaram a febre, Pokémon Red & Blue e Pokémon Gold & Silver, para o primeiro GameBoy, captaram a imaginação dos jogadores e a levaram muito além do que eles esperavam. Porém, desde então a série saiu de sintonia com o que esses jogadores esperavam, não vem captando a imaginação deles.

Nesse sentido, Pokémon X & Y ainda não é o jogo 3D de Pokémon que as pessoas queriam. A visão aérea permanece, dando a impressão de gráficos 2D mesmo em 3D. Você nunca tem a impressão de que há um grande mundo a ser explorado a sua frente. Não fossem por pouquíssimas transições de câmera e umas duas ocasiões onde os gráficos se sobressaem, nem haveria necessidade de ser 3D.

Nas batalhas os gráficos em 3D impressionam nos monstros, mas os cenários deixam um pouco a desejar. Há detalhes interessantes, como o vento correndo pela grama, mas boa parte do cenário de fundo é apenas algo 2D pintado como se fosse o cenário de E O Vento Levou. Os efeitos dos golpes começam como algo impressionante, mas logo ficam genéricos demais.

Ligue o efeito 3D e o jogo fica mais lento que os slides das férias do seu tio

Esse tempo todo em que a produtora GameFreak evitou lidar com gráficos 3D aparentemente também era incompetência, pois o jogo possui algumas quedas de FPS (taxa de quadros) inexplicáveis. Quase sempre que o jogo exibe dois Pokémons ao mesmo tempo na tela, tudo fica lento. Se você tentar ligar o efeito 3D, fica ainda mais lento.

O som é o que estamos acostumados a receber da franquia. Sons distorcidos para as "vozes" dos Pokémons, músicas um pouco esquecíveis com exceção das clássicas remasterizadas e nada de dublagem.

Jogabilidade

A aventura em si está um pouco fraca, em parte porque as situações apresentadas não são excitantes e em parte porque os personagens que acompanham são chatos. As batalhas também estão fáceis demais, o que tira um pouco a graça. Passar por todos os oito ginásios e a Elite Four não foi desafio algum. Até passei boa parte de um ginásio de Planta com um Pokémon de Água.

Os Líderes de Ginásio não oferecem desafio e nem contam com muito carisma

A seleção de monstros que podem virar membros da sua equipe é boa, contando com muitos retornos clássicos e uma boa seleção de novos Pokémons. Nem todos os novos Pokémons são bons, mas há um bom equilíbrio com os antigos, mantendo um ambiente agradável para tipos diferentes de fãs que possam ter abandonado a franquia e retornado.

Aparentemente, fãs que retornam são um grande ponto do jogo. Finalmente alguém na GameFreak parece estar pensando que precisam lidar com o gigantesco êxodo de público que a franquia Pokémon tem. Às vezes até parece que Pokémon X & Y pedem desculpas por não ser Red & Blue.

Em vários momentos eu vi menções a pontos marcantes de Red & Blue, chegando até a um nível desconfortável. Quando monstros antigos figuram em certos locais, tudo bem. Quando me mandaram escolher entre um Bulbasaur, Charmander e Squirtle como segundo pokémon inicial, eu já achei um pouco forçado.

Pokémon X & Y apela para a nostalgia ao adicionar Andy Panda no elenco

Mas quando um Snorlax apareceu dormindo no meio do caminho e foi preciso usar a PokéFlauta para acordá-lo, eu senti como se os desenvolvedores estivessem esfregando o jogo na minha cara e gritando "Lembra do Snorlax? Lembra? LEMBRA?!".

Conclusão

Todas as novidades que Pokémon X & Y tenta apresentar, como Mega Evoluções, o novo tipo Fada, batalhas aéreas, acabam sendo adições vazias que em nada mudam realmente o jogo. Com certeza é algo que os entusiastas irão pirar, mas eles piram em qualquer coisa.

Vi pela internet muitos comentários de jogadores dizendo que não há muito o que fazer no jogo após terminá-lo, mas não foi bem isso que eu vi. Após finalizar minha aventura ainda havia uma boa parcela de coisas pendentes para fazer. Porém, capturar todos os Pokémons com certeza não era uma delas.

A fórmula de sucesso de Pokémon garante que X & Y sejam jogos sólidos, porém sólido não garante mais do que essa nota. Pokémon X & Y caem em uma certa mesmice. São jogos bons o bastante para que você não durma enquanto joga, mas não bons o suficiente para evitar que você boceje.

Nota: 7/10

11 comentários:

  1. Primeiramente gostaria de elogiar seu blog, Rafael. Acho interessante os seus critérios ao analisar um jogo, inclusive, gostaria de pedir que poste analises como essa mais constantemente (se possível, é claro), já que sempre que jogo alguma coisa me pergunto o que você acha dela.

    Já tenho que adiantar que não joguei esse pokemon, pra dizer a verdade, não jogo pokemon já faz tempo e como não pretendo comprar um 3ds, provavelmente não vou jogar. Então eu provavelmente não tenho muita moral pra falar do jogo.

    Mas comentando sobre o texto. Você não acha que manter a história simples é por um bem maior? Pergunto isso porque acredito que aprofundar uma narrativa em um jogo é perigoso. Quase sempre acaba se tornando uma coisa que serve mais para minar o que resta da criatividade dos jogadores do que qualquer outra coisa. Do que vi do jogo, os personagens parecem realmente ser desinteressantes e eu acredito que haja espaço para melhorias nesse aspecto, mas a nintendo parece ter deixado claro que ela vê o jogo como um jogo infantil.

    Também acredito que a série parece seguir o modelo "jogo de esporte". Eles parecem não mostrar o mínimo interesse em adicionar ou modificar elementos, mesmo que simples, para não fugir do modelo canônico de Red & Blue.

    Acho que o público de pokemon parece implorar por um visual 3d, como você mesmo citou, mais parecido com o anime. Mas eu também acredito que se ele tivesse um gráfico menos japonês ele seria mais apelativo fora do japão, o que acha?

    Parece que antigamente não era possível diferenciar um jogo comum de um japonês, hoje eles praticamente forçam a sua cultura pra cima de nós.

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    1. Oi Gabriel, obrigado. Reviews tomam um pouco de tempo, nem sempre tenho como fazer na janela de lançamento. Mas se tiver pedidos, só deixar aí que eu vejo o que posso fazer.

      Existe a opção de fazer a história simples, profunda, com camadas, e ainda assim ser satisfatória, sem ser intrusiva. Pokémon teve uma boa história em Gold & Silver, por exemplo. Havia o despertar dos cães lendários, o caso de um Ampharos que iluminava um farol e estava doente, líderes de ginásio do jogo anterior que demonstravam continuidade cronológica, Lance da Elite Four como um coadjuvante de respeito, entre outros. Jogos de mais de 10 anos que eu lembro de mais momentos marcantes do que Pokémon X que eu terminei semana passada.

      A parte esportiva realmente eles não mudam muito, mas os pokémons tipo Fada e as Mega Evoluções foram para as batalhas como adicionar um 12ª jogador no futebol. Faz muita diferença pra quem acompanha sempre e vai notar as mínimas nuances, mas pra quem só olha por alto, não mudou quase nada, adicionaram mais 1 onde antes já tinha 11 que não despertavam interesse.

      Eu não vi muita cultura japonesa forçada não, especialmente não nos gráficos. Os personagens estereotipados são claramente algo japonês, mas o jogo pega muito emprestado mesmo é da cultura francesa.

      Fica óbvio que são japoneses celebrando a cultura francesa, como um gringo tentando sambar, mas não é algo que a maioria das pessoas vai notar.

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    2. Caso me venha algum pedido em mente eu perguntarei. =)

      Um jogo que joguei por muito tempo foi o mmorpg Ragnarok. Esse foi um jogo que julgo ter me ensinado bastante sobre jogos, pois pude analisá-lo tanto da perspectiva de jogadores hardcore, quanto da perspectiva de não jogadores.

      Um dos vários fenômenos que pude observar foi como jogadores com perfis difrentes reagiam ao estilo artístico escolhido pela produtora de forma diferente. Enquanto um jogador hardcore não se sentia incomodado com o estilo gráfico japonês, provavelmente porque ele cresceu assistindo animes ou jogando diferentes tipos de jogos. Um não jogador achava esses gráficos animes infantis, o que era suficiente para afastá-los do jogo.

      Nos casos que pude observar, esse fator isoladamente nem sempre era o suficiente para afastar um jogador. Mas ainda assim, conheço pessoas que não são entusiastas por videogame, mas que jogam alguns títulos famosos como Resident Evil ou Call of Duty e não sentem nenhum interesse por jogos como pokemon, principalmente por considera-los jogos de criança ou japoneses.

      Não sei se é apenas um preconceito meu, mas é uma opinião baseada nas minhas experiencias pessoais.

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    3. Acho que no caso de Pokémon muitas coisas afetam mais do que os gráficos, como o fato de ter um desenho animado e o público alvo realmente ser infantil.

      Os Advance Wars do GameBoy Advance tinham um estilo artístico que poderia ser considerado japonês por esses parâmetros, porém teve um chamado Advance Wars: Days of Ruin com gráficos e temática mais séria e acabou não atingindo um público maior ou diferente por conta disso.

      Um Pokémon com visual sério provavelmente não pegaria um público a mais, apenas perderia o que já tem.

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    4. Entendo. Aparentemente esse fator isoladamente pode não ser o responsável por afastar jogadores, mas, dependendo do caso, pode contribuir para isso.

      Não que seja necessário sangue ou violência gráfica para se conseguir uma temática mais adulta. Mas veja pelo menos um pedaço do trailer do Tree of savior, sequencia espiritual do mmorpg que citei.

      http://www.youtube.com/watch?v=XXBuPMfG5y4

      Fica difícil se envolver com o mundo do jogo ou com os personagens quando eu não consigo diferenciar um personagem masculino de um feminino. Eu não vejo o estilo visual escolhido para os personagens sendo bem aceito no ocidente, a menos, é claro, pelos fãs hardcore do Ragnarok original ou por fãs de anime.

      Eu não sei se o jogo vai ser bom, mas como fã do primeiro jogo estou otimista, mas estaria muito mais se a produtora tivesse escolhido um estilo pelo menos um pouco diferente.

      Mas vou para por aqui, já desviei demais do assunto do texto.

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    5. Uma questão particular do Ragnarok Online é que ele é importado da Coreia. Onde ele é criado, esse estilo artístico é desejado, faz sucesso, não dá pra pedir que mudem tudo pro ocidente.

      Vale a pena dar uma olhada como World of Warcraft se sai em países de cultura oriental, se para eles o estilo artístico é uma barreira.

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  2. Nossa como vc é tendencioso, simplismente omitiu os momentos do jogo que muda pra perspectiva 3D que não são poucos O_O

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    1. São poucos os momentos sim, além de irrelevantes. Coisas como você estar na cidade, com câmera aérea, começar a andar pela ponte, a câmera aproximar em terceira pessoa, sair da ponte e voltar pra câmera aérea.

      Só tem uma cidade 3D no jogo que é Lumiose e é horrível de se movimentar por lá. Tem uma caverna em 3D, mesma jogabilidade horrível. Tem uns dois momentos na história em que as cutscenes usam o 3D a seu favor pra mostrar algo mais emocionante do que Pokémon já mostrou nos títulos anteriores.

      Pokémon saiu do 2D, mas o 2D não saiu de Pokémon

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    2. "Nossa como vc é tendencioso, simplismente omitiu os momentos do jogo que muda pra perspectiva 3D que não são poucos O_O"
      Ta de brincadeira? A quantidade de momentos que o jogo muda para uma perspectiva 3d continua praticamente a mesma de black/white 2. A game freak neste jogo deixou claro a mensagem "sou incompetente em gráficos 3d" Preste atenção no detalhamento do cenário... o que você vê no jogo... é só um detalhamento de NDS mas com os personagens em 3d.

      (todas as minhas criticas ao jogo param aqui ficando restritas a apenas os gráficos)

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  3. Posso dizer que gostei muito da sua review, ela é uma das poucas que vi que fazer uma avaliação justa do jogo, levando em conta pontos positivos e negativos no lugar de apenas puxar saco dos desenvolvedores (coisa que vejo até na grande imprensa de games).

    Sou fã de longa data de pokémon, mas não joguei esse jogo porque (sou pobre e) não tenho um 3DS. Então vou tentar comentar apenas no que eu tenho moral para comentar.

    Uma coisa que realmente me incomodou muito quando vi toda a hype pelo jogo e que (felizmente) você disse na review é como os jogos pedem desculpa por não ser Red & Blue. O Snorlax no meio do caminho, os iniciais de Kanto para escolher, uma quase cópia da Viridian Florest... É quase como se os desenvolvedores estivesse implorando pelos fãs saudosistas que abandonaram a série voltarem a jogar pokémon. As Mega Evoluções não ajudam, pois grande parte delas são de pokémons muito populares e/ou das primeiras gerações. Mewtwo ganhou não só uma, mas DUAS mega evoluções, e ele já era forte o suficiente para ser banido de campeonatos. Charizard, outro "queridinho" dos saudosistas dos primeiros 150, também ganhou duas Mega Evoluções, sendo que no meu ponto de vista de fã, apenas a forma Dragon/Fire traz verdadeiros benefícios para o bicho. Note também que absolutamente nenhum pokémon da quinta geração ganhou uma Mega Evolução, e o que não falta são pokémons (não só da quinta, mas de todas) que poderiam ser beneficiados.

    A última coisa que quero comentar é a dificuldade. Com todos meus amigos com quem conversei, eles falaram que jogo é fácil, e por mais que o jogo seja voltado às crianças, eu acredito que exista um modo de agradar ambos os lados. Na quinta geração (na minha opinião, a melhor), nos jogos Black 2 & White 2 pela primeira vez havia o opção de mudar a dificuldade do jogo (tanto para mais fácil quanto para mais difícil), o problema é que só se poderia ativar essa função se 1) algum amigo seu tivesse a chave para destrancar as dificuldades antes de você iniciar o jogo ou 2) você completar o jogo (mas aí qual a graça de ligar o modo difícil se todas as batalhas importantes já se foram?). A Game Freak bem que podia ter aprimorado isso para a sexta geração. Até DEVERIAM ter feito isso, na minha opinião. Colocar um modo mais difícil não apenas incentivaria as pessoas melhorarem no jogo (afinal eles colocaram mais ferramentas que ajudam a treinar seus pokémons para até nível de campeonato), mas também incentivaria a elas zerarem mais de uma vez com o conhecimento adquirido. Lembro que minha experiência máxima de pokémon mal se deve à própria Game Freak, foi graças a um hacker que fez um mod para os jogos Black & White 2, onde não apenas você poderia capturar qualquer um os 649 pokémons em momento do jogo, mas também piorava o maior nível de dificuldade para quem quisesse se desafiar. Lembro que liguei a dificuldade no máximo e fui zerar, e que cada chefão que eu derrotava era motivo de festa (só para se ter ideia, todos os Gym Leaders possuem 6 pokémons, cada qual com itens e ataques potencialmente destrutivos). A GF não precisa fazer algo desse calibre de dificuldade, mas algo mais difícil que "use seu ataque mais forte e que seja super-efetivo" seria muito bem-vindo.

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    1. Obrigado Anon, eu também gostei muito. É muito bom poder fazer reviews mais verdadeiras, mais próximas do que o público sente ao jogar

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