sábado, 7 de março de 2015

Review: The Legend of Zelda: Majora's Mask 3D


The Legend of Zelda: Majora's Mask 3D é o mais novo remake da série a chegar ao Nintendo 3DS. Lançado originalmente para o Nintendo 64 nos anos 2000, Majora's Mask é uma sequência direta de Ocarina of Time, mantendo boa parte da estrutura do game, mas ao mesmo tempo alterando-o por completo, criando algo que não parece com The Legend of Zelda.

Tudo começa. Onde? Termina

A história de Majora's Mask começa logo depois que Ocarina of Time termina, após o vilão Ganondorf ser derrotado e Link voltar a ser criança. A fadinha Navi que o acompanhou durante toda a aventura anterior desapareceu após ele completar seu destino e Link decide partir em busca dela. Como presente de despedida, a Princesa Zelda o presenteia com a Ocarina do Tempo.

Montando em sua égua Epona, Link procura em todos os cantos de Hyrule, quando por azar ou destino cruza o caminho com Skull Kid, uma criatura travessa que rouba a Ocarina de Link, monta seu cavalo e foge para outro mundo, chamado Termina. Ao persegui-lo o herói é transformado em um Deku Scrub, uma criatura da floresta.

No one cared who I was until I put on the mask

Eventualmente Link retoma sua forma e descobre que há uma força corrompendo o Skull Kid, a Majora's Mask, uma máscara maligna que pretende fazer a Lua colidir com Termina em 3 dias. Usando a Ocarina do Tempo, você precisa reviver esses mesmos três dias várias vezes até achar uma forma de impedir a catástrofe.

Diferente de Ocarina of Time, que era um mundo vivo e vibrante, Majora's Mask tem uma atmosfera pesada, depressiva e sombria. Não há muito espaço para bom humor quando a Lua vai cair na sua cabeça em alguns dias. Alguns personagens estão em negação, outros claramente nervosos e isso afetará também sua jornada.

Dia da Marmota

Se você já viu o filme "Feitiço do Tempo" (Groundhog Day) com Bill Murray, sabe exatamente o que esperar de Majora's Mask. Neste filme, um personagem fica preso eternamente em um looping de tempo, vivendo o mesmo dia, até começar a usar as informações que tem sobre os eventos de cada dia a seu favor. Ele sabe a hora que cada coisa irá acontecer, podendo evitá-las ou se aproveitar delas.

Para Link tentar evitar a queda da Lua, precisará da ajuda de gigantes que moram em 4 templos ao redor da cidade e para conseguir acessar esses locais precisará passar por uma série de eventos, ajudando as pessoas a resolverem seus problemas. No segundo dia você ouviu que houve um roubo no primeiro dia? Volte no tempo e impeça o roubo, e assim por diante.

Não importa o que ele diga, não coloque a mão na caixa

O foco em Majora's Mask está na interação com personagens, seguindo suas rotinas e tentando encontrar uma forma de ajudar. O maior defeito do jogo é que ele é muito duro e linear, só há uma forma de fazer a coisa certa para progredir naquela missão e constantemente o que você precisa fazer não é algo intuitivo. Para piorar, a fadinha que deveria dar dicas sobre as coisas é completamente inútil.

Às vezes como recompensa por ajudar esses personagens você irá obter máscaras, o segundo ponto principal do enredo de Majora's Mask. Cada máscara possui certos poderes especiais que ajudam você, ora a progredir na sua aventura, ora a acessar novos locais ou ajudar pessoas e até mesmo a transformar Link em outras raças.

Gangues são legais

No original do Nintendo 64 você estava realmente ferrado para resolver esses quebra-cabeças, era melhor jogar com um detonado/walktrough/faq do lado. No Nintendo 3DS há duas novidades que ajudam bastante o jogo. A primeira é o Bomber's Notebook, um caderno que guarda todas as missões do jogo, incluindo as que já foram completadas, as que estão em andamento e as que ainda não começaram.

As missões que você ainda não encontrou são informadas a você como "rumores" por crianças, a gangue dos Bombers. O sistema até começa funcionando bem, mas ele é limitado, não é possível usar o tempo todo e não discerne fatos importantes de side quests mais banais, que não ajudarão você a progredir no jogo.

Os Bombers são como a rede de mendigos de Sherlock Holmes

A segunda novidade é o sistema de vídeos de The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D. Caso você fique empacado há um local onde você pode ver vídeos do que deve fazer em seguida. O problema é que ele também é limitado pelos locais que você visita e às vezes não vai mostrar vídeos do que fazer em seguida mesmo que você esteja travado.

Apesar de todo o esforço da Nintendo em deixar o jogo mais acessível, parece que só deu pra fazer isso até a metade. Do início da aventura até o final do segundo templo, Majora's Mask parece um novo jogo e facilmente eu daria uma nota mais alta para ele. Porém, as partes do terceiro e quarto templo continuam arrastadas, como se não tivessem dado a mesma atenção que deram ao início.

Só Kaepora salva

Outro conserto muito bem-vindo ao jogo é que no original era possível salvar seu progresso apenas ao retornar no tempo. Isso significa que, ironicamente, para salvar eventos importantes que você tinha acabado de completar, era preciso desfazê-los. Agora pode-se salvar o jogo em qualquer área com uma estátua de coruja, as quais também servem para se teletransportar rapidamente pelo mapa.

O antigo sistema de save é um exemplo da péssima estrutura que assombrava o Majora's Mask original e que às vezes ainda está presente no remake. Por muitas vezes o jogo não sabe valorizar o seu esforço, irá jogá-lo no lixo e dizer para você fazer tudo de novo, às vezes sem oferecer uma boa recompensa em troca.

A Águia da Portela no Carnaval de 2000

Por exemplo, quando você mata um chefe em Majora's Mask, purifica o local onde ele estava, abrindo possibilidades para novas missões naquela área. Isso significa que você terá que matar os mesmos chefes várias vezes sempre que precisar daquela área para algo.

O mesmo acontece com missões, as quais você terá que realizar repetidas vezes até conseguir o resultado desejado. Em certas ocasiões mais de uma vez, para conseguir resultados diferentes. A cereja no bolo é que você sequer pode pular cenas que já tenha visto, deixando muitas vezes as coisas cansativas.

Zelda, pero no mucho

Um ponto que incomoda em Majora's Mask é que praticamente não há ação ou combates no jogo. Quando você encontra inimigos eles não são nada desafiadores, pois tudo foi feito para que não ficasse enjoativo ao ter que repetir várias vezes. Até mesmo os chefes são fáceis e podem ser mortos rapidamente para que você os mate outras vezes depois.

Há pouquíssimos obstáculos tentando impedir você de realizar qualquer coisa, o que faz sua jornada parecer um passeio. Existem mais obstáculos lógicos, como alguém que tranca a porta às 8 e impede você de realizar uma missão naquele local, do que obstáculos físicos, como inimigos poderosos que dificultam sua passagem.

Ora seu Zé Ruela!

Todo esse foco nas missões, diálogos e ausência de ação faz com que Majora's Mask não pareça nada com um The Legend of Zelda, parece algum outro jogo. Sem dúvida eu o criticaria menos se fosse um game original, se não houvesse uma expectativa atrelada ao nome que ele está usando.

O sistema de combate de Ocarina of Time retorna, com espadas e o Z-Targeting que permite travar a mira em inimigos. Ele ganha no entanto alguns extras, como a capacidade de lutar usando outras raças, cada qual com suas peculiaridades. No fundo as habilidades extras são muito semelhantes a itens antigos de Ocarina of Time que não voltam.

Gráficos e som

Uma coisa que me incomodou um pouco nesse remake é que Majora's Mask reaproveita muita coisa de The Legend of Zelda: Ocarina of Time, pois ele foi concebido no Nintendo 64 inicialmente como uma expansão. O remake não fez muito esforço para mudar nada disso, então ainda há muitos gráficos e sons que são iguais aos do jogo anterior.

A vantagem inegável é que o Nintendo 64 apanhava como em 50 Tons de Cinza para rodar Majora's Mask e isso não acontece com o Nintendo 3DS, que consegue lidar com o jogo sem lentidão. Se você tem um New Nintendo 3DS, é possível controlar a câmera livremente. Caso não tenha, o que é mais provável, a câmera é problemática boa parte do tempo.

Mais uma vez a tela de toque do Nintendo 3DS é desperdiçada

O menu de escolha de itens é um desastre, pois mesmo com uma tela de toque a sua disposição, você ainda precisa ficar abrindo-o um menu de itens toda hora para trocar os itens e máscaras que pode usar. Isso porque na maior parte do tempo a tela de toque fica ocupada com um mapa.

Para piorar, é preciso tocar em um botão virtual na tela para acessar os menus de itens e máscaras, pois tanto o botão Select quanto o Start apenas mostra o Bomber's Notebook, um item que você vai usar com muito menos frequência do que o menu. Ocupar os dois botões de menus com o Bomber's Notebook foi simplesmente burrice.

Conclusão

The Legend of Zelda: Majora's Mask 3D fez um esforço considerável para se tornar um jogo melhor e reconheceu um bocado de suas falhas para poder consertá-las, se tornando um remake mais completo e necessário do que Ocarina of Time 3D. Porém, após metade do jogo, alguns de seus velhos hábitos acabam voltando e isso o faz perder um pouco do novo charme. É um jogo que diverte um pouco em seu início, mas que não faz jus ao legado que carrega, claramente um passo atrás em relação ao recente The Legend of Zelda: A Link Between Worlds.

Nota: 6,5 / 10




3 comentários:

  1. O ocarina foi o melhor, mas este é bom também.

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  2. Esse foi um dos melhores games já feitos na história. Apesar de não ter quase nada de Zelda.

    Acho que a Nintendo e alguns de seus designers tem um monte de ideias para games novos mais são obrigados a se prender às séries já existentes como Mario e Zelda sem ter muita liberdade. E por isso games que fogem muito das mecânicas tradicionais dessas séries acabam, como o Zelda Majora's Mask acabam ficando de fora. Mas de vez em quando um título com uma ideias, universo e história tão legais que não podem ser descartadas acaba surgindo. E nisso se encaixa o Majora's Mask.

    Enredo criativo e inovado. Com momentos que podem ser bem emocionantes apesar da maior parte da história ser mais infantil e da falta típica de dublagem.

    A mecânica é o ponto forte. Simplesmente genial. O lance da pressão de ter que correr contra o tempo é muito interessante sendo que tudo foi feito para você ter que lidar com isso como o evento do fim do mundo, e coisas sendo desfeitas quando você volta no tempo. Até o meio principal de salvar que é voltar mostra isso. Apesar de ser um elemento de amor e ódio, assim como a tinta do Resident Evil tradicional de survival horror. Sendo que também é muito interessante o lance de ter que usar as máscaras para mudar os poderes e habilidades da personagem, ainda mais com as raças de Hyrule. O controles é normal. Mas com uma configuração especialmente interessante para a câmera, para a sua época. Em nossa época atual, deferente do período do Nintendo 64, nós temos uma alavanca para direcionar a câmera. Isso pra mim é um vício de design, e um vício que tem qe ser abandonado. Em games da série Mario que sejam em 3D você nem precisa controlar a câmera a maior parte do tempo e a série Zelda permitia o controle com um botão!(dois se quiser mais liberdade) Acho que isso mostrar como as coisas podem ser feitas e que está na hora de repensarmos sobre a câmera. Controlando ela menos vezes deixando-a mais automática na maior parte do tempo.
    A batalha contra os chefes e as dungeons deste Zelda estão entre as mais difíceis dentre toda a série. Mas toda essa dificuldade característica deste título o tornou um bom título para mim. Afinal a maior parte dos desafios são o que ou como fazer, e não o feito em sim. E como nós temos detonas por toda a internet, se você ficar preso é só procurar o que fazer. Isso porque a Nintendo por algum maldito motivo não usa um sistema de dificuldades em seus títulos. Então é comum os games serem ou fáceis de mais como muitos de Kirby e Yoshi ou então difíceis demais como o Donkey Kong Contry Return e o Metroid 2: Echoes.

    É uma pena a nota do site. Pra é no mínimo um jogo nível 9 para sua época e talvez 8 para a atualidade, como é um remake sem muita novidade em termos de conteúdo. E essa é a maior parte das notas que se vê por ai.

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    1. Em Majora's Mask o que aconteceu foi que Shigeru Miyamoto, criador de The Legend of Zelda, pediu que Eiji Aonuma, o atual produtor da franquia, fizesse um pacote de expansão para Ocarina of Time. Aonuma desobedeceu e criou o jogo que ele queria, ergo Majora's Mask. Constantemente ele faz isso, tanto que A Link Between Worlds era pra ser um remake de A Link to the Past, não sei como não o demitiram até hoje.

      Não sei como você achou os chefes difíceis, eles são muito fáceis, como todos os combates do jogo, porque eles foram feitos já pensando em você ter que derrotar os mesmos inimigos várias vezes. É muito chato a história influenciar de tal forma a jogabilidade ao ponto de forçar você a repetir tarefas desnecessariamente. Poderia muito bem haver um botão dentro do templo que alternasse entre os locais destruídos ou salvos

      Eu daria um 8,5 até a primeira metade do jogo, pois realmente fizeram um bom esforço em tentar melhorá-lo no remake. Porém da segunda metade pra frente, é uma reprodução sem mudanças do Nintendo 64 e o jogo fica truncado, chato de progredir. Essa review aqui do Zero Punctuation menciona isso e vários outros pontos semelhantes da minha:

      http://www.youtube.com/watch?v=nRPdBffBnUI

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