quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Nintendo e a arte do Tegotae


Um dos motivos pelos quais a Nintendo é uma potência no mundo dos jogos até hoje é que os seus jogos têm um algo especial, um quê de inexplicável que não se encontra na Sony, Microsoft ou normalmente em qualquer outra empresa. Parte dessa mágica é um termo japonês chamado "Tegotae".

Esse termo foi mencionado por Shigeru Miyamoto durante uma entrevista sobre o jeito especial da Nintendo de fazer jogos e deu uma canseira para seu tradutor, Bill Trinen, pois não existe uma tradução direta para ele. Vamos tentar explicar da maneira mais fiel possível o que significa.

Tegotae seria algo como a resposta que você obtém ao manusear algo com as mãos, o sentido táctil que nos videogames poderia ser descrito com quão responsivo é o controle, como qual a qualidade do elo entre o momento que você pressiona para se mover e o personagem na tela realmente se move.

Porém Tegotae não é algo tão básico como se controles são bons, é um termo que descreve se a sensação é prazerosa e convincente. Para isso os personagens precisam reagir da maneira que você espera. Aquele pequeno desenho, que no fundo é um retângulo de pixels, precisa passar a sensação de movimento, peso, aceleração.


Quando jogamos a grande maioria dos jogos da Nintendo sabemos que sua jogabilidade é realmente primorosa, uma obra-prima em movimento, seja Super Mario Bros. do NES, Super Mario 64 do Nintendo 64, Super Mario Galaxy do Wii ou Super Mario 3D Land do Wii U, sempre sentimos o controle de Mario na nossa mão, o controle se torna uma extensão.

Jogos da Nintendo são gostosos de jogar e isso se deve ao Tegotae. É algo que simplesmente aprendemos a esperar da Nintendo e talvez também seja o motivo pelo qual nos decepcionamos muito mais quando ela erra, com coisas como os bizarros controles de Star Fox Zero ou outros gimmicks para controlar jogos que acabam por ferir o Tegotae.

O curioso é que a Nintendo domina essa técnica, mas não dá realmente valor a ela. Ter meramente um jogo que é prazeroso de jogar para a Nintendo não é mais suficiente. Todos os jogos precisam ter um gimmick, um truquezinho novo para justificar sua existência, que pode ser desde uma mecânica nova, como a antigravidade em Mario Kart 8, até integração com um novo hardware, como Star Fox Zero.


Enquanto não acharem uma ideia mirabolante para cada franquia, não teremos por exemplo novos capítulos de séries como F-Zero ou Metroid. Na Nintendo mais nenhum jogo é feito simplesmente porque é gostoso de jogá-lo, todos precisam de um gimmick. É assim que acabamos com jogos como New Super Mario Bros. 2 e sua mecânica de coletar ouro que estraga o jogo.

O mais triste é que isso é um desperdício. Tegotae é um estado dificílimo de alcançar na criação de jogos, vemos isso quando olhamos para as concorrentes e ninguém realmente tem jogos em que você sente o controle na sua mão como nos jogos da Nintendo. Provavelmente você não imagina o quão difícil é alcançar o Tegotae.

Nem eu consigo criar jogos com Tegotae, pois meus controles sempre são um pouco "flutuantes" demais. Em todos os meus anos com criação de jogos provavelmente só vi uma vez tal estado ser atingido, completamente por acidente por uma pessoa que nem mesmo estava tentando ou tinha ideia do que era.

Já a Nintendo que consegue usar seu Tegotae como se tocasse algumas das mais belas sinfonias sem esforço, se recusa a fazê-lo para depois realizar um remix com dubstep.

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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Birthdays: a evolução de Harvest Moon?


Após um tempo longe da criação direta de jogos, Yasuhiro Wada, criador da série Harvest Moon (Bokujo Monogatari no Japão), está se preparando para produzir um novo título. Chamado apenas de "Birthdays" por enquanto, ele traz um conceito curioso que poderia vir a ser uma evolução da série Harvest Moon ou talvez algo completamente diferente e novo.

Jogos como Harvest Moon: Friends of Mineral Town lá do GameBoy Advance e o mais recente sucessor espiritual Stardew Valley para PC, mostram que a fórmula de Harvest Moon já atingiu seu pico há algum tempo e mesmo que as pessoas continuem curtindo jogá-lo exatamente da forma que é, a franquia como um todo pede por uma pitada de evolução.

Birthdays não diz se é essa evolução, mas é uma possibilidade que sempre se imagina ao saber que o criador de uma série está envolvido com a produção. Porém em outras vezes, como foi com Keiji Inafune e Mega Man, isso só serve para percebermos que na verdade mais pessoas estavam envolvidas naquele sucesso além do seu criador.


Ainda sabemos bem pouco sobre o jogo, mas a mecânica básica de Birthdays parece ser indireta. O destaque do jogo está na possibilidade de mexer no terreno para criar montanhas e vales. Você pode criar depressões e elas acumularão água, a qual dará vida a todo um ecosistema em volta. Talvez o termo "Birthdays" (aniversários) seja mais no sentido de "nascimentos" que você promove.

O principal detalhe que ainda não sabemos é se você tem um personagem com o qual pode interagir nesse mundo, como em um Harvest Moon, ou se ele é mais no estilo de um simulador de divindade onde você apenas fica observando do alto. O que dá pra ver por uma página da revista japonesa Famitsu é que haverá criaturas parecidas com dinossauros e outras mais bizarras.

Segundo seu criador, o desenvolvimento já está 70% pronto e ele será lançado já em 19 de janeiro de 2017 para o PlayStation 4, com uma versão jogável durante a Tokyo Game Show. No entanto, esta é uma data japonesa, não sabemos quando, ou se, iremos colocar as mãos nele no ocidente.

Atualização 25 de Agosto, 2016


Pouco depois de falar sobre o jogo um site oficial japonês foi lançado com o primeiro vídeo dele. Birthdays é como um simulador de jardim da vida onde você cuida do terreno para formar plantas e criaturas em volta. Seu objetivo é evolui-las para alcançar todas as formas de vida, desde dinossauros até a raça humana. Aparentemente o personagem interage apenas à distância, sem contato direto.

O jogo também foi confirmado para o ocidente pela Nis America, apesar de não haver uma data para o lançamento. Sem dúvida é um jogo muito simpático e que vale a pena ficar de olho.

Uma história tocante em cartas de Pokémon

Este é um artigo que eu escrevi há muitos anos para um site chamado Video Game Brasil que não existe mais e encontrei aqui mexendo em arquivos antigos. Ele conta sobre uma curiosa história de uma sequência de cartas Pokémon com um significado por trás e eu achei legal relembrá-la. Deem só uma olhada:


Uma série de três cartas de Pokémon publicadas no Japão, parte do jogo de cartas Pokémon Trading Card Game (TCG), lançou uma luz diferente sobre a franquia dos monstros de bolso. Em uma sequência de apenas três fotos, Pokémon apresentou o que uma velha piada da internet chama de: "uma história de amor melhor do que Crepúsculo".

As cartas fazem parte do pacote de expansão EX Battle Boost, lançado no Japão no início de 2013 e tendo chegado nos Estados Unidos em novembro sob a alcunha de Legendary Treasures. Elas foram publicadas pela primeira vez na internet por volta da época do lançamento japonês, no fórum nipônico 2ch.

Porém, elas ganharam uma popularidade excepcional entre o público oriental após um usuário do Twitter chamado @yoroisan, postá-las com os dizeres "泣いた", algo como "eu chorei". O post original recebeu mais de 4 mil retweets e foi favoritado 3 mil vezes.

As imagens são para as cartas do Pokémon Tepig e suas duas evoluções, Pignite e Emboar. Tepig é o Pokémon inicial de fogo nos jogos Pokémon Black e Pokémon White para o Nintendo DS, e seria o equivalente ao Charmander em Pokémon Red e Pokémon Blue para jogadores mais antigos.


A foto da primeira carta, a do Pokémon inicial Tepig, mostra uma cena simples. Nela, há uma família, com um pai à esquerda, a mãe à direita e uma criança no centro, abraçando um Tepig.


Na segunda imagem, da primeira evolução Pignite, a família começa a crescer e além do pai, mãe e o filho, agora representados mais velhos, há também uma nova filha, abraçada ao Pignite.


Na terceira carta, da evolução final Emboar, não apenas todos os membros da família são apresentados mais velhos, como o filho aparentemente já teria se casado, e os pais por sua vez, já viraram avós.

Para jogadores mais casuais da franquia, que acompanham Pokémon através do desenho animado, por exemplo, a história das cartas é bem diferente. A versão animada de Pokémon está no ar desde 1997, quando o protagonista Ash Ketchum foi apresentado com 10 anos. Mesmo após tantos anos no ar o mundo e o personagem sofreram alterações muito pequenas, aparentemente nem mesmo tendo atingido a maioridade.

Na série de jogos para portáteis, e consequentemente nos jogos de cartas, há grandes saltos na cronologia, histórias que se passam muitos anos depois dos primeiros títulos. A personagem Misty, muito presente nas primeiras temporadas do desenho por exemplo, aparecia bem mais velha em Pokémon Gold e Pokémon Silver para GameBoy Color.

As cartas levantam certas questões sobre a série que apenas são abordadas superficialmente, como por exemplo: Quantos anos de vida tem um Pokémon? Eles envelhecem como os seres humanos? O que os Pokémons fazem depois que seus treinadores morrem?

Talvez como na história contada em O Homem Bicentenário, se houvesse mais quatro ou cinco cartas, o Pokémon permaneceria sempre jovem no centro das fotos enquanto todos a sua volta envelhecem?

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Sea of Thieves pode ser o seu No Man's Sky


Uma coisa que eu sempre me lembro bem sobre a E3 2016 é como The Legend of Zelda: Breath of the Wild foi mal apresentado. Umas 6 horas de transmissão direta mostrando quantidades enormes do jogo até o nível de saturação. Até mesmo eu que adorei o jogo, achei essa forma de mostrá-lo péssima, faltou tato da Nintendo de saber mostrar seu próprio produto.

Do outro lado, Sea of Thieves, o novo jogo online da Rare para o Xbox One teve apenas alguns minutos, mas foi apresentado como se fosse um gameplay entre amigos. Um jogo pelo qual ninguém dava nada de repente teve toda a sua imagem alterada em poucos minutos. Bastou um pouco da boa e velha diversão (e claro, edição).

Infelizmente ter boa vontade do público não é suficiente para fazer de um jogo um sucesso. Há muitos defeitos no jogo e para piorar ele está no Xbox One, um console que está afundando feito pedra. Porém ele também irá ganhar uma versão para PC, o que pode ser a diferença entre a vida e a morte para ele, pois a comunidade no PC é muito mais aberta para jogos online.


Ainda assim, o que me deixa curioso é que Sea of Thieves me lembra muito um outro jogo: No Man's Sky. Em seu novo trailer revelado para a Gamescom 2016, vemos que Sea of Thieves tem muitas partes paradas, que podem até parecer monótonas para alguns jogadores, assim como acontece com No Man's Sky, porém em multiplayer.

Eu ainda não joguei o suficiente de No Man's Sky para fazer uma review completa, mas uma coisa já posso afirmar com certeza e dar uma amostra do que será dito no review: Ele é voltado para fãs de ficção científica e esse gênero sempre foi de nicho. Devido ao hype (expectativa) várias pessoas que achariam esse conteúdo desinteressante, acabaram comprando o jogo.

Alguns jogadores poderiam dizer que falta ação em No Man's Sky, como inimigos assassinos, grandiosos combates, mas o jogo nunca foi vendido sob essa ideia, ele sempre foi sobre explorar um universo semi-infinito. Porém também não é errado que você queira que o seu jogo tenha ação e por isso talvez Sea of Thieves possa ser o No Man's Sky para você que nem mesmo o próprio No Man's Sky conseguiu ser.

A temática de piratas é muito mais interessante para o público em geral do que espaço, pois como já falamos incontáveis vezes, o espaço é algo com o qual não podemos nos relacionar. O espaço só apetece a pessoas escapistas, pois é muito distante da vida cotidiana de uma pessoa comum para que ela possa se sentir conectada com aquelas situações. Por isso a ficção científica permanece um gênero de nicho.


Outro ponto negativo que Sea of Thieves possui é que ele é desenvolvido pela Rare. Lembram-se? Antiga parceira da Nintendo? Claro que sim. Há muito tempo todo o talento da Rare foi destruído e ela só vinha fazendo jogos periféricos horríveis. A Rare que conhecíamos simplesmente desapareceu devido a aquisição da Microsoft.

Porém, já tem um bocado de tempo, não é? Tudo que a Rare foi na época da Nintendo já deixou de ser e a Rare atual como conhecemos não é muito boa, mas já faz tanto tempo que ela já pode estar começando a virar alguma outra coisa. Sea of Thieves pode ser um jogo de virada para a Rare voltar a ser um estúdio razoável, apesar de eu não apostar além disso.

Da mesma forma que No Man's Sky, Sea of Thieves também não será um jogo para todo mundo e nem mesmo é um jogo para mim. Me parece que ele irá encarar os mesmos problemas com reviews negativas dizendo que ele é chato, assim como ocorreu com No Man's Sky, mas em uma escala bem menor, já que a expectativa não está tão alta. Talvez ele até mesmo seja elogiado.

Ainda assim, como eu estou me divertindo com No Man's Sky, posso imaginar pessoas se divertindo com Sea of Thieves, vendo nesse jogo uma realização melhor da ideia de exploração com ação e multiplayer.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Stranger Things como um jogo do Nintendo 8 Bits


Como eu ando fazendo pouca propaganda gratuita para o Netflix ultimamente (sarcasmo), aqui vai mais uma. Um artista chamado Matheus Bittencourt recriou uma pitadinha do seriado em uma versão Nintendo 8 Bits que me lembrou os clássicos jogos de aventura de apontar e clicar da LucasArts.

Se Stranger Things fosse traduzido para um jogo provavelmente teria que ser algo do gênero, ou algo ainda mais linear no estilo dos jogos da Telltale Games. Não se esqueçam também de dar uma olhada no Tumblr do artista se curtirem as imagens, ele tem algumas artes de Game of Thrones e também de filmes.

Caso você não tenha assistido ainda a série, relaxe, não dá pra ter spoilers por essas cenas. Mas pare de adiar e trate de ver logo, é realmente muito boa.



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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Gameplay de No Man's Sky - Episódio 4: Tatu maldito


Sim, finalmente estou jogando o aclamado No Man's Sky e irei fazer uma série de gameplays em episódios aqui para o blog, com o primeiro capítulo já disponível hoje. Eventualmente eu pretendo fazer também uma review do jogo, mas devido a sua natureza tão única, isso deverá demorar um pouco.

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para PlayStation 4 (Saraiva)

Preço: R$ 179,10






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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Os sucessores de Mônica no Castelo do Dragão


Como falamos em um artigo antigo, "Muito além do Castelo do Dragão", os jogos da Turma da Mônica que foram lançados na época do Mega Drive e Master System eram na verdade jogos da série Wonder Boy com gráficos editados para colocar os personagens de Mauricio de Sousa no lugar dos heróis. Todo o resto era igual, com exceção dos textos traduzidos e com adaptações.

"Mônica no Castelo do Dragão" era uma versão editada de "Wonder Boy in Monster Land" e "Turma da Mônica em O Resgate" era originalmente "Wonder Boy III: The Dragon's Trap". Agora que tiramos as explicações de lado, a questão é. Esses jogos estão recebendo novas versões e quem os jogava apenas como "Turma da Mônica" pode não saber disso.

O novo Wonder Boy chama-se na verdade "Monster Boy" e é uma série nova, porém ela conta com o criador original do jogo e segue basicamente o mesmo modelo, apenas com o empecilho de que eles perderam o nome oficial e agora têm que usar esse. Eles vão lançar em Janeiro de 2017 para PS4 e Xbox One, seguidos depois por versões para PC, Wii U e PS Vita. Inicialmente o jogo sairia no final do ano, mas Sony e Microsoft acharam melhor jogar pro início do próximo.

Confira o novo trailer que foi preparado para a feira de jogos Gamescom 2016 na Alemanha


Eu já havia falado de Monster Boy antes, mas não desse próximo. O clássico Wonder Boy 3, que aqui foi lançado como "Turma da Mônica em O Resgate" para Master System, irá ganhar um remake! O vídeo mostra o novo estilo gráfico, que tem traços de desenho animado que tremem, com as duas primeiras partes do jogo. No Brasil vocês talvez percebam que o dragão havia virado o Chico Bento com um bacamarte e o rato havia virado Bidu com um osso.


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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Gameplay de Abzû completo - Episódios 1 a 5

Lembram-se de Abzû? O jogo de mergulho psicodélico com uma pegada meio Journey que fiz review alguns dias atrás? Poisé, agora eu estou fazendo uma série de gameplays baseadas no jogo, a começar pelo episódio 1 (seria estranho começar por outro né).

Eu gravei o jogo inteiro do início ao fim e pretendo trazer mais episódios, os quais serão colocados aqui nesse post mesmo. Me digam o que acharam, se querem ver mais episódios de Abzû ou se querem ver outros jogos.

Atualização 12/08/20116: Ok, agora o gameplay está completo! Me digam se gostaram =)








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Review: Mario & Sonic no Rio 2016 do Nintendo 3DS surpreende na malandragem


Quando a série de jogos Mario & Sonic surgiu ainda no Nintendo Wii em 2007, ela trazia apenas um monte de minigames desecontrados que desapareciam no meio de todas aquelas coletâneas de minigames do Wii, algumas até superiores. No entanto, ela começava a esboçar uma identidade própria em sua versão para Nintendo DS.

O tempo passou, a geração dos minigames do Wii também passou, porém Mario & Sonic voltou para os jogos de Londres de 2012 com mais força em seus minigames e as coisas começaram a ficar bem interessantes. Agora dá pra dizer com certa alegria que a série encontrou o seu estilo de ser aqui no Rio de Janeiro em 2016.

Para início de conversa, de 4 em 4 anos poderíamos estar recebendo jogos super chatos e genéricos sobre os Jogos Olímpicos, mas ao invés disso vemos os dois mascotes mais icônicos dos anos 90 se enfrentarem. Por incrível que pareça, essa união dos dois para uma disputa capta muito bem o espírito olímpico, que cessa guerras e fura regimes.

100 Metros Sem Barreiras Sem Vergonha

O jogo conta com 14 modalidades principais, dentre as quais duas são mais elaboradas: Futebol e Golf. Ok, você consegue golf melhor em Mario Golf, mas futebol é só aqui. Além delas temos: 100 metros rasos, 110 metros com barreiras, salto a distância, lançamento de dardo, natação, arco e flecha, boxe, tênis de mesa, vôlei de praia, equitação, ciclismo e ginástica artística.


Todos esses eventos variam bastante em matéria de complexidade e controles, o que é bem legal para usar mais os recursos do 3DS, quase sempre esquecidos. Ha desde amassadores de botão, até minigames com a tela de toque e alguns que ressuscitam o velho espírito de Mario Party de rodar o controle.

Além de suas versões "Olímpicas", cada um desses eventos tem também uma versão "Plus", que assim como os Dream Events nos outros jogos são versões dos esportes porém com itens da série Mario e também de Sonic. Eles seriam o equivalente à Mariokartização dos esportes olímpicos.

Se tem uma coisa que a Sega ainda sabe fazer, são minigames. Ela já provou isso na época de Feel the Magic: XY/XX, The Rub Rabbits, Rhythm Thief, e Mario & Sonic não é diferente. Claro, há minigames bons e outros nem tanto, mas a experiência em geral é muito divertida. Isso é uma coisa que não tem muito no 3DS, pura e simples diversão.


Uma coisa meio chata é que os personagens são limitados para cada evento. Não faz muito sentido poder botar Bowser e Eggman para corridas... bom, talvez o Eggman, mas mesmo dentro das capacidades físicas de cada personagem há alguns que ficam de fora de certos eventos sem motivo. Não é algo que me incomode, mas talvez possa incomodar fãs de certos personagens. Pelo menos Mario e Sonic competem em todas as modalidades.

Road to Rio 2016 melhor que a de verdade

Porém, não é por apenas alguns punhados de bons minigames que eu me apaixonei por esse jogo, mas finalmente pela adição de uma campanha single player. Jogadores poderão utilizar seus Miis para se inscreverem nas academias de Mario ou Sonic e tentar ganhar a medalha de ouro nesses eventos.

Mas o melhor é que a história se passa no Rio de Janeiro, com mapas em Copacabana, Maracanã, Barra da Tijuca e Deodoro. Algum dia você já imaginou que passearia no calçadão de Copacabana em um jogo do Nintendo 3DS? Eu sem dúvida não imaginei que eles iriam por essa direção.


Trata-se de um modo RPG no qual você explora um mapa relativamente simples e treina em minigames simples que são outras modalidades olímpicas fora das 14 mencionadas anteriormente, como Badminton, Canoagem e outras. Não é nada tão complexo quanto Mario Tennis ou Mario Golf do GameBoy Color, porém é mais acessível. Há também alguns mistérios caricatos que surgem no jogo e você precisa resolver, os quais deixam as coisas mais interessantes e próximas do mundo de Mario e Sonic.

Ao vencer as provas você ganha XP para passar de nível e frutas para comprar roupas com Yoshi que personalizam seu atleta e aumentam seus atributos. Há desde roupas carnavalescas até fantasias dos personagens de Mario e Sonic. Inclusive há também do mascote Vinicius, criado pelo estúdio de animação Birdo com participação do talentosíssimo Finamore (do mundo dos milagres).

Conclusão

Qualquer um pode olhar para Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games e ver uma coletânea de minigames genérica, porém ele é bem mais do que isso. Ele é um retorno aos jogos de rápida diversão que o Nintendo DS tinha, com uma pitada de Sega clássica, uma pitada de Olimpíadas, participação de dois mascotes icônicos e uma campanha divertida para jogar caso você não seja o tipo de pessoa que curta minigames soltos.


Eu queria dar uma nota mais alta, porém confesso que vou tirar meio ponto por algo que não é exatamente relacionado ao jogo em si, mas ao fato de que ele não está disponível em português. Sério, Nintendo? Bem no meu quintal?

Nota 8,5/10

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Um Metroid, um remake e um NX


A série Metroid, que já foi considerada uma das mais relevantes da Nintendo ao lado de Super Mario e The Legend of Zelda, completou 30 anos em agosto de 2016 e para a surpresa de ninguém, a Nintendo deixou a data passar totalmente em branco.

No entanto, um fã resolveu aproveitar para lançar um fan game que ele estava desenvolvendo há anos. O nome do projeto era AM2R, sigla que significava "Outro Remake de Metroid 2" em inglês, e como o próprio nome já dizia, era um remake do jogo Metroid II: Return of Samus, lançado originalmente em 1991 para o GameBoy.

Metroid II: Return of Samus era um jogo incrivelmente profundo para o nível do portátil mas também bem pouco acessível que poderia usar muitos recursos extras, assim como aconteceu com o remake de The Legend of Zelda: Majora's Mask no Nintendo 3DS. Seria ótimo se a própria Nintendo fizesse um remake do jogo, mas já sabemos que esperar por isso dela só iria nos decepcionar.


Então após a Nintendo mostrar que não tem interesse em fazer um novo Metroid e um fã trabalhar por anos em um remake de um jogo para lançá-lo, o que ela faz? Obviamente, ela manda tirar do ar. Eu poderia estar aqui escrevendo sobre como vocês poderiam baixar um jogo bacana que relembra valores nostálgicos do GameBoy, como foi o remake Adventures of Mana no PS Vita, mas ao invés disso, estou só reclamando.

Tem quem ache que a Nintendo tem o direito de fazer o que quiser com suas franquias, porém os direitos autorais e de cópia não foram criados para autores e empresas sentarem em cima do que criam e não deixarem mais ninguém mexer, muito pelo contrário, esta é uma subversão da lei que se estendeu através dos tempos e permite absurdos.

Enquanto a Nintendo está nessa saga para retirar tudo do ar, de fangames a vídeos do YouTube, a Sega por exemplo, lida com fangames no extremo oposto, a ponto de permitir que as pessoas façam jogos com personagens como Sonic the Hedgehog e até contratar fangamers excepcionais, como Christian Whitehead, para trabalhar em seus jogos como Sonic Mania.

Para piorar, a Nintendo parece que pede para ser criticada, pois logo após tirar o remake de Metroid 2 do ar, ela posta um novo vídeo de Metroid Prime: Federation Force, um jogo bomba que os fãs estão odiando e enchendo de dislikes a cada trailer.


Ao invés de trazer uma tradicional aventura de Metroid com Samus, como foi o razoável Metroid Prime Hunters, em Federation Force você tem uma espécie de esporte multiplayer chamado Metroid Prime Blast Ball misturado com uma campanha apressada com soldados da Federação, que só foi criada devido à reação negativa dos jogadores ao fato de que era apenas um jogo multiplayer.

Pra mim, essa é a cara da Nintendo. Você quer Metroid? Vai ter um Metroid multiplayer esquisito com campanha sem Samus. Quer Star Fox? Toma a mesma história refeita pela terceira vez, com controles estranhos obrigatórios que você não pediu. Quer F-Zero? Foi mal, a gente tá sem ideias ridículas para inventar no momento, mas te avisamos assim que tivermos uma.

Dá medo de pedir um jogo pra essa Nintendo, pois os jogos vêm deformados e para muitas deles isso pode significar o fim de suas franquias ou a entrada em um hiato de 5 a 10 anos. Quando veremos outro Star Fox depois do fracasso de Star Fox Zero? Será que ainda veremos outro Metroid depois que Federation Force afundar? Faz sentido termos medo de quem deveria estar nos dando alegria?

Os únicos jogos que eu sei que continuarão sendo feitos são os que a própria Nintendo gosta, como Super Mario em 3D, The Legend of Zelda, Kirby, Animal Crossing, e mais alguns, porém se você gosta de Donkey Kong, Star Fox, F-Zero, Metroid, franquias pelas quais a Nintendo já foi conhecida, você está com azar e tem que sempre ficar com medo por hiatos ou cancelamentos.


Então eu vejo o outro lado, jogos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild que fazem tudo certo. Ultimamente eu tenho visto várias ideias minhas aparecerem em jogos da Nintendo, o que deveria ser um sinal positivo de que eles estão pensando na direção certa. Porém, eu não vejo realmente a Nintendo envolvida nos acertos que tenho visto.

Por exemplo, criar novas versões dos pokémons clássicos para Pokémon Sun & Moon foi bem legal, mas essa ideia partiu da Nintendo? Provavelmente não. O próprio conceito de Pokémon Go não veio da Nintendo, mas da Niantic. Até mesmo a forma como o novo Zelda acerta não parece ter a ver com Miyamoto ou Eiji Aonuma, mas com alguém na equipe que parece saber o que está fazendo (talvez o mesmo cara de The Legend of Zelda: A Link Between Worlds?)

Às vezes as pessoas me dizem "Devemos ficar animados pelo Nintendo NX, a Nintendo está mudando", com base nesses acertos isolados. Eu sou o primeiro que gostaria de acreditar nisso, eu adoraria ver a Nintendo mudar e me fazer comprar um NX, porém eu não vejo evidência suficiente para essa mudança. Eu não vejo a humildade que precede a mudança.

Por exemplo, recentemente o presidente da Nintendo da América, Reginald Fils-Aime afirmou sobre o fracasso do Wii U: "Quando lançamos o Wii U, perdemos a oportunidade de seremos claros sobre o conceito, de mostrar suas capacidades e o que os usuários poderiam fazer. E isso nos feriu (...) o que nos agrada mais é que o Wii U tem os jogos com as melhores reviews e avaliações de fãs".


Em outras palavras, a Nintendo não acredita que errou com o Wii U, ela apenas não mostrou suas incríveis capacidades direito. Na verdade ela está muito satisfeita com os jogos que fez nele. Você acha que alguém admitiu que Star Fox Zero não estava bom o bastante? Claro que não, Miyamoto até afirmou que se pudesse, esse é o jogo que gostaria que as pessoas dessem uma segunda chance. "Ah, mas quem falou foi o Reggie, não a Nintendo", ele fala pela Nintendo, além do fato que a NoA é apenas um marionete da Nintendo do Japão, nada é falado lá sem passar antes pela matriz.

A Nintendo que eu vejo é essa, arrogante, que se recusa a dar os jogos que queremos, não reconhece que errou com um videogame desinteressante, nunca reconheceria que errou e fez um jogo ruim, que nem mesmo queria lançar Xenoblade Chronicles no ocidente, que nunca lançou Mother 3 em inglês, que tira jogos baseados em seus personagens do ar e disputa vídeos do YouTube por centavos de AdSense.

É uma Nintendo que não entendeu o legado de Satoru Iwata; que acredita que "Please Understand" é uma ordem e não um pedido de desculpas.

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PlayStation 2


Syphon Filter Dark Mirror (Americanas)
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Não, você não leu errado, é um jogo original de PlayStation 2 por menos de 3 reais. Syphon Filter Dark Mirror é um jogo bacana de ação vindo do PSP e que sinceramente, por esse preço eu não vejo por que não comprar.
PlayStation 4


Doom (Submarino)
Preço: R$ 134,90

O novo Doom está em promoção e esse preço está realmente muito bom para um jogo recém-lançado. Se você quer tiroteios sem pensar muito, com direito a muita violência, Doom cobre bem essa necessidade.
PlayStation 3

Injustice: Gods Among Us (Shoptime)
Preço: R$ 49,90

Outra pechincha é a versão de PS3 de Injustice, a qual traz também a animação Liga da Justiça: Legião do Mal (pra tirar o gosto ruim da boca dos filmes da DC). O jogo tem uma campanha bacana de realidade alternativa que vale a pena mesmo que você não pretenda jogar multiplayer depois.
Xbox 360

Hora de Aventura - O Segredo do Reino sem Nome (Walmart)
Preço: R$ 69,90

A maioria dos jogos de Hora de Aventura são surpreendentemente bons e constantemente invocam valores de séries como The Legend of Zelda e outros jogos dos anos 80. São uma boa pedida para crianças, mas às vezes podem ser um pouco difíceis, como os jogos daquela época.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Qual o segredo de Five Nights at Freddy's?


Hoje Five Nights at Freddy's completa 2 anos e eu não sei se parece que foi ontem ou se parece que foi há uma eternidade que a série surgiu. Desde o seu lançamento, Five Nights at Freddy's (FNAF para os íntimos) teve um sucesso estrondoso, vários jogos lançados um atrás do outro, seguidos por uma legião de haters que odiavam o jogo, seu criador e o próprio sucesso que ele estava fazendo.

É fácil odiar o sucesso, mas a verdade é que Five Nights at Freddy's o mereceu. Seu criador, Scott Cawthon, já havia tentado diversos tipos de jogos antes e todos eram horríveis. A maioria deles eram jogos infantis, ironicamente. Porém, seus personagens que deveriam ser bichinhos fofinhos pareciam bonecos sem alma... acho que não preciso dizer onde isso vai, né?

O famoso crítico Jim Sterling fez review de um dos jogos de Cawthon, ressaltando como a qualidade era baixa e esse fator acidentalmente macabro dos personagens. No início Cawthon ficou bastante deprimido, mas depois usou essa crítica a seu favor para criar Five Nights at Freddy's, um jogo no qual bonecos animatrônicos ganham vida durante a noite.

A subversão de valores é um dos básicos do gênero de terror. Transforme coisas inocentes, alegres e seguras em coisas macabras, depressivas e perigosas. Pense em quantas vezes você já viu isso em jogos e filmes de terror com bonecas, cachorros, crianças, bebês, quanto mais inofensivo antes, melhor será o contraste quando você o subverter em algo aterrorizante.


No entanto, apesar de os personagens serem um bom toque, o verdadeiro segredo de Five Nights at Freddy's está na evolução do gênero de terror para uma nova geração. Qualquer um que olhe para o jogo, pensará que ele é muito simples quando comparado aos Resident Evils e Silent Hills da nossa época, porém observe o que ele representa.

Jogadores encarnam o papel de um vigia noturno, sentados em uma cadeira olhando para telas, "zapeando" entre elas como se fossem canais de TV para ter certeza da posição dos animatrônicos. Se pensarmos bem, esse é o perfil atual dos próprios jogadores. São jovens sentados olhando para uma tela no papel de um personagem sentado olhando para uma tela. Quando um animatrônico salta da tela, ele não está atacando o segurança, ele está atacando você.

Enquanto a maioria dos jogos é sobre dar poder ao jogador e fazer ele se sentir bem ao usar esse poder, o gênero de terror é exatamente o contrário. Se o jogador se sentir poderoso, ele não sentirá medo, então você precisa tirar o poder dele, deixá-lo fraco e sem controle da situação. Por isso muitos jogos de terror têm personagens lentos e com pouca capacidade de combate.

Agora, o que poderia ser mais agoniante do que um personagem lento frente ao perigo? Isso mesmo, um personagem parado. Acidentalmente Scott bateu em um passo acima na escala do gênero de terror ao apresentar um jogo em que você está totalmente indefeso, esperando o momento de ser pego, não uma questão de "se", mas "quando".


Há também uma pitada do que torna Atividade Paranormal um sucesso tão grande, os momentos de normalidade. Filmes de terror muitas vezes caem no erro de manter uma atmosfera tensa o tempo todo, quando às vezes é necessário contraste. Se você estiver sempre tenso, eventualmente os sustos pararão de ser uma surpresa. É preciso voltar ao mundo comum constantemente para assustar de novo com o sobrenatural.

Por último, além de todos esses bons fatores de terror, Five Nights at Freddy's ainda tem uma boa história de fundo. Normalmente sempre falamos que jogos devem ter o mínimo de história, mas não é porque somos contra histórias, somos contra elas atrapalharem o jogo. Em FNAF a história é completamente discreta, escondida para jogadores que a quiserem desvendar, porém não obrigatória.

Uma das coisas que se nota em uma boa história é que ela redefine palavras e expressões simples. Se você assistiu o seriado LOST, as palavras "Escotilha", "Outros" ou "Ilha" significam algo bem diferente para você. Em FNAF a mera menção de expressões como "O Homem Roxo" ou "A mordida de 87" é capaz de deixar fãs arrepiados.


É muito fácil odiar a série apenas por odiar e após o bizarro RPG Five Nights at Freddy's World, ela já perdeu bastante força, porém isso não significa que não possa voltar ao auge. Um novo jogo chamado Sister Location está planejado para outubro, e supostamente ele retornará aos moldes de terror. Sente, olhe para a tela e faça um esforço para ver o que tornou Five Nights at Freddy's um sucesso.

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O céu está lindo hoje e ele não é de ninguém


Hoje é o lançamento de No Man's Sky no PlayStation 4 (versão PC sai dia 12), um jogo que eu acompanhei de perto com muito interesse devido a sua grande ambição e também que eu fiz pré-venda para não perder nenhum momento do fenômeno. A todos os passos dessa trajetória havia o risco de me decepcionar, mas sabe do que mais? No Man's Sky valia a pena.

Não é sempre que temos um jogo como esse, que sacode as estruturas dos jogos. O último que vi foi Minecraft e foi bom participar de todo o fenômeno, do início ao fim. Hoje pode ser o fim de No Man's Sky se o público decidir que toda a expectativa gerada não valeu o produto final. Como disse no outro artigo sobre A Queda de Reichenbach, ninguém quer ver o mediano, ou 8 ou 80.

Boa parte do que me dá tanta confiança para arriscar em um jogo que pode falhar é o seu criador, Sean Murray, sempre humilde e animado com as possibilidades de seu jogo. E esta é a mensagem que ele escreveu no kit de imprensa de No Man's Sky que foi enviado para os principais veículos do mundo dos jogos:

Seu universo espera 

Eu me sinto mal escrevendo isso.
Você está para jogar No Man's Sky e eu não sei o que você vai pensar.
Eu sei que estou orgulho dele, estou incrivelmente orgulhoso do pequeno time que está fazendo um jogo numa escala que nunca foi feita antes. Às vezes eu posso piscar os meus olhos e ver que estamos gerando planetas inteiros, sistemas solares, galáxias, eum um PS4, e ver que talvez isso possa ser uma parte de como os jogos são feitos no futuro. 
Às vezes eu posso deixar eu me sentir orgulhoso porque o nosso jogo independente estará em lojas. Que temos um kit para imprensa! Que você sequer esteja tomando tempo para jogar o nosso jogo, quando talvez não tenha jogado nossos títulos anteriores. 
Eu sei que eu já vi jogadores de teste serem totalmente consumidos pelo nosso universo... mas eu também vi pessoas se sentirem perdidas. Eu já vi crianças saídas de Minecraft serem consumidas, e eu já vi outras se sentirem perdidas. Eu não sei se nós algum dia conseguiremos alcançar a expectativa que geramos, às vezes intencionalmente, mas não frequentemente. 
Eu sei que minha memória mais forte de crescer no interior da Austrália é ver as estrelas à noite e me sentir sobrecarregado. Lendo ficção científica e desejando que eu pudesse escapar para aqueles mundos. Se por um pequeno momento eu puder fazer algumas pessoas sentirem que elas entraram através da capa de um livro de ficção científica, ou pensar brevemente sobre o tamanho do universo... então eu estarei feliz com isso. 
Muito obrigado por tomar um tempo para jogar.
Eu aprecio isso. Espero que goste. 
Sean

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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Suda 51 e o Caso Prateado


Não deve ser segredo pra ninguém que eu sou um grande fã do diretor japonês Goichi Suda, apelidado de Suda 51, devido ao seu estilo peculiar de fazer jogos e estamos aqui para falar do primeiro jogo feito por ele: The Silver Case, um jogo que nunca antes havia sido lançado no ocidente e agora tem a demo de uma versão remasterizada em inglês disponível no Steam antes do seu lançamento no final do ano. Clique aqui para baixá-la.

Todos os jogos de Suda têm um forte toque artístico e uma história complexa e profunda, elementos os quais normalmente eu não gosto, mas que abro uma exceção para Suda 51. A maioria dos jogos tenta passar essa imagem de que são especiais porque são artísticos mas no fundo são só presunçosos. Não é o caso aqui.

Uma comparação que costumavam fazer é que Suda era o Quentin Tarantino dos games, e isso explica também por que eu só dou esse passe livre pra ele. Enquanto é bacana ter um Tarantino, não seria nada legal se de repente todos os diretores tentassem ser como ele, Suda já provou sua qualidade e sabe ser único, ele mereceu o direito de ser assim.


The Silver Case conta a história de dois detetives que estão investigando uma série de assassinatos que podem vir a ser o retorno de um famoso serial killer, Kamui Uehara. Ele ficou conhecido pelo que eles chamam de "o caso prateado", onde ele matou uma série de oficiais do governo 20 anos antes dos acontecimentos do jogo.

Porém, é bom esclarecer uma coisa. Todos esses elogios não significam que eu ache que você vá gostar de The Silver Case. Na verdade eu não tenho nem cereza se eu gostaria. Ainda assim, sempre vale a pena dar uma olhada em um jogo de Suda 51 e conhecer seu trabalho, pois não se é mais o mesmo depois disso.

Onde encontrar cada tipo de pokémon em Pokémon Go


Essa foi uma matéria bem legal que eu escrevi para o TechTudo e recomendo que quem esteja jogando Pokémon Go dê uma olhada para conferir onde cada tipo de Pokémon pode aparecer no jogo.

É bem útil quando você já sabe os tipos de Pokémon que está capturando nos arredores e pode comparar com a lista de cada local para saber que tipo que está aparecendo no local e quais outros do mesmo tipo você ainda poderá encontrar por ali.

Ironicamente eu descobri que um rio subterrâneo passa pela minha casa e deságua lá na Baía de Guanabara e por isso estamos com uma certa infestação de Poliwags e Squirtles por aqui.

domingo, 7 de agosto de 2016

Come play with us


Aladdin vs. Aladdin


A loja digital Good Old Games (GOG) relançou três jogos clássicos de plataforma da Disney para PC: The Liong King (O Rei Leão), The Jungle Book (Mogli - O Menino Lobo) e Aladdin (Aladdin... duh), os quais antes eram incompatíveis com sistemas operacionais mais recentes. Os preços estão salgadíssimos, US$ 9,99 cada ou US$ 29,97 em um pacote com os três.

A maioria das pesssoas jogou esses clássicos na época do Super Nintendo e Mega Drive, os quais eram basicamente os mesmos em ambos consoles... exceto por Aladdin. A versão relançada para PC pelo Good Old Games de Aladdin é a mesma do Mega Drive, não a do Super Nintendo. É uma pena que o GOG não conseguiu... a melhor versão. #Polemik

Talvez vocês não saibam, mas existe uma longa rixa desde os anos 90 entre jogadores do Mega Drive vs Super Nintendo, sobre quem tem a melhor versão de Aladdin. Boa parte dos jogadores defende que a versão do Mega Drive é superior, com seus belos gráficos, enquanto poucos defendem a do Super Nintendo, porém ainda assim a versão do console da Nintendo costuma ser a mais lembrada.

Existe na verdade uma ótima história sobre Game Design para ser contada por trás dessa disputa e é isso que vamos explorar a seguir.


Normalmente a versão do Mega Drive recebe muito elogios porque seus gráficos são realmente ótimos para a época, com direito a animações bastante detalhadas e personagens grandes, um legado de Emirin desde Castle of Illusion. Enquanto no Mega você via bem o rosto de Aladdin, com expressões visíveis, no Super Nintendo até mesmo a cabeça do Abu é maior que a do Aladdin.

Porém, além do fator visual, o que mais essa versão tem para ser considerada melhor? Ela tem mais ação, pois na versão do Mega Drive deram a Aladdin uma espada e isso deu um foco maior para o combate. No entanto, isso é uma certa subversão do personagem, pois Aladdin é mais um acrobata como no Super Nintendo do que um guerreiro como no console da Sega.

É aqui que precisamos esclarecer o primeiro detalhe. Os jogos de Aladdin são de gêneros diferentes. O do Mega Drive é um jogo de ação, no qual importa mais a ação que você realiza, como atacar. Enquanto o do Super Nintendo é de plataforma, em que o foco está nos saltos precisos. Não podemos criticar um por falta de saltos nem o outro por falta de ação.


Isso também significa que não é possível compará-los diretamente um contra o outro, é preciso medir cada um de acordo com as qualidades apresentadas por cada gênero e então decidir qual deles alcançou um patamar maior dentro dele. E obviamente a resposta para isso está no design dos jogos.

A primeira coisa que se sobressai a respeito do Aladdin de Mega Drive é que ele é na verdade um jogo de PC e Amiga desenvolvido pela Virgin Interactive, algo que poucos sabiam na época. Como tal, ele carrega cultura de PC nele, a qual veremos daqui a pouco. Já o Aladdin de Super Nintendo foi criado pela Capcom, uma empresa com muita experiência em fliperamas e cultura Arcade. A diferença entre ambas as empresas e culturas por sua vez é carregada para o jogo.

Agora olhem que coisa legal. Normalmente vocês têm que aturar meus desenhos feitos em guardanapos, mas dessa vez nós temos um game design original da época dos 16 Bits para usar como documento de estudo. Eu alterei um pouco para melhorar a visibilidade e remover setas que eram de acessibilidade, mas que não significavam caminhos alternativos, para deixar setas apenas que simbolizem caminhos que podem ser tomados no jogo.


Ambas as versões de Aladdin são lineares, quase não há caminhos alternativos e tão logo eles se ramificam, voltam a convergir logo depois. Para um jogo de ação isso não é tão problemático quanto em um jogo de plataforma, pois o desafio é ficar vivo contra inimigos, como em Mega Man.

O que é um problema, no entanto, é a falta de alguma forma de "crescimento" no personagem. Aladdin começa e termina com as mesmas habilidades, sem nunca aprender nada novo nem ganhar power-ups durante as fases. Se pensarmos em Mega Man, ele ganhava novas armas e Mega Man X até uma armadura. Mesmo se procurarmos um estilo de jogo mais próximo, como Strider, vamos ver power-ups para a espada, algo que é tradicional da cultura arcade.

Já no Super Nintendo, há poucos caminhos alternativos para um jogo de plataforma, porém ele utiliza ironicamente a técnica Hi-Lo de Sonic the Hedgehog para distribuir bem recompensas entre o caminho de baixo e o do alto, como falamos em "Sonic Mania & os altos e baixos do Level Design". Porém a maior diferença é um pano que Aladdin utiliza para planar, o qual facilita a vida do jogador e permite alcançar alguns lugares. A experiência difere ao ter ou não o pano para ajudar.


O Aladdin de Mega Drive opta por uma abordagem mais agressiva que coloca uma arma na mão de um personagem que não é violento e como é de costume para um jogo da cultura PC, gráficos bem mais bonitos, mas também uma progressão bem mais linear onde só há uma forma de passar pela fase.

Já o Super Nintendo traz uma versão não só mais fiel do personagem como dá ao jogador mais liberdade para escolher o que fazer. No Mega Drive você precisa obrigatoriamente vencer inimigos para passar, mas no Super Nintendo você pode evitá-los, o maior desafio é alcançar locais mais altos para obter maiores recompensas.

A versão de Aladdin do Super Nintendo é um jogo de plataforma melhor do que o Aladdin de Mega Drive é um jogo de ação, porém tratam-se de jogos tão diferentes que eles podem coexistir em paz, diferente dos fãs dos mesmos. Como o Aladdin do Super Nintendo não foi relançado para PC, você pode jogá-lo em emuladores online como Game Oldies, Emulator.online, Nintendo Emulator e tantos outros.

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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O que Pokémon Go perdeu para chegar ao Brasil


Pokémon Go finalmente foi lançado no Brasil após um longo período de espera e a galera já está se divertindo aos montes enquanto seus celulares não são roubados. Porém, há um detalhe que talvez nem todos saibam, o jogo que foi lançado aqui no Brasil não é exatamente o mesmo que o resto do mundo vinha jogando esse tempo todo.

Assim como o meu salário que morre na alfândega, Pokémon Go teve que deixar algumas coisas para trás para poder atravessar as fronteiras e chegar ao Brasil. Se você está curtindo o lançamento do jogo, provavelmente reparou que os servidores aguentaram o tranco, isso porque houve mudanças no jogo.

Essas coisas que foram removidas ou alteradas são exatamente o que estão fazendo o público do resto do mundo estar zangado com a produtora Niantic, como falamos no artigo "Pokémon Go & A Queda de Reichenbach". Vamos dar uma conferida no que o jogo perdeu para chegar ao Brasil.

Aparentemente a prioridade da Niantic era aliviar os servidores dela, pois desde que o jogo lançou ele sofria de instabilidade constante. Isso aconteceu porque inicialmente não era previsto todo esse sucesso do jogo. Se eles não conseguiam manter o serviço estável em um país, imagine ficar planejando lançamento em outros.


Alguns fatores devem ter apressado o lançamento do jogo no Brasil, como o hackeamento da conta do CEO da Niantic, John Hanke (@johnhanke), que não foi algo muito legal, mas que deve ter feito a empresa priorizar o povo #HueBR. Porém, de nada adiantaria se os servidores continuassem congestionados.

A solução veio na atualização de número 0.31.0 de Pokémon Go. Estranhamente ela não adicionava coisas ao jogo, removia. Foi removido o sistema de "Pokémons próximos" que estava bugado mesmo, o sistema de economizar bateria e foram alteradas a frequência de atualização do mapa e a chance de captura de pokémons.

A maioria dessas alterações parece pequena, mas foram elas que permitiram o lançamento de Pokémon Go no Brasil. Não vou falar do sistema de economizar bateria, pois obviamente este não afeta o jogo em nada, porém o sistema de "Pokémons próximos" talvez fosse um dos mais problemáticos.

Pokémon Go não traz exatamente a programação mais otimizada possível, ele fica checando informações o tempo todo e isso causa muito estresse ao servidor. Muita coisa que poderia ser feita em Client Side, é feita Server Side, apenas porque o jogo foi projetado sem pensar muito nesse lado de poupar o servidor.


Uma explicação rápida para leigos, quando falamos de jogos online, existem dois lados: O Server Side, é o lado do servidor, bancado pela Niantic com certos custos, que mantém informações seguras e permanentes sobre o jogo. O outro lado é o Client Side, é o que acontece no seu celular, como o processamento dos gráficos e todos os sistemas do jogo em tempo real, até que alguma informação precise ser gravada.

Em outras palavras, o sistema que detecta se há pokémons próximos de você, fica pedindo informações sobre isso ao servidor quase que o tempo todo. Imagine milhões de pessoas pedindo por essa informação ao jogo quase o tempo todo. Não é de se surpreender que ele fique sobrecarregado.

Uma das coisas que Pokémon Go poderia fazer se fosse otimizado é baixar um mini-mapa de informações sobre o local onde você está jogando, com todos os dados sobre Pokémons próximos calculados Client Side, não Server Side.

Talvez o medo da Niantic é que pelas informações estarem no celular as pessoas trapaceassem e alterassem os dados de quais pokémons existem naquela região, mas ela poderia simplesmente confirmar em uma lista se o pokémon capturado bate com os da região, ao invés de deixar a localização de todos os pokémons no seu servidor.


Ironicamente, o sistema de detecção de pokémons próximos de Pokémon Go nem mesmo funcionava. Todos eram mostrados como a "3 patas" de distância, no que ficou conhecido como o "bug das 3 patas". Para contornar o problema jogadores criaram seus próprios Apps de localização para indicar a proximidade dos monstros, como PokéVision.

Na última atualização a Niantic não apenas removeu o sistema de proximidade por completo, como ainda bloqueou a ação de Apps terceirizados. Isso é uma das coisas que deixou os fãs bem irritados com o jogo, pois agora simplesmente não há como saber quais pokémons estão perto de você.

A segunda grande alteração foi na frequência de atualização do mapa. Antes a cada 5 segundos o seu mapa de Pokémon Go era atualizado e assim você saberia se havia algum pokémon no local. Agora a frequência é de 10 em 10 segundos, o que pode não parecer nada, mas é na verdade gigante.

A mudança de 5 para 10 segundos significa 50% a menos de requisições ao servidor. É como se metade dos EUA parasse de pedir informações ao servidor da Niantic. Começando a entender onde o Brasil entra nisso? Todo esse potencial livre significa que o jogo poderia receber 50% novos jogadores.


A frequência de atualização alterou pouco o jogo para quem se aventurava a pé, porém mudou bastante sobre rodas. Para quem jogava Pokémon Go de bicicleta, skate, carro, ônibus ou metrô, 10 segundos podem significar passar completamente por áreas com pokémons esperando para serem capturados. Mas talvez o jogo não tenha sido feito para jogar sobre rodas, é um argumento válido.

Então vem a terceira mudança, a que provavelmente causará mais problemas. A taxa de captura dos pokémons foi alterada de forma que está mais difícil capturar os monstrinhos. Agora aproximadamente 1/3 dos encontros com pokémons acaba em insucesso, pokébolas gastas à toa e um pokémon que foge sem ser capturado.

Isso também é uma questão de servidor, pois toda vez que um pokémon é capturado, a informação precisa ser gravada no servidor, Server Side. Se as informações ficassem guardadas no celular, Client Side, seria fácil alterá-las. Com 1/3 a menos de capturas, mais uma vez o sistema é aliviado e permite a nós brasileiros capturar pokémons também.

Há no entanto um problema ético aqui. Pokébolas são recursos vendidos através de microtransações com dinheiro de verdade no jogo. Um aumento na dificuldade para capturar pokémons força jogadores a gastarem mais para obter o mesmo resultado. Isso não caiu muito bem com os fãs.


Uma coisa simples que a Niantic poderia ter feito é nos dar a opção de enviar o pokémon capturado diretamente para o professor em troca de doces de imediato, sem guardá-lo e portanto poupando mais uma tarefa para o servidor.

Novamente, dá pra entender por que os jogadores do resto do mundo estão frustrados por perder alguns elementos do jogo, mas não dá para entender tamanho ódio. Essas mudanças provavelmente poderão ser revertidas no futuro quando as coisas estabilizarem

Aqui no Brasil o jogo acabou de chegar, então não estamos nessa vibe negativa, mas nos faz pensar se estaríamos dispostos a perder jogo pior por aqui para que mais países jogassem.

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Super Smash Bros. reimaginado como arte Maia


Se tem uma coisa que eu curto são reimaginações dos personagens clássicos em arte, é uma coisa que eu estou sempre ligado para postar aqui no blog caso alguém também goste. Estas foram criadas pela artista Sita Navas do RetroNerdStudio, e além de fazer essas coisas para exibir na internet ela também os vende no Etsy por valores de um pouco mais de R$ 16

Além da linha que mostra vários dos personagens de Super Smash Bros., alguns impressos em painéis de madeira, ela tem também algumas artes isoladas bem bacanas, como uma de Metroid, outra de The Legend of Zelda: Ocarina of Time, seguida por uma de Majora's Mask e ainda uma de Pokémon, essas mais caras por mais de R$ 50. Deem só uma olhada.