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terça-feira, 12 de junho de 2018

E3 2018: Quem ganhou?


É aquela época do ano de novo quando todos nos reunimos ao redor da fogueira para queimar os jogos que não gostamos, a E3 2018. A feira esse ano foi extremamente morna, algo que eu já esperava para plataformas como o PlayStation 4 e Xbox One, porém que foi uma surpresa para o Nintendo Switch que deveria estar com mais força neste momento em sua vida.

Uma característica incomum dessa E3 é que todas as três grandes erraram bastante em suas conferências, cada uma de uma forma diferente, além de oferecer shows meio curtos, com exceção da Microsoft que se alongou um pouco (porém menos cansativa que a do ano passado). Houve poucas surpresas e sobraram anúncios de sequência sem qualquer gameplay mostrado. Algumas delas sequer existem ainda, estão em pré-produção como The Elder Scrolls 6.

Vamos ver como foram as conferências de cada uma das empresas.

Microsoft

O show da Microsoft começou de cara com um trailer que tirou uma pergunta da frente: "Vai ter Halo?", bom... vai, mas né... não é o 6, o que é estranho. Halo Infinite revelado sem nenhum gameplay. Basicamente a Microsoft voltou a sua trindade de Halo, Gears e Forza nessa E3 porém com cada vez menos relevância a cada ano.

Pra variar a empresa esticou muito a definição de "exclusivo" pra fazer parecer que jogos de third party sairiam apenas para consoles Xbox quando na verdade são jogos que já estavam disponíveis antes no PS4 como NieR: Automata, jogos que serão lançados ao mesmo tempo no PS4 e lançamentos com exclusividade temporária. Muitos jogos de Thirds foram revelados na conferência da Microsoft, vou inclusive marcar com um asterisco todos os títulos que não são exclusivos.


Tivemos Ori and the Will of the Wisps (sequência de Ori and the Blind Forest) em um momento pouco propício logo depois de Halo, seguido pelo anúncio de Sekiro: Shadows Die Twice* da From Software (Dark Souls). Aqui entra o primeiro jogo de Third extremamente desnecessário: Fallout 76, o qual aparece na conferência mas sequer menciona que é na verdade um jogo online, algo que só ouviríamos na conferência da própria Bethesda. O que diabos sequer estava fazendo na conferência da Microsoft pra isso?

Captain Spirit* (me erra com esses jogos pseudo-emocionais da Dontnod), um port atrasado de NieR: Automata que já saiu para PS4 e PC há tempos, Metro: Exodus que não parece lá muito bom e finalmente um exclusivo... mas é Crackdown 3. Nem mesmo o carisma de Terry Crews disfarça o fato que esse jogo foi anunciado na E3 2014 e o mínimo que poderia fazer é ser lançado em 2018, mas... fevereiro de 2019. Sem grandes novidades para a série pelo gameplay mostrado, exceto pelo veículo de ataque.

O anúncio de que Kingdom Hearts 3* levaria a série pela primeira ao Xbox parece uma boa conquista, mas... ela está no PlayStation há duas gerações. Do que adianta anunciar o terceiro capítulo sem as coletâneas dos jogos anteriores? Para piorar a Sony ainda mostrou um trailer melhor no qual foi revelado que o mundo de Piratas do Caribe estará no jogo. Tivemos também um trechinho ignorável de Battlefield 5* com apenas alguns segundos, assim como uma atualização com extras pra Sea of Thieves.


Então a Microsoft trouxe seu exclusivo de maior peso da conferência: Forza Horizon 4. O jogo realmente está lindo e promete entregar a experiência que os fãs esperam, agora com um sistema de estações que muda o visual das pistas, porém... viagens demais ao poço, muitos jogos um atrás do outro sem muita necessidade.

Aqui vem uma parte que eu não gostei nem um pouco, Microsoft sendo Microsoft e comprando quatro estúdios, além de fundar um extra. Quando o Xbox One estava vendendo mal a empresa deixou de lado a produção de exclusivos e agora se desesperou e resolveu compensar isso com compras, o que já sabemos como termina com o exemplo da Rare e como Minecraft foi deixado de lado nesse ano, aparecendo mais na conferência da Nintendo que na da própria Microsoft.

Eles fundaram o novo estúdio The Initiative, compraram a Undead Labs de State of Decay, a Playground Games de Forza Horizon (não de Motorsport), a Ninja Theory de Hellblade: Senua's Sacrifice (que tinha vários discursos anti-AAA) e a Compulsion Games de We Happy Few. Em seguida a mepresa mostrou um pouco de We Happy Few, o qual agora não sabemos mais se sai no PS4 já que a Microsoft comprou o estúdio.

PlayerUnknown's Battlegrounds mostrado como exclusivo... um pouco difícil de engolir, com novo mapa, o War Mode e alguns segundos de um possível mapa no gelo que eu duvido que chegue antes no Xbox One que no PC. Tales of Vesperia: Definitive Edition* um dos melhores jogos da saga e que merecia muito esse remake, seguido por um logo gameplay de The Division 2* claramente ensaiado e com pessoas se comunicando de maneira nada natural pelos microfones, porque... eu não sei por que eles fazem isso.


Tivemos um pouco de falatório sobre o Xbox Game Pass, que é a mais nova empreitada da Microsoft que parece genial... mas tem gosto de doce oferecido por um tiozão em uma van. Forza 4 e Crackdown 3 serão lançados no mesmo dia para quem quiser comprar e para quem assina Xbox Game Pass, o que significa quase dá-los de graça. A Microsoft não tem dado muito valor a seus exclusivos, principalmente depois que começou a lançá-los simultaneamente no PC.

O Xbox Game Pass ainda vai receber Fallout 4, The Elder Scrolls Online e The Division, mas o assunto desse segmento da conferência era explicar que trabalharam em uma tecnologia pra começar a jogar antes, duas vezes mais rápido em alguns títulos. Em outras palavras, alguns jogos para algumas pessoas que assinam o serviço, algo que nem era assunto pra E3.

Vários games indies que não sei se são exclusivos como Session e Pearl Abyss, Shadow of the Tomb Raider* que dessa vez não terá exclusividade temporária como Rise, revelação de Devil May Cry 5* que vamos ser sinceros, em matéria de Capcom perde pra revelação de Resident Evil 2 na conferência da Sony, DLC de Cuphead que eu poderia ficar animado se já não imaginasse que deve ser focado na dificuldade.

Tunic, um jogo indie que parece muito bom, um zelda minimalista com uma raposinha. Jump Force*, jogo de luta no padrão de J-Stars Victory VS+ com Goku, Naruto, Luffy e mais uma galera. Dying Light 2* que eu fiquei bem animado de anunciarem mas não gostei da direção em que o jogo evoluiu. Just Cause 4* que já havia vazado antes e aqui entra uma grande surpresa, a revelação de um novo Battletoads, porém anunciado sem gameplay e um pouco engraçadinho demais no anúncio. Se houvesse gameplay de Battletoads e data pra esse ano eu poderia estar muito mais satisfeito com a Microsoft.


Então tivemos o anúncio de Gears of War 5, o que não teve o impacto esperado, e cá pra nós a Microsoft se embananou na hora de apresentar. O problema é que eles apresentaram dois jogos de Gears antes de confirmarem o 5: Gears Tactics, o que não faz sentido algum, e Gears Pop, uma ideia que até é legal como os games da série LEGO, mas que talvez não seja uma boa pegar uma série violenta e tentar transformar em algo mais simples e talvez até infantil. O timing foi ruim.

O final da conferência foi legal com uma simulação como se a transmissão tivesse sido hackeada, levando para a revelação de Cyberpunk 2077* da CD Projekt Red, um jogo que não é exclusivo mas por ser grande poderia sim fechar a conferência bem. Em outras palavras de todos esses títulos multiplaforma exibidos, apenas uns dois ou três não pareceram completamente fora do lugar e não pega bem pra Microsoft ficar tentando convencer o público que tem mais do que tem com "exclusivos" entre aspas.

Sony

A apresentação da Sony começou com uma intensa lambança que quase estragou tudo, mas depois apenas ficou esquisito. Inicialmente os jornalistas foram levados para uma igreja que era uma reprodução do cenário do primeiro jogo que seria apresentado: The Last of Us Part 2, com um pouco de gameplay do jogo, o qual não faz muito meu estilo. Já esperava que eles fossem abrir com esse jogo por ser o de maior impacto.

Depois disso eles foram movidos para o palco principal onde ocorreria o resto da conferência e enquanto os jornalistas transitavam tivemos tipo uma mesa redonda, um pre-show da própria Sony que não fazia sentido nenhum e cortou completamente o ritmo da coisa. Felizmente depois que eles chegaram no palco principal as coisas voltaram ao normal, mas demorou um pouco.


Durante o pre-show falaram algo que a Sony já tinha dito antes, sobre se focar apenas em 4 jogos e não ter muitas surpresas, mas quebrou demais o fluxo da conferência. E é realmente um feito conseguir ser chato quando você também oferece Call of Duty: Black Ops 3 gratuitamente para os assinantes da PS Plus durante o mesmo segmento.

Days Gone apareceu apenas rapidamente, o que é uma pena porque eu acho que era a hora de botar um gameplay realmente intenso com animais zumbis pra vender o jogo. Depois disso Twin Mirror, outro jogo pseudo-emocional e misterioso da Dontnod que sairá também no Xbox One e PC, dois títulos de VR, Ghost Giant e Beat Saber, que parecem muito bons e por fim encerramos essa parte com a expansão Forsaken de Destiny 2.

No palco principal um músico com uma flauta de bambu tocava com um enorme, mas xicante mesmo, telão ao fundo com campos de trigo balançando. Faltou tato da Sony pra ver que não era hora pra um cara tocando no bambu dele em público, quando já tinha passado 30 minutos de quase nada.

Pelo menos o que veio depois me agradou bastante, um longo gameplay de Ghost of Tsushima, um jogo de samurais que já estava anunciado há algum tempo mas agora teve uma boa porção do show dedicado a ele. Não é a coisa mais supimpa como Horizon Zero Dawn, mas é um jogo original e bacana.


Ver jogos originais é sempre bom, especialmente quando não esperamos por eles, como o jogo Control que veio logo a seguir. Apesar de eu gostar do que vi, ele é da Remedy, mesma produtora de Alan Wake e Quantum Break e exala Quantum Break por todos os seus poros. E então veio uma parte muito boa da conferência, o remake de Resident Evil 2, o qual fez o público vibrar mesmo sendo multiplataforma.

Teve um novo jogo chamado Trover Saves the Universe estilo Rick & Morty e com algumas pessoas da equipe de Rick & Morty envolvidas que eu simplesmente não vi propósito de fazer um jogo tão parecido com o show mas sem a marca. O já mencionado trailer de Kingdom Hearts 3 com Piratas do Caribe que meio que deu uma rasteira no da Microsoft e ainda anunciou um PS4 temático e uma coletânea com todos os jogos da série pra PS4.

Aí a coisa ficou muito estranha mesmo com Death Stranding, o novo jogo de Hideo Kojima. Já são três E3 sem entender como é o jogo, qual sua história, quando ele lança e o mais importante: se alguém ainda vai ter vontade de jogar quando sair. Eu gosto de certos elementos dos trailers como a tensão, mas a bizarrice está exagerada demais na trajetória do jogo. Foram quase 10 minutos de algo que não fazia sentido.

Pelo menos logo em seguida tivemos o anúncio de Nioh 2, o qual eu acho que ficou muito largado nesse ponto da conferência e merecia mais atenção. Então entramos para o grand finale, um grande gameplay de Spider-Man que será lançado ainda esse ano, daqui a poucos meses. É um jogo com o qual eu tenho uma série de problemas e por isso não me anima muito.


Depois que a conferência "acabou", voltou para o pre-show onde os apresentadores falaram sobre o que mais gostaram da apresentação e revelou-se o último jogo, um jogo de realidade virtual da From Software chamado Déraciné. Este modelo de apresentação acabou virando uma bagunça e não deu nada certo, para não mencionar que os fãs sentiram falta do remake de Final Fantasy 7 que deu uma sumida.

Nintendo

A conferência da Nintendo como de costume foi pré-gravada e liberada online com apenas 42 minutos. Ela foi bem mais ameana do que outras conferências da empresa e houve momentos de certa estranheza com Reggie falando sozinho sem qualquer som de fundo. No entanto a Nintendo começou extremamente bem, o perfeito contraponto ao começo enrolado da conferência da Sony.

Eles simplesmente começaram com o anúncio de um novo título da Marvelous cheio de ação chamado Daemon X Machina com mechs voando, atirando, atacando com espadas e destruindo com um visual de desenho animado belíssimo. É o tipo de anúncio que eu espero de uma E3 da Nintendo e praticamente nunca tenho. Mais dois ou três desse e eu compraria um Switch. Felizmente não era só um spin-off de Xenoblade apesar de parecer e um DLC de Xenoblade Chronicles 2 ser anunciado logo em seguida.


Reggie tomou tempo para falar tudo sobre Pokémon: Let's Go, Pikachu & Eevee que já havia sido dito antes em outra Nintendo Direct. Depois mostraram Super Mario Party, que é basicamente a mesma experiência de sempre mas com a facilidade de ter automaticamente dois joy-cons para multiplayer. Houve ainda uma ideia de unir dois Switchs para criar uma área de jogo maior, o que até é interessante de um ponto de vista técnico mas pouco prático.

Tivemos o anúncio de Fire Emblem: Three Houses, um novo jogo da série que inicialmente não impressionou muito com gráficos meio fracos, mas depois mostrou um pouco de exploração livre e mais detalhes nas batalhas. Ainda assim, é uma fórmula que vem se repetindo há um tempo e demonstra algum cansaço.


Alguns ports importantes como Fornite para Nintendo Switch, um jogo que está bem popular, e a chegada de Dragon Ball FighterZ, a qual eu não pensava ser tecnicamente possível mas aconteceu. É tardia como tantos jogos de Switch, mas é um bom sinal que as produtoras ainda estão atendendo pedidos de fãs sobre jogos para o console. Se você reparar, quase nada da E3 terá versão para Switch, menos de 1/3 dos jogos.

Houve alguns indie sem graça como Overcooked 2, um jogo que não precisava de sequência tão cedo, Killer Queen Black, que não me despertou interesse algum, e Hollow Knight que já foi lançado de surpresa junto com a conferência. Falaram rapidamente sobre Octopath Traveller, mas é outro jogo que também não consigo me interessar, imagino que seja bacana como Bravely Default, mas não entra na minha lista de prioridades.

Depois disso um único vídeo com vários jogos como Starlink (com nave de Star Fox de Bônus e agora eu quero um Star Fox pela Ubi), Minecraft, Sushi Striker, DLC de Donkey Kong para Mario+Rabbids, Just Dance 2019, Dragon Ball FighterZ, DLC de Splatoon 2, Captain Toad, Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, Ninjala (parece interessante), Fifa 19, Ark: Survival Evolved, Paladins, Fallout Shelter, Dark Souls, SNK Heroines Tag Team Frenzy, Monster Hunter Generations Ultimate, Wolfenstein 2, The World Ends With You, Mega Man 11, Mario Tennis Aces e outros.


Veja que aqui há um sério problema, uma quantidade enorme de ports. Pouquíssimos jogos originais e muitos ports atrasados que não têm muito motivo de existir. Com exceção de Dragon Ball FighterZ que realmente é uma boa adição, muitos desses jogos não fazem muita diferença no Switch.

Depois disso entramos em uma forte entubada de Super Smash Bros., o qual foi batizado de Super Smash Bros. Ultimate. Antes da E3 foi comentado que seria um novo jogo e não uma versão melhorada do Wii U mas confesso que eu não vi diferença, me parece o mesmo jogo. Mesmo que não seja, mais uma vez parece que quem comprou o Wii U comprou a versão beta de um jogo da Nintendo.

Foram 25 minutos meus amigos, de coisas que eu não vou detalhar por completo. O resumão é que todos os personagens estão de volta, desde o primeiro Smash até o mais recente, incluindo os personagens convidados. Isso significa o que? Ice Climbers, Pokémon Trainer, Ryu, Sonic, Bayonetta, Pac-Man, além de alguns novos como Inkling e Ridley.


Uma coisa que não rolou no entanto foi um modo single como foi o Adventure em Melee ou o Subspace Emissary em Brawl, uma das coisas que eu mais sinto falta. Quando Ridley estava para ser anunciado houve uma cutscene que ainda me deu esperanças de que fosse rolar, mas foi por água abaixo. O mais estranho foi quando a conferência acabou em Smash Bros., eu pensava que haveria algo mais depois.

Não tivemos nada de Metroid Prime 4, nada de F-Zero, nada de Star Fox, nem mesmo o jogo de Yoshi e nenhum jogo de Nintendo 3DS. Foi bem caído, ainda mais porque mais da metade foi dedicada apenas a detalhes sobre Super Smash Bros. Ultimate.

Ubisoft e Bethesda

Tanto Ubisoft quanto Bethesda tiveram também boas conferências esse ano, mas sofrendo de alguns males de anunciar coisas que não estavam bem prontas. Algumas nem mesmo estarão prontas pelos próximos anos como é o caso de The Elder Scrolls 6. Beyond Good and Evil 2 teve um bom momento, mas não surpreendeu o suficiente para ganhar destaque.


A Ubisoft sempre ganha muitos pontos pela apresentação, eles fazem realmente um bom show com várias maneiras diferentes de mostrar cada um dos jogos, com direito até mesmo a uma participação especial de Miyamoto... que apareceu mais na conferência da Ubisoft que na da Nintendo... Square Enix, EA e Devolver não se destacaram esse ano.

Quem ganhou?

A conferência da Microsoft foi inflada novamente para parecer que eles contam com muito conteúdo em seu console, porém o que menos temos é motivo para comprar um Xbox One agora no final de sua vida. Muitos trailers de jogos multiplataforma que eram desnecessários, não precisavam estar lá e fazem tanta propaganda para o PlayStation 4 quanto fazem para o Xbox One.

A Sony teve um começo muito ruim com a bagunça que foi a mudança de cenário, mas ofereceu alguns bons gameplays. Foi uma das poucas que teve um bom tempo dedicado a gameplays, como The Last of Us Part 2, Ghost of Tsushima, Death Stranding (apesar de ninguém entender) e Spider-Man. Enquanto a Nintendo mostrou pouco e basicamente se resumiu a Super Smash Bros. Ultimate.

Não é difícil entender que jogos são desenvolvidos em ciclos. Alguns anos desenvolvendo e então são lançados. Todo o marketing ocorre durante os 2 ou 3 anos em que o jogo é desenvolvido e normalmente não se fala sobre o jogo durante seu primeiro ano, quando ele ainda está tomando forma. Porque isso significa um lançamento apenas 2 ou 3 anos depois, como um No Man's Sky, o que é tempo demais para deixar o público na vontade e especulando, prejudicando a recepção.


Esta era uma E3 de ciclo de desenvolvimento. Época para os próximos grandes jogos de PlayStation 4 e Xbox One ainda estarem no forno e assim estarem ausentes do show ou aparecessem mostrando muito pouco, sem data de lançamento, o qual só ocorreria uns 2 anos depois. Era uma oportunidade também para jogos menores aparecerem e serem lançados em breve. Mas a indústria meio que matou os jogos de notas 7 e 8 pra deixar só os AAA de 9 e 10.

Vale lembrar que apenas o PS4 e Xbox One estão nesse ciclo, consoles que chegam ao seu quinto ano já cansados. Era a oportunidade para o jovem Nintendo Switch que ainda está abrindo seu segundo ano mostrar grandes títulos que já deviam estar em desenvolvimento um ano antes do console ser lançado ou ao menos algumas promessas para 2019. Estranhamente isso não aconteceu, o que deu à feira em geral um clima bem caído.

Eu diria que todas as três empataram nessa E3 e não de um jeito positivo. Todas as empresas decepcionaram bastante e nem mesmo thirds se projetaram como foram em outros anos. Esperava bastante que a Nintendo usasse esse vácuo pra se promover e confesso que estou desapontado de não ter visto nada de relevante.

Porém em meio a todos esses anúncios de jogos que não veremos tão cedo a Nintendo é a única que tem um título grande para sair agora com Super Smash Bros. Ultimate, então acho que para 2018 ela é realmente a vencedora, mas não por uma boa margem.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Onde encontrar cada tipo de pokémon em Pokémon Go


Essa foi uma matéria bem legal que eu escrevi para o TechTudo e recomendo que quem esteja jogando Pokémon Go dê uma olhada para conferir onde cada tipo de Pokémon pode aparecer no jogo.

É bem útil quando você já sabe os tipos de Pokémon que está capturando nos arredores e pode comparar com a lista de cada local para saber que tipo que está aparecendo no local e quais outros do mesmo tipo você ainda poderá encontrar por ali.

Ironicamente eu descobri que um rio subterrâneo passa pela minha casa e deságua lá na Baía de Guanabara e por isso estamos com uma certa infestação de Poliwags e Squirtles por aqui.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O que Pokémon Go perdeu para chegar ao Brasil


Pokémon Go finalmente foi lançado no Brasil após um longo período de espera e a galera já está se divertindo aos montes enquanto seus celulares não são roubados. Porém, há um detalhe que talvez nem todos saibam, o jogo que foi lançado aqui no Brasil não é exatamente o mesmo que o resto do mundo vinha jogando esse tempo todo.

Assim como o meu salário que morre na alfândega, Pokémon Go teve que deixar algumas coisas para trás para poder atravessar as fronteiras e chegar ao Brasil. Se você está curtindo o lançamento do jogo, provavelmente reparou que os servidores aguentaram o tranco, isso porque houve mudanças no jogo.

Essas coisas que foram removidas ou alteradas são exatamente o que estão fazendo o público do resto do mundo estar zangado com a produtora Niantic, como falamos no artigo "Pokémon Go & A Queda de Reichenbach". Vamos dar uma conferida no que o jogo perdeu para chegar ao Brasil.

Aparentemente a prioridade da Niantic era aliviar os servidores dela, pois desde que o jogo lançou ele sofria de instabilidade constante. Isso aconteceu porque inicialmente não era previsto todo esse sucesso do jogo. Se eles não conseguiam manter o serviço estável em um país, imagine ficar planejando lançamento em outros.


Alguns fatores devem ter apressado o lançamento do jogo no Brasil, como o hackeamento da conta do CEO da Niantic, John Hanke (@johnhanke), que não foi algo muito legal, mas que deve ter feito a empresa priorizar o povo #HueBR. Porém, de nada adiantaria se os servidores continuassem congestionados.

A solução veio na atualização de número 0.31.0 de Pokémon Go. Estranhamente ela não adicionava coisas ao jogo, removia. Foi removido o sistema de "Pokémons próximos" que estava bugado mesmo, o sistema de economizar bateria e foram alteradas a frequência de atualização do mapa e a chance de captura de pokémons.

A maioria dessas alterações parece pequena, mas foram elas que permitiram o lançamento de Pokémon Go no Brasil. Não vou falar do sistema de economizar bateria, pois obviamente este não afeta o jogo em nada, porém o sistema de "Pokémons próximos" talvez fosse um dos mais problemáticos.

Pokémon Go não traz exatamente a programação mais otimizada possível, ele fica checando informações o tempo todo e isso causa muito estresse ao servidor. Muita coisa que poderia ser feita em Client Side, é feita Server Side, apenas porque o jogo foi projetado sem pensar muito nesse lado de poupar o servidor.


Uma explicação rápida para leigos, quando falamos de jogos online, existem dois lados: O Server Side, é o lado do servidor, bancado pela Niantic com certos custos, que mantém informações seguras e permanentes sobre o jogo. O outro lado é o Client Side, é o que acontece no seu celular, como o processamento dos gráficos e todos os sistemas do jogo em tempo real, até que alguma informação precise ser gravada.

Em outras palavras, o sistema que detecta se há pokémons próximos de você, fica pedindo informações sobre isso ao servidor quase que o tempo todo. Imagine milhões de pessoas pedindo por essa informação ao jogo quase o tempo todo. Não é de se surpreender que ele fique sobrecarregado.

Uma das coisas que Pokémon Go poderia fazer se fosse otimizado é baixar um mini-mapa de informações sobre o local onde você está jogando, com todos os dados sobre Pokémons próximos calculados Client Side, não Server Side.

Talvez o medo da Niantic é que pelas informações estarem no celular as pessoas trapaceassem e alterassem os dados de quais pokémons existem naquela região, mas ela poderia simplesmente confirmar em uma lista se o pokémon capturado bate com os da região, ao invés de deixar a localização de todos os pokémons no seu servidor.


Ironicamente, o sistema de detecção de pokémons próximos de Pokémon Go nem mesmo funcionava. Todos eram mostrados como a "3 patas" de distância, no que ficou conhecido como o "bug das 3 patas". Para contornar o problema jogadores criaram seus próprios Apps de localização para indicar a proximidade dos monstros, como PokéVision.

Na última atualização a Niantic não apenas removeu o sistema de proximidade por completo, como ainda bloqueou a ação de Apps terceirizados. Isso é uma das coisas que deixou os fãs bem irritados com o jogo, pois agora simplesmente não há como saber quais pokémons estão perto de você.

A segunda grande alteração foi na frequência de atualização do mapa. Antes a cada 5 segundos o seu mapa de Pokémon Go era atualizado e assim você saberia se havia algum pokémon no local. Agora a frequência é de 10 em 10 segundos, o que pode não parecer nada, mas é na verdade gigante.

A mudança de 5 para 10 segundos significa 50% a menos de requisições ao servidor. É como se metade dos EUA parasse de pedir informações ao servidor da Niantic. Começando a entender onde o Brasil entra nisso? Todo esse potencial livre significa que o jogo poderia receber 50% novos jogadores.


A frequência de atualização alterou pouco o jogo para quem se aventurava a pé, porém mudou bastante sobre rodas. Para quem jogava Pokémon Go de bicicleta, skate, carro, ônibus ou metrô, 10 segundos podem significar passar completamente por áreas com pokémons esperando para serem capturados. Mas talvez o jogo não tenha sido feito para jogar sobre rodas, é um argumento válido.

Então vem a terceira mudança, a que provavelmente causará mais problemas. A taxa de captura dos pokémons foi alterada de forma que está mais difícil capturar os monstrinhos. Agora aproximadamente 1/3 dos encontros com pokémons acaba em insucesso, pokébolas gastas à toa e um pokémon que foge sem ser capturado.

Isso também é uma questão de servidor, pois toda vez que um pokémon é capturado, a informação precisa ser gravada no servidor, Server Side. Se as informações ficassem guardadas no celular, Client Side, seria fácil alterá-las. Com 1/3 a menos de capturas, mais uma vez o sistema é aliviado e permite a nós brasileiros capturar pokémons também.

Há no entanto um problema ético aqui. Pokébolas são recursos vendidos através de microtransações com dinheiro de verdade no jogo. Um aumento na dificuldade para capturar pokémons força jogadores a gastarem mais para obter o mesmo resultado. Isso não caiu muito bem com os fãs.


Uma coisa simples que a Niantic poderia ter feito é nos dar a opção de enviar o pokémon capturado diretamente para o professor em troca de doces de imediato, sem guardá-lo e portanto poupando mais uma tarefa para o servidor.

Novamente, dá pra entender por que os jogadores do resto do mundo estão frustrados por perder alguns elementos do jogo, mas não dá para entender tamanho ódio. Essas mudanças provavelmente poderão ser revertidas no futuro quando as coisas estabilizarem

Aqui no Brasil o jogo acabou de chegar, então não estamos nessa vibe negativa, mas nos faz pensar se estaríamos dispostos a perder jogo pior por aqui para que mais países jogassem.

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- Pokémon Go & A Queda de Reichenbach

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Pokémon Go & A Queda de Reichenbach


Um grande detetive britânico instala Pokémon Go em seu celular, ele segue os dados de localização de seu GPS até as cataratas de Reichenbach na Suíça em busca de um Dragonite e para dominar um Gym mal posicionado. Lá ele encontra seu arqui-inimigo e em uma disputa feroz, ambos acabam caindo para a morte. Ah, e o Dragonite também escapa da Pokébola.

Por que a raça humana é tão atraída por desgraça, grandes heróis, finais dramáticos? Essa é uma pergunta retórica, obviamente. A questão até já foi de certa forma respondida pelos trabalhos de Joseph Campbell em "O Herói de Mil Faces", o que importa é que somos. Talvez às vezes tenhamos que nos dar conta disso para tentar mudar um pouco aquilo que somos mas não nos faz bem.

As notícias da semana passada e retrasada eram sobre o incrível fenômeno que era Pokémon Go, um jogo que tinha vindo para mudar a sociedade. Em um mercado que já estava acostumado com pequenas ondas, de repente havia um maremoto e tudo era excitante novamente. Até mesmo tirou a Nintendo de sua recente onda de irrelevância com uma alta recorde de ações.

Essa semana as notícias são só sobre como os fãs de Pokémon Go estão enfurecidos com a última atualização do jogo, estão bombardeando reviews, boicotando o App e pedindo dinheiro de volta (das microtransações). Foi uma atualização bem ruim de fato, removeu várias funções do jogo ao invés de melhorá-lo e a empresa não soube lidar com o público. Ainda assim ainda era essencialmente a mesma coisa que todos amavam até alguns dias atrás.


Mas não estamos falando só de Pokémon Go. O mesmo está acontecendo com No Man's Sky, que um jogador afirma ter conseguido o jogo antecipadamente e muitas pessoas estão com raiva por ele não ser exatamente o que esperavam. Algo semelhante aconteceu com Mighty No. 9, quando de repente o jogo se tornou o alvo de todo o ódio por algumas decisões mal explicadas.

Na indústria de jogos direcionamos ódio para quem achamos que merece e para algumas pessoas ou empresas somos mais tendenciosos em quanto eles podem pisar na bola antes de odiá-los. Quando a EA lançou Star Wars Battlefront com pouco conteúdo e sem modo offline, ela foi massacrada, no entanto a Blizzard lançou Overwatch com uma série de defeitos, sem modo competitivo (que não está direito até hoje) e ainda estão passando a mão na cabeça dela.

Como seres humanos somos atraídos pelo excepcional, seja na ascensão, seja na queda, mas nunca realmente ligamos para o apogeu. Quando algo é um sucesso estabelecido, não damos muita atenção, descartamos como algo desinteressante. Nosso interesse só retorna quando algo fora do comum acontece e abala esse sucesso de forma devastadora.

Isso me lembra da série Sherlock da BBC, a qual pode ser assistida na Netflix e recomendo bastante (segunda propaganda gratuita que faço pra eles). O último episódio da segunda temporada da série, chamado "A Queda de Reichenbach", é sobre como Sherlock Holmes é desacreditado em frente ao público por seu arqui-inimigo Jim Moriarty.


Só é possível subverter tão rapidamente a opinião sobre uma coisa, de 8 a 80, pois nós secretamente temos essa vontade de ver algo inesperado, tanto para o positivo quanto para o negativo. Um sucesso que se estatela no chão é mais interessante do que um que se mantém no auge, um azarão que sai do nada e conquista muito é muito mais carismático que um sucesso comum de onde já era esperado.

A imprensa por sua vez sabe qual é a nossa sede e nos alimenta erroneamente com manchetes e matérias para saciá-la, antes mesmo que possuam todos os fatos para que as pessoas formem uma opinião própria com todas as informações. Nos dias de hoje a imprensa te diz diretamente o que pensar ao apresentar apenas o lado que está sendo falado no momento, não tenta informar.

Nós só acreditamos no que lemos, no entanto, porque queremos que seja verdade, já estamos predispostos a concordar com aquela afirmação. É como quando uma pessoa sobe no topo de um prédio, um grupo a observa, alguém grita "Pula!" e todos os outros começam a gritar também. Isso é mais sombrio ainda quando consideramos que é 50% mais comum estatisticamente alguém gritar "Pula" se for de noite.


Aqui no blog somos muitas vezes vistos como pessimistas, mas nunca estamos torcendo para algo dar errado apenas para termos o que falar. Se as pessoas não admitirem que querem ver essas grandes conclusões para fugir da mediocridade do comum, continuarão predispostas a essa polarização inconsciente.

terça-feira, 26 de julho de 2016

O estouro da bolha de Pokémon Go


Em nosso artigo sobre Pokémon Go mencionamos o quanto as ações da Nintendo haviam se valorizado com o lançamento do jogo, mas que isso se tratava de especulação de investidores, não algo que deveria ser comemorado com gifs de "está imprimindo dinheiro". Agora a bolha que se formou acaba de estourar.

As ações da Nintendo caíram drasticamente após ela explicar para investidores exatamente o que falamos aqui, que ela leva pouco do lucro gerado por Pokémon Go e que portanto não iria revisar suas previsões de lucro (as quais estão baixas). As ações caíram 17% e diminuíram o valor da empresa em US$ 6,3 bilhões. As ações só não caíram mais devido a um suposto limite da bolsa de Tóquio sobre transações diárias.

No mercado chamamos isso de bolha, um evento que cresce rapidamente porém sob uma estrutura muito frágil, cujo único futuro é estourar. A ironia das bolhas é que raramente alguém reconhece suas características antes do estouro e por isso elas continuam a acontecer.

Bolhas se alimentam de rumores, incertezas, informação errada, interpretações incorretas e muitas outras formas de se enganar. Vivemos em uma era de desinformação em que companhias jogam valores soltos, porcentagens e não-dados o tempo todo para clamarem algum tipo de vitória, sem jamais dar contexto para que o usuário tire sua própria conclusão.


Por exemplo, ao ler "17%" e "US$ 6,3 bilhões" você foi conferir o contexto em que essa informação se encaixa? Provavelmente não, ninguém tem tempo pra isso nesse mundo moderno. Se eu quisesse poderia guiar a percepção dos leitores para uma certa direção usando alguns desses truques e eles comemorariam "vitórias" de suas empresas favoritas.

"Videogame X teve vendas mais rápidas da história", não há números informados, não há números totais de vendas. "Portátil Y foi o mais vendido no ano", significou algo quando o PSP vendeu mais que o Nintendo DS em seu primeiro ano? "Videogame C tem aumento de 200% em vendas", como a Nintendo que subiu tão alto com Pokémon Go apenas porque estava em uma de suas baixas históricas.

Baixa histórica esta provocada pelo Wii U e também pelo Nintendo 3DS, o qual todos achavam que seria um sucesso, outra bolha. Tantos anos depois, com as vendas do 3DS praticamente já em seu pico, ele se sagra como o portátil menos vendido da Nintendo, salvas bizarrices como o Virtual Boy.

Durante toda a vida do Nintendo 3DS usuários insistiram em uma falsa percepção de "sucesso" enquanto ano após ano a Nintendo postava prejuízos, vendas abaixo do esperado e estatísticas distorcidas. Quem não se lembra de "O Nintendo 3DS vendeu 5 milhões de unidades mais rápido que o Nintendo DS"?


Isso é semelhante a um caso em 1840, quando Nova York tentou melhorar suas estradas de terra. Para economizar custos, utilizaram estradas de tábua de madeira, as quais durariam 8 anos e eram baratas. Durante 4 anos todos acharam a ideia um sucesso e o resto dos Estados Unidos também as usou, pouco antes de elas quebrarem e então todos perceberem que o "sucesso" partia de uma premissa falsa e houve grande prejuízo.

Esse tipo de bolha a longo prazo é também chamada de cascata de informação, quando cada nova informação errada empilha sobre a anterior para continuar a dar força à premissa incorreta anterior. As estradas eram usadas em toda parte e cada nova cidade que as adotava dava um motivo maior para a próxima também fazê-lo.

Sempre que a Nintendo reafirmava esse falso sucesso do Nintendo 3DS, dava motivo a seus fãs de fazerem o mesmo. Quanto mais pessoas reafirmando a informação incorreta, maior ficava a bolha. Porém, como toda bolha, faltam os fatos, os números para comprovar o seu valor. O Nintendo 3DS não recebe jogos como se fosse um sucesso, não vende como se fosse um sucesso, não dá lucro para a Nintendo ou outras empresas como se fosse sucesso.

Pokémon Go para smartphones nos mostrou o quanto o Nintendo 3DS estava irrelevante no mercado. Ele tem os números para impressionar e por conta disso os números não ficam escondidos atrás de porcentagens. As chamadas são como "Pokémon Go chega aos 30 milhões de downloads", "Pokémon Go lucra US$ 35 milhões".


Por outro lado, nós não sabemos nem mesmo se o próprio sucesso de Pokémon Go é uma bolha. Nós sabemos que as mecânicas de jogabilidade dele não são fortes o suficiente para manter o jogo, mas não temos como mensurar a parte humana da equação, como senso de aventura, interação social, entre outros. Este é um caso que nem mesmo nós podemos prever.

Alguns usuários desavisados que leem o blog apenas ocasionalmente às vezes acreditam que a nossa ideia é apenas criar contrapontos negativos para qualquer notícia relacionada à Nintendo. Pokémon Go é um sucesso? Então precisa haver um artigo falando que há algo de errado com ele. Novo Zelda anunciado? Saiba por que ele vai ser péssimo. E assim por diante.

Mas se acreditarmos que está tudo bem agora, tão bem quanto essas chamadas, porcentagens e estatísticas distorcidas tentam nos fazer acreditar, isso não nos faria otimistas. Caso tudo estivesse tão bem para a Nintendo quando alguns fãs insistem, não seria uma coisa boa, pois não existiria motivo para querer que ela melhore.

Nossa intenção é jogar luz nos fatos reais por trás disso tudo. Nós furamos bolhas.

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terça-feira, 19 de julho de 2016

Dicas para jogar Pokémon Go em sociedade


Olhe pro seu braço, dê aquela olhadinha no relógio invisível, veja que já são 5:60 e lembre: "É... Pokémon Go ainda não saiu no Brasil". Porém, em outros países ele já está a pleno vapor e causando muita confusão por conta de gente sem noção que sai pra capturar Pokémon nas mais inadequadas situações. A tela de loading até tenta dar um toque: "Lembre de estar alerta o tempo todo. Esteja ciente dos seus arredores", mas não é o suficiente.

A artista polonesa Magdalena Proszowska, que atualmente trabalha no estúdio Blue Byte da Ubisoft na Alemanha, utilizou o mesmo estilo para criar mais imagens com algumas dicas bem legais de etiqueta social que estão passando direto pela cabeça da galera nos outros países. Eu dei uma traduzida nas imagens para postar aqui.




domingo, 17 de julho de 2016

Should I stay or should I Pokémon Go


Pokémon Go é um novo jogo da Nintendo para dispositivos iOS e Android que já foi lançado em alguns países (nada no Brasil né sem vergonha) e cuja única razão para você sequer precisar de uma introdução como essa é caso você tenha estado em coma durante os últimos dias. Vamos pensar um pouco sobre para onde Pokémon Go vai e o que isso significa para a Nintendo.

Pokémon Go é simplesmente um dos maiores fenômenos dos últimos tempos. Pessoas estão saindo de casa em busca de monstros virtuais, se reunindo em grandes grupos em pontos quentes de captura e interagindo com estranhos que antes passariam direto sem se entreolhar. Todos conectados por uma única causa: Pokémon.

Claro que você já ouviu falar do jogo, mas talvez você não esteja ainda com uma ideia da dimensão da coisa. As pessoas estão loucas com Pokémon Go. Está rolando uma piada na internet de que a Nintendo mudou como a sociedade funciona e o mais estranho é que isso não é um exagero. Veja por exemplo este vídeo de quando um Vaporeon aparece no Central Park e todos desejam capturá-lo.


Não temos como saber se essa febre irá durar. As mecânicas do jogo em si não são realmente muito boas, assim como seus servidores que estão testando a paciência dos jogadores. Ele confia principalmente em seu conceito forte de trazer Pokémons para o mundo real e na interação social causada por isso. Talvez enquanto pessoas forem pessoas, Pokémon Go permaneça popular.

O analista de mercado Michael Pachter, muito conhecido por errar constantemente suas previsões, acredita que esse sucesso de Pokémon Go só vai durar 4 meses. Já vimos isso acontecer com Draw Something, um fenômeno com 35 milhões de downloads nas primeiras semanas e que depois caiu drasticamente até praticamente desaparecer.

No entanto, o raciocínio de Pachter está muito errado. Ele acha que os jogadores de Pokémon Go são sedentários (couch potatoes) e vão se cansar de andar. Ele não conseguiu perceber que o jogo está atingindo um tipo de público diferente dos jogadores hardcores, como Wii Sports ou Wii Fit.

Muitas vezes já falamos sobre imersão versus emersão no blog. Sobre como a maioria dos videogames tentam oferecer um escape para jogadores hardcore se sentirem imersos em um mundo diferente do nosso. Porém, existe uma quantidade muito maior de pessoas que deseja ver o jogo emergir, que seja trazido para fora do videogame, para suas vidas diárias, e Pokémon Go capta esse público.

A verdade é que nós não sabemos o que vai acontecer, ninguém sabe. Fenômenos sociais assim podem tomar qualquer direção a qualquer momento, são variáveis demais, caos demais. E pegando uma citação de V de Vingança: "Com tanto caos alguém vai fazer algo idiota. E quando eles fizerem, as coisas vão ficar feias".


O que vai acontecer quando uma geração de crianças e jovens que cresceram com pais relapsos que os deixavam colados a smartphones e tablets, sem noção de riscos ou consequências de suas ações, se encontrar com um aplicativo que os lança no mundo real para capturar criaturas imaginárias?

Não sabemos o quanto a marca Pokémon e Nintendo podem ser danificadas se as coisas derem errado. Não sabemos o quanto elas podem dar errado. Não sabemos quanto dano a marca sofre quando pessoas sem noção jogam Pokémon Go dentro do Museu do Holocausto, quando criam desordem em áreas residenciais.

Por enquanto é tudo divertido e curioso. Notícias negativas como batidas de carro causadas por pessoas distraídas pelo app, bandidos usando o aplicativo como isca para roubos, ou cadáveres encontrados por crianças jogando próximas a rios estão passando despercebidas. Mas e se acontecer algo que não dê pra ignorar?

Eu não quero ser extremamente negativo, mas não consigo deixar de considerar algumas possibilidades sombrias que eu já vi acontecerem com outras séries. O que acontece se Pokémon Go for usado para sequestrar uma criança? Ou se acabar envolvido em um caso de pedofilia? O que acontece se a marca "Pokémon" ficar ligada a ideia de perigo para crianças?


Está óbvio que a Nintendo não calculou esse nível de risco. Você pode até achar que a Nintendo não é responsável por isso, e até certo ponto você está certo, mas isso não impediria o grande público de culpá-la do mesmo jeito.

Falando agora de coisas mais positivas, vamos tomar um instantes para dar crédito a quem é devido. Pokémon Go NÃO é um jogo da Nintendo. Ela esteve um pouco envolvida mas o jogo em si nada tem a ver com ela, a maior participação foi mesmo assinando papéis cedendo o uso de Pokémon. A produtora é um estúdio pouco conhecido chamado Niantic e a jogabilidade é praticamente toda baseada em outro jogo deles, chamado Ingress.

Por sua vez, a Nintendo não tem motivo para postar gifs que Pokémon Go está "Imprimindo dinheiro" porque ela está levando muito pouco nisso tudo, estimados 10% (provavelmente mais). Google e Apple tiram 30% das vendas no iOS e Android sem fazer nenhum esforço. A Niantic tira outra parcela e a Pokémon Company, empresa da qual a Nintendo possui 1/3 junto com a Game Freaks, criadora de Pokémon, e a Creatures, tira outra. São muitas bocas para alimentar.

Ainda assim as ações da Nintendo tiveram uma grande alta de mais de 50% e estão em seu maior patamar dos últimos 5 anos. Faça as contas, é o exato período em que foram lançados o 3DS e Wii U. A grande questão aqui é: Por que as ações subiram? E a resposta não é boa, trata-se de especulação.

Investidores não estão comprando ações da Nintendo pensando que Pokémon Go vai trazer lucros imensos. Eles estão comprando esperando que Pokémon Go simbolize uma mudança na Nintendo, para uma empresa que lança jogos para smartphones e tablets ao invés de videogames dedicados.


Algo semelhante, porém em menor escala, aconteceu em 2015 quando a Nintendo anunciou que faria jogos para smartphones e tablets em parceria com a DeNa, porém só depois ela anunciou que seriam apenas 5 ou 6 jogos, mais no estilo de Miitomo do que de Super Mario, decepcionando os investidores.

Como já falamos antes, esta estratégia da Nintendo de usar smartphones e tablets como uma isca para seus videogames, a mesma estratégia com a qual a apresentadora Ellen DeGeneres tenta manter seu programa de TV relevante frente à internet, não é exatamente uma boa ideia.

Na época do Nintendo DS o então presidente da Nintendo, Satoru Iwata, via os smartphones e tablets como concorrentes, assim como TV ou qualquer outra coisa que fizesse você gastar minutos em um aparelho não Nintendo. A função dos aparelhos Nintendo era ser o mais interessante possível para ser a sua escolha de entretenimento.

Cada minuto que você passa num sistema iOS e Android jogando Pokémon Go, é um minuto que você está fora de uma plataforma Nintendo. O fato de Pokémon Go ser um sucesso em um dispositivo terceirizado não é uma boa notícia para a Nintendo se ela deseja continuar a fabricar videogames dedicados.

Com Pokémon Go a Nintendo está competindo contra si mesma e perdendo. Pokémon Sun & Moon serão lançados para o Nintendo 3DS em 18 de novembro, e o que acontece se eles não tiverem o mesmo sucesso que Pokémon Go está tendo? Observe o novo trailer de Pokémon Sun & Moon e veja como ele é parecido com um trailer para Pokémon Go.


Quando a febre Pokémon surgiu no GameBoy pessoas andavam por aí com seus portáteis no bolso para jogar, batalhar e trocar Pokémons. Talvez caiba à Nintendo se questionar por que as pessoas não levam mais os seus portáteis com elas ao invés de simplesmente ceder aos smartphones e tablets.

Se um jogo de Pokémon fosse lançado para PlayStation 4 ou Xbox One e fizesse mais sucesso do que em plataformas Nintendo, os fãs da empresa não estariam comemorando. Porque isso significa uma derrota do hardware próprio da Nintendo. Todas as pessoas que sempre afirmam que ela deveria parar de fabricar videogames e virar uma empresa terceirizada, teriam um caso perfeito para mostrar que estão certos.

Se Pokémon Go superar Pokémon Sun & Moon, como a Nintendo poderá continuar justificando ter um hardware próprio? Sem Satoru Iwata, que era um desenvolvedor e gamer em seu coração, podemos ter certeza que o novo presidente Tatsumi Kimishima, um executivo, saberá a importância de um hardware dedicado para a Nintendo? Não ficaria ele atraído demais pelos números da magnitude de Pokémon Go?

O sucesso de Pokémon Go traz um dilema para essa Nintendo atual, desnorteada em meio a um mercado em mudança. Ela deve permanecer criando videogames ou deve partir junto com Pokémon Go para o mercado de smartphones e tablets?

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