Crash Bandicoot 4: It's About Time foi revelado recentemente em um trailer de 1 minuto e meio pela Activision e pela Toys for Bob, companhia que cuidou dos remakes dos três jogos originais e da série Spyro The Dragon. O novo jogo será lançado para PlayStation 4 e Xbox One em 2 de outubro e seguirá o estilo do Crash clássico com fases em corredores porém com uma nova temática de viagem no tempo. Vamos falar um pouco sobre por que o jogo deverá ser legalzinho, mas não excepcional como os originais.
A Toys For Bob é uma companhia competente, com alguns jogos que eu realmente gosto ou admiro, como Tony Hawk's Downhill Jam e Skylanders, porém eles não são uma Naughty Dog ou Traveller's Tales. Para não mencionar que após a aquisição pela Activision e ter sido forçada a trabalhar praticamente só em Skylanders e Remakes, as melhores mentes criativas da empresa já devem ter saído.
Como o subtítulo dá a entender a temática da vez será viagem no tempo, algo que muitas séries exploram atualmente. Viagem no tempo é um ótimo tema para criar conteúdo de maneira fácil e barata. Seu personagem está viajando no tempo e por isso ele terá contato com diversas localidades e eras riquíssimas de detalhes e mitologias, eras por si só que já são excitantes. Crash no Velho Oeste? Crash na era Mesozoica? Crash na Segunda Guerra Mundial? talvez não esse último.
Há no entanto um defeito em viagem no tempo, o mesmo defeito de quando um personagem simplesmente visita um mundo fantástico como um herói que irá salvá-lo. Você pega mitologias e conteúdos de terceiros, sem ampliar seu próprio mundo ou mitologia. Em outras palavras, enquanto Crash estiver visitando todas essas épocas interessantes, seu mundo continuará o mesmo. É um pônei de um truque só.
Um dos melhores exemplos de jogo que amplia a mitologia da série é Super Mario Bros. 3 que mostrou reinos vizinhos ao Reino dos Cogumelos. Era incrível ter um reino de deserto, um reino de gigantes e um reino nas nuvens, locais que Mario nunca mais visitou naquele mesmo formato. O mesmo acontecerá com Crash ao criar mundos que nunca mais poderá visitar.
A jogabilidade em si é como o clássico Crash, porém com alguns problemas novos. Só o fato de ser a jogabilidade clássica não seria um problema, pois há muitos anos não temos um Crash novo, porém é uma pena que não vejamos alguma evolução. Isso acontece principalmente porque a empresa que está fazendo o jogo não é a mesma que criou a série, eles não têm o DNA inicial que permitiria uma evolução natural. É possível entender as origens de uma franquia e evolui-la, porém é mais difícil.
A grande novidade aqui são power-ups, como antigravidade e desacelerar o tempo. O único problema é que esses power-ups são usados de maneira errada. Simplesmente há momentos no jogo em que você precisa deles para passar por algum desafio. Isso não é um "aumento de poder", se você não pode realizar o que precisa sem o power-up, ele é meramente uma ferramenta.
Novamente tomando Super Mario Bros. como exemplo, completar as fases de Mario com power-ups é mais fácil e a experiência de cruzar as fases com cada um deles é diferente. Como Mario pequeno você é cuidadoso e procura por um cogumelo. Como Super Mario você já tem uma garantia de poder e de ser atingido sem morrer, mas quer mais, uma flor de fogo, por exemplo. Quando está com a Flor de Fogo, foca-se em confrontar inimigos, algo que não faria se precisasse pular na cabeça deles.
Acredito que a Activision como publisher também vai interferir no nível de dificuldade do jogo, mostrando que algumas das maiores reclamações são sobre o jogo ser muito difícil e como provavelmente Spyro teve mais sucesso com o público infantil do que Crash. Posso estar errado e eles estarem convencidos que a dificuldade faz parte do que torna o jogo essencial, mas o normal é a publisher querer abaixar a barra para aumentar o público.
Crash Bandicoot 4: It's About Time até tira uma página do manual da Nintendo de coadjuvantes irritantes com uma nova máscara no lugar de Aku Aku, então seria bom se eles tivessem tirado um pouco mais de coisas legais para deixar a jogabilidade melhor. Simplesmente fazer Crash como na época do PlayStation One mas com tecnologia melhor só nos levará para algo semelhante a Crash Bandicoot: Wrath of Cortex, algo que não parecia uma evolução real e que com o tempo matou o fogo da franquia.
Durante uma transmissão para comemorar os 30 anos de Mega Man a Capcom surpreendeu os fãs com um anúncio que nunca imaginariam, a produção de Mega Man 11 para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC, agendado para o final de 2018. Após tanto tempo na geladeira o mascote da companhia voltará em uma nova aventura nos moldes clássicos, com gráficos em 3D porém com progressão em 2D como se fosse um jogo do Nintendo 8 Bits. E talvez... isso não seja o bastante?
Tantos anos sem um capítulo novo da franquia deixou os fãs de Mega Man com uma fome tremenda e Mega Man 11 promete apartá-los, porém o jogo em si não parece ambicioso. Na verdade tudo nele parece exatamente o mesmo do clássico Mega Man em 8 Bits com algumas atualizações gráficas. Há uma novidade aqui ou ali, mas o design em si parece intocado, há muito do que já vimos no Nintendo 8 Bits apenas com novos gráficos.
Isso até é agradável, o bom e velho arroz e feijão bem feito... se esse jogo fosse sair logo no primeiro trimestre de 2018, mas ele vai sair no final do ano. O tempo entre o anúncio e o lançamento está muito grande para um jogo que não parece que vai oferecer nada muito diferente do que todos os outros 10 capítulos já ofereceram antes e isso pode dar tempo para as pessoas reclamarem.
O design das fases está extremamente básico, até um pouco monótono, o que deixará o jogo não muito diferente de um Might No. 9 porém mais lento já que não possui o Dash de Becky ou de Mega Man X (A rasteira do Mega Man original não serve pra isso). Espero que não tenha tantas "One Hit Kills" quanto Mighty No. 9, mas já vimos espinhos.
Eu não sei se as pessoas irão reagir negativamente porque o design das fases não faz mais do que Mighty No. 9 fez ou se elas irão hipocritamente ignorar isso só para poder jogar mais terra no caixão de Keiji Inafune e chutar um cachorro tão morto, mas tão morto, que Stephen King poderia escrever um conto de terror sobre ele.
Felizmente Mega Man 11 acerta muito no visual, então mesmo com um design de fases parecido ele é muito mais agradável de se olhar que Mighty No. 9. É mais do que apenas uma questão de superioridade técnica, a arte foi muito bem feita e supera facilmente a de jogos como o cancelado Mega Man Universe, Mega Man Powered Up e Mega Man: Maverick Hunter X.
Os cenários usam cores mais vivas, com alto contraste que é relaxante para os olhos que têm que identificar projéteis, porque 3D não precisa ser sinônimo de cores escuras como a maioria dos desenvolvedores pensa. Mighty No. 9 por exemplo era escuro demais em vários momentos e teria sido muito mais bonito com um visual totalmente cartoon como Mega Man 11.
Como há muito pouco a se falar do jogo além do básico, vamos falar das novidades, mesmo que aparentemente pequenas. Este capítulo parece fazer uma ponte entre os jogadores mais hardcores dos jogos originais e o público mais casual atual ao focar em elementos que poderão facilitar as coisas para novos jogadores e velhos jogadores que perderam o jeito.
Para começar vimos parafusos espalhados no jogo e como recompensas por matar inimigos, isso provavelmente significa o retorno da lojinha de itens e upgrades. Eu não sou um grande fã de lojas em jogos de ação e plataforma porque acho um jeito meio barato e superficial de adicionar profundidade à jogabilidade, mas funciona até certo ponto.
A segunda novidade que deverá ganhar mais destaque com o tempo é um novo sistema de Berserk que Mega Man parece atingir. As engrenagens na parte de baixo da energia dele parecem ter algo a ver com isso, um estado temporário no qual ele parece ficar mais poderoso e provavelmente vai ajudar a matar os chefes mais facilmente.
Mega Man 11 aposta forte na nostalgia e assim como Sonic Mania deve colher alguns louros com isso, mas não é impossível que esse tiro saia pela culatra, afinal as pessoas sempre esperam mais da Capcom que de outras empresas. Ainda assim, o fracasso de Mighty No. 9 pavimentou o caminho para que o retorno de Mega Man fosse muito mais tranquilo.
Por ora não parece que veremos muita evolução. Agora era uma boa hora para termos Protoman controlável (algo que ainda pode acontecer) e ter novos elementos introduzidos na jogabilidade base da franquia, talvez usando Rush, talvez usando Bass, até Roll ou fazendo a esperada ligação com Mega Man X. Mega Man 11 não se arrisca demais e é tão confortável para nós quanto é para eles.
Super Mario Odyssey foi uma das grandes surpresas no trailer de revelação do Nintendo Switch pois contrariou a impressão inicial de que seguiria os moldes de Super Mario 3D Land / 3D World e retornou com o conceito de fases em mundo aberto para explorar, como Super Mario 64, Sunshine e até certo ponto Galaxy.
Como nós já sabemos, Mario em 3D não vende consoles, não é tão popular quanto Mario 2D e isso será um ponto negativo para o Switch. Então como essa parte está muito óbvia, vamos pular diretamente para coisas mais interessantes, sobre o que o trailer de Super Mario Odyssey nos diz com aquela destoante cidade e o que isso significa para Mario.
No Mario's Land
O choque de ver Mario em uma cidade foi muito grande, pois quase sempre o personagem está em um reino de fantasia. Por um lado eu fiquei satisfeito de ver a Nintendo arriscando e quebrando o Status Quo, porém não posso deixar de lamentar que provavelmente esta seja a direção errada para o personagem.
Este é um daqueles momentos em que parece que nada que a Nintendo faz me agrada e eu só reclamo. Se não mexer em Mario, eu reclamo, se mexer em Mario, eu reclamo. Mario está vendado e amarrado na linha do trem, eu não quero que ele fique ali parado esperando ser atropelado, mas não quero também que ele tente sair indo em direção ao trem.
O que temos aqui é uma situação que me lembra muito Super Mario Land 2. Antes de a Nintendo começar a engessar o personagem, ela fez essa versão portátil pelo diretor Hiroji Kiyotake ao invés de Shigeru Miyamoto, que é no mínimo bizarra. Mario tem poderes como orelhas de coelho, visita zonas estranhas como Pumpkin Zone e Space Zone, enfrenta inimigos como vampiros, ratos de esgoto, porcos e assim por diante.
A primeira impressão ao jogar Super Mario Land 2 é de que é um jogo divertido e que distrai, mas ao mesmo tempo que aquele conteúdo não pertence a Super Mario. A sensação é a mesma com Super Mario Odyssey, uma sensação de desconforto em relação ao que é apresentado. Não estou nem falando apenas da cidade, tudo apresentado no jogo até agora parece deslocado para o que se espera de Mario.
Entenda o trailer
Recentemente o canal GameXplain do YouTube postou uma análise sobre o trailer de Super Mario Odyssey com 1h 20m de análise para extrair o máximo de informação possível do vídeo e eles fizeram realmente um trabalho excepcional. Aqui vou tentar explicar um pouco coisas que valem a pena saber do vídeo antes de nos aprofundarmos mais e sem que você precise ficar 1 hora assistindo.
O estilo da cidade parece Nova York porém há uma grande quantidade de elementos que nos lança nas mais diversas direções. Por exemplo, a cidade é um mapa relativamente pequeno, apenas um trecho, com uma rua principal e algumas transversais, recheado com prédios para se subir. Há também andaimes vermelhos de construção, lembre-se deles.
Segundo as propagandas nas ruas a cidade se chama "New Donk City"... Donk, como em Donkey Kong. Coincidência? Nem um pouco. Durante o trailer todos os nomes das ruas e lojas são referêcias a Donkey Kong. Cada uma das ruas tem o nome de um macaco da família de Donkey Kong, como Cranky, algumas referenciam montarias como Expresso e Rambi, e há até uma rua K. Roll, como o vilão de Donkey Kong Country.
Além de Nova York a cidade é bastante semelhante também à antiga Big Ape City, uma cidade dos kongs apresentada em Donkey Kong Land do GameBoy. No entanto é possível ver em New Donk City algo que parece uma versão da Ponte do Brooklyn e até um prédio que aparenta ser uma cópia do Empire State Building.
Recentemente Shigeru Miyamoto disse em uma entrevista que acredita que Pauline, a donzela em perigo de Donkey Kong que Mario tinha que salvar, vive em New Donk City. Não se sabe com quanto de seriedade ele fez esse comentário, mas parece reconhecer que a teoria dos fãs está correta.
New Donk City não seria apenas uma cidade, mas a cidade onde Mario enfrentou Donkey Kong. Por isso há andaimes vermelhos por lá, assim como os que Mario subia para enfrentar o macaco na época. O trailer mostra quatro fases no total, duas identificadas pelos fãs, como Kogwald (floresta) e Mt. Volbono (legumes), porém a mais chocante é realmente New Donk City.
Em todas as fases parece haver uma loja chamada Crazy Cap, a qual aparentemente vende chapéus, os quais devem ser meio malucos para serem tão importantes. É possível que Mario possa adquirir power-ups na forma de chapéus nesse jogo, pois a loja conta com vários tipos de chapéu diferentes na entrada.
O trailer nos mostra também os vilões, quatro coelhos que parecem estar ajudando Bowser a raptar Peach e se casar com ela. Não é preciso ser um gênio para ver uma correlação aqui. Chapéus, coelhos... coelhos saem de chapéus... uma teoria de fã ainda vai mais longe e sugere que o chapéu de Mario, o qual aparece com olhos no trailer, na verdade tem um coelho dentro.
A Lua também parece ter algum tipo de papel no jogo porque ela é representada nas fases sempre em grande destaque, mesmo de dia, de um tamanho muito maior que na Terra. Inclusive, segundo o globo na nave de Mario, este planeta não seria a Terra. No folclore é comum essa correlação entre coelhos morarem na Lua, como em Rabbids Go Home (com os coelhos de Rayman). Outra coincidência estranha é que em Super Mario Land 2, Mario também vai à Lua.
Teorias
Infelizmente não é possível analisar o jogo só com o que já foi lançado. Tudo que sabemos é que se trata de um Mario 3D e que isso deve voltar com o sistema de resolver quebra-cabeças para obter algum colecionável. Porém há alguém novo trabalhando em Mario e está trazendo novas ideias para o jogo, o que significa que não conseguimos prever o que virá a seguir. Apesar de apreciar que eles estejam sendo ousados, eu não gosto tanto dessa nova direção.
Tendo dito isso, há um espaço enorme para teorias sobre outras partes do jogo além da jogabilidade, como seu tema e sua história. Apesar de todos os trailers até agora terem mostrado muito pouca coisa, há detalhes bem curiosos que parecem esconder coisas maiores. Cá entre nós, eu não acho que essas teorias irão de fato estar no jogo, mas acho que há algo nelas que provavelmente chega perto da verdade. Deem só uma olhada.
Alice no País das Maravilhas
Uma coisa que sempre ouvimos falar sobre Super Mario Bros do Nintendo 8 Bits é que o jogo foi inspirado em Alice no País das Maravilhas. A forma como Mario entra em um cano que o leva para um reino mágico onde ele aumenta de tamanho ao comer cogumelos é extremamente baseado no clássico de Lewis Carroll.
Porém será que o criador do personagem, Shigeru Miyamoto, se lembra disso? Como muitas de suas influências iniciais, hoje pouco de Mario ainda lembra o cássico Alice pois o personagem cresceu e se distanciou bastante de suas origens. Mas e se algum dos envolvidos, como o diretor Kenta Motokura ou o produtor Yoshiaki Koizumi, decidisse trazer essas referências de volta ao achar que elas fazem parte do personagem?
Esta é uma teoria, Mario estaria novamente recebendo influências de Alice. O dono da loja Crazy Cap não seria de certa forma um Chapeleiro Maluco? O suposto coelho no chapéu do personagem, poderia ser uma referência ao Coelho Branco da história de Alice que está sempre atrasado? "Siga o Coelho Branco"? Não é isso que Mario está fazendo ao perseguir os vilões?
Wibbly Wobbly Timey Wimey (Viagem no tempo)
Aqui as coisas começam a ficar realmente interessantes porque dá pra ver que eu não estou doido, há alguns elementos que suportam o que eu estou dizendo. O Coelho Branco de Alice no País das Maravilhas está sempre olhando para seu relógio e dizendo que está atrasado. Esta correlação entre coelhos e tempo parece ter ficado marcada desde então como algo sutil.
No filme Donnie Darko vemos uma fantasia de coelho ambulante viajar no tempo, no seriado LOST a Iniciativa Dharma tentava enviar um coelho para o futuro (por que não um rato?) e até mesmo jogos como Rayman Raving Rabbids: Time Travel e Castlevania: Aria of Sorrow, no qual o personagem Chronomage é um coelho capaz de parar o tempo totalmente inspirado no Coelho Branco de Alice.
Seria possível que os coelhos estivessem viajando no tempo e o coelho no chapéu de Mario esteja fazendo o mesmo por ele? Bom, esse é um salto muito grande de lógica, não é? Basta ver um coelho e pensar viagem no tempo. No entanto, basta prestar atenção nas pessoas de New Donk City para perceber que elas estão usando roupas de época.
New Donk City parece uma versão de Nova York, mas não qualquer versão, parece Nova York nos anos 1930. Nessa época a cidade tinha muitas obras e isso explicaria a grande quantidade de andaimes que se encontram por essa suposta versão espelhada de Nova York. Lembram-se de King Kong em 1933 que depois foi a inspiração para Donkey Kong? O período temporal se encaixa.
Outro detalhe estranho é a Lua do jogo. Não sei se isso acontece apenas por motivo estéticos, mas a Lua muda de fase de uma forma que as visitas de Mario à mesma fase em períodos de dia e noite não parecem ocorrer no mesmo dia. Como ele está passando o tempo entre uma visita e outra? Não parece provável que o jogo tenha várias luas para isso.
That's some bad hat Harry
Algo que vemos no trailer é que Bowser destrói o chapéu de Mario antes de jogá-lo para fora de sua nave. Já vimos que chapéus são o grande tema do jogo e sua importância será extrapolada. Então e se ao destruir o chapéu de Mario no passado, Bowser tivesse conseguido anular todas as vitórias do encanador? Desde Donkey Kong, até jogos mais recentes.
Isso explicaria por que Mario está em New Donk City, uma cidade que aparentemente é a mesma de seu primeiro jogo, Donkey Kong de 1981, mas totalmente dominada pelos Kongs. É como se fosse uma realidade paralela na qual Mario nunca venceu Donkey Kong e o macaco trouxe toda a família para morar na cidade.
Mas e as outras fases? O deserto seria Sarasaland de Super Mario Land, o que explicaria por que temos esfinges semelhantes aos inimigos Gaos como montaria. Mt. Volbono, a fase dos legumes poligonais seria Super Mario 2, apesar de não entender por que do visual quadradão, e a floresta Kogwald... a forma como o caminho surge subitamente poderia ser a Forest of Illusion de Super Mario World?
Talvez parte da ideia esteja certa, mas o motivo errado. Quem sabe o motivo da viagem não são chapéus, já que eles têm tanta importância? Cartolas em Nova York, Sombreros no México, chapéu de Chef na terra dos legumes, um chapéu de bruxa na floresta ou um chapéu florido para acompanhar Wiggler?
Nintendo vai falir / A Morte de Mario
Esquecendo um pouco tudo já falado, vamos voltar à New Donk City e uma cena específica do trailer. Primeiro, por que New Donk City parece estar no ano de 1930? Você sabe algo sobre essa época? Logo após a Crise de 29, a grande depressão, as perdas finaceiras eram tantas que impérios eram esmigalhados do dia para a noite... talvez como a Nintendo?
Por que estou dizendo isso? Bom, aqui as coisas ficam um pouco sombrias. Por que a Nintendo escolheu justamente os anos 30 para o jogo? Era um tempo terrível, vidas inteiras eram destruídas em segundos, os parques eram ocupados com pessoas que ficaram sem casas subitamente e principalmente por um motivo: ao perderem tudo muitas pessoas se jogavam dos prédios... exatamente como Mario faz no vídeo.
Não é no mínimo estranho? New Donk City se passa em um estado de superposição quântica no qual tanto Mario foi derrotado por Donkey Kong, o que eu imagino que não fez muito sucesso na época em que o jogo Donkey Kong foi lançado e a Nintendo faliu, como na versão em que Mario vence o macaco e a entrada da Nintendo com Donkey Kong é o início da salvação do mercado de consoles nos anos 80.
Por isso a cena corta e nunca vemos Mario tocar o chão, ele ainda não morreu e a Nintendo ainda não faliu, está tudo no ar. Tá, essa última foi um exagero apenas para ver se vocês ainda estavam prestando atenção. Mas de fato Mario aparece pulando do topo de um prédio no que parecem ser os anos 30... um pouco de falta de tato da Nintendo? Nem vou tocar no fato de que lançaram Super Mario Maker no 11 de Setembro...
Recentemente fiz uma análise em 1 minuto de Sonic Mania, o jogo comemorativo de 25 anos do mascote Sonic the Hedgehog que retorna ao visual de seus games do Mega Drive, e com base em um vídeo de apenas 1 minuto afirmei que o Level Design estava um pouco fraco. Vamos dar uma conferida por que eu mantenho essa análise até agora e como estão as novas partes do jogo.
Por sorte surgiu na internet um vídeo com um gameplay completo, gravado off-screen, das duas fases que foram demonstradas, a versão reimaginada de Green Hill Zone e a inédita Studiopolis Zone. Eu não sei se a divulgação desse vídeo foi autorizada pela Sega, então se ele sair do ar de repente, tentem não parecer muito surpresos.
Eu não vou falar sobre a versão reimaginada de Green Hill Zone pois cá entre nós, está uma reimaginação muito fraca. Boa parte dela é praticamente igual à original e as partes que parecem alteradas talvez tenham sido mal escolhidas. Em Sonic Generations vimos uma Green Hill Zone muito mais carismática apesar de reduzida, com boa parte do seu charme intacto.
Ao invés disso, eu falarei sobre a versão original de Green Hill Zone do Mega Drive. Quando a fase começa, temos uma seção levemente linear, pois obviamente a fase não pode introduzir opções de caminhos alternativos antes mesmo de começar. Observem este rascunho que eu fiz em um guardanapo. Recomendo clicar em todas as imagens do artigo para vê-las em tamanhos maiores.
O rastro azul é o caminho que Sonic pode tomar. Green Hill Zone começa extremamente calma, é basicamente o mundo 1-1 de Sonic, feito para ensinar jogadores as primeiras regras a respeito do jogo. Enquanto esse trecho é nostálgico, não é ele que torna Green Hill Zone uma boa fase para Sonic, diferente de Super Mario Bros., onde o trajeto inicial é o mais marcante. A questão é o que vem depois.
A partir daquele ponto, Green Hill Zone se divide em várias subseções, dando uma grande quantidade de escolhas para o jogador. O rastro azul pode erroneamente dar a entender que há 2 a 3 caminhos para serem seguidos por Sonic, mas na verdade há dezenas. Isso porque há várias bifurcações nas quais o jogador pode sair de um caminho para o outro, criando um trajeto diferente dos mostrados aqui.
Esses 2 a 3 caminhos são o que chamamos de Hi-Lo, uma técnica de Level Design criada por Sonic the Hedgehog. Hi-Lo é uma contração de "High" e "Low", "Alto" e "Baixo", respectivamente. Nesta técnica, as fases se dividem em camadas diferentes, algumas em cima, outras em baixo, e às vezes também no meio, permitindo que o jogador tenha variedade em seu trajeto.
O Hi-Lo não se trata apenas de dividir o caminho, mas também de instigar o jogador e dar a ele experiências diferentes. Em Sonic the Hedgehog do Mega Drive, e suas sequências posteriores, o caminho de cima era mais difícil de se alcançar, mais difícil de se manter e era também mais recompensador para quem ousasse segui-lo.
Jogadores do Master System talvez se lembrem desta mesma mecânica mal otimizada em Psycho Fox (também relançado como Sapo Xulé: Os Invasores do Brejo), já que boa parte da sua chance de se manter no caminho de cima nesse jogo era pura sorte.
Repare por exemplo que quanto mais baixo é o seu caminho em um jogo de Sonic, maior é a quantidade de espinhos nele e maior é a sua chance de morrer em abismos ou se afogar. Já se você estiver no caminho de cima, seu maior castigo é ser lançado de volta para baixo.
Ok, então estes são os motivos pelos quais Green Hill Zone era uma boa fase, certo? Só dar muitas opções de caminho ao jogador e usar o Hi-Lo para instigá-lo entre eles. Bom, não é só isso que faz uma boa fase, mas naquela época era a maior parte sim. Agora vamos dar uma olhada no começo da nova fase de Sonic Mania, a Studiopolis Zone.
Esta fase foi mapeada direto do vídeo do YouTube para o meu guardanapo, então há certas seções que eu não pude ver, as quais eu supri com rosa. Sempre que você vir algo em rosa na imagem, é uma suposição. Um rastro rosa significa que ali provavelmente tem um caminho para Sonic, mas não temos como saber com certeza.
Como a temática da fase é "estúdio/TV", há lojas de televisão chamadas Pink Bot por toda parte, com alguns monitores nelas. Nota-se também uma certa concentração de "Bumpers", aquelas bolas vermelhas com estrelas dentro que agem como se fossem bumpers de um Pinball. Eles estão agrupados para serem usados de formas diferentes de uma forma meio amadora, quase parecendo uma fase de Super Mario Maker.
Dá para ver que Studiopolis começa bem parecida com Green Hll Zone, bem calma e em boa parte linear. Há aquele pequeno trecho onde você pode subir na loja Pink Bot e depois talvez haja aquele caminho alternativo que não temos como ter certeza. Até aí tudo bem, mas o que acontece depois? Vamos dar uma olhada.
Era um guardanapo bem grande
Veja que a fase se divide, assim como Green Hill Zone se dividia, porém sem qualquer sinal do Hi-Lo. Na verdade, o caminho de cima tem mais espinhos que o de baixo e não parece ser particularmente desafiador ficar em qualquer um deles. Enquanto em Sonic the Hedgehog eram necessários pulos calculados em plataformas móveis, em Sonic Mania basta escolher e nenhum dos caminhos parece especificamente recompensador.
São apenas prédios, dessa loja Pink Bot, com andares diferentes pelos quais Sonic passa. Não há deformidades no terreno e nem um desafio muito aparente. Vale notar que eu não marquei os inimigos aqui, como em Green Hill, pois eles são poucos e espaçados demais ao ponto que não mudariam em nada o desafio.
Após esses prédios sem graça, há menos opção ainda. Há uma grande incerteza ali do lado direito, mas eu apostaria que ela é bem semelhante ao design que vemos embaixo dos prédios. Uma vez que Sonic caia naquela área demarcada onde está escrito "quebra" em referência ao chão que se parte, seu caminho é completamente linear, sem qualquer opção.
A falta de opção denuncia rapidamente um Level Design fraco
Em outras palavras, há uma área que é praticamente um corredor com 2 a 3 opções de caminho, praticamente sem diferença entre eles, e depois você é obrigado a fazer uma escolha de caminho entre duas opções, para baixo ou para a direita, onde a partir dali não há mais opção.
Quando eu disse que 1 minuto era o bastante para analisar o Level Design é porque o tipo de pensamento que cria Studiopolis não é o mesmo que cria Green Hill Zone. Assim como quando eu digo que não sei como o Sonic Team criou Sonic Colors, é porque o tipo de pensamento que eles têm não bate com o produto criado por eles, é um mistério que não pode ser explicado por mero acaso.
Para um olho treinado vários pequenos detalhes denunciam o tipo de pensamento que está sendo usado na criação de uma fase, ou mesmo de um jogo inteiro, os quais por sua vez determinam a direção que ele seguirá futuramente.
A Sega realizou uma festa para comemorar os 25 anos de seu mascote Sonic e simplesmente não existe uma festa tão bizarra quanto uma festa de Sonic. Durante o evento eles revelaram 3 jogos: Sonic Mania, LEGO Sonic em LEGO Dimensions e Project Sonic 2017. Vamos analisar cada um deles em trailers de mais ou menos 1 minuto e ver seus potenciais.
Sonic Mania
O primeiro jogo apresentado foi Sonic Mania, para o final de 2017 no PlayStation 4, Xbox One e PC. Trata-se basicamente de um novo jogo porém feito de uma maneira bem velha. Ele é todo retrô, em sprites 2D e com um visual realmente remanescente de Mega Drive, porém com alguns toques extras moderninhos, como animações extremamente fluídas.
Segundo a Sega, a promessa do jogo é trazer áreas reimaginadas de Sonic the Hedgehog 1, 2, 3 e Sonic CD, além de um punhado também de estágios novos. As versões reimaginadas serão como novas fases, porém se passando em zonas antigas, como Green Hill Zone, e mantendo alguns elementos marcantes delas. Será possível jogá-las ainda com Sonic, Tails e Knuckles.
O primeiro problema é que o jogo cai no eterno erro que sempre vemos quando reclamamos dos jogos atuais no blog: acreditar que a resposta é nostalgia. Quando falamos que Sonic 4 é fraco e nos lembramos de Sonic 1, 2 e 3 do Mega Drive, não significa que queremos revisitar os mesmos jgoos e nem que queremos um novo Sonic igual aos do Mega Drive. Nós queremos os mesmos valores desses jogos, aplicados a um novo jogo.
Apenas voltar-se para o 2D ou para o estilo retrô nunca salvou design nenhum da mediocridade. Sonic tentou voltar para o 2D com Sonic the Hedgehog 4 e ficou medíocre. Mega Man tentou volta-se para os 8 Bits com Mega Man 9 e 10, mas também não encontrou o brilho de seus jogos originais. Apenas reproduzir o visual não garante automaticamente invocar a alma desses jogos.
Não há muito gameplay para observar no vídeo, mas ao ver Sonic correndo pelas fases notei um Level Design aparentemente fraco. Sonic parece apenas ir para frente, não havia caminhos alternativos para seguir. Pode parecer exagerado julgar que o Level Sesign será fraco por algo que apenas não aparece em 1 minuto, mas na verdade é bem estranha essa total ausência de opção de caminho. Nesse caso 1 minuto é muito.
Há muitos logos envolvidos no trailer. Christian Whitehead, um famoso criador de fangames de Sonic que parece estar na área de design, a Headcannon Games, conhecida por criar engines de Sonic para iOS e Android, porém a maior parte do desenvolvimento parece se concentrar na mão da PagodaWest Games, um estúdio relativamente pequeno.
Ao observar outros jogos da PagodaWest Games, como Major Magnet, eu vi uma extrema semelhança com esse novo Sonic. Andar para frente em alta velocidade quase sem parar e quando isso ficar chato inserir algum "truque" que traz algo novo mas não necessariamente algo bom.
Isso me lembra especificamente quando a Sega criou Sonic 4: Episode 2. Os trailers não mostravam muitos caminhos alternativos e a única forma de variação de "andar pra frente" era quando você queria acessar algum lugar extra com a ajuda de um golpe especial com Tails ou ativar algum botão para fazer algo. Era monótono e óbvio, nada perto dos clássicos.
Talvez a Sega devesse ter procurado alguma companhia mais experiente, como a WayForward, ou mesmo a GalaxyTrail, que criou Freedom Planet. Não dizendo que Freedom Planet seja perfeito, mas ele me parece estar mais de acordo com a filosofia de Sonic do que esse jogo.
Sonic Mania parece um bom produto nostálgico, mas não um jogo de Sonic realmente bom. Ele parece estar no nível de Sonic the Hedgehog 4, com as partes de Sonic CD que os jogadores comuns não gostam. Para um jogo que só daqui a um ano é muita espera por algo que nem mesmo deve ser excitante.
LEGO Sonic
Durante a E3 já havia sido anunciado que LEGO Dimensions iria contar com a presença de Sonic, porém só agora foi mostrado o primeiro gameplay do personagem em sua fase. Ele virá em um pacote que acompanha um boneco de Sonic, seu carro azul de Sonic & All-Stars Racing Transformed, e o avião Tornado de Tails.
É um pouco difícil analisar esse LEGO Sonic pois ele não é nem mesmo LEGO nem Sonic, semelhante a como Super Mario 3D Land não é nem Mario 2D nem 3D. Trata-se de uma coisa nova que pode ou não ser legal e até agora me parece bastante positiva. O único problema é que todos os pacotes de LEGO Dimensions são muito curtos quando comparados a campanhas tradicionais da série.
AS partes de plataforma 2D estilo Sonic parecem lineares, mas... bem, é um jogo do LEGO, por que você espera encontrar partes de Sonic nele? Já é estranho que elas estejam lá então elas ganham pontos extras apenas por curiosidade. Um LEGO Mario seria interessante de se ver, mesmo se não fosse particularmente tão divertido quanto Mario.
Além das fases 2D aparentemente haverá outros lugares. O vídeo mostra a Emerald Beach de Sonic Adventure do Dreamcast e todo um mundo onde eu contei pelo menos 8 zonas diferentes, no qual estranhamente eu não vi Emerald Beach, então há algumas questões sobre isso ainda. Alguns outros mundos mostrados no trailer são na verdade de outros jogos, então não fazem parte da análise aqui.
LEGO Sonic em LEGO Dimensions é algo que pode realmente surpreender como algo curioso e divertido sem necessariamente ser excepcional como jogo. Porém não espere que ele seja melhor que os jogos de Sonic tradicionais, como algumas piadas na internet vão sugerir.
Project Sonic 2017
O anúncio que mais me deixou animado e que ao mesmo tempo mais me deixa preocupado é o de Project Sonic 2017, um novo jogo da série principal do personagem para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo NX e PC. Mais uma vez veremos o Sonic Moderno lado a lado com o Sonic Clássico, como em Sonic Generations, porém não parece se tratar de um Sonic Generations 2.
Seria mais fácil para a Sega começar a fazer o marketing de um Sonic Generations 2, um jogo nostálgico para comemorar os 25 anos de Sonic. Não faz sentido chamá-lo apenas de Sonic Project 2017 se a intenção fosse ser um Generations 2. Isso nos leva a crer que trata-se de uma nova história, a qual trará o Sonic Clássico de volta por algum motivo.
Algo semelhante aconteceu quando tivemos Spider-Man: Shattered Dimensions com quatro Homem-Aranhas de universos diferentes e depois apenas tivemos uma sequência chamada Spider-Man: Edge of Time focado em dois deles, o do presente e o do futuro, o Homem Aranha 2099, sem os outros dois.
Mas então, por que eu estou tão animado com esse jogo se apostar em Sonic é uma forma certa de perder? Pelo enunciado que aparece antes do trailer começar: "Do time que trouxe para você Sonic Colors e Sonic Generations".
Sonic Colors foi um dos melhores jogos recentes de Sonic e se você discordar, bem, provavelmente é porque você acha Sonic Generations um dos melhores. Independente de qual você preferir, é um jogo que será feito pela equipe que fez o melhor jogo do Sonic recentemente, uma boa fórmula para o sucesso.
Vale lembrar que há uma incógnita pendente no desenvolvimento de Sonic Colors, na qual não sabemos quem de fato fez a maior parte do jogo, pois os valores de design aplicados nele não são os mesmos da Sonic Team e também temos dúvidas se fisicamente seria possível terem produzido tanto conteúdo quanto há no jogo.
Por causa disso eu não posso afirmar com certeza que quem fez Sonic Colors vá realmente fazer Project Sonic 2017, mas eu posso torcer por isso. Assim como eu torci para que quem fez as partes boas de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds tivesse influência em The Legend of Zelda: Breath of the Wild e aparentemente teve.
A única coisa que eu não gostei no trailer foi... quase o trailer todo. Eu adoro a ideia de termos a mesma equipe de Sonic Colors e Sonic Generations, adoro a ideia de Sonic moderno e clássico juntos de novo, mas o que foi mostrado foi muito ruim.
Um mundo pós-apocalíptico, provavelmente o futuro, dominado por Eggman? Com sorte é só para estabelecer um contexto no qual os dois Sonic voltam ao passado para impedi-lo, pois esse cenário me traz péssimas lembranças de Sonic the Hedgehog 2006, o reboot que todos tentam esquecer.
Independente disso, o simples fato de termos os dois Sonics de volta e a mesma equipe já é suficiente para me fazer acreditar que podemos ter um novo clássico.
Recentemente a Playtonic Games, uma empresa composta por ex-empregados da Rareware, anunciou uma campanha de financiamento coletivo para Yooka-Laylee, um sucessor espiritual da série Banjo-Kazooie do Nintendo 64. Eles quebraram os recordes do site Kickstarter ao atingirem sua meta de £1 milhão em seu primeiro dia, recorde que era da campanha de outro jogo que já falamos, Mighty No.9.
Já fui no site do Kickstarter e apoiei com o valor mínimo para receber o jogo, por volta de £15 (R$ 70), e todos estão muito animados com o retorno do gênero. Porém, o quanto podemos dizer sobre Yooka-Laylee a partir dos vídeos iniciais? Será realmente um sucessor à altura de Banjo-Kazooie?
Foram liberados muitos trechos de vídeos diferentes, então vamos utilizar como base o vídeo divulgado pela campanha de Kickstarter e também este outro com 2 minutos que faz um pequeno apanhado das várias seções de gameplay mostradas. Apesar de não possuir todas, tem algumas das mais importantes.
Provavelmente a reação que a maioria das pessoas terá ao ver que estamos analisando o vídeo é: "Ainda está muito cedo no desenvolvimento, tudo isso ainda pode mudar". É verdade, ainda é muito cedo, muita coisa pode mudar. Por isso apenas falaremos do que não deve mudar, para evitar esse tipo de argumento.
A primeira coisa que não está legal é o design dos personagens. Yooka e Laylee é uma dupla composta por um camaleão e um morcego, respectivamente, assim como Banjo e Kazooie compunham uma inusitada dupla de urso e pássaro. A questão é que eles não estão oferecendo conexão suficiente com o público humano.
Quando pegamos um animal, um vegetal ou mesmo um objeto e atribuímos a ele características humanas, este fenômeno se chama antropomorfização (anthropos = homem). É o que dá ao camaleão Yooka seus traços humanos, ele anda de pé e tem gestos humanoides. No entanto, isso não basta para que haja uma conexão com o público.
Adicionar um par de olhos a uma pedra pode fazer você se projetar nela, sentir empatia, afinal nosso cérebro é projetado para isso, reconhecer nosso semelhantes e sermos empáticos com eles. Mas quanta empatia você consegue sentir apenas por um objeto inanimado? É o dilema do Companion Cube do jogo Portal. Em que momento a pedra deixa de ser um objeto com olhos e passa a ser um personagem que é uma pedra?
Quando nos vemos em outra criatura, é a primeira via da empatia, quando ela responde, é que se estabelece a conexão. A pedra pode ter olhos, mas ela não se expressa. Como estabelecer essa segunda via apenas visualmente? Colocando elementos que representam sua individualidade, acessórios que funcionam como se a pedra tivesse uma opinião, uma história.
Este é todo o conceito por trás do brinquedo Senhor Cabeça de Batata, acessórios que o tornam cada vez mais humano. Yooka e Laylee estão muito genéricos, sem nada que os torne marcantes. Por exemplo, Banjo possuía uma calça e uma mochila. Isso permitia que ao vermos qualquer urso vestindo uma calça e uma mochila, independente do estilo gráfico, o associássemos a Banjo. O personagem seria tão forte assim sem esses acessórios tão simples?
Um problema mais sério, no entanto, está no Level Design. Normalmente aqui no blog olhamos para a primeira fase de um jogo e podemos dizer como ele pensa, onde ele erra. Isso não é possível com Yooka-Laylee, porque a fase em questão é apenas de demonstração, ela não representa necessariamente como será o jogo. O que podemos dizer por ela então?
A única coisa prejudicial que encontrei durante o vídeo que poderá se manter na versão final é a existência de corredores artificiais. Banjo-Kazooie tinha grandes mundos com ótimo Level Design, mas Yooka-Laylee não parece ter um Level Designer que saiba o que está fazendo.
Quando o Level Design não funciona você não repara imediatamente, apenas ao jogar começa a sentir uma certa monotonia. Isso acontece porque ao invés de um mundo para explorar, o Level Designer coloca um cabresto em você e o guia pelo caminho que ele planejou. O que seria uma relação de poder onde você domina o jogo se torna uma relação de submissão, onde o Level Designer domina você.
Com o uso de alguns recursos visuais vamos observar como os caminhos de Yooka-Laylee estão cheios de corredores artificiais, espaços aparentemente abertos mas onde você acaba só tendo um caminho para seguir. Mesmo não sendo uma fase de verdade do jogo, o pensamento utilizado para criá-la ainda deverá ser usado na versão final.
Quando se começa a criar uma fase, você começa com um mundo aberto, plano, sem nada. Quando não há nada no mundo, obviamente ele ainda não é uma fase, então como você o transforma de nada, de não-fase, para uma fase? Você adiciona coisas. Mas quantas coisas? 5 árvores? 10 pedras? 2 pontes? Não existem números que digam quando aquele local deixa de ser nada e uma fase passa a existir.
Um dos dilemas do Level Designer é encontrar o equilíbrio entre o nada e coisas demais. Bons Level Designers sabem exatamente o que estão fazendo, cada coisa é colocada com uma certa função, enquanto outros menos habilidosos podem acabar colocando coisas demais por medo do nada e nunca pensam que botaram coisas demais.
Veja por exemplo a vegetação do jogo, ela foi colocada de uma forma que demonstra o medo do "nada", o medo de haver um espaço em branco entre as árvores, fazendo a fase parecer monótona. Para resolver isso foram colocados esses grandes arbustos.
Diferente das árvores, as quais você não pode atravessar, você pode entrar nos arbustos, porém eles são áreas mortas. É praticamente impossível enxergar seu personagem no meio dos arbustos (deixei fora do círculo para vocês verem) e seria incômodo enxergar qualquer outra coisa neles, como inimigos ou itens. Isso os tornam áreas inutilizáveis para o jogo pois não só não há vantagens para andar por eles como há desvantagens.
Marque então na fase as árvores que você não pode atravessar e os arbustos que não são convidativos por atrapalharem a visibilidade e o que você tem? Novamente um corredor artificial com o caminho que o Level Designer determinou como "certo", é o caminho otimizado para o seu personagem e você o seguiria de maneira monótona, pois o jogo não está incentivando você a sair dele.
Quando pegamos Banjo-Kazooie como referência vemos que o pensamento por trás das fases era algo completamente diferente do que este que está sendo apresentado em Yooka-Laylee. Quem fez o Level Design de Banjo-Kazooie não tinha medo do "nada", não há esse tipo de artifício no cenário e ainda assim você não se lembra de Banjo-Kazooie como um jogo monótono onde você ficava andando em um lugar vazio.
Ainda há muito tempo para Yooka-Laylee ficar pronto mas o jogo está um pouco sem charme, genérico demais, longe de ser um sucessor de Banjo-Kazooie, e por enquanto não tenho motivos para pensar que o produto final será diferente disso.
Mighty No. 9 é um jogo que está sendo desenvolvido por Keiji Inafune, o criador de Mega Man, após arrecadar uma grande quantia de dinheiro em uma campanha Kickstarter. Já que a Capcom, empresa que publica Mega Man, esqueceu do robozinho azul, é muito legal que Inafune tenha retomado os conceitos, criando assim a ideia de Mighty No. 9.
Esse é o tipo de projeto que eu gostaria que desse certo, que eu gostaria de não agourar, mas... que não adianta tanto assim fechar os olhos. Há várias coisas erradas acontecendo em Mighty No. 9 e a revelação das primeiras imagens do jogo, já indica isso.
O problema de Mighty No. 9 começa bem antes de ele começar a ser projetado, começa no desenvolvimento de Mega Man Legends 3 para o Nintendo 3DS, um jogo que acabou sendo cancelado pela Capcom.
Mega Man Legends 3 foi o último projeto de Keiji Inafune antes de sair da Capcom e havia uma peculiaridade nele que pode ser vista também em Mighty No. 9, participação dos fãs. Na época, jogadores podiam escolher vários dos elementos do jogo e até participar de concursos para criar designs que seriam usados na versão final, assim como ocorreu em Mighty No. 9.
Criar um jogo é muito difícil, você está tentando criar algo com uma finalidade, algo que passe uma mensagem, uma sensação, um certo prazer. Ter os fãs atuando diretamente na criação é como imaginar um cozinheiro tentando fazer uma sopa enquanto todos a sua volta decidem colocar os seus ingredientes favoritos nela.
Vejam por exemplo as imagens da versão Alpha do jogo.
Eu vou falar basicamente apenas da primeira imagem, à esquerda. Isso é da versão alpha do jogo, quer dizer que ainda estão só testando a engine, fazendo o jogo funcionar antes de qualquer coisa, como colocar cenários.
Como podemos ver, o visual do jogo tem uma pegada bem Mega Man Maverick Hunter X e talvez até mesmo Mega Man Powered Up, ambos jogos de PSP. E aqui começa o problema dele, esses jogos apesar de considerados muito bons tecnicamente, ótimos remakes com extras, não tiveram um bom resultado.
No inglês existe a expressão "Something is off", que significa mais ou menos "algo não está certo", "algo está fora do lugar" ou "algo está fora de sintonia".
O primeiro erro a ser percebido em Mighty No. 9 é um erro de principiante, a posição do personagem na tela. Jogos de ação são baseados em reflexo, mas reflexos dependem de várias outras coisas. Além de que, se você quiser que seu projeto seja jogável por um número razoável de pessoas, não poderá ter como público-alvo apenas aqueles que têm os melhores reflexos, como se estivéssemos nos anos 80.
A posição do personagem no centro da tela cria uma grande área morta atrás dele onde pouca coisa acontece, e diminui a área de percepção e surpresa, as que estão à frente do personagem. Relembre Mega Man X e pense em quantas vezes você tomou aquele míssil na cara na primeira fase.
Nossos olhos levam um tempo para entender tudo que está acontecendo e nossos reflexos para reagirem, assim como a coordenação olho-mão varia de pessoa para pessoa.
Na Área Morta quase nada acontece. Às vezes um ou outro inimigo aparece por lá ou escapa da Área de Percepção, mas é pelo menos 50% menos usada que a área da frente. A Área de Percepção é onde os seus olhos estão focados e onde eles identificam coisas que acabaram de passar da Área de Surpresa. Nesta última por sua vez, seus olhos não identificam nada.
Visualmente, levamos em média 190 milissegundos, 0,19 segundos, para perceber o que está na nossa frente. Para identificar algo em detalhes, este tempo sobe para 2 segundos. Se você está em um jogo, andando para frente, qualquer coisa que surja na Área de Surpresa só será identificado quando já estiver na Área de Percepção.
Olhando a área que sobrou, dá para ver que não há muito espaço para os reflexos agirem. Isso normalmente resolve-se aumentando a Área de Percepção e diminuindo a Área Morta.
Outro ponto que afeta os reflexos e a percepção: o contraste. Se pegarmos o Mega Man original, veremos aquele extremo contraste de cores que apenas os jogos da época do Atari e dos consoles 8 Bits podiam proporcionar. Uma vez discutia com meu amigo Lucas Brum como os gráficos simplórios de Wario Ware eram importantes para que identificássemos tudo rapidamente em seus minigames de 5 segundos.
A partir dos 16 Bits os cenários ficaram mais elaborados e passaram a mesclar-se mais aos elementos, exigindo mais do olho do jogador. Ainda assim nos 16 Bits estávamos anos-luz à frente do que temos hoje em dia. Utilizar cenários escuros como fundo, sejam eles 2D ou 3D, criando pouco contraste com os elementos do jogo.
Reparem que todos esses pontos demonstram um pouco de inexperiência da equipe especificamente no gênero "Ação", que é o gênero de Mega Man, um jogo onde saímos atirando em tudo e tentamos sobreviver. Apesar de termos que de vez em quando cronometrar pulos, ele não é de "Plataforma", o foco é todo no combate, em guardar vidas para quando precisamos e muitas vezes pulos errados têm punições como perder vidas ou energia.
É estranho. Por que a produtora Comcept, de Keiji Inafune, teria pessoas inexperientes no gênero ação? Há ainda parceria com a Inti Creates, as mentes por trás de Mega Man Zero, ótima série de jogos de ação. Porém, se pensarmos bem, a própria Inti Creates já havia dado umas escorregadas com a série Mega Man ZX e ZX Advent no Nintendo DS, exatamente quando tirou o foco da ação para exploração.
Vamos olhar de novo esta foto.
Vocês conseguem reparar algo estranho nessa foto? Em um jogo de ação ou plataforma, você pula e, ou você consegue pular, ou não consegue. "Do or do not. There is no try". Por que o personagem está se agarrando nessa plataforma interrompendo o ritmo da ação, o fluxo de eventos natural? Isso não acontece em um jogo de ação ou de plataforma. Mario não se agarra a plataformas, nem Sonic e muito menos Mega Man.
Se pensarmos em jogos da série Metroid, notaremos que esse movimento é tradicional de jogos com exploração, onde o importante é conseguir acessar novas áreas. Esse é um elemento de jogos de Aventura, mas Mega Man não é um jogo de Aventura, é um jogo de Ação. Sabe quem é um jogo de Aventura? Mega Man Legends.
Foi então que eu me dei conta de uma coisa. Mghty No. 9 tem mais a ver com um Mega Man Legends do que com o Mega Man original. Se tem uma coisa da qual eu entendo é de Mega Man Legends, ainda mais considerando as versões 2D que eu e meu bróder Godzilla pensamos em fazer. Confira as fotos abaixo e me diga se não há uma extrema semelhança.
Que fique bem claro que eu não acho que Mighty No. 9 será um jogo ruim, porém eu acredito sim que ele será mediano, o que deverá desapontar um pouco os fãs que vão esperar esse tempo todo por ele. Eu não paro de ver defeitos no desenvolvimento e com certeza isso irá afetar o produto final.
Porém, há gente talentosa trabalhando lá, como Keiji Inafune, os quais podem criar um bom conteúdo. Como comento em meu livro, o conteúdo é como uma sopa, a qualidade da sopa determina a qualidade necessária para a colher, a jogabilidade.
Se for uma sopa sem graça, um belíssimo talher de prata não melhorará o seu gosto, se for uma sopa deliciosa, você tentará comê-la até mesmo com um garfo.
A Sega anunciou um novo título de seu mascote, chamado Sonic Lost World, que será exclusivo para o Wii U e 3DS, divulgando um trailer de aproximadamente 1 minuto do jogo. Ele é o primeiro de uma série de três Sonics exclusivos para o console e sairá em 2013. Vamos analisar aqui o que já podemos ver nesse 1 minuto.
O trailer começa mal. Muito mal. Por que? Texturas de Green Hill Zone. É, a primeira fase de Sonic Lost World é novamente inspirada em Green Hill Zone, a primeira fase de Sonic the Hedgehog para Mega Drive. Isso já era um mal sinal em Sonic Generations, imagine agora que o tema não é mais esse.
Essa mania de fisgar jogadores por nostalgia está se instaurando em empresas como Sega e Nintendo e é uma bandeira de aviso sempre que surge. Você quer dizer que se esse fator nostálgico não estivesse ali eu olharia mais torto pro resto do jogo? Quanta confiança no seu produto, hein.
A segunda coisa a se perceber é uma certa influência de Super Mario Galaxy, já que tudo parece flutuar em planetoides, pequenas seções controladas pelo jogador interligadas por trampolins e arremessos involuntários. Não é das piores influências, mas não é algo que o público vá aceitar bem e prejudica o level design e o conteúdo, pois mundos flutuantes não criam um mundo com o qual o jogador possa se conectar.
Poucas pessoas sabem, mas Super Mario Galaxy tem uma taxa de rejeição imensa. Muitas pessoas ficam confusas com a gravidade do jogo, com a câmera, com os movimentos rápidos, com as transições mais rápidas ainda. E isso tudo só tende a ser ainda mais acelerado em um jogo de Sonic quando em comparação a Mario.
Há alguns mistérios sobre a jogabilidade e isso já diz muito. Se houvesse algum grande mecanismo original que usasse o controle, ele seria mostrado no vídeo, pois seria o diferencial do jogo, então podemos esperar que o Game Pad não seja muito importante no controle.
Em uma matéria antiga para o TechTudo, falei sobre alguns conceitos que poderiam ser utilizados para mudar a jogabilidade de jogos já existentes. No caso de Sonic, sugeri a possibilidade de jogar com a jogabilidade em 3D em uma tela e 2D na outra. A Sega fez quase isso em Sonic Generations e acredito que isso já seria suficiente para empolgar mais os fãs de Sonic do que qualquer outra coisa.
A possibilidade de trocar entre 2D e 3D é uma vantagem que nem mesmo Mario tem sobre Sonic, pois a diferença de seus jogos bidimensionais e tridimensionais são gritantes, realmente jogos diferentes, enquanto Sonic muda um pouco na filosofia, mas mantém muitos conceitos semelhantes.
O porco-espinho deverá ter novos movimentos, como a corridinha na parede de Prince of Persia, o que não é nada demais, como quando Sonic Adventure 2 introduziu Grind. Porém, se virmos Power-Ups será um mau sinal. Sonic Colors tinha Power-Ups e eles eram incríveis, dentro de um ótimo level design.
Sonic Lost World já mostrou que tem um level design inferior devido ao conceito de planetoides e Power-Ups introduzidos nesse conceito ficariam forçados. Como em Super Mario Galaxy 2, onde eles são para resolver quebra-cabeças e missões, não para levar o jogador a novos locais.
Os vilões da vez serão os Monstars, um time de monstros que roubou o talento dos jogadores de basquete... ou algo parecido, não sei, não prestei atenção neles. Por mais que o Dr. Robotnik esteja por trás disso, ele já não será o vilão principal e os novos vilões não deverão ser tão marcantes, o que é uma pena e afetará o valor como um todo.
Sonic Lost World será um jogo mediano e até vai agradar um pouco aos fãs de Sonic Generations, mas dessa vez não há mais tanta nostalgia para segurá-los como antes, o que vai fazer com que eles se desanimem.
A Sega vai ser pega no contrapé, pois não esperava pisar em falso logo no primeiro passo, e isso deve abalar seus planos para a série, tendo que criar novos conceitos mirabolantes para os próximos. Mais ou menos como aconteceu com a planejada série Sonic 4, e olha que essa era numerado, ou seja, da série principal.
No fim das contas, Sonic Lost World não será tão bom quanto Sonic Colors.